Ao poucos, o setor de equipamentos para construção começa a retomar a vitalidade. Algumas fabricantes, inclusive, aproveitam-se da estrutura local e da atuação paralela em outros setores – como o agrícola – para alavancar desde já sua atuação em um cenário de retomada. Esse é o caso da John Deere, por exemplo.
Mesmo prevendo nova queda do mercado de equipamentos, que neste ano deve girar em torno de 8.500 unidades (exceto compactos), ou 40% abaixo do ano anterior, a fabricante norte-americana mantém seus planos de investimentos para o país com a introdução de mais três modelos de equipamentos da Linha Amarela em sua produção nacional. “A indústria de construção caiu tremendamente nos últimos dois anos. Porém, independentemente disso, os fundamentos para o crescimento continuam aqui e, no longo prazo, isso norteia nossos investimentos”, avalia Roberto Marques, diretor de vendas da John Deere Construção e Florestal, referindo-se à necessidade de o país desenvolver sua infraestrutura. “Já houve uma mudança positiva no ‘apetite’ das empresas no sentido de voltar a
Ao poucos, o setor de equipamentos para construção começa a retomar a vitalidade. Algumas fabricantes, inclusive, aproveitam-se da estrutura local e da atuação paralela em outros setores – como o agrícola – para alavancar desde já sua atuação em um cenário de retomada. Esse é o caso da John Deere, por exemplo.
Mesmo prevendo nova queda do mercado de equipamentos, que neste ano deve girar em torno de 8.500 unidades (exceto compactos), ou 40% abaixo do ano anterior, a fabricante norte-americana mantém seus planos de investimentos para o país com a introdução de mais três modelos de equipamentos da Linha Amarela em sua produção nacional. “A indústria de construção caiu tremendamente nos últimos dois anos. Porém, independentemente disso, os fundamentos para o crescimento continuam aqui e, no longo prazo, isso norteia nossos investimentos”, avalia Roberto Marques, diretor de vendas da John Deere Construção e Florestal, referindo-se à necessidade de o país desenvolver sua infraestrutura. “Já houve uma mudança positiva no ‘apetite’ das empresas no sentido de voltar a comprar, pois sentimos uma recuperação na substituição de equipamentos.”
O executivo ressalta que, em certo momento, o número mensal de equipamentos comercializados no país caiu para próximo de 500 unidades, mas já voltou para um patamar entre 600 e 800 máquinas. E a projeção é positiva, já que para 2017 a divisão prevê um aumento de 5% a 10% nos números da indústria, em um processo de recuperação que – segundo a empresa – teria se iniciado em abril deste ano. “Ainda não é tão expressivo, inclusive nossa meta é crescer mais que isso”, diz Marques, enfatizando que o avanço deve se dar mesmo “no médio prazo”, pois ainda faltam novas obras. “A recuperação não será no curto prazo. Mas a partir de meados do próximo ano, prevemos um crescimento bem maior, pois o governo tem procurado encontrar fórmulas de reativar e financiar os processos de concessão de uma forma mais interessante para os empresários.”
TRATORES
Para efetivar a localização dos tratores de esteiras 700J (de 115 hp, com peso operacional de 12.832 kg), 750J (de 145 hp, com 16.658 kg) e 850J (de 152 hp, com 20.582 kg), a John Deere Construção aportou um investimento de R$ 80 milhões, o que inclui a expansão da fábrica de 20 mil m2 de área coberta em Indaiatuba (SP) – que já produz a retroescavadeira 310K, além de cinco modelos de pás carregadeiras, um modelo de motoniveladora em regime de CKD e sete modelos de escavadeiras, incluindo a parceria com a Hitachi, que possui fábrica própria (leia Box na pág. 50).
Como diferencial competitivo, os tratores – atualmente produzidos nos EUA – contam com sistema de transmissão hidrostático, o que implica motores independentes para cada esteira e permite a chamada “contrarrotação”, ou seja, que a máquina gire no próprio eixo, em manobras mais rápidas. “Cada esteira funciona de maneira independente, pois há uma bomba e um motor hidráulico em cada lado do equipamento”, explica Etelson Hauck, especialista de produto da John Deere. “Também possibilita o uso de infinitas velocidades e marchas; à medida que se selecione as faixas, torna-se possível adequar a velocidade correta em cada operação, do muito vagaroso ao extremamente rápido.”
O especialista destaca ainda que as máquinas nacionalizadas trazem o Sistema TMC (Controle Total da Máquina), que propicia personalização do modo e resposta do acelerador, das faixas de deslocamento e da sensibilidade de modulação da direção. Outro item de destaque é o freio dinâmico, que ajusta automaticamente o sistema de transmissão em aclives e declives, permitindo manter a velocidade constante. E há ainda o sistema de retenção em morro. “Como não tem pedal de freio, se a máquina for colocada no neutro, ela freia automaticamente”, diz Hauck. “E, ao acionar o joystick para engatar a marcha novamente, volta a se deslocar na mesma velocidade selecionada previamente.”
Segundo a empresa, as primeiras unidades estarão disponíveis no início de 2018. “Os três modelos cobrem de 90% a 95% das necessidades dessas indústrias, tanto de construção como agrícola”, garante Cristiano Correia, gerente geral da fábrica da John Deere Construção.
PÓS-VENDA
A expansão do portfólio, contudo, não é a única cartada da John Deere para sair na frente em um desejado cenário de retomada. Isso porque, ao lado da produção, na qual aportou US$ 180 milhões apenas para erigir as fábricas, a empresa tem no pós-venda outro diferencial no qual investiu pesado em plena recessão. Tanto que, atualmente, o setor já representa mais de 33% dos negócios da empresa no país, sendo 20% apenas no segmento de peças. E com tendência de evolução.
Essa importância fica patente na obra de expansão do Centro de Distribuição de Peças (CDP) em Campinas (SP), inaugurada no final do ano passado (como M&T noticiou em sua edição no 196) ao custo de US$ 30 milhões. Maior do gênero na América Latina, o CDP possui 74.500 m2 de área coberta, totalmente tomados por um estoque avaliado em US$ 200 milhões, incluindo 200 mil códigos com preço, 122 mil códigos em estoque e mais de 1 milhão de itens armazenados nas 72 docas de recebimento e despacho.
O local atende a todas as divisões da companhia, exibindo atualmente um índice declarado de 97% no atendimento de pronta-entrega. “O CDP suporta todos os negócios da empresa no Brasil, incluindo agrícola, construção, turf e florestal, mais as peças da Auteq, empresa de tecnologia comprada em 2014 e que atua na área de gestão de frotas e monitoramento de operações”, comenta Ilson Eckert, diretor de operações de peças da John Deere para a América Latina. “E a importância deste Centro é tanta que as operações do México passaram agora a se reportar ao Brasil, em vez dos EUA.”
A estratégia de atendimento se completa com a cobertura territorial da rede de distribuição, que atualmente é formada pela Deltamaq (para Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima e Tocantins), Veneza Equipamentos (Região Nordeste e São Paulo), Rota Oeste Máquinas (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás e Distrito Federal), Inova Máquinas (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo) e Tauron Equipamentos (Região Sul).
Setor agrícola ganha importância para divisão
Nos últimos anos, a participação do agronegócio (serviços diretos) nas vendas da John Deere Construção praticamente triplicou, saltando de 6% para 15%. Se considerar-se toda a cadeia agrícola, o percentual chega a 25%. “As razões para isso foram o aumento de mecanização e crescimento no setor agropecuário, além da própria diminuição da indústria da construção”, avalia Roberto Marques, diretor de vendas da John Deere Construção e Florestal.
Parceria é a mais antiga do mundo no setor de máquinas
Parceria mais longeva do mundo no segmento de equipamentos para construção, a relação entre a John Deere e a Hitachi remonta aos anos 60, quando a marca norte-americana comprava esteiras da japonesa, que em troca distribuía tratores de baixa potência na Ásia. Em 1988, a relação foi reforçada com o estabelecimento de uma joint venture para a produção de escavadeiras hidráulicas, exclusivamente para os mercados das Américas, que culminou com a abertura da fábrica de 20 mil m2 em Indaiatuba (SP) em 2014. Além do Brasil, onde produz escavadeiras de 16 a 35 toneladas, a parceria mantém uma fábrica nos EUA (que produz equipamentos para construção de 13 a 47 t) e outra no Canadá (para equipamentos da área florestal).
Afora a pintura, a única diferença das escavadeiras produzidas no Brasil é o motor Isuzu que equipa as máquinas da Hitachi e – em decorrência disso – seu pacote de arrefecimento. “Essa parceria adveio da necessidade de ter um produto mais adequado e uma rede de distribuição melhor”, comenta Adílson Butzke, presidente da Deere-Hitachi do Brasil, complementando que não há sobreposição comercial na estratégia, pois os papéis são claramente definidos. “A Hitachi entra com a tecnologia, projeto e manufatura, enquanto a John Deere cuida da distribuição e comercialização dos produtos, incluindo suporte, marketing e vendas. Por isso, as empresas não concorrem entre si, mas são complementares.”
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