A palavra crise decididamente não faz parte do vocabulário das locadoras de equipamentos para construção. Após três anos consecutivos de intensa expansão no volume de negócios, as empresas do setor vislumbram o atual cenário econômico como uma oportunidade para continuar crescendo em
2009 e nos próximos anos. Elas avaliam que, em um ambiente econômico instável, as construtoras vão preferir operar com maior percentual de máquinas alugadas em vez de empatar seu capital em frota própria, mesmo no caso de empreiteiras com sólida carteira de contratos.
Esta edição da revista M&T entrevistou algumas das mais representativas empresas do setor e todas projetam para este ano um crescimento entre 10% e 15% nas receitas. Muitas delas, aliás, estão investindo na ampliação ou modernização dos respectivos parques de equipamentos. “O setor ganhou musculatura e está preparado para atender às mais variadas necessidades das construtoras”, afirma Eurimilson Daniel, diretor da Escad Rental. Ele ressalta que a era das locadoras com reduzido portfólio de máquinas, em geral composto por retroescavadeiras e máquinas de movimentação de solos menores, faz parte d
A palavra crise decididamente não faz parte do vocabulário das locadoras de equipamentos para construção. Após três anos consecutivos de intensa expansão no volume de negócios, as empresas do setor vislumbram o atual cenário econômico como uma oportunidade para continuar crescendo em
2009 e nos próximos anos. Elas avaliam que, em um ambiente econômico instável, as construtoras vão preferir operar com maior percentual de máquinas alugadas em vez de empatar seu capital em frota própria, mesmo no caso de empreiteiras com sólida carteira de contratos.
Esta edição da revista M&T entrevistou algumas das mais representativas empresas do setor e todas projetam para este ano um crescimento entre 10% e 15% nas receitas. Muitas delas, aliás, estão investindo na ampliação ou modernização dos respectivos parques de equipamentos. “O setor ganhou musculatura e está preparado para atender às mais variadas necessidades das construtoras”, afirma Eurimilson Daniel, diretor da Escad Rental. Ele ressalta que a era das locadoras com reduzido portfólio de máquinas, em geral composto por retroescavadeiras e máquinas de movimentação de solos menores, faz parte do passado.
“Atualmente, temos locadoras capacitadas a oferecer um cardápio variado, com modelos muito específicos e escavadeiras de até 50 t de peso, além de soluções voltadas à maior produtividade do cliente, como o suporte de manutenção e a pronta substituição de um equipamento avariado.” Sua empresa, por exemplo, conta com uma frota de cerca de 400 máquinas de escavação, carregamento e compactação, desde modelos compactos e retros, até escavadeiras maiores, pás carregadeiras e rolos compactadores, entre outros.
Tamanho do setor
Com toda a expansão do setor, as rentals ainda representam cerca de 15% do mercado de equipamentos. Tal participação já constitui uma escala suficientemente relevante para o atendimento às necessidades das construtoras nas mais variadas regiões do País e dentro de condições muito específicas em termos de tempo de locação ou de mobilização da máquina solicitada. Mas o tamanho desse mercado ainda é proporcionalmente pequeno quando comparado aos Estados Unidos, onde as locadoras são responsáveis por 40% dos equipamentos em operação nos canteiros de obras.
Para Maurício Amaral, diretor da divisão Rental da distribuidora Brasif, essa diferença entre os dois países se deve a questões culturais. “Em muitas construtoras ainda prevalece o antigo conceito de que o lucro resulta da propriedade e não da eficiência no uso do equipamento”, ele pondera. Paulo Esteves, diretor comercial da locadora Solaris, ressalta que os gastos de uma construtora com locação não passam de 3% do custo com os equipamentos. “Com esse valor, a empresa elimina custos de manutenção e de gerenciamento de todo o ciclo de vida das máquinas, da sua aquisição ao descarte.”
Algumas construtoras ainda se mostram avessas à idéia de alugar equipamentos, seja por questões culturais, por receio do proprietário de ficar à mercê do fornecedor, pela arrogância da empresa em acreditar que somente o seu modelo de gestão é eficiente ou por reflexo de como transcorriam as concorrências públicas num passado não muito distante. Afinal, antes da Lei de Licitações (8666), os editais para a execução de obras de infraestrutura condicionavam a participação da empreiteira à especificação ou tamanho da sua frota de equipamentos.
Entretanto, esse cenário está mudando e algumas construtoras de grande porte já adotam índices maiores de locação do parque de equipamentos. “Elas entenderam que, para obter maior rapidez nas operações e uma estrutura compatível com a demanda, precisam reduzir custos logísticos e indiretos, como a ociosidade do pessoal e da frota e a gestão dessa estrutura”, completa Amaral, da Brasif. Ele ressalta que, nesse cenário, locadoras de primeira linha investiram não só em equipamentos, mas também na qualificação do pessoal e em logística para atender o cliente. “Com as oportunidades disponíveis no mercado, empresas com velocidade e qualidade de atendimento farão a diferença.”
Estratégias adotadas
Daniel, da Escada, acompanha o mesmo raciocínio, mas faz uma ressalva. “A democratização do crédito e o acesso a juros mais atrativos podem induzir as construtoras a considerar a frota própria como uma boa solução, com base numa equação financeira imediata e sem considerar os custos de manutenção dessa frota, da sua gestão e ociosidade.”
Ele explica que, nesse mercado, o locador precisa entender o que o cliente quer e ter escala operacional para a oferta da melhor solução. Isso não se resume apenas ao portfólio de máquinas, mas também a uma estrutura de pessoal e de suporte em manutenção, além do desenvolvimento de modelos adequados a cada necessidade. “Podemos oferecer o equipamento com o operador, com o custo do combustível e até mesmo deixar unidades em standby na operação do cliente para uma troca imediata no caso de manutenções; tudo depende da negociação.”
Na visão de Luiz Gustavo Pereira, vice-presidente da Tracbel, outra distribuidora que aposta nesse setor, as obras de curta duração, na qual não se justifica o investimento das construtoras em máquinas, continuarão movimentando o mercado de locação. “Existe ainda aquele perfil de cliente que não quer investir tempo e dinheiro em ativos para focar no seu negócio”, ele pondera.
Por esse motivo, a estratégia da empresa na área de rental se apóia na extensão da sua rede de filiais, com pontos de atendimento espalhados pelos estados do norte e sudeste e a programação de expandir as atividades também para Goiás, Tocantins e Distrito Federal. “Com isso, ganhamos em agilidade e podemos oferecer nosso parque de equipamentos como uma extensão da frota das locadoras”, diz Luiz Gustavo. Dessa forma, ele ressalta que o ingresso da empresa nessa área não constitui uma concorrência aos clientes locadores.
A Tracbel anunciou um projeto de investimentos de US$ 30 milhões em ativos, entre 2009 e 2011, dos quais parte se destina à frota de locação, composta por cerca de 100 equipamentos de movimentação de solos e terraplenagem. Outra distribuidora que está investindo nessa área é a Brasif, que apenas este ano prevê o aporte de R$ 100 milhões em ampliação e modernização da frota. O detalhe é que, além das máquinas que ela já alugava tradicionalmente no mercado, o projeto incorpora a linha de rolos compactadores Bomag, marca que a empresa representa desde 2007.
Ocupação da frota
Para atingir um nível de excelência operacional com retorno aos investimentos, os locadores são unânimes em apontar que as empresas precisam operar com uma taxa de ocupação média de 70% da frota. Esse índice garante escala às operações e o volume de máquinas paradas no pátio, que passam por revisão ao final de um contrato, constitui uma reserva para atendimento a novos contatos.
Atingir esse índice de ocupação não foi problema para as locadoras até um período bem recente e, diante do novo cenário econômico, elas apostam nas estratégias de atendimento aos clientes para manter o mesmo patamar operacional. “Costumo dizer que 2008 foi o ano em que mais crescemos e também foi o ano em que mais perdemos contratos em virtude da demanda tão forte do mercado”, afirma Daniel, da Escad.
Maurício Amaral, da Brasif Rental, ressalta que a busca por elevadas taxas de ocupação da frota é uma preocupação em operações com contratos de curto prazo de duração, o denominado mercado spot. “Mas existe um segmento de locações de longo prazo, como no caso das empilhadeiras, onde a taxa de utilização desejada gira em torno de 10%, pois a ociosidade do equipamento ocorre somente no tempo entre sua troca ou renovação definida em contrato e sua venda como um seminovo.”
Por esse motivo, o profissional afirma que as locadoras devem compor o mix da frota com enfoque na sua melhor ocupação, como forma de proporcionar retorno aos investimentos. Os especialistas também ressaltam a importância de se operar com equipamentos novos, uma solução para a elevada disponibilidade com baixo custo de manutenção. “Para isso, a empresa precisa comprar bem e em grande escala, renovando sua frota constantemente, o que requer o conserto das máquinas para a venda”, conclui Esteves, da Solaris.
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