EMPRESAS
Assessoria de Imprensa
30/01/2019 10h05 | Atualizada em 30/01/2019 12h20
Por Eduardo Freitas*
Como já foi amplamente noticiado, na última sexta-feira (25/1) aconteceu um dos maiores desastres ambientais já registrados em solo brasileiro, quando a Barragem do Feijão se rompeu no município de Brumadinho (MG). Além dos danos no local que foi atingido pelos rejeitos de minério, ao longo de vários dias a lama está viajando pelos rios da região, afetando diretamente e indiretamente milhares de pessoas.
Apesar de muitos desejarem incluir este acontecimento no rol dos “desastres naturais”, não podemos nos conformar que algo dessa dimensão seja tratado como normal.
Afinal, a movimentação atí
...Por Eduardo Freitas*
Como já foi amplamente noticiado, na última sexta-feira (25/1) aconteceu um dos maiores desastres ambientais já registrados em solo brasileiro, quando a Barragem do Feijão se rompeu no município de Brumadinho (MG). Além dos danos no local que foi atingido pelos rejeitos de minério, ao longo de vários dias a lama está viajando pelos rios da região, afetando diretamente e indiretamente milhares de pessoas.
Apesar de muitos desejarem incluir este acontecimento no rol dos “desastres naturais”, não podemos nos conformar que algo dessa dimensão seja tratado como normal.
Afinal, a movimentação atípica da estrutura poderia ter sido identificada a tempo e, assim, tomadas as devidas medidas para evitar o desastre. O projeto das instalações também poderia ser revisto, sem colocar os escritórios e refeitório justamente na linha de escoamento dos rejeitos. E, após o rompimento da barragem, ações de alerta rápido e resposta mais ágil à emergência teriam evitado a perda de muitas vítimas.
Em casos como este, as Geotecnologias são uma ferramenta para salvar vida.
As Geotecnologias estão presentes em todas as fases de uma grande obra, como a barragem do Feijão, desde o mapeamento de uma região com potencial para implantação da barragem, passando pelo estudo de impacto ambiental, desenvolvimento do projeto, locação da obra, implementação da barragem e posterior monitoramento.
Sensoriamento Remoto na resposta ao desastre
Poucas horas após o desastre de Brumadinho apareceram as primeiras imagens de satélites do local, que davam a real dimensão da abrangência da catástrofe ambiental.
Muitas empresas e instituições rapidamente voltaram suas atenções para a região e se mobilizaram para gerar dados, a fim de registrar os impactos do rompimento da barragem do Feijão.
Comunidades de mapeamento colaborativo e de drones também se mobilizaram para apoiar na resposta ao desastre.
Uma das primeiras imagens do local foi obtida com o satélite Pleiades na manhã de sábado (27/1), ortoretificada, com 8 bits e cores naturais. A imagem foi adquirida com muitas nuvens, mesmo assim foi processada pela Airbus Defence and Space e disponibilizada pela empresa brasileira Engesat.
Sistemas de Gestão Ambiental
Podemos conceituar um Sistema de Gestão Ambiental como sendo um mecanismo que provê o ordenamento e consistência para organizações empresariais de acordo com as preocupações ambientais.
Por meio da definição de responsabilidades e avaliação contínua das práticas empresariais, busca-se desenvolver e implementar a política ambiental estabelecida por normas ambientais adotadas e aceitas internacionalmente, como as normas da Organização Internacional para Padronização (ISO).
A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental agrega ferramentas que propiciam à empresa identificar estratégias de redução de seus impactos na natureza, orientando de forma otimizada os investimentos para a implementação de uma política ambiental eficaz, capaz de gerar receita e oportunidades de trabalho.
Ou seja, ao implantar uma barragem, por exemplo, a empresa tem que garantir que o empreendimento seja seguro e sustentável.
Normas Ambientais
As normas de Gestão Ambiental mais utilizadas no Brasil são as da Série ISO 14000, que foram desenvolvidas pelo Comitê Técnico 207 da International Organization for Standardization.
O ISO trata-se de um conjunto de normas que fornece ferramentas e estabelece um padrão de Sistema de Gestão Ambiental, agregando seis áreas:
• Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e 14004)
• Auditorias Ambientais (ISO 14010,14011, 14012 e 14015)
• Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021 e 14025)
• Avaliação de Desempenho Ambiental (Série ISO 14031 e 14032)
• Avaliação do Ciclo de Vida do Produto (Séri ISO 14040, 14041, 14042 e 14043)
• Termos e Definições (Série ISO 14050)
O uso das Geotecnologias está intrinsecamente conectado com os trabalhos desenvolvidos dentro de um Sistema de Gestão Ambiental, pois auxilia no planejamento de várias atividades relacionadas ao tema, como por exemplo o uso das imagens de satélite e de drones para a localização de áreas e de determinadas feições.
Também podemos citar seu uso para delimitações e vetorização de feições, utilização de receptores GPS de alta precisão e Estação Total para o georreferenciamento de áreas, os softwares de Sistemas de Informação Geográfica e de Processamento Digital de Imagens para análise espacial de dados, edição e apresentação de mapas temáticos, tratamento e correções em imagens orbitais e aéreas, entre outros.
De forma geral, quando bem aplicadas, as Geotecnologias auxiliam – ou, ao menos, deveriam auxiliar – no planejamento de estratégias de conservação e preservação dos recursos naturais. Da implantação da obra ao monitoramento.
Monitoramento de Estruturas
Mas de nada adianta um bom Sistema de Gestão Ambiental, se na hora de implantar e monitorar a obra, não são utilizadas de forma eficiente as Geotecnologias.
No caso do monitoramento de barragens, como a que se rompeu em Minas Gerais, pode-se aplicar diferentes técnicas de levantamentos, como triangulações, trilaterações, nivelamento geométrico e rastreamento com receptores GPS. Além disso, é feito o ajustamento dos dados para verificar a rigidez da rede de pontos com coordenadas conhecidas sobre a estrutura.
Dentre os sistemas de monitoramento, o rastreamento com satélites está entre os de maior destaque. O GPS tem encontrado largo emprego no monitoramento de deformações. Em geral, deformações estruturais – como as de barragens – requerem precisão milimétrica dos deslocamentos que estão sendo monitorados.
Nestas situações, o GPS torna-se uma valiosa ferramenta ao ser combinado com outras técnicas de monitoramento de alta precisão, dentro do conceito de um acompanhamento integrado da estrutura.
Futuro
O comportamento de fluidos e de estruturas já e amplamente conhecido e estudado, sem margens para interpretações ou dúvidas quanto ao que pode acontecer quando há algum tipo de movimentação atípica.
O Brasil tem profissionais capacitados e tecnologias que não ficam a dever a países mais desenvolvidos.
Isso não garante que acidentes de grande porte deixarão de ocorrer no futuro, no entanto, através da excelência técnica, o uso correto das Geotecnologias deverá minimizar a frequência e as consequências destes grandes acidentes, que geram cada vez mais impactos negativos à sociedade.
*Eduardo Freitas, Engenheiro Cartógrafo, Técnico em Edificações, Especializando em Drones para Aplicações Civis
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