Por: Guilherme Borghi*
Para que se consiga custos baixos e com segurança no trabalho, é preciso atentar para um conjunto de medidas e variantes que formam um complexo contexto que abrange desde a sua correta eleição, passando pela manutenção correta e culminando numa operação que se aproxime da excelência. Como isso é muito difícil de ser alcançado, seja por falha na hora da compra do pneumático ou por uma manutenção deficiente - poucas empresas conseguem ou realmente se mostram interessadas em criar uma “cultura de manutenção de pneus” -, ou ainda pela falta de controle ou desconhecimento dos custos e detalhes desse caro item, e pela própria severidade do tipo de trabalho, é muito comum encontrarmos os pneus em estado caótico.
Mas porque isso acontece? Com certeza nenhuma empresa tem prazer em desperdiçar dinheiro, muito menos em expor seus funcionários a riscos que podem ser fatais. O
Por: Guilherme Borghi*
Para que se consiga custos baixos e com segurança no trabalho, é preciso atentar para um conjunto de medidas e variantes que formam um complexo contexto que abrange desde a sua correta eleição, passando pela manutenção correta e culminando numa operação que se aproxime da excelência. Como isso é muito difícil de ser alcançado, seja por falha na hora da compra do pneumático ou por uma manutenção deficiente - poucas empresas conseguem ou realmente se mostram interessadas em criar uma “cultura de manutenção de pneus” -, ou ainda pela falta de controle ou desconhecimento dos custos e detalhes desse caro item, e pela própria severidade do tipo de trabalho, é muito comum encontrarmos os pneus em estado caótico.
Mas porque isso acontece? Com certeza nenhuma empresa tem prazer em desperdiçar dinheiro, muito menos em expor seus funcionários a riscos que podem ser fatais. O que acontece, no meu ponto de vista, é uma cultura de economia - naturalmente indispensável nos dias de hoje - normalmente utilizada nos padrões de aquisição dos mais diversos tipos de materiais e que acaba sendo estendida para os pneus de forma incorreta ou indevida.
O principal motivo, na minha opinião, para a descontinuidade de um controle rígido. Para se ter uma ideia, entre a aquisição, incluindo o uso, as reformas, consertos, trocas, paradas etc. até a morte do pneu (sucateamento), onde só então o usuário vai saber realmente o quanto custou o pneu, pode levar vários anos! E por falta de conhecimento muitas vezes o usuário, iludido com a compra de um pneu mais barato, as terríveis adaptações, certas reformas e consertos já vendidos com uma “garantia” ... de problemas, falta de pessoal, entre outros, fazem dos pneus quase sempre o vilão nas planilhas de custos das empresas.
Aqui seguem, como mera recomendação, os principais pontos para se criar uma “cultura de manutenção de pneus”.
• Desenvolver hábitos de manutenção de pneus.
• Implantar um controle gerencial dos pneus.
• Desenvolver um programa de treinamento do "Homem Pneu"*.
• Otimização do meio de trabalho - pistas, rampas etc.
• Treinamento para operadores
* O termo Homem Pneu é empregado por algumas empresas para denominar o profissional encarregado dos pneus, que abrange desde o responsável na borracharia até o controle gerencial dos pneus.
Hábitos de Manutenção de Pneus
Se você quer baixar os custos com o item pneus, você tem que mantê-los rodando. Cuidar bem dos pneus é fundamental, pois pneus bem cuidados tendem a rodar mais. Segue como mera recomendação de bons hábitos, que o ajudarão na difícil tarefa de cuidar melhor dos seus pneus:
Contaminação - Mantenha seus pneus longe de graxa, óleos, solventes, enfim derivados minerais, pois a borracha deles é suscetível a sofrer alterações na estrutura.
Armazenamento - Procure acondicionar seus pneus em local fresco, seco, coberto, longe de luz solar direta e com o mínimo de variação de temperatura possível.
Bicos, Válvulas e Anéis - Como já vimos anteriormente, é fundamental que todos os elementos do dispositivo de inflação - e verificação da pressão - estejam em perfeito estado. Qualquer avaria deve ser reparada com a troca por peças novas. Os anéis de vedação devem sertrocados por novos a cada desmontagem do pneu.
Ação do Ozônio - O ozônio-variação do oxigênio -, gás presente em maiores ou menores concentrações na atmosfera, afeta diretamente a borracha dos pneus provocando o envelhecimento acelerado do composto. Máquinas de solda e motores elétricos tendem a aumentar a concentração do gás, portanto, evite guardar pneus próximos a eles ou ligar esses equipamentos junto deles.
Emparelhamento - O emparelhamento é a regularidade dos pneus que estão rodando juntos, tanto no diâmetro (estático/dinâmico), tipo do pneu, dimensão, fabricante quanto com relação à sua estrutura (pneus radiais nunca devem ser misturados com convencionais no mesmo equipamento). Existem tolerâncias - os fabricantes devem ser consultados impreterivelmente.
Aplicação - Mais uma vez caímos na máxima envolvendo pneus: o pneu certo para o trabalho certo. Nunca fazer adaptações quanto à eleição do pneumático.
Borracharia- Organização, profissionais treinados, ferramentas corretas e procedimentos técnicos normatizados.
Consulta aos Fabricantes - É sempre "saudável" para o pneu e para os cofres da empresa criar o hábito de consultar profissionais especializados para resolver questões envolvendo os pneus e a sua eleição - desenho, composto, dimensão, TKPH /TMPH, etc.
Agentes Externos / Mecânicos - Eixo torto, cilindros descalibrados, geometria do equipamento, freios irregulares, rodas danificadas, entre outros fatores que envolvem a parte mecânica e da suspensão e que interferem no desempenho dos pneus, devem ser vistos com atenção e corrigidos.
Pressões - O que sustenta o peso estático e dinâmico do equipamento é o ar contido sob pressão nos pneus, que responde à ação de força da gravidade em relação à massa do equipamento. Os pneus são os envelopes com resistência e flexibilidade suficiente para reagir às energias impostas da rodagem em maior ou menor intensidade. A pressão dos pneus é o principal item da manutenção para garantir sua rodagem satisfatória.
A pressão alta causa um extratensionamento da carcaça expondo-a a cortes e estouros por impacto ou choque, além do desgaste irregular.
A pressão baixa é a pior condição, pois promove um número muito elevado de flexões por período culminando em um calor prejudicial para a estrutura da carcaça. Um pneu nessas condições pode morrer em poucas horas de trabalho.
Para ilustrar os danos causados pela subinflação (pressão baixa ou sobrecarga), segue um diagrama da morte prematura dos pneus.
Ciclo da morte prematura dos pneus - subinflação
Controle - Você pode ter um verdadeiro "exército" de controladores todos os dias pendurados nos seus equipamentos
e não produzir um controle de fato, e sim um acúmulo de dados que em pouquíssimo tempo perderá todo o valor.
Ao coletar dados é fundamental que o usuário tenha um profissional capaz de interpretá-los e de agir de forma corretiva proporcionando uma ação eficiente quanto à economia e a segurança do item. O resultado prático para que o pneu continue rodando sem riscos para as pessoas é o que interessa.
Desenvolver um controle é algo muito complexo e de difícil instalação, exigindo uma política de manutenção constante.
"Homem Pneu" - É o profissional que deve ser treinado e preparado para gerenciar as informações colhidas no controle. Esse profissional deverá ser criado, treinado e desenvolvido.
Meio de Trabalho — Pistas limpas e bem cuidadas, estradas bem dimensionadas, rampas e curvas bem planejadas.
As áreas de trabalho são fundamentais no complemento do trabalho correto com os pneus. Existem tabelas que su-
gestionam raios de curvas e superelevações corretas destas, bem como inclinações de rampa.
Treinamento - A operação é parte fundamental no que diz respeito a pneus - cada tipo de equipamento tem as suas características e seu contexto de trabalho com os pneumáticos. Para cada tipo de trabalho, o operador deve ser preparado para conhecer os limites do equipamento, para obter o máximo de proveito com custos baixos e segurança total.
Usuários que sabem da importância de uma cultura de manutenção de pneus conhecem as dificuldades e os resultados obtidos com uma política rígida com relação ao item. E o caso de Jader Lopes da Silva, inspetor técnico da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) no Complexo Mariana (minas de Alegria e Timbopeba). "Nunca foi tão oportuno falar sobre pneus, pois quem não praticar todas as técnicas recomendadas para fazer com que os pneus consigam
rodar o máximo, além de não baixar os seus custos vai correr o risco de parar todos os seus equipamentos, pois como já é de conhecimento de todos não existe pneus no mercado para atender à demanda passada pelas empresas cosumidoras".
Concluindo: pneus são tão baratos e fortes quanto caros e fracos, dependendo em grande parte do usuário.
A manutenção dos pneus é tão complexa quanto a manutenção de qualquer item, e exige muito conhecimento sobre o assunto, com o agravante de ser um dos itens mais caros, além do que requer muito tempo para a constatação de resultados. Cuidar bem dos pneus é a única forma de minimizar os impactos com os custos e com os perigos que en
volvem esse trabalho.
(*) Guilherme Borghl é técnico química especializado em compostos elastoméricos e especialista em pneumáticos de mineração e engenharia civil.
É autor do "Manual de Processos de Reconstrução de Pneus" e de um manual de pneus de terraplenagem e mineração. O presente artigo integra um estudo elaborado especialmente para a revista M&T - Manutenção & Tecnologia e terá continuidade nas próximas edições com o tema "Operação".
Observação: "Este artigo tem o objetivo de informar ao leitor sobre pneus. Todas as normas aqui demonstradas têm como fonte os catálogos dos próprios fabricantes e informações da ALAPA, e estão a titulo de mera recomendação, não havendo responsabilidade sobre a aplicação ou não destas recomendações."
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