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Revista M&T - Ed.218 - Novembro 2017
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Tecnologia

Entrega de resultado

Cases recentes mostram como a tecnologia embarcada tem ajudado as empresas a obter maior produtividade e precisão das máquinas utilizadas em obras de construção
Por Marcelo Januário (Editor)

Como a tecnologia se traduz em vantagens para os usuários de máquinas – principalmente em relação à redução de passivos – é uma questão que sempre vem à tona quando o assunto é o custo-benefício de bens de capital. E o mesmo ocorre com os dispositivos de automação para máquinas pesadas.

Não é para menos, pois essas soluções podem ser utilizadas em todas as etapas das obras, desde a concorrência, passando pela adequação e execução do projeto até a sua entrega. Nesse rol, estão ferramentas como sistemas de posicionamento para infraestrutura de topografia, sistemas de pesagem, softwares de projeto e sistemas avançados em versões 2D e 3D, dentre outras.

Em operações de terraplenagem, para ficar em um único exemplo, os sistemas permitem realizar o controle do nível de elevação com tolerâncias justas, utilizando transmissor e receptor a laser. Ao capturar as informações de elevações, ele calcula os ajustes necessários em ambos os lados da lâmina para obter o nível desejado. Tudo automaticamente, sendo que o operador apenas conduz a máquina.

Porém, cada família exige uma solução específica, todas importadas, sendo possível retirar o sistema de uma máquina e instalar em outra. “O sistema é uma equação matemática, com sensores que fazem a leitura, inclusive das medidas físicas da máquina, que são imputadas nessa equação”, explica Tiago Barros, coordenador técnico da Sitech, unidade de negócios para soluções da joint-venture Caterpillar Trimble Control Technologies (CTCT), que no Brasil é operacionalizada pelo Grupo Sotreq. “À medida que recebe leituras, o sistema compara com a equação e emite o resultado, que basicamente é o movimento do implemento baseado no projeto embarcado.”

Para funcionar, a parte do implemento deve ser preparada com a instalação de kits de automação hidráulica. Em uma máquina mecânica como a 140K, por exemplo, instala-se um bloco hidráulico em paralelo ao original, no qual estão as eletroválvulas que serão acionadas pelo computador de bordo. É então que ocorre o acionamento, movimentando o implemento. “Mas se for uma 140M Grade Control, que já é uma máquina eletrônica, não precisa instalar o bloco hidráulico, bastando ativar o implemento da máquina via módulo de controle ele


Como a tecnologia se traduz em vantagens para os usuários de máquinas – principalmente em relação à redução de passivos – é uma questão que sempre vem à tona quando o assunto é o custo-benefício de bens de capital. E o mesmo ocorre com os dispositivos de automação para máquinas pesadas.

Não é para menos, pois essas soluções podem ser utilizadas em todas as etapas das obras, desde a concorrência, passando pela adequação e execução do projeto até a sua entrega. Nesse rol, estão ferramentas como sistemas de posicionamento para infraestrutura de topografia, sistemas de pesagem, softwares de projeto e sistemas avançados em versões 2D e 3D, dentre outras.

Em operações de terraplenagem, para ficar em um único exemplo, os sistemas permitem realizar o controle do nível de elevação com tolerâncias justas, utilizando transmissor e receptor a laser. Ao capturar as informações de elevações, ele calcula os ajustes necessários em ambos os lados da lâmina para obter o nível desejado. Tudo automaticamente, sendo que o operador apenas conduz a máquina.

Porém, cada família exige uma solução específica, todas importadas, sendo possível retirar o sistema de uma máquina e instalar em outra. “O sistema é uma equação matemática, com sensores que fazem a leitura, inclusive das medidas físicas da máquina, que são imputadas nessa equação”, explica Tiago Barros, coordenador técnico da Sitech, unidade de negócios para soluções da joint-venture Caterpillar Trimble Control Technologies (CTCT), que no Brasil é operacionalizada pelo Grupo Sotreq. “À medida que recebe leituras, o sistema compara com a equação e emite o resultado, que basicamente é o movimento do implemento baseado no projeto embarcado.”

Para funcionar, a parte do implemento deve ser preparada com a instalação de kits de automação hidráulica. Em uma máquina mecânica como a 140K, por exemplo, instala-se um bloco hidráulico em paralelo ao original, no qual estão as eletroválvulas que serão acionadas pelo computador de bordo. É então que ocorre o acionamento, movimentando o implemento. “Mas se for uma 140M Grade Control, que já é uma máquina eletrônica, não precisa instalar o bloco hidráulico, bastando ativar o implemento da máquina via módulo de controle eletrônico”, frisa Barros.

Dentre outros ganhos, a tecnologia promete velocidades maiores de trabalho, independentemente da experiência dos operadores. Como tem o traçado (com seus elementos) implantado na memória, o sistema reproduz exatamente os bordos, independentemente da posição da máquina, corrigindo o deslocamento lateral da lâmina. “A diferença está na qualidade do trabalho, que praticamente não tem erro”, resume o especialista. “Se fizer manualmente, ainda é possível ter alguma eficiência próximo ao piquete, mas entre os piquetes, o nivelamento acaba oscilando.”

PRODUTIVIDADE

O fato é que esses recursos já controlam quase todas as funções – sendo mera questão de tempo para chegarem a “todas” –, mas sua aquisição ainda custa quase a metade do valor da máquina. Segundo Barros, esse talvez seja o principal motivo para que essa tecnologia apenas engatinhe no país, que tem muito a perder em produtividade ao abrir mão dessas soluções. “É preciso fazer as pessoas pensarem sobre os problemas que surgem nas obras”, explana Barros. “Isso não quer dizer que a tecnologia resolva todos os problemas, o que não é verdade, mas ela pode ajudar em licitações, reduzindo o custo das propostas, uso de mão de obra e combustível, por meio do aumento da produção.”

Para provar seu ponto de vista, Barros apresentou uma palestra técnica sobre o assunto na sede do Sindicato das Indústrias de Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot/MG), em Belo Horizonte. “Claro que a tecnologia per si não é o verdadeiro disruptor, pois não cabe em qualquer lugar, mas não entender o que o cliente mais precisa é que constitui ameaça para qualquer negócio”, diz ele. “O fato é que a tecnologia pode fazer o diferencial ao dobrar a produção da máquina.”

Para o especialista, o empreiteiro brasileiro tem de ter a coragem de dar esse passo, adotando tecnologias mais avançadas em seus projetos para superar um contexto difícil com milhares de obras paradas, sem perspectivas de serem retomadas. “Há algo que podemos fazer para mudar esse jogo”, diz. “Precisamos olhar além, pois crise traz a ideia de perspectiva. É ela que separa o amador do profissional.”

Ele cita exemplos concretos disso. Atendida pela Sitech Sul e pela Pesa, a Sanches Tripoloni, diz Barros, é a única empresa do Brasil com 100% do método construtivo equipado com tecnologia, da terraplenagem à pavimentação. Isso, segundo ele, resulta em uma carteira espalhada por todo o país, com obras como a restauração da rodovia PA-150, implantação e pavimentação da rodovia BR-163, construção de ponte sobre o rio São Francisco e restauração da rodovia BR-163/364, dentre outras. “Não faltam obras para ela, que é uma empresa do Sul do país, o que nos faz pensar sobre a logística para deslocar equipamentos, pessoal etc.”, pondera.

Sendo assim, por que estão ganhando essas obras? A resposta, diz ele, pode estar na tecnologia. “Sem estacas, passagem de linhas, pessoas ao redor da máquina ou máquina parada... É ou não mais produtivo e rápido?”, indaga. “Em uma proposta de licitação, isso deve ser considerado como um fator importante, que pode compensar a diferença de preço.”

VALOR

Ocorre que, ressabiado, o construtor quer ver tudo na ponta do lápis. É nesse ponto que Barros tira da cartola outros dois cases. Um deles é a duplicação da SP-225, realizada em julho na região de Cabrália (SP) pelo Grupo Bandeirantes. Com a obra atrasada em 31 dias, a Cart – dona da concessão – exigiu que o fechamento da base fosse feito com alta tecnologia. “Foi uma surpresa, com a turma saindo desorientada atrás de parceiros que pudessem ajudar a instalar a tecnologia, que poucos conheciam”, relata Barros. “Para completar, o cliente disse que não pagaria nada a mais pelo uso da tecnologia.”

Assim, a Sitech Central Brasil criou um plano conjunto para locação dos sistemas, cumprindo as exigências do cliente. Para obter uma análise de produção, a empresa fez um teste em uma extensão de 7 km, onde realizou a execução e acabamento de base e sub-base utilizando uma motoniveladora Caterpillar 140K equipada com o sistema UTS (Universal Total Station), uma solução em 3D que combina estação robótica de alta precisão com mastro de 360º montado na lâmina da máquina. “Somente ao final da obra, se mostrássemos o valor da tecnologia, fazendo mais rápido e melhor aquele trecho, sentaríamos para conversar sobre negócios”, lembra o coordenador.

Após o teste, foi feito um payback baseado na produção obtida. Segundo Barros, os resultados mostraram um estratosférico ganho de 253% em produtividade, saltando de 230 m3/dia para 812 m3/dia após a adoção do sistema. Também foi obtida uma redução de 100% para 20% no uso de topografia, além de a operação consumir 25% a menos de combustível, sempre em comparação ao método convencional. “Mais que isso, a execução, cujo tempo previsto era de 30 dias, foi feita em apenas nove dias”, complementa.

A velocidade, aliás, é um fator a considerar, pois a motoniveladora e o rolo compactador atuaram simultaneamente, mesmo durante a noite. “Será que não está aqui aquele detalhe que pode representar a conquista de uma licitação de alguns milhões?”, provoca Barros. “Claro que, no início, há dificuldades de adaptação, mas tendo um ‘pai para a obra’, é possível resolver, pois não é um bicho de sete cabeças.”

QUALIDADE

Aos poucos, o país vai assimilando a equação. A Barbosa Mello que o diga. Em meados de 2016, a construtora – o primeiro cliente da Sitech no Brasil – fez seu próprio teste para aferir o impacto da tecnologia nas obras para implantação do complexo minerário do Projeto S11D, em Carajás (PA). Baseado em um estudo de produtividade da Caterpillar, o case inclusive foi apresentado na mais recente edição da Dimensions International User Conference, evento realizado a cada dois anos pela Trimble, em Las Vegas. “Trata-se de uma simulação de construção de uma pista reta, sem curvas de superelevação, supressão vegetal e outros aspectos que incidem em uma obra do gênero, mas que mesmo assim é bem próxima à realidade”, explica Barros.

Utilizando motoniveladora e trator equipados com o sistema AccuGrade, o escopo do teste incluía a realização de revestimento primário e regularização do subleito da obra, que no total previa a construção de 42 km de estradas de acesso e 25 km de acessos internos, dentre outras tarefas. Nesse caso, garante o especialista, a redução global obtida foi de 31% em horas/homem, 34% em horas/máquina, 37% em consumo de combustível e 46% em horas/projeto, além da redução de 64% no número de pessoas envolvidas. O teste também incluiu o uso de escavadeira, amortizando o tempo de trabalho (em horas/homem) para escavação e regularização em 33% e 83%, respectivamente, em uma economia total de custos de 61%. “Com o projeto embarcado, o construtor não fica com a máquina parada”, diz Barros.

Já na topografia, foi feito um levantamento de 95 km de área, utilizando-se um sistema de posicionamento Trimble SPS RTK, além de equipamentos convencionais. Com um veículo adaptado com antena de GPS, obteve-se 86% de redução no tempo de levantamento topográfico, em uma economia de custos de 93%. “Claro que, com tais números em mãos, a Barbosa Mello resolveu adotar a tecnologia”, acresce o especialista. “É assim que podemos ajudar o empreiteiro a recalcular o planejamento, ser mais produtivo e, de quebra, mais competitivo também. Ou seja, estamos falando de qualidade.”

Outra empresa que já utiliza os sistemas – na verdade, já está indo para o seu segundo lote de sistemas AccuGrade em tratores de esteiras Caterpillar – é a Franciscon & Prodócimo, que realiza obras de terraplenagem em terminais de contêineres portuários. “Além do ganho de produtividade e diminuição do tempo para execução do trabalho, tem todo um extra do que não é mais necessário realizar na obra”, afirma o diretor, Belmiro João Franciscon. “Toda a parte de topografia, por exemplo, que tinha de estar piqueteando e colocando greidista para acompanhar, agora não é mais necessária.”

ASSERTIVIDADE

Voltando ao preço, Barros admite que ainda é um empecilho, mas não por muito tempo. “Realmente não é barato, mas quando fazemos um planejamento de obra e compramos equipamentos, não podemos colocar a tecnologia nessa conta”, avalia. “Além de servir para executar mais, ela não fica obsoleta. Em 2005, o Consórcio Belo Monte comprou sistemas para trator, motoniveladora e escavadeira que ainda estão sendo utilizados.”

Por tudo isso, o executivo mostra-se otimista, pois sabe que – se ainda é um luxo – em breve a automação será um requisito sine qua non para o setor da construção. “Precisamos nos reinventar todos os dias”, pondera Barros. “Afinal, a partir do momento em que as concessionárias descobrirem que, com o uso de tecnologia, conseguem fiscalizar melhor o andamento das obras, virão com tudo, exigindo maior assertividade das operações.” / MJ

A ACEITAÇÃO DA TECNOLOGIA ESTÁ MUDANDO, DIZ ESPECIALISTA

Confira a seguir entrevista com o coordenador técnico da Sitech, Tiago Barros, sobre as perspectivas para os sistemas de automação no mercado brasileiro de máquinas pesadas.

  • Quando essas tecnologias vão migrar para os produtos de linha?

Cada vez mais a Caterpillar vem fabricando equipamentos com tecnologia embarcada de fábrica. Nos EUA, este processo está um pouco mais avançado. No Brasil, porém, acredito que também virão prontas em um futuro nem tão distante. Hoje, eu preciso de cinco dias para preparar uma máquina de outras marcas, enquanto as da Caterpillar levam apenas um dia. De modo que já vêm muito preparadas.

  • O custo de aquisição é um limitador?

O custo pode até ser resolvido, pois é possível baratear o produto se você o incorpora à máquina. Creio que esteja mais ligado à maturidade do cliente em receber isso. Ele ainda não está disposto a pagar um pouco mais caro por uma 140M, que vem preparada, porque não tem em mente que, no futuro, vai adquirir a tecnologia. Quando isso mudar, a Caterpillar vai acelerar esse processo de automação.

  • A visão de curto prazo ainda atrapalha?

Se pensar como um ativo que tem de ser depreciado somente na obra, realmente fica caro. Mas a tecnologia tende a ficar mais barata. O problema maior é que são produtos importados, com uma incidência muito alta de impostos. Mas tendem a ser nacionalizados na medida em que os clientes comecem a comprar mais.

  • Por que o Brasil está “tecnologicamente envelhecido”?

O brasileiro é muito resguardado, tem medo de arriscar. Primeiro, porque acha o investimento caro. Depois, porque pensa que tem de se pagar na primeira obra, sem perceber que aquilo pode ajudá-lo a ganhar mais dinheiro. Mas a aceitação vem mudando muito. Há uma renovação, até de profissionais. No último ano, a Sitech duplicou de tamanho. Inclusive, este vem sendo o melhor ano para a empresa no Brasil.

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