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Revista M&T - Ed.196 - Novembro 2015
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Mercado

O ano dos grandes desafios

Players da Linha Amarela analisam o final de um ano que definitivamente não deixará saudades, esboçando um cenário mais consistente de retomada só a partir de 2017

Ao se aproximar de seu final, o ano de 2015 certamente não será daqueles que deixam saudades no setor de equipamentos da Linha Amarela. De modo geral (como será possível aferir em detalhes na próxima edição de M&T, que trará o Estudo de Mercado da Sobratema com os números consolidados para o ano e as projeções para 2016), os fabricantes são praticamente unânimes em afirmar que houve retração acentuada nos negócios, resultado da conjunção de fatores como restrição de crédito, elevação de juros, queda nos investimentos, paralisação de obras e mesmo aumento da concorrência.

Um dos efeitos deste contexto foi que a indústria de bens de capital recuou ao mesmo nível de 2009, com uma queda acumulada de 15% desde 2013. “O ano tem sido desafiador para todos os segmentos e no de construção não foi diferente”, dá o tom Marcos Rocha, gerente de produto da New Holland Construction. “Mas já era de se esperar um ano mais lento por várias questões, especialmente pelo início de nova gestão federal, mesmo sendo um mesmo governo.”

A analista de inteligência de mercado da Hyundai, Eliane Pessoa, lembra outro fator que contribuiu para a queda nas vendas. “O governo deixou de fazer investimentos e faltam recursos para novas obras, sendo que muitas foram paralisadas”, explica a especialista. “Houve ainda a falência de grandes construtoras e outras que passam por dificuldades na aprovação de crédito.”

Na mesma linha, para Roberto Marques, líder da divisão de construção e florestal da John Deere, o principal fator relacionado ao fraco desempenho do mercado em 2015 é mesmo a queda do nível da atividade econômica. “Temos observado aspectos como menos obras sendo iniciadas, atrasos e cancelamentos de projetos, dificuldades nas liberações de verbas, juros mais elevados para financiamentos e restrições de acesso ao crédito”, enumera. “E todos estes fatores impactam diretamente no mercado de equipamentos de construção.”

Na avaliação de Chrystian Garcia, gerente de desenvolvimento de mercados da Sotreq, há ainda outro fator que ele considera “muito importante” para a redução da demanda: a concorrência. “O perfil do consumidor mudou nos últimos anos. Com maior acesso e uso da internet, ele tem melhor possibilidade de


Ao se aproximar de seu final, o ano de 2015 certamente não será daqueles que deixam saudades no setor de equipamentos da Linha Amarela. De modo geral (como será possível aferir em detalhes na próxima edição de M&T, que trará o Estudo de Mercado da Sobratema com os números consolidados para o ano e as projeções para 2016), os fabricantes são praticamente unânimes em afirmar que houve retração acentuada nos negócios, resultado da conjunção de fatores como restrição de crédito, elevação de juros, queda nos investimentos, paralisação de obras e mesmo aumento da concorrência.

Um dos efeitos deste contexto foi que a indústria de bens de capital recuou ao mesmo nível de 2009, com uma queda acumulada de 15% desde 2013. “O ano tem sido desafiador para todos os segmentos e no de construção não foi diferente”, dá o tom Marcos Rocha, gerente de produto da New Holland Construction. “Mas já era de se esperar um ano mais lento por várias questões, especialmente pelo início de nova gestão federal, mesmo sendo um mesmo governo.”

A analista de inteligência de mercado da Hyundai, Eliane Pessoa, lembra outro fator que contribuiu para a queda nas vendas. “O governo deixou de fazer investimentos e faltam recursos para novas obras, sendo que muitas foram paralisadas”, explica a especialista. “Houve ainda a falência de grandes construtoras e outras que passam por dificuldades na aprovação de crédito.”

Na mesma linha, para Roberto Marques, líder da divisão de construção e florestal da John Deere, o principal fator relacionado ao fraco desempenho do mercado em 2015 é mesmo a queda do nível da atividade econômica. “Temos observado aspectos como menos obras sendo iniciadas, atrasos e cancelamentos de projetos, dificuldades nas liberações de verbas, juros mais elevados para financiamentos e restrições de acesso ao crédito”, enumera. “E todos estes fatores impactam diretamente no mercado de equipamentos de construção.”

Na avaliação de Chrystian Garcia, gerente de desenvolvimento de mercados da Sotreq, há ainda outro fator que ele considera “muito importante” para a redução da demanda: a concorrência. “O perfil do consumidor mudou nos últimos anos. Com maior acesso e uso da internet, ele tem melhor possibilidade de comparar as opções de fabricantes existentes no mercado e seu custo-benefício”, explica. “Nosso trabalho é ouvir esse cliente para entender sobre o negócio, suas necessidades e, principalmente, oferecer soluções viáveis que tragam a otimização dos custos e de sua produtividade, fazendo o papel de consultoria.”

PERSPECTIVAS

Em relação às perspectivas para o futuro– leiam-se o último bimestre deste ano e os próximos dois anos –, alguns fabricantes não estão muito otimistas, ao passo que outros revelam alguma esperança de melhora. No limite, todos concordam que a retomada deve ocorrer somente a partir de 2017.

No primeiro caso está o diretor de vendas da JCB, Nei Hamilton, que – como Pessoa e Marques – também destaca a desaceleração da economia e os cortes substanciais realizados pelo governo nos investimentos em infraestrutura, chegando a paralisar várias obras já em andamento. “O cenário político atual influenciou fortemente na redução dos investimentos em obras de construção rodoviária e civil”, diz ele. “E o cenário deve se repetir em 2016, de modo que não vemos nenhuma mudança na política econômica que sinalize reação no curto prazo.”

Eliane Pessoa, da Hyundai, também não está muito otimista em relação aos próximos 15 meses. Segundo ela, o que se espera para o último bimestre do ano é que o mercado se mantenha com o mesmo volume de vendas registrado até agora. E, no seu entendimento, o mesmo vale para 2016. “Uma possível melhora só deve ocorrer a partir de 2017, com a retomada da economia”, prevê.

Mas há quem destoe do coro. O diretor da Randon Veículos, Celso Santa Catarina, por exemplo, reconhece que o país está atravessando um momento “um pouco mais difícil em sua economia, em que todos precisam tomar cuidados”, mas denota esperança na retomada. “O Brasil é um pais gigante e, com a força de suas empresas e das pessoas que nelas trabalham, certamente voltará a crescer em breve”, acredita.

Para Garcia, da Sotreq, o fato positivo para a empresa foi ter mantido sua participação de mercado, num cenário econômico francamente desfavorável. Em relação a 2016, a companhia ainda está trabalhando nas previsões de vendas. “Mas somos otimistas quanto ao nosso portfólio”, garante.

Há ainda fabricantes que se mostram “relativamente otimistas”. É o caso da Case CE. De acordo com o gerente de marketing Carlos França, no próximo ano o mercado deve permanecer muito parecido com o atual, mas com uma previsão de crescimento em torno de 5% já a partir do segundo semestre. Desde, é claro, que sejam tomadas algumas medidas. “Acreditamos que, no médio e longo prazo, o pacote de concessões lançado pelo governo federal em junho será positivo para o mercado de construção e para a economia como um todo”, diz.

De qualquer forma, a Case ainda considera cedo para fazer avaliações mais detalhadas sobre o impacto das medidas do ajuste fiscal. “A empresa crê na retomada da trajetória de crescimento do Brasil, bem como dos segmentos em que atua, pois são essenciais para o desenvolvimento do país”, confia França. “Mas isso deve ocorrer principalmente a partir de 2017.”

ESTRATÉGIAS

Há ainda o caso de empresas que miram em cenários de prazo mais longo. A John Deere é um exemplo. “Apesar dos problemas atuais, nós temos uma estratégia de médio e longo prazo para o Brasil e confiamos na retomada dos investimentos nacionais, dado que o país tem grande potencial”, diz Marques, lembrando que recentemente a companhia fez investimentos de vulto no país, como a implantação de duas fábricas em Indaiatuba (SP), que receberam 180 milhões de dólares em 2014.

Além disso, Marques afirma que a empresa está continuamente consolidando sua rede de distribuidores  e buscando ampliar sua linha de produtos para oferecer soluções mais completas ao mercado, por meio do tripé alta qualidade, serviços diferenciados e pós-venda de excelência (leia reportagem na pág. 40). “Na última M&T Expo, por exemplo, apresentamos cinco lançamentos em três categorias, que chegam para complementar nossa linha de produtos”, enfatiza. “São demonstrações de nosso compromisso real com o desenvolvimento socioeconômico e em infraestrutura do país, que tem imenso potencial para se desenvolver.”

A New Holland Construction segue por trilha semelhante. Segundo Rocha, a empresa acredita que as medidas econômicas e fiscais para a estabilização do mercado estão sendo adotadas pelo governo e logo a “turbulência” passará. E, assim como a John Deere, a empresa trabalha com uma perspectiva de prazo mais longo. “Nossa estratégia de produto não se atrela ao momento econômico atual, mas se projeta para uma expectativa de maior duração”, corrobora.

O executivo assegura que a empresa segue em um processo de crescimento de forma estruturada, com investimentos em tecnologia e inovação. “Seguimos evoluindo, para sempre apresentar aos nossos clientes novidades que representem ganhos em produtividade e eficiência, assim como redução de custos e maior segurança para os operadores”, diz ele, frisando que a marca colocou vários equipamentos novos no mercado neste ano tão conturbado para o setor.

 

 

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