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Revista M&T - Ed.263 - Maio 2022
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PERFURATRIZES

O coringa da fundação profunda

Hélice contínua monitorada mantém-se como a solução mais demandada para fundações no Brasil, ancorada em aplicações como mercado imobiliário, indústria e agribusiness
Por Antonio Santomauro

Atualmente, um mercado imobiliário ainda movimentado, secundado pelo agronegócio e alguns segmentos industriais asseguram um bom nível de demanda para perfuratrizes em fundações profundas. É difícil prever até quando a demanda seguirá elevada, pois incertezas do cenário político – e mesmo projeções sobre o futuro imediato do setor imobiliário – geram ponderações nas análises.

A CZM, por exemplo, deve registrar no 1º semestre um volume de negócios superior ao mesmo período do ano passado, como relata Leandra Magalhães, gerente comercial da empresa. A demanda, diz ela, “provém principalmente do setor imobiliário, embora haja projetos ligados ao agronegócio – como silos – e projetos pontuais em setores como papel e celulose”.

Mas a gerente contrapõe que, com a aproximação das eleições, compradores de perfuratrizes vê


Atualmente, um mercado imobiliário ainda movimentado, secundado pelo agronegócio e alguns segmentos industriais asseguram um bom nível de demanda para perfuratrizes em fundações profundas. É difícil prever até quando a demanda seguirá elevada, pois incertezas do cenário político – e mesmo projeções sobre o futuro imediato do setor imobiliário – geram ponderações nas análises.

A CZM, por exemplo, deve registrar no 1º semestre um volume de negócios superior ao mesmo período do ano passado, como relata Leandra Magalhães, gerente comercial da empresa. A demanda, diz ela, “provém principalmente do setor imobiliário, embora haja projetos ligados ao agronegócio – como silos – e projetos pontuais em setores como papel e celulose”.

Mas a gerente contrapõe que, com a aproximação das eleições, compradores de perfuratrizes vêm postergando os investimentos em equipamentos maiores, adquirindo basicamente compactos, especialmente perfuratrizes de hélice contínua com peso de até 20 t que, além de custarem menos, geram custos menores com logística e combustível. “Essas perfuratrizes mais compactas são versáteis, pois podem trabalhar em ambientes confinados”, acentua.

No Brasil, ela informa, o tipo de perfuratriz mais demandado é a hélice contínua monitorada (o monitoramento é feito por um computador, que fornece informações sobre torque, consumo de concreto, profundidade e pressão, entre outras). Em outros países a demanda é mais diversificada, como ocorre nos EUA, onde prevalecem os ‘estacões’ (“drilling shaft” ou “kelly bar”). “Lá há muita rocha, o que exige um tipo mais adequado de equipamento, como as kelly bar com alto torque”, justifica.

Há tempos, inclusive, a CZM mantém uma planta produtiva na cidade de Savannah, na Georgia. “Nossas vendas nos EUA estão no auge, com a carteira de pedidos preenchida por seis meses”, comemora.

DEMANDA

O gestor da área de fundações da Máquina Solo, Rafael Pereira, confirma a expansão da demanda por estacas de hélice continua. “Essa solução tem sido bastante aplicada em obras residenciais e industriais”, diz. “Mas também tivemos aumento na procura por empresas de geotecnia, especialmente de perfuratrizes para estacas raiz e execução de tirantes.”

A empresa representa duas marcas de perfuratrizes no Brasil, para aplicações distintas. Uma delas é a italiana Casagrande, fabricante de diversos tipos de equipamentos, como estaca hélice contínua, escavada, estacões, raiz, tirantes e “jet grouting”. “No caso de estacas de grandes diâmetros e para profundidades onde predominam rochas, a aplicação mais adequada é o sistema de circulação reversa, segmento na qual trabalhamos com a coreana Buma”, acrescenta.

Entre os modelos mais demandados no Brasil, ele cita a C6-XP2 – para estaca raiz e tirantes, com diâmetros de 110 a 310 mm e profundidades de até 50 m – e a B200-XP2, configurada para estaca hélice contínua em diâmetros entre 800 e 1.000 mm. “Esse modelo também pode ser configurado para estaca escavada, estacões e mesmo sistemas de parede diafragma ou hidrofresa”, complementa Pereira, que vê a demanda beneficiada pelas recentes quedas do câmbio.

Assim como ocorre com as perfuratrizes, as obras de fundações também vêm sendo bastante demandadas, relata André Roberts, responsável pelas áreas de engenharia e marketing da União Fundações, de Itapema (SC). “Estamos com as nossas 13 perfuratrizes mobilizadas, com expectativa de mantermos o ritmo no decorrer do ano”, diz.


Modelos mais demandados no país incluem soluções importadas com capacidade de até 50 m de profundidade

A demanda proveniente da construção imobiliária, pondera Roberts, pode já ter atingido o pico. Em contrapartida, as operações vêm crescendo em construção industrial e agronegócio. “São silos, fábricas de papel e celulose, reservatórios para tratamento de efluentes”, detalha o profissional da União Fundações, que trabalha com perfuratrizes de hélice contínua monitorada com diâmetros entre 300 e 1.200 mm (todas da CZM). “Muito produtiva, a hélice contínua monitorada só não é utilizada quando o projeto exige outro tipo de fundação”, destaca Roberts.

Já a Geofix atua com perfuratrizes das marcas italianas Casagrande e Soilmec, além da alemã Wirth, nesse caso com equipamentos específicos para perfurações marítimas e fluviais. Segundo Roberto Nahas, diretor da empresa, a hélice contínua monitorada de fato é a solução de fundação mais demandada no Brasil, mas com uma ressalva. “Com a utilização de estacões, temos realizado fundações com 60, 70 m de profundidade, especialmente em regiões litorâneas, cujo solo exige fundações mais profundas”, comenta.

No segmento das hélices contínuas, ele detalha, a Geofix realiza perfurações com diâmetros entre 400 e 1.200 mm e profundidades de até 38 m. Também executa outros tipos de serviços, incluindo estacas raiz e tirantes. Segundo o diretor, a demanda do setor imobiliário deve seguir aquecida. “Com a carência de habitações no Brasil, as construtoras trabalham com planejamentos detalhados, lançando projetos para os quais sabem que há demanda”, sustenta Nahas.

Já o mercado de infraestrutura tem perspectivas menos nítidas. “Devem surgir projetos já previstos, especialmente de construção de ferrovias e duplicação de estradas”, projeta o executivo. “A estaca raiz, por exemplo, é usada em locais onde o acesso de equipamentos de porte maior é mais difícil, ou mesmo em obras de engenharia como pontes e viadutos.”

TECNOLOGIAS

A Casagrande, ressalta Pereira, disponibiliza o sistema XP2, que permite o acompanhamento em tempo real dos parâmetros da perfuração, como potência, torque e funções hidráulicas (o que pode ser feito da cabine ou remotamente, via celular). Adicionalmente, os motores contam com o sistema SPM (Smart Power Management), que permite o gerenciamento inteligente da potência do motor, visando melhorar o desempenho e reduzir o consumo. “A combinação desses sistemas oferece eficiência e economia na operação, entregando o que há de mais atual em termos tecnológicos”, assegura Pereira.

Por sua vez, a CZM disponibiliza o sistema “Plus One” para gerenciamento de perfuratrizes de hélice contínua. “Desenvolvemos ainda um sistema para operação remota de equipamentos de sondagem, utilizados principalmente em mineração”, destaca Magalhães. “E, agora, essa tecnologia já pode ser aplicada a outros sistemas.”

Segundo ela, a demanda por soluções remotas explica o sucesso de modelos como o EM 400, lançado há cerca de três anos. Montado sobre a escavadeira Cat 313, a solução tem giro de 360 graus e realiza perfurações de até 18 m, em diâmetros de 30, 40 e 50 cm. “Estamos vendendo de três a quatro unidades por mês desse modelo”, diz a especialista. “E, no ano passado, lançamos a EK 300, a maior hélice contínua já fabricada na América do Sul.”

Capaz de perfurar até 42 m, a primeira unidade da EK 300 teve como destino a União Fundações. “A maior profundidade é importante para os edifícios colossais da região onde estamos sediados, cujo solo é macio”, explica Roberts, referindo-se ao litoral catarinense, onde estão municípios como Balneário Camboriú e Itapema. “Cinco dos dez edifícios mais altos do Brasil têm nossa participação nas fundações”, ressalta.


Segundo a CZM, compradores vêm postergando investimentos em equipamentos maiores

No projeto da EK 300, Roberts também considera interessante o fato de ser construída no sistema “top drive”, no qual o cabeçote de transmissão de torque fica instalado no topo da hélice, enquanto no sistema “bottom drive” (mais usual) a força é transmitida lateralmente, por meio de chavetas (ranhuras nas laterais do trado).

Ambos os sistemas, observa, oferecem diferenciais e vantagens. Segundo ele, o sistema “bottom drive” é eficiente em quesitos como manutenção e força, proporcionado mais força que o “top drive”, que se destaca pela versatilidade, pois o cabeçote de perfuração é bem menor. “Isso permite perfurar praticamente rente à parede, algo difícil com o sistema ‘bottom drive’, que é maior justamente por ser mais forte”, explica. “Além disso, com o ‘top drive’ o trado se mantém íntegro, sem a necessidade de cortes para encaixar as chavetas.”


Demanda de perfuratrizes vem se beneficiando com as recentes quedas do câmbio

Para Nahas, da Geofix, as hélices contínuas representam uma evolução na tecnologia de perfuração, uma vez que agregam produtividade e agilidade ao processo. “Relativamente à estaca cravada, essa tecnologia a cada dia ganha mais espaço não apenas pela maior produtividade, mas também por emitir menos ruídos e não ter vibração”, argumenta. “Além disso, com sistemas de monitoramento oferecendo informações de profundidade e pressão em tempo real, as hélices contínuas garantem mais segurança à obra.”

TENDÊNCIAS
Cresce a demanda para microperfurações

Recorrendo a termos utilizados internacionalmente, o representante da Mait no Brasil, Fabrizio Mancinelli, relata que nos últimos anos a demanda global por perfuratrizes tem se concentrado basicamente em dois conceitos: as perfuratrizes para fundações conhecidas como “bored pile” (ou “drilled shafts”), compostas por estacas justapostas (incluindo estacões) e as soluções do tipo CFA (“Continous Flight Auger”), com hélices contínuas monitoradas.

“Recentemente, cresceram as solicitações para microperfurações, necessárias a tecnologias como ‘jet grouting’, feitas com a injeção de calda de concreto via jatos em projetos de metrôs e túneis”, ressalta o especialista.


Setor tem foco em produtividade e sustentabilidade

Com sede na Itália, a Mait produz perfuratrizes de diversos portes, desde equipamentos para microperfurações a soluções capazes de perfurar até 3 m de diâmetro e 100 m de profundidade – além de guindastes e manipuladores telescópicos, entre outros produtos.

No segmento da perfuração, a estratégia abrange duas frentes: aumento de desempenho das máquinas destinadas a tecnologias específicas – como CFA e ‘jet grouting’ – e foco em materiais e componentes mais seguros e amigáveis ao ambiente. Simultaneamente, a empresa busca atender à demanda por redução de custos e aumento da produtividade.

“É o caso do controle eletrônico, que garante a qualidade da produção e o gerenciamento da máquina, além de reduzir problemas com mão de obra”, destaca.

LANÇAMENTO
Epiroc lança plataforma para múltiplas perfuratrizes

Em parceria com a ASI Mining LLC, a Epiroc apresentou uma nova plataforma para converter dados em informações essenciais para a otimização de perfurações. Dotado de inteligência artificial, o sistema Mobius for Drills permite comando, controle e monitoramento de várias perfuratrizes, maximizando a produtividade e a segurança.

“O Mobius for Drills pode ser usado como um Sistema de Gerenciamento de Frotas individual ou mesmo integrado a sistemas já existentes na mina”, informa a fabricante.


Plataforma permite converter dados em informações essenciais em perfurações

Saiba mais:
CZM
: https://czm.com.br
Epiroc: www.epiroc.com
Geofix: www.geofix.com.br
Mait: http://mait.it
Máquina Solo: https://maquinasolo.com.br

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