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Revista M&T - Ed.175 - Dez/Jan 2014
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Internacional

O novo Eldorado espanhol

Com uma persistente crise financeira assolando a Europa, empresas espanholas migram para a América Latina visando a obter condições mais favoráveis de atuação

Com um mercado local gravemente afetado pela crise financeira mundial, a Espanha continua imersa num cenário desolador. Ainda que nos últimos meses as notícias venham se tornando mais animadoras, o país sente diariamente o peso da débâcle financeira, com a expectativa de desemprego mantendo-se acima de 25% para 2014.

Nesse cenário, o setor da construção sem dúvida foi um dos mais prejudicados. O fim do “boom” imobiliário e a posterior queda nas vendas trouxeram duras repercussões ao mercado. Em 2008, várias empresas espanholas caíram em inadimplência, como a Martinsa-Fadesa, que – com um passivo de 4 bilhões de euros – tornou-se protagonista do maior calote da história da Espanha. E empresas como Hábitat, SEOP, Grupo Contsa e San José seguiram caminho parecido.

Com isso, uma das saídas emergenciais encontradas pelas empresas espanholas foi voltar-se para o mercado latino-americano. Como receptora potencial de seus investimentos, a região não era um mercado totalmente novo para essas organizações, mas a crise interna fez com que o atrativo se tornasse definitivamente maior. Nã


Com um mercado local gravemente afetado pela crise financeira mundial, a Espanha continua imersa num cenário desolador. Ainda que nos últimos meses as notícias venham se tornando mais animadoras, o país sente diariamente o peso da débâcle financeira, com a expectativa de desemprego mantendo-se acima de 25% para 2014.

Nesse cenário, o setor da construção sem dúvida foi um dos mais prejudicados. O fim do “boom” imobiliário e a posterior queda nas vendas trouxeram duras repercussões ao mercado. Em 2008, várias empresas espanholas caíram em inadimplência, como a Martinsa-Fadesa, que – com um passivo de 4 bilhões de euros – tornou-se protagonista do maior calote da história da Espanha. E empresas como Hábitat, SEOP, Grupo Contsa e San José seguiram caminho parecido.

Com isso, uma das saídas emergenciais encontradas pelas empresas espanholas foi voltar-se para o mercado latino-americano. Como receptora potencial de seus investimentos, a região não era um mercado totalmente novo para essas organizações, mas a crise interna fez com que o atrativo se tornasse definitivamente maior. Não à toa, o ex-primeiro ministro do país ibérico, José María Aznar, referiu-se seguidamente à importância da globalização no setor da construção, com destaque para novas formas de financiar a infraestrutura em tempos de austeridade.

Espaço para todos

No Brasil, a Sobratema projeta investimentos em infraestrutura ao redor de US$ 513 bilhões no período entre 2013 e 2018. Ao mesmo tempo, o México acaba de anunciar um plano de cerca de US$ 100 bilhões, enquanto o Peru – outra economia que se mostra promissora para a construção – executa um investimento de pouco mais de US$ 20 bilhões em três anos.

Por sua vez, a Colômbia vem fortalecendo as relações público-privadas e conta com uma carteira de mais de US$ 24 bilhões até 2020. Para as empresas espanholas, o país é um bom exemplo de prosperidade e oportunidades de negócio. Nos últimos 24 meses, o número de pequenas, médias e grandes empresas espanholas duplicou na Colômbia. E essa é só a cereja do bolo. Apenas estes quatro países têm projetos que valem cerca de US$ 657 bilhões.

Dessa maneira, há trabalho para todos. É assim que grandes e importantes construtoras como Acciona, ACS-Cobra, Ferrovial, FCC, Isolux Corsán e Sacyr, entre muitas outras, apontam suas miras à região. A Sacyr – que participa ativamente na ampliação do Canal do Panamá – possui de 26% de sua carteira na região. Em 2012, inclusive, Panamá e Chile representaram 19,7% da renda da área de construção da companhia.

A Acciona, por sua vez, ostenta nada menos que 41% de suas iniciativas na América Latina. Vale destacar que a empresa está presente no Brasil desde 1996, participando atualmente de importantes projetos como o metrô de Fortaleza, o rodoanel de São Paulo, os diques externos do Porto do Açu e a rodovia BR-393, estes dois últimos no estado do Rio de Janeiro.

Para a FCC, durante o primeiro semestre do ano passado a região aportou 11,5% da cifra de negócios do grupo, enquanto o Grupo ACS obteve 34% de seu faturamento no mesmo período também na América Latina. A Ferrovial, cujo faturamento em construção responde por 76% do total de seus negócios internacionais, teve um ano intenso. Além de abrir escritório na Colômbia, a empresa comprou 70% do controle da chilena Steel Ingeniería.

Para completar, também há o caso da Tecna, a filial de construção industrial de petróleo e gás do grupo Isolux Corsán. Recentemente, a empresa conquistou quatro novos contratos na América Latina no valor de US$ 600 milhões, sendo dois deles com a Petrobras.

 

 

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