Ao esbanjarem versatilidade, as escavadeiras conquistaram um lugar no topo do ranking entre as máquinas mais procuradas nos canteiros.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), essas máquinas representam cerca de 30% da demanda nacional de equipamentos de construção, enquanto em outros países a participação está acima de 50%.
“No longo prazo, é provável que ocorra aqui o mesmo que em boa parte do mundo, com as escavadeiras se tornando o equipamento predominante”, prevê Thomás Spana, gerente de marketing da divisão de construção da John Deere para a América Latina.
A tendência se justifica. Afinal esse tipo de solução multiúso permanece em evidência mesmo diante do ac
Ao esbanjarem versatilidade, as escavadeiras conquistaram um lugar no topo do ranking entre as máquinas mais procuradas nos canteiros.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), essas máquinas representam cerca de 30% da demanda nacional de equipamentos de construção, enquanto em outros países a participação está acima de 50%.
“No longo prazo, é provável que ocorra aqui o mesmo que em boa parte do mundo, com as escavadeiras se tornando o equipamento predominante”, prevê Thomás Spana, gerente de marketing da divisão de construção da John Deere para a América Latina.
A tendência se justifica. Afinal esse tipo de solução multiúso permanece em evidência mesmo diante do acelerado avanço tecnológico, que gera uma gama crescente de máquinas capazes de executar funções distintas e específicas.
Isso pode ser explicado por particularidades das escavadeiras, como a capacidade de utilizar uma série de implementos (rompedores, garfos, garras, caçambas especiais etc.), que ampliam o leque de aplicações.
“Para muitos clientes, especialmente empreiteiras e operadores independentes, isso gera um excelente equilíbrio entre custo, produtividade e durabilidade, pois a máquina pode trabalhar em diversas frentes e dificilmente fica parada pela falta de uso”, afirma Marcelo Mota, especialista de marketing de produto da New Holland Construction.
Assim, as escavadeiras têm demanda garantida em setores estratégicos, como construção civil, mineração, agronegócio, infraestrutura e saneamento.
“Elas seguem sendo fortemente procuradas pela capacidade de executar múltiplas funções, como escavação, transporte de materiais e até demolição, o que assegura sua relevância no mercado”, comenta Jabur Mansur, coordenador de inteligência de mercado da Liebherr.
A família também se destaca pela padronização operacional, uma vez que se trata de uma máquina amplamente conhecida, fazendo com que as empresas reduzam riscos e custos de treinamento para lidar com tecnologias ainda pouco difundidas.
Mas isso não significa que os projetos não avancem. Atualmente, é possível encontrar opções que incorporam telemetria, automação de movimentos, controle de profundidade e assistência de nivelamento, entre outras.
“Esses sistemas têm melhorado a eficiência e a segurança”, aponta Marcelo Rohr, especialista em marketing de produto da Case CE.
“Não é novidade que o trabalho de movimentação de terra foi otimizado pelas escavadeiras”, complementa o especialista da Caterpillar, Maurício Briones, advertindo que é importante aplicar o modelo correto para cada necessidade.
EFICIÊNCIA
Atentas a esse mercado, as fabricantes apostam em inovações técnicas e de projeto para melhorar o desempenho e, de quebra, diminuir as despesas operacionais. Um dos focos está na redução de consumo de combustível, um dos itens mais sensíveis da planilha de custos das empresas.
As novas escavadeiras da John Deere, por exemplo, prometem reduzir o consumo em até 10%, quando comparadas aos modelos anteriores da marca. “Isso é possível graças à otimização do motor e maior eficiência hidráulica, que mitigam o desperdício de energia”, explica Spana.
Na New Holland, as escavadeiras da Série C EVO já foram desenvolvidas com foco em eficiência energética e menor custo operacional.
Segundo Mota, um dos destaques é o Sistema Hidráulico Inteligente Sumitomo (SIHS), responsável pelo controle automático de vazões e pressões, de acordo com a demanda.
“A tecnologia permite que o sistema hidráulico opere de maneira mais eficiente, reduzindo perdas e otimizando o desempenho”, ele observa.
Por sua vez, Rohr informa que os motores das escavadeiras da Case receberam ajustes para melhor adaptação às diferentes condições operacionais e ambientais, adequando o torque e a potência durante a operação.
“Essa flexibilidade operacional do software assegura uma redução média de 14% no consumo, se comparada à série anterior”, assegura o especialista, destacando ainda que a marca também adicionou novas funções operacionais, como “Auto Energy Saving” (que reduz a rotação do motor ao se soltar o joystick) e “Swing Relief Control” (que gerencia a potência hidráulica durante o movimento de giro).
Já na Caterpillar, níveis mais baixos de consumo são atingidos graças à tecnologia de fabricação de motores e sincronicidade com o sistema eletro-hidráulico, revela Briones.
Além disso, as máquinas apresentam tecnologias exclusivas como o modo smart, que regula a potência conforme a demanda. Isso acontece por meio de leitura e análise dos algoritmos gerados pelo equipamento, sem intervenção humana.
“Outra forma de reduzir o consumo é usar soluções que diminuem ou até eliminam o retrabalho em certas operações”, diz.
Mas a redução no consumo não é a única preocupação das fabricantes. Outro quesito relevante é a produtividade oferecida pelos equipamentos.
Na Liebherr, isso é garantido por avanços tecnológicos que permitem otimizar aspectos como desempenho, precisão, velocidade e economia.
“Além do sistema hidrostático, integramos todas as funcionalidades em um único display”, detalha Mansur.
Por meio da tela, ele prossegue, é possível definir modos de trabalho, acessar câmeras de monitoramento e conferir detalhes do funcionamento.
“Além disso, o novo sistema Modetronic permite configurar a máquina de acordo com a forma de condução e a aplicação em que a escavadeira se encontra”, complementa.
Flexibilidade operacional de software também assegura redução significativa de consumo. Foto: CASE CE
RECURSOS
Automação e controle inteligente também integram a oferta da Case para melhorar a produtividade das máquinas.
Rohr conta que a chave para isso é a integração de sistemas automáticos de controle, que permitem obter operações mais precisas, reduzir erros e aumentar a rapidez nas escavações.
Como exemplo, ele cita o aplicativo MyCase, “que torna possível monitorar o desempenho dos equipamentos em tempo real, auxiliando no ajuste da abordagem conforme a necessidade”.
Ainda na CNH Industrial, o sistema Powerboost da New Holland – disponível na Série C EVO – promete elevar a pressão hidráulica em até 10%, sempre que a operação exigir maior força na escavação.
“O aumento ocorre de maneira automática, dispensando intervenções do operador, o que garante agilidade e facilidade no dia a dia”, explana Mota, indicando que as máquinas têm três modos de trabalho, que se adaptam às diferentes aplicações.
“O Modo A oferece ao operador controle total da rotação do motor, enquanto o Modo H prioriza a força de desagregação e o Modo SP foca na velocidade de giro”, ele esmiuça.
Redução do consumo é obtida por meio da otimização do motor e da eficiência hidráulica. Foto: CATERPILLAR
Já as escavadeiras que integram a linha P da John Deere trazem maior torque e velocidade de giro, o que resulta em um desempenho mais ágil e preciso. “Isso possibilita ciclos de trabalho mais rápidos, ampliando significativamente a produtividade”, garante Spana.
Com objetivo de otimizar a disponibilidade e reduzir intervenções, os novos modelos contam ainda com componentes mais robustos e duráveis.
“São empregados pinos cromados em todas as articulações e chapas de desgaste de alta resistência, que aumentam a vida útil das caçambas entre 30% e 40%”, acrescenta.
Na oferta da Caterpillar, as mesmas tecnologias que colaboram para a redução do consumo também atuam para aumentar a produtividade.
“Isso não significa apenas aumentar a quantidade de material movido por hora, mas também eliminar retrabalho, reduzir erros de operação ou carregar com maior precisão”, enumera Briones, mencionando que é possível elevar a produção sem a necessidade de aumentar o porte dos equipamentos.
DEPRECIAÇÃO
Se, por um lado, os avanços tecnológicos elevam o valor agregado das escavadeiras, por outro existem situações que colaboram para depreciar o equipamento.
Para evitar que a máquina sofra precocemente com avarias, um dos principais cuidados envolve o material rodante e itens como caçambas, dentes e filtros.
“O sistema hidráulico e o motor também podem sofrer danos irreversíveis se submetidos a contaminantes externos, como combustíveis de baixa qualidade ou entrada de poeira”, orienta Mota, da New Holland, ressaltando a importância de seguir à risca as diretrizes dos manuais.
Da mesma forma, a operação em ambientes agressivos pode acelerar o desgaste ou danificar a estrutura e/ou componentes do equipamento.
É o caso de solos rochosos ou aderentes, extremamente duros ou que grudem nas superfícies da escavadeira, provocando danos e aumentando a necessidade de manutenção.
Já ambientes insalubres, com altas temperaturas ou umidade elevada, têm potencial de sobrecarregar os sistemas de resfriamento e hidráulico da máquina, levando a falhas mecânicas, corrosão em partes metálicas e danos em componentes elétricos, o que pode gerar superaquecimento.
Nesse sentido, é essencial que a configuração seja pensada de acordo com a aplicação, adicionando eventuais proteções, além da seleção de implementos e ferramentas condizentes com a tarefa executada.
“Outro ponto essencial é a realização de inspeções e manutenções preventivas de maneira regular”, complementa Mansur, da Liebherr.
“As condições de trabalho e a forma de aplicação também têm impacto, como o risco de queda de materiais sobre a escavadeira em operações de demolição ou construção pesada, por exemplo”, acrescenta Rohr, da Case.
“Outros problemas que aceleram a depreciação incluem manuseio de cargas além dos limites da máquina, uso de peças de baixa qualidade e exposição a produtos químicos corrosivos.”
Sincronicidade com o sistema eletro-hidráulico também otimiza a eficiência energética. Foto: LIEBHERR
Além das preventivas, os especialistas recomendam a inspeção regular – incluindo eventuais ajustes – na tensão das esteiras. Spana explica que o profissional que lida diariamente com o equipamento deve avaliar sinais de desgaste, rachaduras e danos.
Detectar e resolver situações como essas precocemente evita reparos mais demorados e caros.
“Do mesmo modo, a tensão inadequada pode resultar em desgastes irregulares e falhas prematuras”, complementa o especialista da John Deere.
No que se refere ao material rodante – uma das partes mais críticas e onerosas da escavadeira – é recomendado remover o acúmulo de material, que pode aumentar o desgaste, assim como verificar o estado de sapatas, roletes, rodas-guia, roda motriz e elos da esteira, sempre procurando por trincas, folgas, parafusos soltos ou peças tortas.
“Na maior parte do tempo, as escavadeiras trabalham paradas, de modo que seu material rodante não foi projetado para longos deslocamentos ininterruptos”, lembra Mota. “Para trechos longos, o mais indicado é usar caminhão.”
A conservação exige ainda evitar manobras bruscas e curvas fechadas (que aumentam o desgaste das esteiras) e trabalhar em terrenos nivelados (para reduzir a tensão no rodante), além de sempre promover o ajuste adequado das esteiras.
TECNOLOGIA
Uso de telemetria exige análise confiável dos dados
Análise de dados é crucial para a efetividade da tecnologia embarcada. Foto: CATERPILLAR
Há tempos, a telemetria está entre as principais soluções adotadas pelo setor com foco na gestão da operação com escavadeiras.
Afinal, a tecnologia embarcada oferece recursos como monitoramento de consumo, geolocalização em tempo real, relatórios de horas trabalhadas, planejamento de manutenções preventivas, configuração de cerca eletrônica para controle de uso e segurança, além de alertas de falhas e análises de desempenho.
Para Maurício Briones, especialista da Caterpillar para escavadeiras, o aumento da popularidade desse tipo de recurso ocorre pela facilidade de transmissão de dados via 4G e bluetooth, entre outros.
“Porém, transmitir os dados não significa nada se o cliente não possui uma plataforma amigável e confiável para analisar e tomar decisões diante de tantas informações disponíveis”, adverte.
MERCADO
Atividade no 1º bimestre traz ânimo ao setor
Embora os indicadores projetem desaceleração na atividade econômica, o 1º bimestre de 2025 surpreendeu as fabricantes, com crescimento acima do esperado, conforme apontam dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
“Com crescimento de 13% ante 2024, o mercado de escavadeiras representa uma parcela significativa dentro da gama de produtos da indústria”, comenta Rohr, da Case CE. “Por isso, é preciso ficar atento às oportunidades desse segmento para o restante do ano.”
Na avaliação de Mota, da New Holland, o cenário é positivo com projetos nas áreas de logística, infraestrutura, saneamento, habitação e energia.
“Construção e mineração continuam como pilares importantes, tanto pelo volume de obras em andamento quanto pela necessidade de renovação e modernização de equipamentos”, avalia.
“O setor mineral, em especial, segue aquecido com foco em exportações e ganho de produtividade nas operações”, pondera Mota, apontando ainda o crescimento contínuo da locação, impulsionada por pequenas e médias construtoras.
Mercado de escavadeiras representa parcela significativa na gama de produtos da indústria. Foto: CNH
Apesar do ânimo, o especialista prega atenção por conta da oscilação cambial, que pode impactar o custo da importação de componentes e equipamentos, influenciando diretamente a precificação no mercado interno.
“Além disso, questões ligadas ao comércio internacional e à indústria de base podem trazer variações inesperadas”, completa.
Para Spana, da John Deere, “as perspectivas para o ano são positivas devido ao aumento da demanda por infraestrutura, urbanização e expansão do agronegócio”.
Nesse sentido, tendem a se destacar os equipamentos mais eficientes e com menor custo operacional. “Cada vez mais, o mercado brasileiro tem buscado tecnologias que promovam a sustentabilidade, a conectividade e a automação”, conclui Mansur, da Liebherr.
Saiba mais:
Case CE: www.casece.com/pt-br/southamerica
Caterpillar: www.caterpillar.com/pt
John Deere: www.deere.com.br
Liebherr: www.liebherr.com.br
New Holland Construction: https://construction.newholland.com
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade