Munidos de uma vasta gama de implementos, os manipuladores telescópicos se notabilizam em qualquer frota por serem capazes de substituir diversos equipamentos nos canteiros – como pás carregadeiras, guindastes, elevadores e plataformas aéreas –, em um conjunto igualmente amplo de setores, incluindo construção, agropecuária, indústria, mineração e logística, dentre outros.
Tamanha versatilidade, no entanto, não se traduz necessariamente na mesma produtividade das máquinas dedicadas a grandes volumes e tarefas contínuas. Mas pode ser mais bem-aproveitada quando se escolhe o modelo mais adequado para um determinado ambiente, com suas respectivas aplicações.
A olho nu, muitos não percebem as diferenças, mas os manipuladores destinados à construção, por exemplo, são estruturalmente distintos dos utilizados no agronegócio. Além de pneus específicos, como explica Marcelo Bracco, d
Munidos de uma vasta gama de implementos, os manipuladores telescópicos se notabilizam em qualquer frota por serem capazes de substituir diversos equipamentos nos canteiros – como pás carregadeiras, guindastes, elevadores e plataformas aéreas –, em um conjunto igualmente amplo de setores, incluindo construção, agropecuária, indústria, mineração e logística, dentre outros.
Tamanha versatilidade, no entanto, não se traduz necessariamente na mesma produtividade das máquinas dedicadas a grandes volumes e tarefas contínuas. Mas pode ser mais bem-aproveitada quando se escolhe o modelo mais adequado para um determinado ambiente, com suas respectivas aplicações.
A olho nu, muitos não percebem as diferenças, mas os manipuladores destinados à construção, por exemplo, são estruturalmente distintos dos utilizados no agronegócio. Além de pneus específicos, como explica Marcelo Bracco, diretor da Manitou Brasil, os modelos “agrícolas” têm cabines mais confortáveis, pois seus operadores geralmente permanecem mais tempo nos equipamentos. “Ainda mais importante é que os manipuladores agrícolas têm hélice reversível – para expulsar a sujeira que adere à grade – e braço praticamente vedado, para evitar o ingresso de impurezas”, detalha o especialista.
A capacidade, prossegue Bracco, é um quesito preponderante na escolha de um manipulador destinado ao agronegócio, comparativamente a um equipamento destinado à construção, mercado no qual o alcance é um critério igualmente relevante. “No setor agro e na construção, os manipuladores mais demandados no Brasil têm capacidades de 3,2 e 4 ton e lanças de 7 e 18 m, respectivamente”, especifica o profissional da Manitou, cujo portfólio inclui manipuladores com lanças de 6 a 32 m de altura e capacidade de carga de 2,5 a 33 ton, com as lanças fixas ou rotativas.
CENTRO DE CARGA
Manipuladores agrícolas, complementa Etelson Hauck, gerente de produtos da JCB, também são mais ágeis graças às lanças menores, que dispensam as patolas (manipuladores capazes de içar cargas a alturas superiores a 10 m devem ter patolas). Além do agronegócio e da construção, todavia, existem modelos customizados para outros setores. “Fazemos algumas adaptações para atender às regras de mineradoras, por exemplo, que precisam de botões de emergência também do lado de fora do equipamento, e não apenas na cabine”, ressalta Hauck.
No Brasil, a JCB disponibiliza atualmente quatro modelos de manipuladores, com capacidades entre 3,1 e 4,1 t e lanças entre 7 e 17 m de comprimento (dois deles são montados aqui, com componentes importados, enquanto os demais são produzidos na Inglaterra). “O modelo com lança de 17 m é muito interessante para obras de três a quatro andares, pois consegue levar tanto carga quanto gente”, destaca.
Na construção, alcance vertical da lança é um dos diferenciais para manipuladores
Ademais, os manipuladores telescópicos podem ser concebidos com projetos que resultam em diferentes posições de montagem da lança. E, como decorrência disso, com diferentes alturas do pivô (o pino de conexão entre o chassi e a lança). Conforme observa Joshua Taylor, gerente de produtos da equipe norte-americana da Genie. “Um pivô traseiro mais alto aumentará a visibilidade na frente da máquina, mas pode reduzir a visibilidade na traseira, enquanto um pivô mais baixo permitirá mais visibilidade traseira, mas potencialmente menos visibilidade em outras áreas, dependendo da posição da carga”, diz.
Por isso, o processo de escolha do manipulador, ensina Taylor, deve partir da avaliação das cargas que movimentará e de onde serão depositadas. “O peso e o centro de gravidade da carga devem ser totalmente compreendidos”, ele ressalta. “E, em seguida, combinados com uma máquina que tenha uma tabela de carga capaz de colocar essa carga no local desejado.”
Por padrão, prossegue Taylor, os gráficos baseiam-se em um centro de carga de 600 mm. “Em casos especiais, gráficos de carga adicionais podem ser fornecidos pelos fabricantes”, complementa o profissional da Genie, marca do grupo Terex que oferece manipuladores telescópicos com capacidades de 2,5 a 7,5 t e alturas de 6 a 17 m.
RODÍZIO
Uma vez em campo, também é possível revezar os manipuladores a cada etapa de implementação de uma obra, como lembra Fabiano Romanó, diretor da locadora Fadre, cuja frota inclui cerca de 120 manipuladores, com alturas entre 7 e 25 m.
Desse modo, um projeto imobiliário composto por várias torres, por exemplo, pode ser iniciado com uma máquina com lança de 13 m, que será substituída por outra com alcance maior quando a construção chegar ao terceiro ou quarto andares. “As máquinas de 13 m são mais ágeis e consomem menos”, pondera Romanó.
Por outro lado, além do grande alcance vertical as máquinas mais altas (com lanças de 21 ou 25 m) possuem cabinas com giro de 360 graus. “Isso permite que se adaptem a locais confinados, inclusive dentro de túneis, prédios construídos muito perto uns dos outros ou locais com espaços reduzidos para manobras”, diz Romanó.
Com diferentes alcances e capacidades, manipuladores podem ser trocados a cada etapa da obra
Por esses motivos, o diretor da Fadre contesta a afirmação, às vezes ouvida nesse mercado, de que os telehandlers (como também são chamados os manipuladores) apresentam dificuldade de movimentação nos canteiros. “O problema é o padrão dos ambientes das obras realizadas no Brasil, que ainda é muito ruim, embora esteja melhorando”, avalia. “O fato é que, feita a drenagem ou um piso de saibro, o manipulador movimenta-se muito bem na obra, quase como uma retroescavadeira.”
RECURSOS
Já a dificuldade de locomoção dos manipuladores em terrenos acidentados é refutada por Hauck, da JCB. “Muitos equipamentos têm tração nas quatro rodas, o que colabora bastante com a movimentação”, justifica. “Além disso, trazem como padrão em seus eixos o sistema LSD (Limited Slip Differential, ou Diferencial de Deslizamento Limitado), que transfere mais potência para a roda tracionada em um terreno onde choveu, por exemplo.”
No portfólio da JCB, relata Hauck, os telehandlers também contam com requisitos de segurança como o ajuste de nivelamento com sway, como é denominado um sistema hidráulico composto por dois cilindros – cada um deles posicionado em uma das rodas dianteiras –, cuja função é compensar inclinações e desnivelamentos do terreno, indicando se o equipamento atingiu a estabilidade adequada. “Outro recurso é o sensor de carga, que informa se o operador está ingressando em uma área de instabilidade”, complementa Hauck. “E, chegando ao limite, ele trava o equipamento.”
Configuração do equipamento deriva da análise do peso e do centro de gravidade da carga
Segundo Bracco, os manipuladores rotativos de alta capacidade da Manitou contam com um painel de instrumentos mais elaborado, no qual todas as informações da operação são apresentadas de acordo com o acessório ou implemento que estiver operando. Todos os manipuladores da marca também trazem sensor de sobrecarga anti-tombamento de série. “Já para trabalhos em grandes alturas ou em operações mais complexas, o portfólio traz como opcional um computador de bordo que mostra em tempo real as informações de carga içada e carga residual”, acrescenta Bracco.
ACESSÓRIOS
Segundo Bracco, o acessório mais comercializado com os manipuladores é o garfo para manuseio de paletes, havendo ainda uma demanda significativa por porta big bags (no setor agrícola) e por caçambas (na construção). “Mas também temos uma linha de acessórios específicos para mineração, como o manipulador de grandes cilindros e o manipulador de pneus off-road para os caminhões OTR”, especifica.
Na Genie, Taylor destaca que os manipuladores trazem de fábrica as tabelas de carga referentes aos acessórios disponíveis para cada modelo, além do sistema de telemática LiftConnect. “O GTH-2506 e o GTH-3007, por exemplo, são equipados com um sistema indicador de momento de carga, que permite ao operador monitorar o efeito da carga na estabilidade da máquina”, conta o especialista, referindo-se a modelos com capacidades de 2,5 e 3 ton e alcance de 5,7 e 6,8 m, respectivamente.
Por fim, é importante ressaltar que grande parte dos telehandlers disponibilizados pelas principais marcas possibilita diferentes modos de direção: com movimentação apenas das rodas dianteiras ou nas dianteiras e traseiras, porém no mesmo sentido de direção, conhecido como “caranguejo”.
Também existem modelos com movimentação das rodas dianteiras e traseiras, mas em diferentes sentidos de direção, o que possibilita executar curvas com menor raio.
Brasil tem potencial, mas mercado segue complicado
Segundo estimativa de Etelson Hauck, gerente de produtos da JCB, em 2020 foram comercializados cerca de 140 manipuladores no mercado nacional. Neste ano, ele prevê que a demanda deve subir para cerca de 210 unidades. “Esse mercado ainda é pequeno aqui, tendo em vista que apenas a fábrica na Inglaterra pode produzir mais de 100 manipuladores por dia”, diz o especialista, que vê um “oceano de oportunidades” para esse equipamento no Brasil. “O cliente percebe os benefícios, mas o custo ainda é alto para a realidade brasileira, o que desequilibra a relação custo x benefício.”
Parte relevante desse custo, como lembra o diretor da Manitou, Marcelo Bracco, deve-se à conjuntura cambial desfavorável aos equipamentos, geralmente importados. Com o euro cotado a 6,50 reais, diz ele, um modelo de 100 mil euros – como o fixo de 4 ton e 18 m – deve ser vendido aqui por 650 mil reais. “Mas o Brasil tem potencial para um mercado similar ao da França, de 3 a 4 mil unidades por ano”, aponta.
Apostando nisso, em 2016 a Manitou chegou a inaugurar uma planta para a produção de telehandlers em Vinhedo (SP), cujas operações foram interrompidas no início do ano passado. “A empresa adquiriu uma grande operação na Índia, na qual decidiu concentrar sua produção”, justifica Bracco.
Câmbio, baixa demanda e até mesmo mau uso comprometem o desempenho no Brasil
Porém, o término da fabricação local não é o único sinal do momento instável para o mercado brasileiro de manipuladores, pois fabricantes como Caterpillar e New Holland, entre outras, informam que, ao menos temporariamente, não estão trazendo esse tipo de equipamento para o Brasil. E mesmo locadoras estão deixando esse mercado, afirma Fabiano Romanó, diretor da Fadre, que credita esse movimento não apenas às dificuldades da economia e questões cambiais, mas também ao desleixo com o qual os profissionais lidam com esses equipamentos no país, o que acarreta custos elevados de manutenção e gestão para as locadoras. “Frotas inteiras de grandes locadoras foram sucateadas e acabaram vendidas, na maioria dos casos para compradores de fora do Brasil”, afirma.
Para minimizar o problema, a Fadre exige que seus próprios profissionais operem os manipuladores que loca. “No Brasil, o custo desse equipamento é alto, os profissionais para operá-los são pouco qualificados e o ambiente das obras geralmente é ruim”, resume Romanó. “Tudo isso complica bastante esse mercado.”
Saiba mais:
Fadre: https://fadre.com.br
Genie: www.genielift.com/pt
JCB: www.jcb.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt
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