É fato conhecido que a indústria de agregados apresenta realidades técnicas diferentes entre países. Nos EUA, por exemplo, o setor em grande parte opera com transportadores móveis e equipamentos portáteis. Por ter uma infraestrutura bastante fragmentada, distribuída de maneira uniforme de acordo com as características geográficas, o gigante norte-americano precisou abrir diversas lavras de agregados para atender à demanda das obras de infraestrutura, o que acabou sendo um fator relevante para o conceito de plantas móveis ganhar impulso naquele país.
No Brasil, a realidade é outra. As grandes metrópoles concentram cerca de 80% da atividade econômica e, por isso, a indústria de agregados acabou se desenvolvendo em plantas grandes e fixas, embora as pedreiras ainda tenham necessidade de mobilidade logística para dar fluxo interno à produção. “O custo operacional com carregamento e transporte de agregados, considerando ga
É fato conhecido que a indústria de agregados apresenta realidades técnicas diferentes entre países. Nos EUA, por exemplo, o setor em grande parte opera com transportadores móveis e equipamentos portáteis. Por ter uma infraestrutura bastante fragmentada, distribuída de maneira uniforme de acordo com as características geográficas, o gigante norte-americano precisou abrir diversas lavras de agregados para atender à demanda das obras de infraestrutura, o que acabou sendo um fator relevante para o conceito de plantas móveis ganhar impulso naquele país.
No Brasil, a realidade é outra. As grandes metrópoles concentram cerca de 80% da atividade econômica e, por isso, a indústria de agregados acabou se desenvolvendo em plantas grandes e fixas, embora as pedreiras ainda tenham necessidade de mobilidade logística para dar fluxo interno à produção. “O custo operacional com carregamento e transporte de agregados, considerando gastos com combustível, desgaste e manutenção dos equipamentos utilizados no processo, é preponderante para as mineradoras considerarem as correias transportadoras como uma opção atraente”, diz Danilo Bibancos, diretor executivo da Superior Industries.
De fato, esses equipamentos são importantes para o manuseio de minerais a granel nos mais variados segmentos, como grãos, cobre, ferro, ouro, bauxita, níquel e carvão, entre outros. Segundo Bibancos, atualmente as empresas estão focadas em reduzir o custo desse processo, identificando onde podem minimizar gastos e melhorar receitas. Nesse aspecto, as correias transportadoras utilizadas nas grandes mineradoras podem ser uma opção condizente também com a realidade de pedreiras e pontos de extração de agregados em grandes obras.
Tudo é uma questão de mudança de paradigma. “Em uma pequena mineradora, a instalação bem-projetada de transportadoras certamente vai eliminar o custo de, ao menos, quatro ou cinco caminhões circulando, dependendo das distâncias e toneladas movimentadas”, calcula Bibancos. “Quem busca excelência operacional na movimentação de agregados, certamente vai encontrar nas transportadoras.”
Fabricantes investem em projetos para aumentar a capacidade de material e a velocidade de transporte
ESPECIFICAÇÕES
Enquanto a Superior e outros players se empenham em difundir o conceito de movimentação sobre esteiras na mineração de areia e agregados, nas grandes mineradoras esse processo avança a passos largos. Isso porque as fabricantes vêm desenvolvendo projetos para possibilitar o aumento da capacidade de material e da velocidade de transporte, além de tecnologias de monitoramento, controle de partida e frenagem das correias. “Hoje, não basta acionar o motor, mas também é fundamental fazer uma partida assistida a todo instante pelos dispositivos eletrônicos”, explica Eduardo Caiado, engenheiro de vendas da divisão BMH (Bulk Material Handling) da Metso Outotec.
Com padrões operacionais mais rígidos, transportadores vêm assimilando tecnologias de monitoramento eletrônico
Isso significa que as correias transportadoras estão com padrões de fabricação mais rígidos, além de serem mais rápidas, o que pode causar vibração. Contudo, a eletrônica ajuda a controlar a vibração, sem impor longas resistências de percurso. Com a tendência voltada para altas velocidades e capacidades de transporte, contudo, os riscos também sobem para os profissionais envolvidos.
Para minimizá-los, os equipamentos atuais contam com dispositivos que, ao serem acionados em qualquer ponto da planta, interrompem instantaneamente o funcionamento. Além das novas adaptações, as correias também já podem ser montadas com sistemas de proteção ao longo de todo o percurso. “Hoje, há uma tendência em eliminar os caminhões das mineradoras e implantar esses transportadores, que funcionam como artérias para dar fluxo ao minério”, comenta Caiado. “E todas essas questões precisam ser avaliadas e previstas quando a planta ainda estiver em fase de projeto. Afinal, os custos mais altos na logística interna de movimentação provêm do diesel, manutenção, pneus e freios, gastos que podem ser amenizados com o uso das correias.”
Mas é preciso critério. Até porque, como destaca o coordenador de engenharia de aplicação e assistência técnica da Correias Mercúrio, Fernando Assis, determinados transportadores de correia enfrentam aplicações com severas características de impactos, altas taxas de carregamento e materiais abrasivos.
Com flexibilidade transversal, correia tubular elimina pontos intermediários de transferência do material
E eventuais falhas decorrentes causam transtornos como paralisação do processo produtivo, custos elevados com manutenções corretivas e riscos de acidentes com o pessoal. “Correias transportadoras dependem de uma especificação correta, com materiais e dimensões adequados, para propiciar uma boa relação de custo-benefício”, aponta Assis.
RESISTÊNCIA
Atualmente, diz ele, existe uma vasta gama de produtos e serviços para superar as expectativas dos usuários. Na Mercúrio, a linha inclui produtos de borracha resistente a cortes, sulcos, rasgos, abrasão, impactos ou ataque de óleos, graxas, ácidos, fogo e temperaturas elevadas, entre outros. “As coberturas mais utilizadas têm resistência à abrasão, com características que vão desde média até altíssima força contra a abrasividade”, explica. “As borrachas de cobertura atendem às normas aplicáveis, além de possuírem resistência ao ozônio, ao envelhecimento e às intempéries.”
A cobertura Mercorip, por exemplo, permite maior dissipação de energia e absorção de impactos, retornando às características originais da borracha. “Esse produto possui alta resistência a impactos e rupturas, possibilitando combinações de diferentes tipos de carcaça”, acresce Assis. A fabricante também conta com uma correia tubular que promete flexibilidade transversal, possibilitando o transporte curvilíneo de materiais a granel como minério, cobre, carvão, cimento, papel e celulose, fertilizantes etc. Por transportar o material enclausurado, a correia o protege da ação das chuvas e ventos, além de preservar o meio ambiente de possíveis contaminações e dispersões.
Além disso, a utilização da correia tubular elimina pontos de transferência intermediários do material, mantém limpa a área ao longo do transportador (principalmente no lado de retorno) e possibilita o transporte simultâneo de materiais (lados de carga e de retorno). “A solução tem alta resistência à temperatura, flexibilidade e segurança operacional, pois não permite o contato involuntário do usuário com o material transportado”, assegura a empresa.
Outro tipo desenvolvido pela marca são as correias de cobertura, utilizadas em instalações portuárias. Sua aplicação é feita sobre um transportador e o objetivo é funcionar como um telhado móvel, para que não haja contato do material transportado com quaisquer intempéries.
Fixadas em uma das extremidades da estrutura do transportador, as correias são esticadas por meio de um contrapeso. Durante o carregamento, o equipamento se movimenta conforme o enchimento dos compartimentos do navio. Com isso, faz-se necessário um telhado móvel, que permita a movimentação do CN (carregador de navio/correia da lança). “A região de transmissão de material de uma correia a outra é um conjunto que se movimenta ao longo de todo o transportador, sendo que a correia de cobertura acompanha esse movimento, protegendo a transferência”, detalha Assis.
CONFIABILIDADE
Outro sistema já bastante utilizado nas mineradoras é a tecnologia RFID, que consiste em sensores instalados nas correias. Por meio de um leitor instalado no transportador, o sistema permite aferir se a correia está operando normalmente. Caso algum dos sensores não seja identificado, a leitora aciona a chave emergencial, que imobiliza o sistema como precaução.
As correias, inclusive, possuem fatores redundantes de segurança para manter as características e evitar rompimento durante a operação. Além disso, são fabricadas de acordo com as Normas Regulamentadoras pertinentes. No quesito aplicação, existem normas internacionais que indicam espessuras mínimas de utilização para que o sistema seja preservado, principalmente correias com carcaça em cabo de aço, que devem atender características técnicas específicas para o uso.
Segundo Caiado, da Metso Outotec, o item mais valioso de um transportador é justamente a correia. Por isso, é importante manter todos os componentes bem-ajustados e limpos, controlando seu estado de conservação e evitando quedas de dentes de escavadeiras, dentre outros cuidados. “O momento do projeto requer atenção, pois é quando devem ser feitas simulações do comportamento do material, de modo que se possa aumentar o nível de segurança, minimizar a geração de impactos e estender a vida útil dos componentes”, orienta.
Na Metso Outotec, explica o engenheiro, as correias projetadas e fabricadas pela divisão BMH destinam-se ao manuseio de materiais a granel. Nas correias lisas, utilizadas para aplicação de alta capacidade e velocidade, o controle do material é limitado e definido com inclinações pré-estabelecidas, de acordo com a necessidade da planta.
Já as correias com taliscas (aletas posicionadas na parte superior) são utilizadas quando há necessidade de se criar uma barreira para impedir rolamento de material. Essas diferenças são definidas conforme a necessidade do motor. O fabricante determina qual deve ser a tensão máxima da correia, para estabelecer o tipo de material que vai constitui-la, bem como seu formato construtivo.
MOBILIDADE
Em linhas gerais, para descobrir se é viável instalar uma planta de correias transportadoras (principalmente em mineradoras que ainda utilizam transporte por caminhões) é preciso comparar dois fatores: custo de aquisição versus custo operacional e vida útil do equipamento. “O investimento de adesão de caminhões é menor, porém o custo operacional para mantê-los é alto, o que não acontece com as transportadoras, que embora tenham maior valor proporcional de adesão, requerem despesas operacionais mais baixas”, compara Caiado.
Transportador modular é indicado para minas a céu aberto que progridem conforme a lavra
Além disso, deve-se considerar o custo que pode ser abatido quando deixa de ser necessário fazer fundações ou preparar o terreno com bases de apoios e vigas para a instalação de uma planta fixa de transporte de agregados. “Essa economia é possível”, garante a Superior, “com o uso de plantas móveis de transporte de agregados, que podem ser utilizadas desde a extração até a movimentação e usinagem”.
Nesse caso, os transportadores são montados sobre carretas e podem ser deslocados para trabalhar em diferentes locais. O sistema com rodas é projetado para ser transportado até o local e assentado, passando pelos ajustes de nivelamento para operar como uma planta estática por um período pré-determinado. Já o sistema sobre esteiras é feito para operar em movimento contínuo.
A Superior fornece transportadores e componentes de transportadores que fazem a captação do minério desde o ponto de extração e o conduzem para os locais de usinagem. Além de portáteis, esses equipamentos também podem ser radiais, que conseguem sobrepor a pilha de material e deixá-la num formato de “feijão” ou de letra “C”, tornando possível estocar maior quantidade de material do que as pilhas em formato cônico.
O transportador semipermanente “Zip Line”, por sua vez, é indicado para minas a céu aberto que progridem conforme a lavra. Esse equipamento pode, inclusive, ser realocado para outras posições, encurtado ou ampliado com mais módulos, conforme as necessidades de movimentação.
Assim, é possível utilizá-lo em vários projetos. “As mineradoras precisam enxergar as plantas móveis como equipamentos que vão levar praticidade e mobilidade às operações, com um custo-benefício atraente”, ressalta Bibancos, da Superior. “Antes, o acesso ao capital era muito caro no Brasil, o que fazia as empresas relutarem antes de investir em equipamentos. Mas, hoje, há um incentivo para o crescimento industrial. O empreiteiro tem acesso a crédito com taxas de juros atraentes.”
Segundo ele, um transportador móvel dá retorno de aproximadamente 30% ao ano, o que se paga em três anos, com uma durabilidade que chega a décadas. Aliás, a Superior vem cogitando a possibilidade de alugar esses equipamentos, para torná-los mais conhecidos no mercado antes de fortalecer as vendas. “No momento, buscamos locadoras interessadas em disponibilizar esses transportadores móveis em suas frotas”, avisa Bibancos, destacando que nos EUA as locadoras já são os principais clientes desses equipamentos.
ABB instala sistema de correias com 13 km no Chile
Aplicado a operações subterrâneas e terrestres na mina de cobre de Chuquicamata, no Chile, o sistema supera uma diferença de altitude de 1.200 m e cobre uma distância de quase 13 km. Com acionamento sem engrenagens (GCDs), três transportadores de 11.000 t/h são equipados com motores síncronos AC com potência de 5 MW cada, resultando em um torque de eixo motor de cerca de 900 kNm.
Com quase 13 km, sistema supera diferença de altitude de 1.200 m no Chile
Metso Outotec lança linha para transporte de material a granel
Concebida para aplicações de mineração de longa distância, a nova linha de soluções para transporte terrestre da Metso Outotec promete operações mais econômicas e confiáveis tanto a céu aberto como subterrâneas, com custo total de propriedade mais baixo e redução de 30% no consumo de energia. “Em aplicações de mineração e processamento de minerais, o transporte é frequentemente referido como a espinha dorsal de todo o processo”, comenta Lars Duemmel, vice-presidente da divisão de sistemas de manuseamento de material a granel da Metso Outotec. “E a concepção robusta dos nossos transportadores terrestres permite capacidades de até 20 mil t/h, incluindo mais de 5 km numa única viagem para um processo sem descontinuidades.”
Nova linha de transportadores terrestres oferece capacidades de até 20 mil t/h
Superior expande oferta de transportadores
A fabricante atualiza a linha Zipline Overland Conveyors com a nova série EXT, que expande a oferta de transportadores modulares para aplicações mais longas de manuseio de materiais. Segundo a Superior, a linha tem como alvo os produtores a granel que procuram transportadores terrestres que requeiram pouca ou nenhuma pré-engenharia para entregas expressas, sendo concebidos para montagem rápida no terreno. Com a nova série EXT, a linha agora está disponível em comprimentos de até 762 m e larguras de correia até 1.220 mm. Todos os componentes dos transportadores – como roldanas, polias e raspadores – são fabricados internamente. “A nova série EXT também inclui uma torre de tomada de gravidade para acomodar o transporte terrestre de maior distância”, diz a empresa.
Com comprimentos de até 762 m, nova série EXT atende aplicações mais longas de manuseio de materiais
Continental desenvolve serviço de inspeção baseado em sensores
A empresa desenvolveu uma solução híbrida de monitoramento de sistemas de correias transportadoras que permite a identificação precoce de pontos sensíveis ao longo do conjunto, antes que ocorram danos que resultem em paradas não programadas. Baseada em inteligência artificial, a solução, ainda em fase de protótipo, oferece uma combinação de inspeção acústico-visual, substituindo o processo convencional por tecnologias baseadas em sensores.
Nova solução utiliza drones, microfones e algoritmos para detectar defeitos nos transportadores
Por um lado, a inspeção é realizada a partir do ar, utilizando um drone equipado com câmeras de infravermelho, que monitora ambos os lados do transportador. Os dados de imagem são então processados com a ajuda de um algoritmo (AI) e analisados para detectar defeitos no sistema. Por outro lado, a manutenção em seções cobertas ou transportadores subterrâneos é realizada por meio de microfones fixos, instalados a cada 20 a 25 m, que captam variações de frequência. “A inspeção baseada em sensores permite o monitoramento remoto assistido por dados do estado do sistema, de modo que os danos potenciais possam ser detectados em fase precoce e evitados”, afirma Clemens Panzer, membro da equipe interdisciplinar da Continental criada para o projeto.
Saiba mais:
ABB: https://global.abb/group/en
Continental: www.continental.com
Correias Mercúrio: www.correiasmercurio.com.br
Metso Outotec: www.metso.com/br
Superior: https://superior-ind.com
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