Atualmente, há uma grave escassez de mão de obra no setor de construção – mas isso não é exatamente uma notícia nova. Em publicações de jornais e revistas, as manchetes anunciam que “ninguém mais quer trabalhar”, mas será que essa explicação está realmente na raiz do que é um problema já antigo no setor?
À medida que os Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964) se aposentam e os trabalhadores da Geração Z (pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade da década de 1990 até o início dos anos 2010) rejeitam as longas horas de trabalho no setor da construção, torna-se mais importante que nunca examinar as causas dessa escassez de mão de obra sem precedentes e explorar possíveis soluções.
As empresas estão sentindo a pressão desse déficit, especialmente em cargos especializados, sendo que muitas ainda não conseguiram resolver os prob
Atualmente, há uma grave escassez de mão de obra no setor de construção – mas isso não é exatamente uma notícia nova. Em publicações de jornais e revistas, as manchetes anunciam que “ninguém mais quer trabalhar”, mas será que essa explicação está realmente na raiz do que é um problema já antigo no setor?
À medida que os Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964) se aposentam e os trabalhadores da Geração Z (pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade da década de 1990 até o início dos anos 2010) rejeitam as longas horas de trabalho no setor da construção, torna-se mais importante que nunca examinar as causas dessa escassez de mão de obra sem precedentes e explorar possíveis soluções.
As empresas estão sentindo a pressão desse déficit, especialmente em cargos especializados, sendo que muitas ainda não conseguiram resolver os problemas com a força de trabalho. Ao constatarem que aumentar salários e flexibilizar jornadas trouxeram pouco ou nenhum resultado, muitas companhias passaram a se questionar se a culpa não seria de sua própria cultura organizacional.
PERCEPÇÃO
Durante a recente ConExpo-CON/AGG 2023, realizada em março, essa questão foi abordada em uma sessão educativa intitulada “Cultura na Construção – É realmente tão ruim assim?” (“Culture in Construction – Is It Really That Bad?”, do original em inglês) pelo palestrante Wally Adamchik, criador da FireStarter Speaking and Consulting, que apresentou os motivos pelos quais as respostas a essa pergunta podem ser “tanto sim, quanto não”.
Pesquisa mostrou as discrepâncias de percepção entre escritórios e canteiros de obras
Segundo ele, a boa notícia é que os resultados de pesquisas como “People in Construction Report” (Relatório sobre Pessoas na Construção, em tradução livre), conduzida pela própria FireStarter, indicam que o componente cultural pode não ser tão ruim assim no setor (ao menos nos EUA).
De fato, 83% dos entrevistados na pesquisa dizem que “se candidatariam novamente ao cargo atual”, enquanto 73% das pessoas dizem que “estão felizes no trabalho”, aponta o relatório. No entanto, de acordo com Adamchik, esses resultados não são suficientemente bons para sustentar o crescimento bem-sucedido e a execução de projetos.
A pesquisa mostrou ainda que há uma divisão significativa entre o gerenciamento de projetos em escritórios e a supervisão de campo nos canteiros de obras. Nos escritórios, 81% dos funcionários dizem que mantêm amizades próximas no trabalho, enquanto no campo apenas 50% dos profissionais compartilham desse sentimento.
Além disso, 75% dos funcionários dos escritórios acham que conseguem manter um equilíbrio razoável entre a vida profissional e pessoal, enquanto novamente apenas 50% dos funcionários de campo consideram isso possível.
Ao invés de apenas listar mais estatísticas sobre a escassez de mão de obra no setor, muitos líderes agora anseiam por informações sobre “como criar uma força de trabalho mais duradoura e motivada”. De acordo com Adamchik, várias ações concretas podem ser tomadas para melhorar a cultura empresarial e manter os funcionários felizes, mas as empresas devem agir imediatamente para evitar a perda de mais colaboradores.
“A escassez de mão de obra não é exclusiva do setor de construção, e essas ações podem ser implementadas em qualquer local de trabalho”, disse ele. “Mesmo organizações que já contam com uma boa cultura empresarial podem implementar algumas dessas mudanças para elevar a experiência dos colaboradores.”
MUDANÇAS
Para o especialista, a mudança deve começar por normas e valores. Aproximadamente 90% dos participantes da pesquisa citada acima concordam que ignorar os valores fundamentais de seu local de trabalho é algo que os colocaria em apuros.
Isso mostra que os valores das empresas ainda são importantes, ele deduziu, de modo que a maneira mais visível de manifestar isso é estabelecer padrões em todos os setores. “Quando se trata de valores, não deve haver dois pesos e duas medidas”, reforçou Adamchik. “As pessoas levam os padrões e os valores mais a sério quando eles fazem parte da cultura da empresa e percebem que a liderança é avaliada pelos mesmos padrões que os funcionários.”
O próximo item é a criação de mudanças duradouras. Três quartos das lideranças sênior (que deveriam estar impulsionando as mudanças no local de trabalho) dizem que seus esforços são insuficientes.
Para o palestrante, qualquer mudança nesse sentido exige capacidade organizacional e investimento pessoal significativo por parte dos líderes. “A criação de um caminho para a mudança, com etapas concretas a serem seguidas ao longo do caminho, ajuda a manter a organização ativa e incentiva funcionários e lideranças a seguir adiante”, afirmou.
Para consultor, empregadores devem tomar ações para melhorar a cultura das empresas
Outro ponto citado pelo consultor refere-se ao reconhecimento de colaboradores. Para ele, existem inúmeras maneiras de dizer o quanto os funcionários são apreciados pela empresa. “Em uma base diária, é provável que haja inúmeras oportunidades de oferecer reconhecimento e construir relacionamentos”, apontou Adamchik. “E as empresas que fazem isso têm maior probabilidade de atrair e manter funcionários leais.”
Ampliar os programas de indicações também é algo importante. Cerca de 84% dos funcionários pesquisados dizem que recomendariam seu local de trabalho a um amigo (mas não o fazem). “Também há várias maneiras de aumentar a eficácia de um programa de estímulo, incluindo a oferta de uma combinação de incentivos, anúncios e gratificações pela indicação de candidatos”, destacou.
Na lista do especialista, preencher a lacuna entre equipes e departamentos vem a seguir. Na construção civil, disse ele, as várias discrepâncias detectadas pela pesquisa podem ser corrigidas com um pouco de trabalho. “Como, por exemplo, a criação de oportunidades de formação para toda a equipe, sejam mensais ou trimestrais, que podem ajudar a criar uma maior proximidade”, sugeriu.
Esses são alguns exemplos de melhorias que podem beneficiar a cultura no setor da construção e das empresas em geral, derivadas dos resultados da pesquisa e que, na avaliação de Adamchik, mostram que a situação pode não ser tão ruim quanto se anuncia.
“Há várias ações que os empregadores podem tomar para melhorar a cultura da empresa, desde a aplicação de valores até a união dos funcionários”, resumiu. “Mesmo as pequenas ações fazem uma grande diferença, mas precisam ser adotadas rapidamente.”
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