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Revista M&T - Ed.290 - Dez / Jan
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GUINDASTES DE TORRE

A naturalização da mecanização

Equipamentos chegam aos canteiros brasileiros de obras com recursos eletrônicos avançados, versões compactas e diferentes conceitos de lança para atender a um mercado em aquecimento
Por Santelmo Camilo

Nos últimos anos, os recursos tecnológicos têm melhorado significativamente o desempenho dos equipamentos de construção em todos os segmentos.

Com os guindastes de torre, essa realidade não é diferente. De saída, a introdução da eletrônica embarcada aumentou a produtividade dessas máquinas e, acima de tudo, a segurança das operações de içamento de cargas.

Hoje, os sistemas de telemetria permitem controle e monitoramento remoto, por exemplo, facilitando a identificação de problemas e possibilitando intervenções rápidas, como manutenções preventivas e corretivas.

Porém, além do aspecto tecnológico, o avanço estrutural e construtivo também tem se notabilizado, com a evolução em materiais e cálculos estruturais, resultando em guindastes mais compactos e leves, com capacidades de carga muito superiores em comparaçã


Nos últimos anos, os recursos tecnológicos têm melhorado significativamente o desempenho dos equipamentos de construção em todos os segmentos.

Com os guindastes de torre, essa realidade não é diferente. De saída, a introdução da eletrônica embarcada aumentou a produtividade dessas máquinas e, acima de tudo, a segurança das operações de içamento de cargas.

Hoje, os sistemas de telemetria permitem controle e monitoramento remoto, por exemplo, facilitando a identificação de problemas e possibilitando intervenções rápidas, como manutenções preventivas e corretivas.

Porém, além do aspecto tecnológico, o avanço estrutural e construtivo também tem se notabilizado, com a evolução em materiais e cálculos estruturais, resultando em guindastes mais compactos e leves, com capacidades de carga muito superiores em comparação aos antigos modelos.

Evidentemente, essa combinação de tecnologia e engenharia não só melhora a eficiência das obras, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo. Todavia, antes de tudo é importante salientar a necessidade de um conjunto prévio de boas práticas, desde o planejamento até a operação diária, assegurando que o investimento na máquina traga o retorno produtivo e financeiro esperado.

E um dos primeiros passos para isso é a escolha da grua adequada para a obra.

Considerar a altura e o alcance de carga que serão exigidos – além do tipo de terreno e a duração do projeto – contribui para uma seleção mais precisa, evitando subdimensionamentos ou sobrecargas na estrutura. O segundo ponto é o planejamento logístico.

Manter um fluxo eficiente de materiais e definir zonas de movimentação ajudam a evitar paradas desnecessárias e aumenta a produtividade.


Características estruturais são relevantes onde existe mais de uma
grua trabalhado, evitando a interferência entre as lanças

A programação diária de tarefas e a definição de intervalos adequados para cada movimentação facilitam o controle de cargas e reduzem o desgaste da grua. Nesse sentido, a instalação da máquina em um ponto estratégico é essencial para diminuir deslocamentos e otimizar o tempo de operação.

Além disso, o treinamento dos operadores também deve ser prioridade máxima nesse checklist.

Profissionais bem-preparados não só conduzem a máquina de forma mais precisa, mas também compreendem e respeitam os limites de segurança e os sinais de desgaste ou mau funcionamento.

Os especialistas recomendam programas constantes de atualização, para que o operador esteja sempre familiarizado com as tecnologias de controle, que evoluem rapidamente.

O domínio das funcionalidades de segurança e comandos eletrônicos mais modernos, como limitadores de carga e sensores de proximidade, são diferenciais para evitar acidentes e agilizar o trabalho.

PECULIARIDADES

Um comparativo entre os guindastes convencionais de torre e os chamados modelos “Topless” (sem topo) evidencia as várias diferenças dos novos equipamentos.

O engenheiro mecânico Paulo Melo Alves de Carvalho, diretor da Locabens, identifica a principal na altura entre a carga e o final da estrutura.

De acordo com ele, as gruas “Topless” ou “Flat-Top” têm altura menor e, em alguns casos, essa característica pode ser um diferencial positivo, como em situações sem regulação de limite de altura e onde exista mais de uma grua trabalhando no mesmo local, tornando necessário evitar a interferência entre as lanças.

“Uma das vantagens da ‘Topless’ é a possibilidade de montar a lança inteira ou em partes”, diz o especialista, destacando que isso facilita o trabalho em canteiros com pouco espaço.

“Como desvantagem há a questão do transporte, pois a lança é mais alta e, por conta disso, a demanda é maior para máquinas de mesma capacidade, até para evitar a necessidade de tirantes de lança”, analisa Carvalho.


Novas tecnologias proporcionam redução no
consumo de energia e aperfeiçoaram as operações

De acordo com Gustavo Ferreira, supervisor de pós-venda da Liebherr, a redução de custos é outro aspecto relevante.

Os guindastes atuais, diz ele, tornaram-se mais ágeis na montagem, em comparação aos modelos tradicionais, o que não apenas economiza tempo, como também diminui as despesas logísticas, uma vez que em muitos casos o transporte é mais compacto.

“Com menos recursos exigidos na montagem, as empresas conseguem otimizar os investimentos, tornando o uso de guindastes de torre ainda mais atraente em projetos de construção”, ressalta.

“Além disso, esse tipo de construção facilita a manutenção, garantindo que os técnicos possam realizar os serviços de forma mais rápida e segura.”

Cada modelo de lança conta com diferenciais e aplicações específicas, como a lança fixa, mais popular e com maior eficiência estrutural, segundo Carvalho

. Isso se explica pelo melhor equilíbrio e capacidade de elevar cargas maiores, com uma estrutura mais “esbelta”.

“Outra característica é a velocidade de operação”, retoma o especialista da Locabens.

“Com a translação de carro pela lança é possível obter maior agilidade com movimentos combinados em relação às gruas de lança articulada – ou lança móvel e lança basculante.”

Segundo o diretor, esses modelos são projetados para canteiros com menos restrições, oferecendo uma gama de tamanhos e capacidades.

“São capazes de cobrir grandes áreas de trabalho e alcançar alturas significativas, graças aos sistemas embarcados de telescopagem e estaiamento / ancoragem”, complementa.


Lança automontável oferece agilidade na
montagem, desmontagem e manutenção

Já as torres de lança articulada são indicadas para situações em que o espaço aéreo disponível é mais restrito, ou quando há maior concentração de equipamentos.

Nesse caso, a versatilidade desse modelo é maior que as gruas de lança horizontal, facilitando o trabalho em canteiros confinados ou obras industriais.

Por outro lado, esse equipamento tem equilíbrio mais complexo, pois a contralança é mais curta para ocupar menor espaço na rotação, o que prejudica o equilíbrio estrutural ao se transferir mais cargas e reações para a estrutura.

“O resultado disso são estruturas mais robustas”, observa Carvalho.

A velocidade de trabalho também é um pouco menor se comparada às gruas de lança horizontal, ele prossegue.

“Enquanto na grua convencional o movimento horizontal é realizado apenas com o deslocamento do carro, nas articuladas isso é feito com o basculamento da lança, o que também é mais lento e requer compensação na altura”, elucida.

AGILIDADE

A lança automontável, por sua vez, incorpora máquinas compactas e que oferecem agilidade na montagem, desmontagem e manutenção.

Podem ser rebocadas, o que evita a necessidade de mão de obra adicional ou equipamentos auxiliares.

Gerente produtos da Manitowoc no Brasil, Francisco de Souza Neto explica que esses modelos são indicados para obras de alturas mais baixas, como condomínios, ou no início da construção de edifícios altos, auxiliando na fase em que o guindaste principal ainda não está instalado.

“A grua automontante Potain HUP 40-30 é um exemplo da eficiência oferecida por esse conceito”, assegura.

Ele se refere a um dos modelos mais compactos do mercado.

Durante a montagem, a grua HUP mantém dimensões de transporte de até 10 m de altura.

O equipamento, diz o gerente, possui um sistema telescópico inovador com mastro integrado, que permite içamentos de até 30 m.

“O sistema patenteado de travamento do mastro é inovador, enquanto o conceito de lança na lateral do mastro é um avanço no segmento de gruas automontantes, com impacto em suas dimensões e condições de transporte”, garante Neto, explicando que a montagem e a condução podem ser realizadas totalmente por controle remoto.

Também Ferreira, da Liebherr, destaca facilidades da grua automontante, que pode ser montada por apenas um ou dois colaboradores, sem a necessidade de equipamentos auxiliares. Basta ligá-los na tomada e organizar as peças no canteiro de obras.

“É um equipamento ideal para projetos que requerem montagem e desmontagem frequentes em diferentes locais do canteiro de obras”, conta.

“No entanto, devido à estrutura e concepção de uso, não é possível ancorá-los, o que limita a capacidade de alcançar grandes alturas.”


Avanço de conceitos propiciou estruturas mais
esbeltas, sistemas inovadores e mecanismos mais rápidos

Por fim, a lança basculante – considerada uma evolução das anteriores – é similar à lança articulada, mas com maior entrega em produtividade.

Segundo Neto, o projeto é resultado da evolução tecnológica, que propiciou o desenvolvimento de estruturas mais esbeltas e sistema de segurança inovador, além de mecanismos mais rápidos. “A demanda de cada um dos modelos depende do mercado”, pondera, exemplificando com a alta procura por automontantes na Europa.

Ademais, praticamente todas as obras no Velho Continente utilizam guindastes, mesmo de pequeno porte, pois há maior naturalização da mecanização. “Já nos EUA há uma maior busca por gruas de grande porte, por conta de uma construção metálica muito difundida e de pré-moldados”, esclarece Neto.

Em termos de TCO, Ferreira observa que os modelos de lança basculante são mais caros que os guindastes de lança fixa, pois o método de trabalho (basculamento da lança) exige uma estrutura mais robusta.

“No entanto, esses guindastes também têm capacidade de atingir grandes alturas, com sistemas avançados de telescopagem e estaiamento quase sem limites na utilização”, considera.

PROJETOS

Contudo, é fundamental ainda entender que os diferentes tipos de guindastes de torre não representam uma evolução linear, pois são ferramentas distintas e que, por isso, devem ser selecionadas com base nas características específicas de cada projeto.

Essa abordagem garante que o modelo atenda às necessidades do canteiro, proporcionando maior segurança, produtividade e redução de custos.

Ao considerar fatores como espaço, altura e frequência de montagem, é possível otimizar o desempenho e a eficiência das operações, garantindo resultados mais eficazes em cada situação.

“A definição do guindaste de torre para uma obra deve ser baseada nas especificidades do projeto de construção”, afirma Ferreira, destacando que a decisão deve ser conjunta, entre cliente e fabricante.

“Apenas com todas as informações relevantes em mãos será possível identificar a solução mais adequada para cada projeto.”

Até porque, o modelo apropriado de lança geralmente depende da demanda de cada canteiro.

Sempre que possível, uma grua de lança horizontal certamente configura uma melhor opção de custo e produtividade (TCO), enquanto há situações em que o espaço ou a concentração de máquinas não permitem essa opção.

Lembrando que essa tarefa de seleção é crítica e exige muito critério. Em relação à segurança e confiabilidade, o maior cuidado deve ser relacionado justamente à contratação dos equipamentos que irão trabalhar na obra, geralmente fornecidos por locadoras.

No mercado, há guindastes mais confiáveis, produzidos por marcas de boa procedência, assim como equipamentos de qualidade discutível.

Na visão de Carvalho, da Locabens, o cliente brasileiro precisa questionar minimamente os fornecedores sobre marca, modelo e ano do equipamento que estão locando.

“Hoje, isso ainda não é uma realidade aqui, mas o cliente precisa saber que certos tipos de equipamentos exigem um mínimo de conhecimento antes de contratar”, adverte.

“Não é como comprar um saco de cimento ou um caminhão de pedra.”


Questionar fornecedores sobre marca, modelo
e ano do equipamento é fundamental para o resultado

Além disso, a manutenção é crucial para a segurança mesmo em equipamentos de qualidade.

Sob o prisma da Manitowoc, Neto avalia os serviços de manutenção como cruciais para a segurança e a qualidade de desempenho dos equipamentos.

“Obviamente, no caso de máquinas de qualidade duvidosa, essa questão da manutenção é ainda mais grave”, ele alerta.

Cabe citar ainda que a manutenção dessas gruas é relativamente simples quando comparada às demais, o que facilita a experiência do usuário.

A atividade deve ser organizada em diferentes rotinas, que podem ser resumidas em diárias, semanais, mensais e especiais.

“A rotina diária é executada pelo próprio operador, garantindo a verificação regular do equipamento”, diz Ferreira, da Liebherr.

Já as rotinas semanais e mensais são realizadas por técnicos da obra, que asseguram condições adequadas de operação aos equipamentos.

“Por fim, a manutenção de rotina especial é conduzida por profissionais especializados, em intervalos que variam de seis meses a um ano, para inspeções mais detalhadas”, orienta o especialista.

Para Ferreira, o atendimento das rotinas de manutenção específicas do equipamento, aliado à capacitação dos operadores e trabalhadores do guindaste de torre, é um fator fundamental para garantir a segurança e a eficiência nas operações.

A manutenção preventiva com inspeções regulares evita falhas e paradas inesperadas, além de prolongar a vida útil do equipamento.

Verificar o estado dos componentes críticos, como cabos, roldanas e freios, e realizar trocas conforme especificado pelo fabricante minimizam o risco de quebras.

Além disso, as equipes especializadas podem identificar desgastes que passariam despercebidos, contribuindo para operações mais seguras e contínuas.


MATERIAIS
Para especialistas, cabos de fibra sintética oferecem vantagens relevantes

Entre as diferentes inovações que despontaram nos últimos anos, os novos cabos apresentam uma série de diferenciais que os tornam superiores aos tradicionais modelos em aço.

Em primeiro lugar, oferecem vida útil mais longa, além de serem mais flexíveis, reduzindo as deformações ao longo do tempo e permitindo uma melhor adaptação às condições de trabalho.

O supervisor de pós-venda para guindastes de torre da Liebherr, Gustavo Ferreira, destaca que os novos cabos também permitem identificar desgastes mais facilmente, contribuindo para a segurança.

Outro benefício significativo é o ganho no desempenho. Por serem mais leves, permitem que moitões e ganchos também sejam mais leves, resultando em um aumento de até 20% na capacidade de carga.


Introduzidos há alguns anos, cabos de fibra sintética oferecem
diferenciais relevantes em operações de içamento

“A praticidade no manuseio e na manutenção é igualmente facilitadora, uma vez que os cabos não requerem lubrificação e simplificam a limpeza do equipamento”, explica o profissional, acrescentando que o baixo atrito entre os novos cabos e as polias ajuda a preservar as peças, prolongando a vida útil e a eficiência.

“Tudo isso se traduz em menor risco de acidentes durante a substituição do cabo, proporcionando um ganho adicional de segurança e velocidade ao processo.”

Para o gerente de produtos da Manitowoc no Brasil, Francisco de Souza Neto, os cabos de fibra sintética possuem vantagens como o baixo peso e a flexibilidade, proporcionando maior vida útil aos equipamentos.

“Mas o custo desses cabos ainda é elevado”, acrescenta. “E ainda há pouca informação para entender que a durabilidade é superior, bem como o histórico de manutenção.”

Nos últimos anos, ele comenta, os modelos de torre da marca Potain trouxeram um avanço significativo em termos de novas tecnologias, “que proporcionaram redução no consumo de energia e aperfeiçoaram monitoramento, eficiência e recursos de segurança”.


Saiba mais:
Liebherr: www.liebherr.com
Locabens: www.locabens.com.br
Manitowoc: www.manitowoc.com

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