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Revista M&T - Ed.240 - Dez/Jan 2020
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Especial Infraestrutura

A vez das energias renováveis

Impulsionadas pela busca de alternativas energéticas, as fontes eólicas, solares, de biomassa e até de ondas vêm ganhando cada vez mais espaço na matriz brasileira

Com uma extensão territorial de 8.516.000 km² e características climáticas constantes, o Brasil é um dos mercados com o maior potencial para energias renováveis do mundo. Segundo dados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a Oferta Interna de Energia (OIE) – isto é, o volume necessário para movimentar a economia – atingirá o montante de 380 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep) em 2029, resultando em um crescimento anual de 2,9% nos próximos dez anos.

E, desse montante, as fontes renováveis podem chegar a uma participação de 48% neste período.

Mesmo com as usinas hidrelétricas mantendo-se como a principal fonte energética brasileira, no caso de origem hidráulica e correspondendo a – segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – 60% (algo como 98.581.478 kW de potência) do total, as energias alternativas vêm ganhando força no país. E, inclusive, se diversificando.

De acordo com Gesmar Rosa dos Santos, técnico da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as principais fontes alternativas com potencial de exploração no Brasil incluem a biomassa, a eólica e a solar, cada uma com caraterísticas muito específicas.

“Hoje, a produção de energias renováveis no Brasil representa em torno de 45% do total da energia que consumimos, um patamar que tem se mantido ao longo dos últimos 20 anos”, diz ele. “Mas o potencial para mudar isso é grande.”

EÓLICAS

Em relação à energia eólica, a evolução é nítid


Com uma extensão territorial de 8.516.000 km² e características climáticas constantes, o Brasil é um dos mercados com o maior potencial para energias renováveis do mundo. Segundo dados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a Oferta Interna de Energia (OIE) – isto é, o volume necessário para movimentar a economia – atingirá o montante de 380 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep) em 2029, resultando em um crescimento anual de 2,9% nos próximos dez anos.

E, desse montante, as fontes renováveis podem chegar a uma participação de 48% neste período.

Mesmo com as usinas hidrelétricas mantendo-se como a principal fonte energética brasileira, no caso de origem hidráulica e correspondendo a – segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – 60% (algo como 98.581.478 kW de potência) do total, as energias alternativas vêm ganhando força no país. E, inclusive, se diversificando.

Placas solares na Usina Janaúba: capacidade fotovoltaica do pais dobrou em 2018

De acordo com Gesmar Rosa dos Santos, técnico da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as principais fontes alternativas com potencial de exploração no Brasil incluem a biomassa, a eólica e a solar, cada uma com caraterísticas muito específicas.

“Hoje, a produção de energias renováveis no Brasil representa em torno de 45% do total da energia que consumimos, um patamar que tem se mantido ao longo dos últimos 20 anos”, diz ele. “Mas o potencial para mudar isso é grande.”

EÓLICAS

Em relação à energia eólica, a evolução é nítida. Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, a energia proveniente dos ventos já é a segunda fonte energética no país, ocupando cerca de 9% da matriz.

De 2010 a 2018, diz ela, o investimento no setor foi de US$ 31,2 bilhões. “Há dez anos, tínhamos pouco mais de 0,6 GW instalados e chegamos ao segundo semestre de 2019 com 15,1 GW de capacidade instalada em mais de 600 parques e 7.500 aerogeradores em operação”, ela comenta, destacando que o país chegará ‘ao menos’ a 21 GW de capacidade instalada até 2023.

“Digo ao menos porque este valor contém apenas as quantidades dos leilões já realizados no mercado regulado”, diz.

Em 2018, um valor de 1,25 GW de nova capacidade eólica instalada foi viabilizado por leilões, enquanto o mercado livre negociou mais de 2 GW. “O mercado livre vem crescendo muito também e impacta nestas previsões, aumentando os valores”, complementa Elbia Gannoum.

Mas os investimentos futuros no setor dependem dos próximos leilões. No caso do Leilão de Energia Nova A-4, realizado em junho deste ano, os projetos eólicos vendidos representam novos investimentos de mais de R$ 532 milhões em contratos de 20 anos, com entrega prevista para 2023.

“Já no LEN A-6, realizado em outubro, os projetos significarão novos investimentos de R$ 4,48 bilhões, também em contratos de 20 anos, com entrega prevista da energia para 2025”, informa a dirigente.

FOTOVOLTAICA

Em relação à energia solar, dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que, em 2018, o Brasil dobrou a capacidade de geração de energia fotovoltaica instalada, saindo de 1,2 GW para 2,4 GW.

Segundo o presidente da entidade, Rodrigo Lopes Sauaia, o país encerrará 2019 com 3,023 GW de potência gerada por meio de módulos fotovoltaicos, representando 1,2% da matriz energética nacional. “Para que o desenvolvimento desse tipo de produção de energia possa crescer ainda mais, a legislação brasileira precisa trazer mais segurança jurídica para quem investe, produz e consome energia solar no país”, ele avalia.

Recentemente, a fonte solar fotovoltaica destacou-se em sua primeira participação no LEN A-6, realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) na capital paulista. Os projetos contratados estão localizados especialmente na região Nordeste, nos estados do Piauí (300 MW), Ceará (120 MW), Rio Grande do Norte (80 MW) e Pernambuco (30 MW).

De acordo com a Absolar foram arrematadas 11 novas usinas da fonte fotovoltaica, totalizando 530 MW de potência e novos investimentos privados acima de R$ 2,1 bilhões até 2025. “Em 2019, o país alcançou a marca histórica de 1 GW de potência instalada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída de energia solar fotovoltaica, especialmente em residências, comércios, pequenos terrenos, indústrias, produtores rurais e prédios públicos”, ressalta Sauaia.

No padrão atual de consumo, o país não tem como abrir mão de fontes derivadas do petróleo

DESAFIOS

Apesar do cenário promissor para o desenvolvimento das fontes alternativas, também existem problemas, relacionados principalmente ao impacto ambiental das atividades. Notoriamente menos poluidora, a instalação de parques eólicos e solares pode afetar o meio ambiente de outras maneiras, mas bem menos que a instalação de usinas hidrelétricas, como afirma o pesquisador do Dirur.

“Com a tecnologia existente e a capacidade profissional atual, podemos diminuir os impactos na instalação desses projetos”, diz Santos.

No caso da energia advinda dos ventos, como afirma Elbia Gannoum, da Abeeólica, as operações não emitem CO2 e têm baixíssimo impacto ambiental, contribuindo para que o Brasil cumpra o Acordo do Clima de Paris.

Todavia, muitos especialistas apontam o fato de a fonte não ser constante, já que depende do vento. Mas isso, como destaca Elbia Gannoum, não é uma desvantagem em si, mas sim uma característica da fonte. “Hoje, as previsões estão cada vez mais precisas, dando segurança ao sistema e permitindo uma operação eficiente”, diz ela.

“Além disso, especialmente no caso brasileiro, há de se destacar o fato de que o regime de vento e chuva tem caráter complementar: nos meses do ano em que mais chove, há menos vento, e quando o vento está em seu pico, a chuva é menor e os reservatórios estão baixos.”

Em relação à fonte solar, um dos pontos que impedem o desenvolvimento desse tipo de energia no país é o alto custo de aquisição dos módulos. De acordo com Sauaia, da Absolar, o segmento enfrenta dificuldades competitivas, em especial pelo preço da matéria-prima, mesmo contando com cerca de 40 fabricantes nacionais de módulos solares, inversores e outros equipamentos que viabilizam o aproveitamento desse tipo de energia.

“Hoje, devido à carga tributária que incide sobre a matéria-prima, um módulo fotovoltaico sai com cerca de 30% de sobrepreço”, afirma. “Assim, é preciso haver mais incentivo do governo federal e da Aneel, juntamente com o Ministério de Minas e Energia, no sentido de estabelecer políticas públicas que possam baratear as aquisições de equipamentos e, consequentemente, reduzir as tarifas.”

Aliás, outro fator que vem causando controvérsias é a revisão regulatória, em curso na Aneel desde 2018 e que tem como ponto-base tributar a energia solar de quem gera a própria energia. De forma geral, a agência pretende reduzir os subsídios para os consumidores que produzem sua própria eletricidade, o que atualmente ocorre principalmente por meio de painéis solares.

Nesse sentido, foi aberta uma consulta pública para rever as regras da chamada geração distribuída. Desde 2012, uma resolução da Aneel autoriza o consumidor a fazer a microgeração de energia para consumo, assim como para injetar de volta na rede de distribuição. O excedente fica como crédito, podendo ser abatido em uma ou mais contas de luz do mesmo titular.

“Ser for para tributar, que seja sobre o excedente, mas precisa ser algo simbólico, pois o objetivo é estimular as pessoas a produzir a própria energia, aumentando assim o consumo de energia renovável no Brasil”, sugere Santos.

CAMINHADA

Até porque há outro ponto que pode afetar o desenvolvimento das energias renováveis no Brasil, esse de origem econômica. De acordo com o PDE 2029 (Plano Decenal de Expansão), os números do setor de petróleo e gás no país (utilizados como fontes de energia) ainda são expressivos, com expectativa de crescimento na produção de 68% nesse período.

Desse modo, a exportação de petróleo será ainda mais significativa, subindo dos atuais 1,5 para 3,4 milhões de barris por dia, em um aumento de 130%. “Quem produz petróleo também passa a ser um grande produtor de energia”, afirma Santos, que não vê quaisquer possibilidades de o país parar de explorar petróleo e utilizar apenas energia renovável no médio prazo.

“No entanto, com a tecnologia disponível já é possível traçar uma trajetória que em um futuro em torno de 40 anos possa substituir todas as energias fósseis por renováveis”, projeta. “É possível, mas será preciso uma longa caminhada.”

No momento, ele explica, essas mudanças estão nas mãos da classe política e das empresas, assim como das grandes economias internacionais.

“No padrão atual de consumo, o Brasil não tem como parar de produzir petróleo para investir apenas em energias renováveis”, assevera.

Projeto de usina solar flutuante é inédito no país

Com capacidade de gerar de 1 MWp de energia, a usina solar fotovoltaica flutuante instalada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) no reservatório de Sobradinho, na Bahia, conta com 3.792 módulos fotovoltaicos dispostos em uma área de 11 mil m2. Fixada ao fundo do lago por cabos, a usina deve servir de modelo para o uso das placas solares ao longo dos 477 km de canais de transposição, aquedutos e reservatórios do país.

A usina fotovoltaica flutuante instalada no reservatório de Sobradinho

Em 2020, a Chesf pretende replicar o projeto no reservatório da Usina de Boa Esperança, no Piauí, que tem potencial de gerar 1,25 MWp de energia. “Essa combinação de hidrelétrica com a solar é muito importante”, afirma o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Gesmar dos Santos. “Se fossem colocados módulos solares em 40% do espelho d’água, a geração de energia em Sobradinho poderia ser a maior do mundo.”

Energia das ondas também mostra potencial

Nos últimos anos, a energia marítima (ou energia das ondas) vem sendo muito estudada no Brasil, na tentativa de diminuir os custos e melhorar as tecnologias. Em 2012, foi instalado um projeto-piloto na Usina do Porto do Pecém, no Ceará, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e financiado pela Tractebel Energia, com apoio do governo do estado.

Projeto-piloto na Usina do Porto do Pecém capta energia das ondas do mar

Estima-se que os 8 mil quilômetros de extensão do litoral no Brasil possam receber usinas de ondas, o suficiente para gerar 87 GW. Deste total, 20% seriam convertidos em energia elétrica, o que equivale a aproximadamente 17% da capacidade total instalada no país. (Fonte: FZEA/USP)

Enel vai investir em energia renovável na América Latina

De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a companhia de energia Enel Green Power vai investir cerca de R$ 17,7 bilhões em energia renovável na América Latina. Segundo a empresa, que é maior operadora privada de energia elétrica do mundo, a maior parte do aporte será destinada ao Brasil e ao Chile. No Brasil, atualmente a empresa constrói o maior parque eólico e o maior solar da América do Sul, ambos no Piauí.

Projetos na América Latina estão entre as prioridades de investimentos da Enel

O solar, chamado de São Gonçalo, terá 608 MW de capacidade instalada quando estiver em operação, em 2020. Já o parque eólico Lagoa dos Ventos, será o maior da empresa no mundo, com 717 MW de capacidade instalada em 2021.

Saiba mais:
Abeeólica: www.portalabeeolica.org.br
Absolar: www.absolar.org.br
Ipea: www.ipea.gov.br

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