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Revista M&T - Ed.175 - Dez/Jan 2014
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Reciclagem

Processamento de resíduos cresce no Brasil

Atualmente, mais de 6% do entulho gerado no país são reciclados e a tendência é de que com os atuais investimentos em equipamentos esse índice cresça nos próximos anos
Por Camila Waddington

Aos poucos, a Reciclagem de Resíduos de Construção (RCD) consolidou um nicho de mercado promissor no Brasil. Prova disso é que 85% dos empresários desse setor planejam ampliar os negócios nos próximos dois anos, segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (Abrecon), que recentemente publicou pesquisa sobre o assunto estimando um volume de 84 milhões de m³ de entulhos produzidos anualmente no país.

E é justamente neste índice que se encontra a promessa de grandes negócios, pois pouco mais de 6% desse total são reciclados atualmente. De acordo com a Abrecon, a capacidade já instalada de britadores para esse fim no país seria capaz de elevar esse percentual a 42% no médio prazo. “Como modelo de negócio, cerca de um terço das usinas realiza apenas atividades paralelas complementares à reciclagem, como demolições e terraplenagem”, diz Leonardo Miranda, consultor da Abrecon e professor de engenharia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Mas esse percentual deve crescer nos próximos anos, em virtude da entrada de empresas de grande porte no setor e pelo fato dessas atividades complementares poderem trazer maior viabilidade econômica ao negócio.”

Ao todo, a associação lista 310 usinas de reciclagem de resíduos de construção no país, sendo que a maior parte (58%) está em São Paulo. A pesquisa da Abrecon ouviu 112 dessas usinas, constatando que a maioria (80%) está sob o controle do capital privado. O dado é interessante, pois confirma o desenvolvimento do mercado: há pouco mais de dez anos, a maioria das usinas era pública.

Como influência positiva ao desenvolvimento do mercado, a pesquisa da Abrecon também revela a necessidade de cumprimento dos decretos municipais que exigem o uso prioritário de agregados reciclados em obras públicas, além da fiscalização crescente das obras quanto à triagem e destinação dos resíduos nos canteiros. A existência de um programa de qualidade setorial e a necessidade de reenquadramento tributário do negócio são outros pontos importantes destacados na análise.

PRAXIS

É nesse mercado aquecido que a Ambiência Soluções Sustentáveis aposta. A emp


Aos poucos, a Reciclagem de Resíduos de Construção (RCD) consolidou um nicho de mercado promissor no Brasil. Prova disso é que 85% dos empresários desse setor planejam ampliar os negócios nos próximos dois anos, segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (Abrecon), que recentemente publicou pesquisa sobre o assunto estimando um volume de 84 milhões de m³ de entulhos produzidos anualmente no país.

E é justamente neste índice que se encontra a promessa de grandes negócios, pois pouco mais de 6% desse total são reciclados atualmente. De acordo com a Abrecon, a capacidade já instalada de britadores para esse fim no país seria capaz de elevar esse percentual a 42% no médio prazo. “Como modelo de negócio, cerca de um terço das usinas realiza apenas atividades paralelas complementares à reciclagem, como demolições e terraplenagem”, diz Leonardo Miranda, consultor da Abrecon e professor de engenharia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Mas esse percentual deve crescer nos próximos anos, em virtude da entrada de empresas de grande porte no setor e pelo fato dessas atividades complementares poderem trazer maior viabilidade econômica ao negócio.”

Ao todo, a associação lista 310 usinas de reciclagem de resíduos de construção no país, sendo que a maior parte (58%) está em São Paulo. A pesquisa da Abrecon ouviu 112 dessas usinas, constatando que a maioria (80%) está sob o controle do capital privado. O dado é interessante, pois confirma o desenvolvimento do mercado: há pouco mais de dez anos, a maioria das usinas era pública.

Como influência positiva ao desenvolvimento do mercado, a pesquisa da Abrecon também revela a necessidade de cumprimento dos decretos municipais que exigem o uso prioritário de agregados reciclados em obras públicas, além da fiscalização crescente das obras quanto à triagem e destinação dos resíduos nos canteiros. A existência de um programa de qualidade setorial e a necessidade de reenquadramento tributário do negócio são outros pontos importantes destacados na análise.

PRAXIS

É nesse mercado aquecido que a Ambiência Soluções Sustentáveis aposta. A empresa é totalmente focada em gestão de resíduos sólidos de construção e possui construtoras destacadas em sua carteira de clientes. Segundo Henrique Ferreira Ribeiro, engenheiro ambiental da empresa, o principal negócio da empresa é a consultoria para gestão de entulhos, contando com uma série de parceiros para recolher, receber, reciclar e revender os materiais. “Esses parceiros não cobram para retirar o resíduo da obra”, explica o especialista. “De modo que o ganho deles encontra-se na revenda do material reciclado.”

Ribeiro explica que a consultoria da Ambiência ocorre em três fases distintas. A primeira é o projeto, quando são definidos os procedimentos operacionais e administrativos. Nesta etapa, avaliam-se como os resíduos (aço, cimento, madeira etc.) serão separados, para onde cada tipo será destinado, os transportes que serão adotados e outros aspectos práticos. “A segunda fase é a implantação, ou seja, colocar as diretrizes do projeto em funcionamento e estabelecer a cultura de reciclagem no canteiro de obras por meio de treinamentos com os funcionários”, diz Ribeiro. A terceira e última fase é o acompanhamento, para verificar se as diretrizes estabelecidas estão sendo devidamente cumpridas pelas equipes.

O especialista da Ambiência revela que grande parte das obras nas quais a empresa atua destina os entulhos para processamento em usinas fixas, fora do local da construção. Isso incide em custo de transporte, com todos os revezes ambientais que o acompanha. “Por isso, estamos estudando aumentar a nossa oferta de serviços para atuar também na reciclagem de entulhos dentro da obra”, revela. “Nesse caso, a decisão levará em conta o custo-benefício da locação ou compra de britadores móveis ou fixos.”

USINAS

A tendência indicada por Ribeiro é confirmada pela pesquisa da Abrecon, que contabiliza um percentual de 83% das usinas de reciclagem de resíduos como fixas. Ou seja, são locais que recebem e processam o entulho das obras por meio de britadores fixados em uma planta de processamento também fixa. Entretanto, os demais 17% são compostos por usinas de britagem móveis, um montante nada desprezível e em crescimento, como destacado pelos especialistas. “Esse tipo de instalação representa maior flexibilidade e tem sido mais adotado em consonância com a evolução do mercado de construção civil no país”, avalia o professor Miranda.

Justamente por esse motivo, players como o Grupo Wirtgen – detentor da marca de britadores móveis Kleemann – estão de olho nesse mercado. Segundo revela Luiz Tegon, presidente da Ciber (leia entrevista na pág. 84), a empresa vem reestruturando suas equipes para aumentar o foco comercial no mercado de reciclagem, que – como citado acima – atravessa um momento de boas oportunidades em função das legislações mais restritivas, andamento de grandes obras e revitalização de áreas urbanas. “Antes, trabalhávamos as vendas dos britadores móveis somente para pedreiras”, diz ele. “Mas agora, com grandes projetos de demolição em andamento, queremos ampliar o foco.”

Nessa linha, o executivo cita o exemplo do município do Rio de Janeiro, que gerará uma grande quantidade de entulhos com a demolição da Perimetral – uma via elevada de 5,5 km de extensão construída nos anos 50 – e em diversos pontos da revitalização do Porto Maravilha.

ALÉM DO CONCRETO

Coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon/SP, a engenheira Lilian Sarrouf confirma que a reciclagem de agregados já tornou-se um assunto difundido e com mercado bem encaminhado no país. “Agora, o trabalho deve ser focado na reciclagem de madeira, que também já vem crescendo, e de embalagens, que ainda é incipiente, para ficarmos em apenas dois exemplos”, diz ela. Até por isso, a especialista cita a necessidade de a indústria desenvolver novos equipamentos para a área de reciclagem. “Um bom exemplo é uma máquina desenvolvida por uma construtora para reciclar gesso, por meio de um inovador sistema de secagem por lâmpadas”, acresce.

Na reciclagem de madeira, aliás, a Ambiência demonstra uma máquina fabricada pela Vermeer que é utilizada para triturar ripas e transformá-las em cavacos destinados à queima de fornos ou outras utilidades. “Esse equipamento é bastante comum mundo afora, principalmente nos Estados Unidos, onde o tipo de construção de casas de madeira favorece o reaproveitamento da matéria-prima”, diz Lucas Zimmer, gerente do segmento de meio ambiente da Vermeer. “No Brasil, entretanto, sua utilização está apenas no começo, mas já temos recebido boa aceitação.”

O triturador HG6000TX trabalha com rotor de martelos de corte capaz de aceitar um material levemente contaminado com pregos, dobradiças ou outros metais. “São 10 martelos duplos (20 cabeças de corte) em um rotor girando a aproximadamente 1.050 rotações por minuto”, explica Zimmer. Esse sistema é alimentado por um potente motor a diesel de 630 hp, enquanto os cortadores são revestidos por carbeto de tungstênio, um material resistente a diferentes tipos de metais que eventualmente podem contaminar o processamento da madeira. “O material é triturado contra uma bigorna e classificado por meio de um sistema de peneiras”, completa o gerente.

Segundo ele, a fabricante disponibiliza ainda 140 tipos de peneiras com granulometria entre 0,5 e 2,5 polegadas, capazes de classificar materiais das mais diversas dimensões. “A esteira de saída do equipamento possui um eletroímã para recolher os metais não processados e separá-los do produto final”, finaliza.

 

 

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