Algumas peculiaridades diferenciam o mercado de locação de equipamentos para construção do Brasil e o dos países industrializados. Enquanto as empresas de rental dos Estados Unidos respondem por cerca de 40% das vendas de máquinas de movimentação de solos, suas congêneres brasileiras não ultrapassam a faixa de 20% a 25% de todas as escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, retroescavadeiras, rolos compactadores e demais equipamentos da linha amarela consumidos anualmente no País.
Ao se observar as locadoras do Japão e Inglaterra, que respondem, respectivamente, por 60% e 80% das vendas de máquinas em seus países, a comparação pode parecer ainda mais desvantajosa. Entretanto, se nas nações industrializadas as rentals ganham em capilaridade e escala nos negócios, no Brasil as perspectivas de crescimento são muito mais animadoras em relação a mercados em estagnação. Afinal, há um ano essas empresas não superavam a faixa de 10% a 15% do consumo de equipamentos.
Se as rentals brasileiras adquiriram equipamentos em percentuais acima dos demais consumidores
Algumas peculiaridades diferenciam o mercado de locação de equipamentos para construção do Brasil e o dos países industrializados. Enquanto as empresas de rental dos Estados Unidos respondem por cerca de 40% das vendas de máquinas de movimentação de solos, suas congêneres brasileiras não ultrapassam a faixa de 20% a 25% de todas as escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, retroescavadeiras, rolos compactadores e demais equipamentos da linha amarela consumidos anualmente no País.
Ao se observar as locadoras do Japão e Inglaterra, que respondem, respectivamente, por 60% e 80% das vendas de máquinas em seus países, a comparação pode parecer ainda mais desvantajosa. Entretanto, se nas nações industrializadas as rentals ganham em capilaridade e escala nos negócios, no Brasil as perspectivas de crescimento são muito mais animadoras em relação a mercados em estagnação. Afinal, há um ano essas empresas não superavam a faixa de 10% a 15% do consumo de equipamentos.
Se as rentals brasileiras adquiriram equipamentos em percentuais acima dos demais consumidores do mercado, a ponto de ampliarem sua participação para um quarto das vendas dos fabricantes, isso significa que o volume de contratos de locação está crescendo no mesmo ritmo. É o que constata esta reportagem da revista M&T, ao consultar alguns dos principais competidores desse setor, como a Bauko, Brasif, Escad e Solaris.
Contratos longos
Além disso, elas revelam uma alteração no modelo de negócio, com o avanço dos contratos de longo prazo, uma modalidade pouco praticada no Brasil no segmento de máquinas de terraplenagem. “Além de demandarem maior quantidade de equipamentos, as construtoras envolvidas com os grandes projetos de infraestrutura partiram para locações por períodos mais longos”, afirma Maurício Amaral, diretor da Brasif Rental. Como exemplo, ele aponta a obra da Ferrovia Transnordestina, onde a Brasif firmou contratos pelo período de 24 meses.
Para Eurimilson João Daniel, diretor comercial da Escad Rental, esse comportamento revela o estágio de maturidade alcançado pelo mercado de locação. “Contratos de longo prazo oferecem estabilidade à empresa, proporcionando disciplina financeira e melhor gerenciamento do ativo.” Como resultado, ele avalia que o locador consegue repassar para o cliente os ganhos de produtividade resultantes da melhor gestão do negócio.
Segundo o executivo, os negócios da empresa também estão sendo impulsionados pelas grandes obras de infraestrutura em implantação no País. “Este ano compramos cerca de 100 equipamentos, muitos deles para completar a frota de 170 unidades locada para a construção da Ferrovia Transnordestina, entre outros projetos.” Com isso, a Escad aumentou seu parque para 512 equipamentos de terraplenagem. No caso da Brasif Rental, a frota da linha amarela totaliza cerca de 250 unidades, embora os ativos totais sejam de cerca de 2.500 unidades, incluídas as plataformas aéreas, torres de iluminação, empilhadeiras, grupos geradores e demais famílias de equipamentos.
A Bauko Rental, que já nasceu com o foco em locações por prazos mais longos, como revela Francisco Paschoal, diretor superintendente da empresa, conhece bem essa equação. “Das 200 máquinas de nossa frota, cerca de dois terços são destinados a contratos por mais de seis meses”, diz o executivo. “Esse resultado é fruto do nosso modelo de negócios, voltado para a locação de máquinas maiores e contextualizadas em projetos de provisionamento, um mercado totalmente diferente dos aluguéis spots praticados pela maioria dos locadores”, ele complementa.
Custo do suporte
Segundo o executivo, esse enfoque permite que a Bauko trabalhe com uma utilização financeira dos ativos (UFA) – um índice do custo de aquisição do equipamento relacionado com o índice de receita por locação – acima dos 40%. “Apesar das vantagens, a locação de longo prazo tem custos mais elevados de manutenção e suporte”, diz ele. Afinal, como as máquinas retornam menos ao pátio da locadora, a empresa precisa dispor de estrutura para sua manutenção nos locais em que elas estão trabalhando.
Daniel, da Escad, recorre a um trocadilho ao dizer que “locação de longo prazo só se consolida em longo prazo”. Ele explica que o empresário precisa identificar os projetos que demandam locação, para depois encontrar os recursos necessários à aquisição dos equipamentos. “Além disso, ele precisa estudar o modus operandi do cliente e todas essas ações exigem muito tempo e extrema organização.” Segundo ele, os pormenores da locação de longo prazo ainda envolvem alto custo com logística e atendimento às exigências ambientais, já que a maioria dos contratos desse tipo é para obras distantes dos grandes centros urbanos e com grande incidência de fauna e flora nativas.
Paulo Esteves, diretor da Solaris, administra uma frota de locação composta por cerca de 150 equipamentos de terraplenagem e aposta no equilíbrio entre os contratos de curta duração (60%) e mais extensos (40%). “Somos oriundos do segmento de plataformas elevatórias, onde a indústria costuma locar a maioria dos equipamentos por prazos mais longos”, diz ele. Atuando no segmento de máquinas de movimentação de solos há cerca de dois anos, a empresa procurou adequar sua experiência ao novo mercado. “Afinal, nesse caso as máquinas são usadas para produção, enquanto as plataformas se destinam a serviços de apoio”, ele afirma.
Plataformas aéreas
Maurício Amaral, da Brasif, confirma a informação e acrescenta que, enquanto as plataformas e empilhadeiras são classificadas como máquinas de menor importância no processo industrial, já que não produzem, os equipamentos de terraplenagem figuram como o principal ativo para as construtoras. “Isso justifica, em parte, o motivo pelo qual 95% das plataformas aéreas vendidas no Brasil vão para locadoras, enquanto a locação das máquinas de movimentação de terra ainda é tão incipiente, pois nesse caso, as construtoras preferem comprar o equipamento e mantê-lo sob seus cuidados”, diz ele.
Outro fator que impulsiona o aluguel de plataformas aéreas, segundo Amaral, é o mercado spot, criado pelas próprias construtoras. “Muitas vezes, o cliente necessita do equipamento por apenas alguns dias e, nesses casos, ele prefere não investir num ativo que terá utilização esporádica. Quando precisa, ele simplesmente loca”, complementa o especialista.
Para Paulo Esteves, da Solaris, outro fator a impulsionar a locação das plataformas aéreas é o seu custo de manutenção, que os clientes resistem em assimilar nas suas operações. “Todos os equipamentos são importados e evoluem muito rapidamente, o que torna o mercado de reposição de peças bem deficitário. Além disso, falta mão-de-obra especializada para a manutenção dessas máquinas”, ele avalia.
Pelas estimativas da Orguel Plataformas, que figura entre as 10 maiores locadoras do País, esse mercado deverá crescer muito nos próximos anos, aumentando a frota em operação para cerca de 11 mil a 14 mil plataformas aéreas. “Como esses equipamentos não se destinam à produção, o cliente prefere partir para sua locação devido ao elevado custo de aquisição, que pode variar de R$ 50 mil a R$ 1 milhão”, afirma Ricardo Cançado Dias, gerente geral da locadora.
Peso da manutenção
Assim como os demais especialistas do setor, ele também cita o custo de manutenção e a escassez de mão-de-obra como fatores importantes para que o mercado de plataformas aéreas seja movimentado no Brasil exclusivamente pela modalidade de locação. “Geralmente, os mecânicos de equipamentos de terraplenagem não sabem lidar com esse tipo de máquina e um bom profissional no segmento de plataformas, com conhecimentos de hidráulica, mecânica e eletrônica embarcada, recebe um salário médio de R$ 5 a R$ 6 mil”, diz Cançado Dias.
Apesar de apontar a predominância das locações spots, ele indica um crescimento no volume de contratos de longo prazo, nos quais o cliente fica com o equipamento por períodos acima de seis meses. “São locações para grandes obras, que geralmente envolvem mais de 20 equipamentos.” Atualmente, a Orguel opera com uma frota de quase 200 unidades, todas da marca Genie, compreendendo plataformas aéreas de diversos modelos (telescópicas, articuladas e tipo tesoura) e manipuladores telescópicos.
Marcello Augusto Mari, diretor comercial da Locar, revela a mesma percepção do mercado e calcula que 60% da frota de plataformas aéreas da empresa seja mobilizada em contratos acima de três meses. Conhecida no mercado de transporte e movimentação de cargas, a empresa adquiriu recentemente nada menos que 220 plataformas aéreas e 50 manipuladores telescópicos da JLG para atuar num nicho de mercado complementar a sua atividade: os serviços de apoio às operações de guindastes.
Segundo Mari, há uma nova demanda para o emprego de plataformas, juntamente com guindastes, na construção de edificações de grande ou pequeno porte. “Contamos com muitos manipuladores telescópicos locados para obras do projeto Minha Casa Minha Vida.” Ele salienta que parte dos equipamentos para elevação de pessoas também se destina ao mercado de logística e a indústrias em geral.
Guindastes
Assim como nos mercados de equipamentos de terraplenagem e de plataformas elevatórias, a locação de guindastes tende a mobilizar mais contratos de longo prazo, que, no caso dos modelos de grande porte, chegam a representar 80% dos negócios. A avaliação é da Locar, que opera com uma frota de cerca de 300 equipamentos de movimentação de cargas, entre eles o maior guindaste para locação da América Latina, com capacidade para o içamento de 1.500 t.
“A nossa frota é bem diversificada, com guindastes de 5 t a 1.500 t, sendo que os maiores geralmente estão locados por períodos longos”, diz Mari. Segundo ele, algumas unidades acima de 100 t de capacidade também encontram demanda no mercado spot, caracterizado pelas locações de curto prazo, principalmente para serviços de movimentação de pré-moldados de concreto em obras de infraestrutura.
“Os contratos de longo prazo são mais vantajosos por nos proporcionar segurança financeira, porém o índice de utilização financeira dos ativos é um pouco diferente da média anual de 40% a 50% registrada nos equipamentos de terraplenagem”, afirma Mari. Isso porque, segundo ele, os guindastes geram mais despesas com manutenção, administração e mobilização para a frente de trabalho.
Ociosidade da frota
Assim como os demais entrevistados desta reportagem, Marcello Mari não valoriza a receita proveniente de locação como um valor objetivo, mas a sua relação com o investimento no parque de equipamentos e com o período pelo qual essas máquinas são locadas. Por esse motivo, a ociosidade da frota – ou seja, o período em que as máquinas ficam paradas no pátio entre um contrato e outro – transforma-se em indicador importante para o negócio.
No caso da Locar, por exemplo, o índice de ociosidade dos equipamentos fica em torno de 15%. A média ideal indicada pelas locadoras varia desse percentual até 25%, que é o valor registrado pela Brasif em sua frota de máquinas para locação. “Não dispor de equipamentos no pátio também pode representar a perda de contratos e, pior ainda, a quebra da fidelidade do cliente, que certamente irá procurar outra locadora”, sintetiza Amaral. Por esse motivo, ele avalia que o índice de ociosidade ideal não deve se limitar apenas à quantidade de máquinas em manutenção, mas a um volume para pronta mobilização.
A Bauko, por sua vez, apresenta outro modelo para cálculo do índice de ociosidade, conforme explica o diretor Francisco Paschoal. “Atribuímos um número de horas produtivas para cada tipo de equipamento durante um ano e, sobre esse valor, identificamos por quanto tempo ele deverá ficar locado nesse período”. Dessa forma, ele avalia que o período ideal para a locação de um trator de esteiras ou uma escavadeira hidráulica fica em torno de 2.000 a 2.400 h/ano. “O valor equivale a 200 h/mês ou a um turno de operação durante 10 meses, porque os dois meses restantes representariam uma ociosidade de 16%, que é a média com que trabalhamos”, ele complementa.
Segundo Paschoal, esse modelo se torna viável porque a Bauko trabalha, em grande parte, com contratos de longo prazo e com equipamentos de uma única marca – no caso, as marcas distribuídas pelo grupo, como rolos compactadores da Dynapac e máquinas de terraplenagem da Komatsu. Além de se beneficiar da estrutura de suporte aos clientes montada pela distribuidora do grupo, a locadora pode utilizar o sistema de monitoramento remoto oferecido pela Komatsu, obtendo melhor programação das paradas de manutenção.
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