Com capacidade 20 vezes maior, a nova geração de internet móvel 5G promete revolucionar a gestão de frotas. Introduzida em 2019 em diversos países, a nova tecnologia chegou ao Brasil no ano passado, a partir de leilão realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em novembro.
O desafio proposto pelo Governo Federal é de que todas as localidades do país tenham internet 5G até 2029. Mas para atingir esse objetivo será preciso enfrentar diversos obstáculos, principalmente na criação de uma infraestrutura sólida, pois mesmo nas grandes cidades o sinal ainda se restringe a espaços restritos – de modo que nem todas as operações podem contar com ele.
Em outubro do ano passado, o país havia registrado 5.275 antenas com 5G Standalone (sinal puro). Como atualmente existem 93,1 mil antenas de telefonia celular em território nacional, o número relativo ao 5G corresponde a apenas 5,6% do total.
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Com capacidade 20 vezes maior, a nova geração de internet móvel 5G promete revolucionar a gestão de frotas. Introduzida em 2019 em diversos países, a nova tecnologia chegou ao Brasil no ano passado, a partir de leilão realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em novembro.
O desafio proposto pelo Governo Federal é de que todas as localidades do país tenham internet 5G até 2029. Mas para atingir esse objetivo será preciso enfrentar diversos obstáculos, principalmente na criação de uma infraestrutura sólida, pois mesmo nas grandes cidades o sinal ainda se restringe a espaços restritos – de modo que nem todas as operações podem contar com ele.
Em outubro do ano passado, o país havia registrado 5.275 antenas com 5G Standalone (sinal puro). Como atualmente existem 93,1 mil antenas de telefonia celular em território nacional, o número relativo ao 5G corresponde a apenas 5,6% do total.
“Para que os resultados passem a ser mais visíveis, a rede precisa ser ampliada e permitir um uso mais robusto”, comenta Segundo Rony Neri, diretor da Trimble Transportation Latam. “Com maior latência, vamos poder dimensionar melhor o uso do 5G, mas o ritmo precisa ser acelerado exponencialmente.”
Neri, da Trimble: resultadosdependem de ampliação da rede
A extensão territorial do Brasil é um dos principais desafios. Com dimensões continentais, o país precisa de capilaridade para superar os problemas de infraestrutura. “Hoje, as soluções precisam ser criadas onde o modem funciona, e ainda há operadoras que não funcionam em todos os locais”, comenta Paola Campiello, gerente de soluções conectadas da CNH Industrial para a América Latina.
A especialista também avalia que os maiores desafios estão relacionados à infraestrutura. “Em um exemplo hipotético, se hoje temos uma torre de 4G a cada quilômetro, no 5G teremos de ter uma torre a cada 300 metros”, compara.
Outro ponto central é o tamanho da banda. No 4G, é possível obter uma velocidade média de 12 Mbps. No 5G, estima-se uma média de pelo menos 100 Mbps, ou seja, dez vezes mais.
Segundo Campiello, hoje os acessos são de cerca de 1 GB para o 4G. E, para o 5G, são requeridos 10 GB. “Então, preciso de toda uma rede de fibra ótica ou de rádio para aumentar essa banda”, diz ela. “E tudo isso acaba elevando o valor, inclusive dos próprios equipamentos de 5G.”
Trata-se de uma preocupação pertinente. De acordo com levantamento da McKinsey, o custo estimado da implementação do 5G pode girar em torno de U$ 900 bilhões para garantir a cobertura estimada até 2030.
Campiello, da CNH: desafios relacionados à infraestrutura
IMPULSO
Com tantos desafios na implementação, a conexão 5G promete mais agilidade no trânsito dos dados. “Desde 2020, muitos pesquisadores apontam que o 5G será um ‘game changer’ da agricultura de precisão”, frisa Marcela Guidi, gerente de Desenvolvimento de Negócios e Parcerias da John Deere Brasil.
“O avanço dessa tecnologia está permitindo o avanço de tecnologias autônomas em diversos países, assim como a comunicação de dados e a tomada de decisão em tempo real.”
Além disso, a adoção do 5G nos principais centros urbanos tende a fazer com que o 3G e o 4G avancem em regiões que ainda se encontram descobertas. “Com isso, os produtores rurais e construtores poderão aliar a inteligência das operações com o aumento de eficiência, melhorando a competitividade, a rentabilidade e a sustentabilidade ao tomar a decisão ideal no momento correto”, avalia.
Dentre as inúmeras oportunidades abertas pela tecnologia 5G, Guidi destaca a redução da latência (tempo gasto para se obter uma resposta da torre após o comando no dispositivo) e o aumento na velocidade da taxa de transmissão de dados (throughput). “Essas soluções trarão maior eficiência e confiabilidade em atividades que requerem respostas em tempo real, como veículos autônomos ou mesmo tecnologias presentes no campo”, ela cita.
A especialista conta que a John Deere utiliza aprendizado da máquina e robótica graças ao baixíssimo tempode transmissão e alta velocidade propiciados pela tecnologia. “Os sensores enviam as informações coletadas para processamento em nuvem, permitindo que os equipamentos executem os comandos em tempo real por meio da robótica, tudo em questões de milissegundos”, descreve.
Guidi, da Deere: 5G está permitindo o avanço da tecnologia no setor
Outro benefício é a capacidade de conectar uma quantidade maior de dispositivos, permitindo a aplicação de Internet das Coisas (IoT). “Saímos de um momento em que conectávamos apenas celulares e computadores para um futuro em que cada sensor de uma máquina pode estar conectado, compartilhando dados e gerando inteligência para automação das atividades e processos”, afirma.
A John Deere, diz ela, vem investindo forte no processo de transição. Em 2021, a empresa fechou um acordo com a Ericsson para desenvolver soluções ficadas em 5G e IoT, buscando identificar e solucionar problemas reais do setor de máquinas.
Desde então, os centros de P&D de ambas as empresas são utilizados como celeiros de inovação, nos quais são aplicadas tecnologias que compõem o ecossistema de IoT Mobile (IoTM) como Narrow Band IoT (NB-loT) e CatM1 – plataformas de conectividade baseadas no padrão 3GPP (3rd Generation Partnership Project).
“Com isso, as iniciativas de Indústria 4.0 serão potencializadas e otimizadas para uma análise de longo prazo”, projeta Guidi. “Assim, a agricultura de decisão se tornará cada vez mais conectada, aberta, inclusiva e com interface amigável aos produtores – e a chegada do 5G é essencial para dar sequência a essa revolução.”
TRANSFORMAÇÃO
Além de maior velocidade de conexão e ampliação da cobertura, a nova tecnologia 5G promete aumentar a capacidade de comunicação de dados entre dispositivos e softwares de gestão, trazendo oportunidades de interação com o equipamento e melhorias na própria operação da frota.
“O resultado esperado é maior desempenho, com mais disponibilidade para os equipamentos e rentabilidade para os negócios”, diz Alexandre Flatschart, diretor de Customer Solutions da Volvo CE.
Flatschart, da Volvo: maior desempenho e disponibilidade das máquinas
Segundo ele, a Volvo CE faz o acompanhamento de produtividade da frota dos clientes por meio do programa Active Care Direct, que integra o portfólio de Serviços de Conectividade da marca. “A presença do 5G pode trazer uma vantagem competitiva importante quando aliada aos nossos atuais serviços de monitoramento”, opina.
De acordo com Campiello, da CNHi, o 5G de fato é uma tecnologia transformadora, mas para o agronegócio brasileiro, por exemplo, o que faz mais sentido no momento é o 4G. Afinal, 98% das áreas urbanas já têm cobertura 4G no país, enquanto apenas 11% das áreas rurais contam com essa cobertura. “Dessa maneira, ainda temos um longo caminho para percorrer e implementar a conectividade 4G no campo”, admite. “Mas estamos trabalhando para isso.”
Um dos caminhos para isso é a ConectarAgro, iniciativa da qual a CNHi é umas fundadoras e que tem como objetivo levar conectividade para áreas rurais e remotas no país.
Com o apoio da associação, diz ela, mais de 12 milhões de hectares já foram conectados ao 4G na frequência de 700 MHz, habilitados para o uso de soluções de IoT como sensores, dispositivos de baixo consumo de bateria e outras aplicações importantes para o desenvolvimento do agronegócio. “Esse alcance beneficiou mais de um milhão de pessoas em 485 municípios de 12 estados diferentes”, afirma Campiello.
Para o futuro, a empresa já estuda a implantação de 4G ou 5G na área de manufatura, para automatizar alguns processos. “Como as fábricas de máquinas agrícolas e de construção são muito grandes, sempre teremos partes manuais”, observa a especialista. “Mas é possível automatizar algumas partes menores.”
CONFIABILIDADE
Para o gerente de produtos da JCB do Brasil, Etelson Hauck, em um futuro nem tão distante tudo estará conectado, com a Internet ainda mais presente nos negócios do setor. “Os proprietários”, diz ele, “poderão ter acesso mais rápido a peças e serviços, sem que seja necessário trafegar grandes distâncias para reparar máquinas no campo”.
Atualmente, os equipamentos da JCB são equipados com o sistema de monitoramento remoto Livelink, que por meio de sensores instalados nas máquinas auxilia na operação e gestão da frota de várias formas, incluindo localização em tempo real, cerca geográfica. relatórios de desempenho e registros de manutenção.
Hauck, da JCB: acesso mais rápido a peças e serviços
“E todos esses dados só são possíveis devido à transmissão de dados feita pelas redes móveis”, diz Hauck. “No entanto, a confiabilidade dos dados ainda é desafiadora, o que requer garantia na precisão das informações para que a tecnologia seja realmente útil no cotidiano das pessoas.”
TENDÊNCIAS
Futuro das empresas está ligado aos dados
De acordo com o diretor da Trimble, Rony Neri, o setor deve avaliar as possibilidades antes de investir na tecnologia 5G, pois cada mercado tem suas particularidades.
Em relação à gestão de frotas, uma rede 5G sólida torna possível que os responsáveis pela logística em rodovias disponham não só de dados em tempo real, mas também de monitoramento por meio de vídeos mais fluídos e de alta resolução, por exemplo.
Com maior capilaridade, a rede 5G deve viabilizar diferenciais competitivos às empresas
“As oportunidades já estão no horizonte, mas por enquanto só as grandes companhias têm se movido para liderar esse movimento”, avalia Neri. “Mas esse fluxo deve ser ampliado gradualmente, conforme o acesso ao 5G for se consolidando.”
Nesse contraste entre o ideal e o possível, Neri avalia que, independentemente da área de atuação, o faturamento e produtividade das empresas estão irreversivelmente ligados aos dados. “Quem não se atentar a isso, vai ficar para trás nessa sociedade cada vez mais conectada”, adverte.
Assim que a rede 5G tiver maior capilaridade, ele acredita, será um caminho natural para que as soluções passem a oferecer novos recursos. “Isso inclui o cruzamento de dados em tempo real com o uso de Inteligência Artificial, que só será possível com essa latência”, pondera o especialista da Trimble, que também integra a ConectarAgro.
“Essas possibilidades já estão em desenvolvimento, devendo ser implementadas assim que a extensão da rede 5G permita isso.”
Saiba mais
CNH Industrial: www.cnhindustrial.com
JCB: www.jcb.com/pt-br
John Deere: www.deere.com.br
Trimble: trimble.com.br
Volvo CE: volvoce.com/brasil/pt-br/
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