A Volvo CE iniciou 2018 comemorando bons resultados na América Latina e, de quebra, cheia de novidades para o mercado. Mas sem arroubos de euforia. Afinal, na visão da fabricante sueca, o momento já é bem melhor para a indústria, mas ainda falta muito para ela respirar mais aliviada, principalmente no Brasil.
A análise de ponderação é amparada em números. Com mais de 17 mil unidades comercializadas (confira gráfico na pág. 29), o mercado latino-americano de equipamentos – excetuando-se o Brasil – registrou crescimento de 20% no ano passado em relação a 2016. Como mostram dados da AEM (Association of Equipment Manufacturers), o avanço foi sustentado majoritariamente pela Argentina, cujo mercado praticamente dobrou de tamanho ao crescer 92%, chegando a 21% de participação na região. Outros países apresentaram leve melhora ou permaneceram em estabilidade, como é o caso de Peru (+4%, com share de 6%), México (+3% e share de 10%), Chile (+1% e share de 9%). A maior decepção no ano foi a Colômbia, que retraiu 10% (share de 4%) e destoou dos demais. “No caso argentino, é muito
A Volvo CE iniciou 2018 comemorando bons resultados na América Latina e, de quebra, cheia de novidades para o mercado. Mas sem arroubos de euforia. Afinal, na visão da fabricante sueca, o momento já é bem melhor para a indústria, mas ainda falta muito para ela respirar mais aliviada, principalmente no Brasil.
A análise de ponderação é amparada em números. Com mais de 17 mil unidades comercializadas (confira gráfico na pág. 29), o mercado latino-americano de equipamentos – excetuando-se o Brasil – registrou crescimento de 20% no ano passado em relação a 2016. Como mostram dados da AEM (Association of Equipment Manufacturers), o avanço foi sustentado majoritariamente pela Argentina, cujo mercado praticamente dobrou de tamanho ao crescer 92%, chegando a 21% de participação na região. Outros países apresentaram leve melhora ou permaneceram em estabilidade, como é o caso de Peru (+4%, com share de 6%), México (+3% e share de 10%), Chile (+1% e share de 9%). A maior decepção no ano foi a Colômbia, que retraiu 10% (share de 4%) e destoou dos demais. “No caso argentino, é muito fácil ‘perder o pé’ em termos humanos em um cenário de crescimento tão rápido”, comenta Afrânio Chueire, presidente da Volvo CE Latin America, que deixa o cargo agora em abril e será substituído pelo engenheiro Luiz Marcelo Daniel. “Mas a marca aumentou a participação graças ao bom trabalho feito pela distribuição, que aproveitou um ano de fortes investimentos em infraestrutura, com a Grande Buenos Aires transformada em um canteiro de obras, além das oportunidades na área de óleo e gás.”
O executivo acredita que o mercado argentino vai continuar nesse momento positivo, mas sem manter o mesmo ritmo. “Ainda existem problemas, como a inflação, que ronda os 24%, mas o cenário lá está mais claro agora”, diz ele, também esperançoso em uma reação do Chile, que vive o início de um novo ciclo de investimentos na infraestrutura de mineração. “A eleição do [presidente Sebastián] Piñera dá mais estabilidade ao mercado, cria condições para investimentos para o setor privado e mais segurança.”
Também existem grandes perspectivas para o Peru, país que sofreu com algumas turbulências, inclusive climáticas, mas conseguiu se segurar em termos de desenvolvimento. “A Volvo Peru é líder no segmento de caminhões pesados para mineração e acreditamos que 2018 será um ano muito interessante nesse mercado”, afirma Chueire.
MERCADO INTERNO
Para 2018, a fabricante estima um crescimento de 10% a 15% do mercado brasileiro de equipamentos. Já é um resultado melhor, mas o país ainda está devendo. A despeito de se manter como o principal mercado da região, o crescimento de apenas 1% registrado em 2017 estacionou o país nos 30% de participação. “A recessão já passou e os relatórios econômicos mostram um momento melhor, mas a capacidade de crescimento do país passa pelos investimentos em infraestrutura”, avalia o executivo. “Sem isso, a capacidade de o país crescer é limitada, de 2% a 3%. Para crescermos mais, são necessários investimentos públicos em produção e transmissão de energia, logística, mobilidade urbana, transporte de commodities, armazenagem etc.”
Em 2017, o mercado interno movimentou 7,3 mil unidades, ou 75% abaixo de 2013. Em tal contexto, Chueire prevê um crescimento mais robusto da demanda interna somente para o médio e longo prazo. “Há alguns anos, tivemos demanda acima do que seria considerado normal, até com algum volume artificial”, avalia.
Hoje, o tamanho considerado “real” por ele para o mercado brasileiro é de 15 a 20 mil unidades por ano, a serem conquistadas paulatinamente a partir de uma base “muito baixa”. “Estamos nos preparando para isso”, garante. “Mas virá em 2018? Acreditamos que não, apesar de o mercado brasileiro pregar algumas surpresas, como quando ocorreram variações de mercado de +20% ou +40% em períodos de ouro do setor.”
Há boas razões para a cautela. Para ele, o Estado não tem condições de ser o vetor principal dos investimentos e, por isso, “é importante [criar] uma estabilidade política, que dê confiança a toda a nação, com reformas estruturais a reboque para que existam investimentos a partir do setor privado”. Mas a tarefa de casa vai além. “Também é importante a definição dos marcos regulatórios, incluindo a equação financeira, com os contratos legais, e a questão ambiental, com o processo de obtenção das licenças”, frisa.
Em sua análise setorial, Chueire aponta que as obras de infraestrutura demoram mais para reagir, pois são projetos de longo prazo, com volumes maiores de investimento. Por isso, a construção historicamente sempre se recupera somente depois de setores como o de transporte, mais ligado ao consumo. “É bom frisar que os recursos para investimento também foram pouco utilizados e existe uma sobra do BNDES para setor de infraestrutura”, pontua. “Mas as condições estão dadas, e isso é uma oportunidade para a indústria de equipamentos.”
AÇÕES
Segundo o executivo da Volvo CE, pelos números históricos a divisão de mercado na América Latina deveria ser “meio a meio”, ou seja, com o Brasil absorvendo a metade da demanda anual da região. “Entre 2005 e 2010, a movimentação na área hispânica foi até maior que a do Brasil, chegando a representar 60% do mercado. Quando o Brasil experimentou aqueles anos de crescimento bastante vigorosos, esses números se inverteram”, avalia. “No longo prazo, considerando as condições normais, o mercado deve se manter em uma faixa de 55% da demanda no Brasil e 45% na América Hispânica, ou mesmo o inverso.”
Seja como for, a empresa atualmente tem uma participação de 11% no mercado latino-americano, menor que no Brasil, onde detém aproximadamente 13,3% de market share, considerando a principal linha de produtos, que inclui caminhões articulados, escavadeiras e pás carregadeiras. Visando mudar tal cenário, a fabricante tem adotado algumas ações para recuperar espaço na região.
A Volvo vem adotando ações estratégicas para recuperar espaço na região latino-americana
Para tanto, a marca expandiu a cobertura de mercado com novos subdealers e implantou uma nova estrutura para fortalecer a presença na área hispânica. Assim, nos dois últimos anos foram implantadas novas bases em Buenos Aires, Santiago, Lima, Bogotá e Cidade do México. “São pequenas unidades, com duas ou três pessoas, que cuidam da área de vendas e pós-venda em diferentes distritos e tem aumentado o nosso foco na região, aproximando-nos ainda mais do cliente e do distribuidor”, explica Chueire. “E fizemos isso sem aumentar a nossa estrutura, mas apenas estabelecendo essas novas bases de cobertura para entender melhor a dinâmica desse mercado.”
Outra ação adotada foi focar em segmentos-chave de atuação. “Após adentrarmos na pior crise histórica que a indústria de equipamentos já experimentou, observamos que alguns segmentos voltados para exportação continuavam com bom desempenho”, diz Chueire. “Assim, identificamos segmentos que valorizam o que oferecemos de melhor.”
Isso ocorreu principalmente em segmentos atrelados às commodities para exportação, como florestal, óleo & gás e agronegócio. O executivo vê grande potencial para escavadeiras, por exemplo, na extração de madeira na indústria de papel e celulose, que tem recebido investimentos interessantes no país. “A Volvo tem se posicionado neste mercado, que já representa 15% do mercado brasileiro para essa família”, revela. “Mesmo não sendo nossa operação principal, é imperioso que tenhamos mais conteúdo local e uma participação importante neste segmento.”
Já o segmento de óleo & gás tem colhido bons frutos na Argentina, notoriamente com pipelayers. “A América Latina foi o mercado no mundo onde mais se vendeu pipelayers nos últimos anos”, diz Chueire. “E nossa abordagem desse mercado tem sido muito bem-sucedida.”
Fornecedora global, a fábrica de Pederneiras possui a maior diversidade de produtos da marca e exporta dois terços de sua produção. No destaque, o novo presidente da Volvo CE Latin America, Luiz Marcelo Daniel, que atua no grupo desde 1986
O novo foco também levou a uma mudança na política de dual brand, que a Volvo estabeleceu há dez anos com SDLG. Inclusive, Chueire foi responsável pelo lançamento da marca em 2008, quando ainda era CFO da Volvo CE. Juntas, no ano passado as marcas amealharam 16,9% de market share no Brasil (+1%), além de 7,2% de participação estável no mercado hispânico.
Com dois produtos de prateleira (escavadeiras e, principalmente, pás carregadeiras), a SDLG já representa dois pontos percentuais no market share total do grupo, sendo que 40% do volume de pás carregadeiras comercializadas atualmente pelo grupo são desta marca. “O mercado vem se alterando e, se antes a SDLG era ofertada para clientes que não eram da Volvo, agora o grupo vende as duas marcas para o mesmo cliente”, detalha. “Hoje, existem clientes com aplicações específicas para cada tipo de produto, pois a Volvo não alcançava certos tipos de aplicações.”
FÁBRICA
Na área de exportação, a fábrica em Pederneiras (SP) aos poucos assume o papel de fornecedora global da marca. Atualmente, a planta fabril remete 20% de seus produtos para a América do Sul, 22% para a América Central, 15% para a região EMEA (Europa, Oriente Médio e África) e 9% para a APAC (Ásia-Pacífico). O Brasil, por sua vez, absorve 34% da produção. “É muito importante que isso ocorra, para a fábrica não depender apenas do mercado brasileiro”, sublinha o executivo, destacando que a fábrica possui a maior diversidade de produtos da Volvo CE em todo o mundo, com a produção de compactadores de solo, escavadeiras, caminhões articulados e pás carregadeiras. “Essa flexibilidade é um diferencial da nossa produção nacional.”
Outra questão diz respeito à capacidade de nosso parque industrial suportar um aumento da demanda. “Hoje, existem 13 fabricantes com fábricas operando no país, o que dá uma capacidade instalada ‘adequada’ para suportar esse volume”, responde Chueire. “No ano 2000, os players locais eram apenas cinco. Se fossem ainda os mesmo cinco, não teríamos agora uma situação tão equilibrada em termos de oferta e demanda.”
Segundo ele, a unidade está “muito bem-ajustada ao nosso movimento atual”, mesmo com um índice de 60% de ociosidade. “Na medida em que os mercados externos aumentem seu volume de atividades, certamente a produção voltará ao normal”, diz ele. “Apesar do crescimento da exportação, ainda existe espaço para abrigar o aquecimento, que aguardamos que venha em breve.”
EMPRESA FAZ LANÇAMENTO GLOBAL NA M&T EXPO 2018
Novo caminhão rígido R100E será apresentado em primeira mão na M&T Expo
Na área de lançamentos, a principal novidade da Volvo CE é a chegada do primeiro caminhão rígido da marca. Quatro anos após adquirir a linha da Terex Trucks, a empresa fará no Brasil a estreia mundial do modelo R100E, de 100 toneladas, que marca a entrada da marca no segmento de mineração média. A primeira aparição pública do novo equipamento – que é produzido na fábrica de Motherwell, na Escócia, junto a outros três modelos – será na M&T Expo 2018, onde a marca também pretende lançar dois novos modelos de escavadeiras. “Trata-se de um negócio diferenciado, principalmente no pós-venda, por isso trabalhamos nesses dois últimos anos na preparação do modelo de negócio”, diz o presidente da Volvo CE Latin America, Afrânio Chueire. “Não havia distribuidores apontados e isso foi feito, e não só no Brasil, como também na Argentina e no Peru.”
Saiba mais:
Volvo CE: www.volvoce.com/brasil/pt-br
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