Revista M&T - Ed.56 - Dez/Jan 2000
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Tradição

Uma cinquentona no novo milênio

A história de uma das maiores fabricantes do mundo, após 50 anos marcados pela busca constante de novos mercados e pela persistência de um grande gênio empresarial
O fundador do grupo, engenheiro Hans Liebherr

Um número -809094 - e uma data - 19 de agosto de 1949, incluiriam o nome de Kirchdorf an der Iller, um pequeno povoado no sul da Alemanha, numa relação talvez jamais pretendida por sua pouco numerosa população local: a de patentes industriais outorgadas pelo governo alemão.
Também incluiria outro nome, desta vez não apenas na história das patentes ou da própria Alemanha, mas na história mundial. O nome era o do engenheiro Hans Liebherr e o documento lhe dava a patente de sua primeira grua de torre.
Liebherr havia passado sua infância e juventude em Kirchdorf, onde também teve seu primeiro emprego, como aprendiz, na construtora de seu pai. Em 1938, já promovido a oficial, ele assumiria o controle da empresa, mas convocado a servir na 2°Grande Guerra, somente voltaria à cidade em 1945. Quatro anos depois, ele se empenharia em realizar uma idéia que, t


O fundador do grupo, engenheiro Hans Liebherr

Um número -809094 - e uma data - 19 de agosto de 1949, incluiriam o nome de Kirchdorf an der Iller, um pequeno povoado no sul da Alemanha, numa relação talvez jamais pretendida por sua pouco numerosa população local: a de patentes industriais outorgadas pelo governo alemão.
Também incluiria outro nome, desta vez não apenas na história das patentes ou da própria Alemanha, mas na história mundial. O nome era o do engenheiro Hans Liebherr e o documento lhe dava a patente de sua primeira grua de torre.
Liebherr havia passado sua infância e juventude em Kirchdorf, onde também teve seu primeiro emprego, como aprendiz, na construtora de seu pai. Em 1938, já promovido a oficial, ele assumiria o controle da empresa, mas convocado a servir na 2°Grande Guerra, somente voltaria à cidade em 1945. Quatro anos depois, ele se empenharia em realizar uma idéia que, talvez por igual período, o tinha perseguido: construir uma grua de torre que fosse não apenas de fácil locomoção como, também, de montagem simplificada. O novo equipamento serviria para nada menos que a
reconstrução dos territórios alemães e instalações industriais destruídos na guerra.
O projeto, colocado em prática com o apoio de um construtor, serralheiros de obras e ferreiros não chegou, no entanto, a entusiasmar os empresários da construção civil de então. Liebherr e sua grua passariam toda a feira de Frankfurt, no outono de 1949, à espera dos potenciais compradores. Mas essa espera, na verdade, não duraria muito além da feira, já que 5 anos depois, os pedidos reais e potenciais justificariam a instalação de uma unidade específica para a fabricação do equipamento. Era o começo da linha industrial Liebherr.
Em 1964, já um nome consagrado por seu arrojo e inventividade, Liebherr receberia o título de doutor honoris causa em engenharia, pela Universidade Rheinisch-Westfálische Technische Hochschule, de Aachen e, em 1974, seria nomeado senador de honra da Universidade de Karlsruhe, graças a seu “impressionante trabalho de desenvolvimento técnico”.
Mas, além de seu caráter empreendedor, outra marca na conduta de Liebherr, perceptível desde o começo de suas atividades, seria sua preocupação em manter a diversificação da produção, no que era bastante favorecido por um instinto aguçado que lhe apontava tanto os produtos com sucesso certo, quanto os novos mercados com possibilidades deexpansão. Para isso, sua estratégia principalpassou a ser a de optar por projetos que pudessemser implementados, desde seu desenvolvimentoaté a produção, em prazos relativamente curtos. Foi assim que, nos primeiros10 anos, as gruas dividiriam espaço comescavadeiras hidráulicas, betoneiras e até mesmo refrigeradores. Eram os anos 50 e aempresa seria favorecida com uma retomada do setor de construção civil e o surgimento de diversas oportunidades de obras no país, a ponto de, no final de 1958, empregar 2392 funcionários e atingir um volume de vendasde 77 milhões de marcos alemães.
Liebher considerou, então, que era o momento de atravessar as fronteiras da Alemanha e fundar a Liebherr (Ireland) Holding, em Killarney, na República da Irlanda, que serviria de base para uma futura estruturação internacional. Essa política de expansão seriapraticada até 1968, quando
foram estabelecidas unidades próprias de produção e vendas na África do Sul, Aústria, França, Suiça e Reino Unido. Conto resultados, o grupo agora contava com o dobro de empregados (5933 pessoas) e um volume de vendas cinco vezes maior - 388 milhões de marcos alemães. O “salto além-mar” podia, finalmente, ser tentado.

A primeira grua de torre Liebherr
No final da década de 70, a América conheceria de perto a marca Liebherr, com a instalação de uma unidade em Newport News, nos EUA e de outra na cidade de Guaratinguetá, no Brasil. Ao mesmo tempo, o processo de expansão na Europa não seria interrompido. Na própria Alemanha, em Ehingen, Danubio, seria fundada uma fábrica de gruas móveis e na Aústria, na cidade de Nenzing y Telfs, duas outras para a fabricação de gruas para barcos e plataformas off-shore e de tratores e pás-carregadeiras sobre esteiras, assim como também surgiriam distribuidores em vários países. Ao final de sua terceira década de operações, as vendas eram de 1,7 milhões de marcos alemães e o grupo garantia 11136 empregos diretos.
A primeira metade dos anos noventa seria marcada pela demanda surgida com a reunificação da Alemanha, principalmente nos setores de máquinas de construção e de geladeiras e frigoríficos. Seria também a década em que a Liebher entraria nos mercados do Extremo Oriente e ampliaria seu conjunto de produtos e serviços. No setor de máquinas, ferramentas, equipamentos para aviões e gruas para construção, a competitividade foi aumentada através da aquisição de outras empresas.
Em 7 de outubro de 1993, aos 78 anos, faleceria Hans Liebherr, na cidade de Kirchdorf an der Iller, a mesma onde seu império havia nascido. Mas, a essa altura, ele já tinha realizado o que, talvez, tenha sido sua maior obra: a segunda geração da família, os filhos Isolde Wagishauser e Willi Liebherr, estava mais que preparada para assumir a direção da empresa. Tanto que, passados quase 7 anos da ausência do fundador, o grupo reúne mais de 17 mil empregados e deve virar o milênio com vendas superiores a 6,1 milhões de marcos alemães.
Escavadeira Hidráulica A 300 fabricada em 1957

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