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Revista M&T - Ed.265 - Julho 2022
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EMPRESA

Visão de desenvolvimento

Após adquirir a Wabco, a ZF amplia a localização de tecnologias e direciona o portfólio para o novo mercado de veículos comerciais elétricos que desponta no horizonte
Por Marcelo Januário (Editor)

Fornecedora de 80% dos componentes para transmissões produzidos no mundo, a ZF se posiciona com mais força no segmento de veículos comerciais com a diversificação do portfólio, que passa a abranger soluções tecnológicas – muitas delas ainda em desenvolvimento – que permitirão à empresa conduzir o mercado de componentes e sistemas de controle para veículos autônomos, conectados e eletrificados (ACE) nos próximos anos.

Em janeiro, a empresa lançou sua nova divisão CVS (Commercial Vehicle Solutions), que uniu as divisões de Tecnologia de Veículos Comerciais e Sistemas de Controle de Veículos Comerciais, formada a partir da aquisição da Wabco em 2020.

O movimento foi o estopim para uma reformulação do portfólio (atual e futuro), direcionando os esforços para a localização de tecnologias e, em uma boa dose de estratégia, antecipando-se ao novo me


Fornecedora de 80% dos componentes para transmissões produzidos no mundo, a ZF se posiciona com mais força no segmento de veículos comerciais com a diversificação do portfólio, que passa a abranger soluções tecnológicas – muitas delas ainda em desenvolvimento – que permitirão à empresa conduzir o mercado de componentes e sistemas de controle para veículos autônomos, conectados e eletrificados (ACE) nos próximos anos.

Em janeiro, a empresa lançou sua nova divisão CVS (Commercial Vehicle Solutions), que uniu as divisões de Tecnologia de Veículos Comerciais e Sistemas de Controle de Veículos Comerciais, formada a partir da aquisição da Wabco em 2020.

O movimento foi o estopim para uma reformulação do portfólio (atual e futuro), direcionando os esforços para a localização de tecnologias e, em uma boa dose de estratégia, antecipando-se ao novo mercado de eletromobilidade, digitalização, condução autônoma e redes, tanto para caminhões e ônibus quanto para implementos e tratores.


Com lançamentos, desenvolvimentos e localizações, fabricante se antecipa ao novo mercado de eletromobilidade, digitalização, condução autônoma e redes

“No Brasil, as tecnologias chegam depois, mas não podemos simplesmente imaginar o futuro e esquecer o presente. A tecnologia presente nos países mais desenvolvidos tem de acontecer de forma balanceada”, diz Silvio Furtado, diretor de soluções para veículos comerciais e tecnologia industrial da ZF América do Sul.

“Essa é a nossa visão global de desenvolvimento: contar com produtos que possam balancear o que é novo, mas também o que dá suporte para aquilo que está rodando em termos de tecnologia, independentemente do país.”

NOVIDADES

Com lançamento no último trimestre deste ano, o novo sistema de freio inteligente iEBS para semirreboques traz recursos como ABS, RSS, OptiTire, OptiLoad e TailGuard e telemetria. Atualmente produzido na Europa, América do Norte e China, o sistema modular conta com chicotes elétricos e permite retrofit. “Esses novos projetos de controle de estabilidade passaram a ser mandatórios”, lembra Caio Faria Fattori, líder de linha de produto em dinâmica veicular da ZF.


Sistema de freio inteligente iEBS traz recurso de telemetria para semirreboques

“A telemetria Trailer Pulse integrada ao cavalo-mecânico oferece controle de estabilidade, evita tombamentos e integra sistemas, além de permitir a medição da pressão dos pneus, posicionamento e frenagem autônoma, sem ponto cego na traseira da carreta.”

Com demonstração programada para a Fenatran 2022, a linha de transmissões automáticas PowerLine 8AP também será lançada ainda este ano para clientes selecionados. Já disponível na Alemanha e EUA, a nova transmissão automática de 8 velocidades traz conversor de torque integrado e começa a ser fornecida em dezembro na América do Sul.

Voltada para caminhões e ônibus semipesados, a caixa oferece torque de 1.200 Nm e conta com os mesmos recursos de inteligência da TraXom (exceto a função Prevision), permitindo dois assistentes PTO (Power Take-Off). Proveniente do segmento de carros, o conceito aprimora a transmissão Hi-Matic 8HP (até 11 ton).

“O que fizemos foi dar uma incorporada nesse produto para atender ao mercado até 23 t”, conta Caio Alves da Silva, gerente sênior de gestão de produto para veículos comerciais da ZF.


Linha PowerLine 8AP de transmissões automáticas será lançada ainda este ano no Brasil

A marca também começou a montar em Sorocaba (SP) a transmissão automatizada TraXon de 12 velocidades para extrapesados (até 125 ton), com Intarder 3 integrado. O sistema oferece torque de até 3.400 Nm e potência de frenagem de 600 kW, prometendo redução significativa de peso (8%). “A TraXon foi localizada para preencher uma lacuna no mercado da marca”, diz o gerente. “É uma grande novidade no mercado brasileiro, voltada para veículos de mineração, canavieiro, florestal, celulose e, inclusive, ônibus rodoviários.”

Outro produto que será localizado em breve é o sistema ConAct de acionamento pneumático de embreagens. Centralizado na transmissão automática, o sistema possui válvulas que liberam o fluxo de ar para acionar a embreagem.

Produzido na Alemanha e China, oferece torque de 3.600 Nm para caminhões e ônibus semipesados e pesados. A projeção é que sejam produzidas mais de 60 mil unidades/ano no país (10% do volume global), o que permite a localização da tecnologia, que também deve ganhar conceito de remanufatura para atender ao mercado de reposição.

Segundo a ZF, o desafio tem sido desenvolver fornecedores para a linha, que deve ser instalada em São Bernardo do Campo (SP) ou Araraquara (SP). “O ConAct foi concebido para reduzir os componentes do sistema de acionamento, um apelo antigo dos clientes”, explica Marta Silvestre, líder da linha de componentes de driveline da ZF. “Isso facilita a vida do frotista em manutenção, pois é muito mais rápido e dispensa o pedal de embreagem.”

DESENVOLVIMENTOS

Além dos lançamentos e localizações, a ZF CVS já traçou sua estratégia futura de novas tecnologias. Ancorada na eletrificação, a visão de futuro da marca começa pelos sistemas de transmissão CeTrax 318 e AxTrax 318 para veículos leves (abaixo de 18 t) e carretas. Compostos por eixo/propulsor elétricos com inversor, unidade de controle e transmissão de 3 velocidades integradas, os sistemas entregam potência de 300 kW (pico) / 180 kW (contínuo).

O início da produção está marcado para 2025 na Alemanha, prevendo-se um volume global de 35 mil unidades/ano. “Em um primeiro momento, o mercado vai seguir para o ‘central drive’ e, depois, com os novos desenvolvimentos”, avalia Caio Silva. “Assim, teremos um eixo que vai contemplar um inversor como diferencial.”

Por sua vez, o AVE 130 é um eixo exclusivo para ônibus de 2 eixos com piso baixo (até 29 ton) com potência de 250 kW (pico) / 174 kW (contínuo). Com motores elétricos integrados às rodas, o componente é produzido desde 2019 na Alemanha e deve chegar ao Brasil em outubro. “Por enquanto será importado, pois nosso objetivo de nacionalização atual é o CeTrax 318 e o AxTrax 318”, completa.

Com produção prevista para o final deste ano também na Alemanha, o sistema eletrificado de tomada de força eWorks para caminhões vocacionais também ganha destaque com potências de 25 e 50 kW, já disponíveis, e de 100 kW, ainda em desenvolvimento em parceria com OEMs. Utilizando alimentação da bateria, o sistema plug-and-play pode ser instalado atrás da cabine, na lateral ou em outro layout.

“Cerca de 40% dos caminhões são equipados com implementos e toda a energia vem do motor a combustão”, comenta Marta Silvestre. “Quando a gente fala de plataforma elétrica, é preciso desenvolver isso, sem a necessidade de adequação do implemento e possibilidade de manuseio a distância.”

Os primeiros protótipos chegam ao país em 2023, mas a localização vai depender do volume. Segundo ela, o mercado brasileiro demanda uma solução híbrida. “Sabemos que a demanda pelo elétrico ainda está em uma curva ascendente no Brasil, então é possível aplicar a solução também em veículos a combustão”, ressalta. “Estamos levando a necessidade do mercado local para a Alemanha, buscando desenvolver uma solução híbrida e trazer esse conhecimento para desenvolver aqui.”

O pacote prossegue com o sistema de arrefecimento para veículos elétricos eFan, um eletroventilador com inversor integrado que conta com potência de 10 kW. Produzido na Alemanha a partir de 2024, o produto para caminhões e ônibus chega em 2025 à América do Sul. “Há uma demanda de gerenciar o sistema e manter todos os equipamentos eletrônicos em funcionamento, com a inteligência de verificar a temperatura e acionar quando for necessário”, pontua Marta Silvestre. “E todos os veículos elétricos vão demandar essa solução.”

FUTURO

Em 2023, será a vez do sistema de freio eletrônico modular mBSP XBS, o mais avançado da marca, com componentes que incluem válvulas eletromecânicas, sensores e módulos. Voltado para caminhões e ônibus com freio pneumático, oferece recursos ABS (frenagem), ATC (tração), HSA (rampa), ESC (estabilidade), BFD (distribuição da frenagem) e FOBS (redundância de segurança).

Produzido na Europa, China e Índia, deve formar um mercado global com 1,2 milhão de unidades/ano. “Esse foi um dos motivos da compra da antiga Wabco, pois é preparado para a recuperação de energia da frenagem, direção autônoma e cibersegurança”, observa Fattori.

Mais à frente, em 2025, deve chegar via Polônia a nova linha e-Compressor 3.0, com soluções de gerenciamento de ar para caminhões e ônibus. Com nível de pressão de 12,5 bar e vazão de 250 l/min, o sistema oferece design compacto, com peso de 43 kg (incluindo inversor integrado) e nível de ruído abaixo de 67 dB.

“A solução reduz a demanda do powertrain e custos operacionais, pois é composta por duas espirais que comprimem o ar de maneira eficiente, sem uso de óleo e com ruído minimizado”, garante Javier Pantoja, diretor de engenharia da ZF para a América Latina. “No final das contas, o que queremos é reduzir o TOC, todos os clientes pedem isso.”

Já a nova geração do sistema de ADAS inteligente OnGuard MAX para caminhões e ônibus deve chegar ao mercado em 2024, com versões remodeladas de componentes como câmera, radares e módulos, que agregam recursos de alerta, assistência, emergência e cibersegurança. “Produzido na Europa e China, esse sistema é um ponto focal do portfólio, pois traz benefícios de segurança ao garantir aviso e frenagem autônoma, detecção de faixa e de ponto cego”, diz Fattori.


Nova geração do sistema OnGuard MAX deve chegar ao mercado em 2024, com versões remodeladas de componentes como câmera, radares e módulos

Fechando os projetos de eletrificação, os sistemas eletrohidráulicos de direção ReAx e EPHS trazem recursos como esterçamento proporcional (LKA) para caminhões e ônibus, iniciando a produção na Europa, América do Norte e China a partir deste ano.

“Esses são os produtos que queremos focar aqui no Brasil, trazendo um portfólio completo tanto na parte elétrica quanto para produtos convencionais”, conclui o especialista.


Saiba mais:
ZF:
www.zf.com/brazil/pt/home/home.html

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