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Revista M&T - Ed.294 - Junho de 2025
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CORREIAS TRANSPORTADORAS

Inteligência sobre esteiras

Impulsionando a produtividade, transportadores incorporam sistemas de monitoramento capazes de detectar irregularidades e disfunções no funcionamento de roletes e correias
Por Santelmo Camilo

Foto: METSO


Cada vez mais, os transportadores de correia ganham espaço na mineração, sempre em busca de melhorias na mobilidade logística de minerais a granel.

Setores como movimentação de cobre, ferro, ouro, bauxita, níquel e carvão, além da indústria de grãos, papel e portuária, empregam esses equipamentos para aumentar o volume de material transportado e a velocidade de movimentação, implantando tecnologias de monitoramento, de controle de partida e de frenagem na operação.

Embora com uso bastante difundido, o país ainda está em rota de transição na evolução dessas soluções. Grandes mineradoras e terminais portuários adotam práticas avançadas, mas muitas empresas ainda estão focadas em manutenção corretiva e reformas pontuais, o que torna mais lento o avanço tecnoló


Foto: METSO


Cada vez mais, os transportadores de correia ganham espaço na mineração, sempre em busca de melhorias na mobilidade logística de minerais a granel.

Setores como movimentação de cobre, ferro, ouro, bauxita, níquel e carvão, além da indústria de grãos, papel e portuária, empregam esses equipamentos para aumentar o volume de material transportado e a velocidade de movimentação, implantando tecnologias de monitoramento, de controle de partida e de frenagem na operação.

Embora com uso bastante difundido, o país ainda está em rota de transição na evolução dessas soluções. Grandes mineradoras e terminais portuários adotam práticas avançadas, mas muitas empresas ainda estão focadas em manutenção corretiva e reformas pontuais, o que torna mais lento o avanço tecnológico.

Há desafios ainda em termos de padronização e acesso a sistemas, o que tem motivado fabricantes a investir em inovação e serviços consultivos para melhorar as operações.

De acordo com Paulo Batagini, gerente de engenharia da Superior Industries, as correias entregam vantagens na movimentação de material, especialmente em relação ao consumo de diesel.

“Além de consumo de óleo, as mineradoras que ainda usam caminhão fora de estrada para conduzir as rochas até as usinas arcam com custos de desgaste de pneus e de caçambas, assim como de mão de obra”, compara.

Com o uso de transportadores, esses gastos deixam de pesar na planilha de despesas.

Na Superior, diz Batagini, o portfólio inclui soluções para captação de minério no ponto de extração e transporte para os locais de processamento, além de tecnologias de monitoramento e de controle de partida e frenagem durante a operação.

“Em grandes mineradoras, esse processo abrange longas distâncias, possibilitando o aumento da capacidade de material transportado e da velocidade operacional”, acentua.

Segundo o especialista, as empresas do setor estão decididas a reduzir o custo na movimentação de material, identificando onde podem minimizar despesas e melhorar a receita.

“Uma instalação bem-projetada de transportadores elimina o custo de ao menos quatro ou cinco caminhões circulando na planta, dependendo das distâncias e toneladas movimentadas”, destaca.

ROLOS

Um problema comum na movimentação de material por correias é a falta de eficiência na previsão de falhas nos rolos durante o percurso. Na maioria das vezes, a checagem das condições de trabalho desses componentes carece de eficiência.

Para evitar riscos de paralisação, as equipes de inspeção percorrem quilômetros até detectar rolos que possam apresentar falhas.

Nesse procedimento, a averiguação é feita com mecanismos pouco eficazes para detecção de falhas, como inspeção visual, auditiva e termográfica.

Normalmente, a inspeção é feita algumas vezes por semana, mas não permite detectar problemas que se manifestam repentinamente, desde eventuais falhas de curso até possíveis incêndios.

Isso porque a técnica de observação visual é tardia para detecção de problemas mecânicos com origem na região interna do rolo, onde se encontra o rolamento.

A inspeção auditiva, por sua vez, também é imprecisa, pois gera alarmes falsos em muitas situações, que ademais motivam a substituição de rolos ainda em bom estado de conservação.

Já a averiguação termográfica é mais eficiente, porém a frequência de medição por inspeção humana – também efetuada algumas vezes por semana – é baixa para detecção de eventos que ocorrem instantaneamente após a falha.

As correias continuam funcionando mesmo quando ocorre travamento desses componentes, mas essa situação gera desgastes, furos na carcaça dos roletes, rasgos nas correias e, até mesmo, princípios de incêndio.

Ao diagnosticar essa situação crítica, as fabricantes passaram a desenvolver sistemas inteligentes que monitoram remotamente as condições dos rolos.

Na Superior, o sistema Vantage faz o monitoramento remoto de transportadores por meio de rolos inteligentes, detectando problemas antes da ocorrência.

“Esse sistema está sendo utilizado por grandes mineradoras, identificando e coletando dados como temperatura dos rolamentos, rotação e vibração, aferidos por diferentes sensores embarcados no interior dos rolos e que podem ser acessados em tempo real para leitura, acompanhamento de operação e das condições de trabalho”, esclarece Elton Júnior, gerente comercial de componentes para transportadores da empresa.

Instalações bem-projetadas eliminam custos com caminhões circulando na planta. Foto: SUPERIOR


Caso detecte alguma situação crítica, o sistema emite instantaneamente um alerta para celulares cadastrados e salas de controle, o que possibilita a antecipação de providências e evita paradas não planejadas.

“Os rolos com esse sistema são equipados com uma eletrônica robusta, capaz de resistir ao rigor das operações”, diz.

CORREIAS

Avaliando o monitoramento, a gerente executiva de planejamento estratégico e marketing da Correias Mercúrio, Lícia Lourençon Moura, aponta um sistema que acompanha cada centímetro da correia em tempo real e de forma ininterrupta, examinando, capturando e catalogando qualquer sinal de dano ou desgaste.

“O sistema utiliza tecnologia de sensoriamento ótico de última geração”, informa. A linha leva o nome comercial de Roxon, apresentando duas opções de produtos.

O primeiro é o modelo HX70, uma tecnologia compacta projetada para monitorar e preservar transportadores mais curtos e críticos.

“Esse produto oferece segurança, eficiência e economia no manejo dos materiais transportados”, garante a gerente.

Com tecnologia de sensoriamento ótico, sistema monitora transportadores em tempo real. Foto: CORREIAS MERCÚRIO


Outra opção é o modelo HX270, para monitoramento de correias mais robustas. Projetada para transportadores mais longos, a solução detecta qualquer tipo de avaria na correia.

“Essa evolução tem sido impulsionada principalmente pela necessidade de aumento da produtividade, redução de custos operacionais e maior segurança nas operações”, complementa Lícia Moura.

Gerente comercial divisão de prensas da Sampla do Brasil, o especialista Sebastião Santos confirma que sistemas integrados com sensores IoT, monitoramento em tempo real e automação preditiva têm melhorado a eficiência energética e aumentado a confiabilidade operacional também das esteiras.

A Sampla, ele comenta, fornece correias com revestimento em PVC (policloreto de vinila) desenvolvidas para operar em linhas de produção, empacotamento, triagem e movimentação de cargas unitárias.

“Essas soluções apresentam excelente resistência a óleos leves e boa flexibilidade, baixa absorção de umidade e facilidade de limpeza, características valorizadas em setores como logística interna, agricultura, frigoríficos, panificação e automação industrial”, elenca Santos.

“O PVC permite uma variedade de texturas superficiais e cores, facilitando a adequação ao tipo de produto transportado e ao layout da planta.”

De acordo com ele, o poliuretano é um material de alta performance e com excelente resistência à abrasão e cortes, mantendo a flexibilidade mesmo em baixas temperaturas.

Além disso, apresenta superfície lisa ou texturizada de fácil limpeza, o que – segundo o especialista – “o torna ideal para indústrias que operam com normas sanitárias rigorosas”.

Revestimento em PVC promete resistência, flexibilidade, baixa absorção de umidade e limpeza fácil. Foto: SAMPLA DO BRASIL

MATERIAIS

No que tange aos materiais, as correias são produzidas com diferentes matérias-primas, que se diferem pelas particularidades de aplicação.

Correias com carcaça têxtil, por exemplo, são aplicadas em transportadores curtos e de média distância – ou ainda em situações de impacto dos materiais transportados e que exigem resistência a temperaturas elevadas, por exemplo.

Já as correias com carcaça composta por cabos de aço são aplicadas em transportadores que exigem maior resistência às tensões, geralmente em Transportadores Contínuos de Longa Distância (TCLD).

“Com relação aos compostos de borracha para coberturas, existe uma vasta gama para atender às mais diversas aplicações”, destaca Lícia Moura, da Mercúrio.

“Atualmente, há uma busca por maior resistência à abrasão, somada a propriedades antichamas.”

Materiais com maior resistência à abrasão e propriedades antichama estão no foco da indústria. Fotos: CORREIAS MERCÚRIO


De fato, a preocupação com incidentes que possam desencadear incêndios é constante.

Se a borracha utilizada nos revestimentos de rolos ou tambores não contar com material apropriado, os equipamentos se tornam vulneráveis a incêndios acidentais durante as operações.

Em movimentações de altas tonelagens, os incêndios podem atingir dimensões catastróficas, colocando em risco a vida dos colaboradores, além de causarem paradas não programadas.

“Quando há um agente causador em qualquer componente, o fogo pode se alastrar rapidamente para a correia, comprometendo a estrutura do transportador”, destaca Batagini, da Superior.

“Contudo, os rolos deixam de ser agentes disseminadores de combustão se tiverem revestimentos que inibam as chamas.”

Pensando nisso, a fabricante desenvolveu compostos de borracha anti-propagação de chamas, utilizados nos rolos da linha Premium da marca, que – segundo a Superior – é certificada pela Norma UL94 Classe V-0, com elevada resistência a desgastes (~50 mm³), deformações e rasgos, prometendo ainda maior aderência entre as interfaces.

“Ou seja, é uma borracha que não se desprende do tubo”, resume Batagini.

Por sua vez, as coberturas de borracha desempenham um papel fundamental na proteção da carcaça interna (de lona ou aço) e na durabilidade da correia.

Porém, a formulação precisa variar conforme o nível de abrasividade, temperatura, oleosidade e impacto do material transportado.

Nesse aspecto, Santos, da Sampla, informa que materiais altamente abrasivos (como minério de ferro, clínquer, carvão ou escória) devem utilizar coberturas com altíssima resistência à abrasão (classe DIN W ou AR), formuladas para suportar desgaste contínuo e prolongado.

“Já em materiais oleosos ou com resíduos químicos, como fertilizantes ou cavacos de madeira impregnados, as coberturas precisam ser resistentes ao óleo (NBR, MOR), sob risco de degradação prematura”, explica.

De acordo com ele, a especificação correta da cobertura é essencial para garantir desempenho, segurança e custo-benefício à operação.

“Uma cobertura inadequada pode causar desgaste acelerado, falhas prematuras e aumento de paradas não programadas”, adverte Santos.

MANUTENÇÃO

Quando se fala em reparos, três diferentes métodos podem realizar a união das extremidades de correias: a quente, a frio e com grampo mecânico. Cada uma apresenta características específicas de aplicação, tempo de execução e durabilidade.

Por isso, a escolha correta é fundamental para a vida útil e a confiabilidade da operação.

A emenda a quente é considerada a mais eficiente e duradoura, observa Santos, da Sampla.

“Realizado por prensas vulcanizadoras que aplicam pressão e calor controlados, esse processo funde as borrachas das extremidades da correia, criando uma junção homogênea e extremamente resistente”, diz ele, acrescentando que a técnica proporciona maior vida útil, sendo adequada para ambientes críticos, de alta carga, com longas distâncias ou expostos à abrasão intensa.

“Também reduz riscos de infiltração de contaminantes e falhas estruturais”, completa.

Métodos a quente, a frio e com grampo mecânico fazem a união de extremidades em correias. Foto: SAMPLA DO BRASIL


Já a emenda a frio utiliza adesivos especiais (cola vulcanizante) aplicados manualmente, sem a necessidade de calor.

“É uma alternativa viável quando não há estrutura para vulcanização a quente, com execução mais rápida”, esclarece.

“Contudo, a durabilidade é inferior e a qualidade depende da preparação da superfície e das condições climáticas no momento da aplicação.”

Por fim, a emenda com grampo mecânico é indicada para situações emergenciais, correias de baixa carga ou aplicações temporárias, como em plantas móveis e esteiras de pequeno porte. Embora seja de rápida instalação, essa opção possui menor resistência mecânica e maior risco de vazamento de material.

Segundo Santos, também tende a exigir substituições frequentes, “comprometendo o desempenho ao longo do tempo”.

Por falar em substituição, alguns pontos podem ser observados visualmente quando chega a hora da troca, como degaste, trincas e danos nas bordas e na cobertura.

Atualmente, alguns métodos auxiliam nessa análise, como a medição de espessura das coberturas, traçando linhas de desgaste e de tendência de vida útil, além de medição da dureza superficial da correia, inspeções eletromagnéticas e Raio-X aplicados em correias com cabos de aço.

“Sempre indicamos que a substituição ocorra de forma planejada, antes que o desgaste comprometa o desempenho ou segurança da operação”, diz Lícia Moura, da Mercúrio.

“Nesse sentido, a manutenção preditiva é crucial, pois prolonga a vida útil e evita paradas emergenciais quando bem-efetuada.”

Já Santos aponta a importância de monitorar sinais de desgaste da cobertura das esteiras, desalinhamentos persistentes, ruído anormal e aquecimentos fora do padrão.

“A análise de espessura da carcaça e do tempo de operação versus carga transportada também são indicadores cruciais”, detalha o especialista da Sampla, indicando inspeções preventivas programadas, uso de termografia e análise por ultrassom.

Em relação aos rolos, Batagini, da Superior, esclarece que o próprio sistema é capaz de predizer o momento em que a substituição deve ser feita.

“Normalmente, os roletes tendem a apresentar falhas em rolamentos devido à sobrecarga ou quando são mal dimensionados”, afirma.

“Os tambores, por sua vez, contam com maior longevidade, mas quando apresentam problemas a causa pode ser rolamento (engraxamento insuficiente), desgaste do revestimento, dimensionamento inadequado, quebra de disco lateral ou até mesmo do eixo.”


Saiba mais:
Correias Mercúrio: www.correiasmercurio.com.br
Sampla: www.sampla.com.br
Superior Industries: https://superior-ind.com/pt

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