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Webinar discute os impactos da Covid-19 no setor

O economista Luís Artur Nogueira traçou prognósticos sobre a reação do mundo ao coronavírus, os impactos na economia brasileira e o cenário pós-crise na construção imobiliária e na infraestrutura

Redação M&T

21/04/2020 11h00

Com o objetivo de debater o momento atual e antever os desdobramentos econômicos da crise sanitária ocasionada pela Covid-19, a Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas) e a Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) realizaram um webinar no dia 15 de abril com a participação de diversos profissionais do setor.

Primeiro evento online promovido pelas entidades, o webinar foi transmitido por seus canais no Facebook e no Youtube, registrando audiência expressiva de representantes de locadoras, construtora

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Com o objetivo de debater o momento atual e antever os desdobramentos econômicos da crise sanitária ocasionada pela Covid-19, a Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas) e a Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) realizaram um webinar no dia 15 de abril com a participação de diversos profissionais do setor.

Primeiro evento online promovido pelas entidades, o webinar foi transmitido por seus canais no Facebook e no Youtube, registrando audiência expressiva de representantes de locadoras, construtoras, fabricantes de equipamentos e demais envolvidos com a cadeia produtiva da construção e mineração.

Em sua palestra, o jornalista e economista Luís Artur Nogueira apresentou um panorama sobre o cenário atual, abordando tópicos como a reação do mundo ao coronavírus, os impactos da crise sanitária na economia brasileira e o cenário pós-pandemia na construção imobiliária e na infraestrutura.

Na abertura, o presidente da Analoc, Reynaldo Frahia, lembrou que o setor da construção vinha se recuperando da crise recente no Brasil, decorrente de cinco anos de recessão, mas enfrenta agora outra turbulência, que dessa vez não atinge apenas o país, mas todo o planeta.

“Porém, acredito que essa crise tem um diferencial que é sua curva de retomada, que tende a ser muito mais rápida”, afirmou.

Para Afonso Mamede, presidente da Sobratema, todos os agentes do setor vivem um cenário de incertezas, diante de inúmeras dúvidas sobre como agir no médio e longo prazo.

Segundo ele, já existem indicadores que sinalizam mudanças nas atividades profissionais e no próprio setor. “Na história da humanidade, a chegada de novos tempos sempre vem acompanhada pelo fim de muitas rotinas que estávamos acostumados, com a ascensão de outras que estavam nascendo”, comentou.

Cenário mundial
Segundo Luís Artur Nogueira, o mundo fechou para balanço, mas apenas temporariamente, pois será reaberto assim que a pandemia do Coronavírus permitir, o que já começa a ser visto em alguns países da Europa e, especialmente, na China.

De acordo com o especialista, a economia global já vinha desacelerando devido à guerra comercial entre EUA e China. “Se não tivéssemos a pandemia por consequência da Covid-19, a economia global cresceria apenas 2%, o menor avanço nos últimos 10 anos”, afirmou o economista.

“Assim, já não seria um ano fácil, mas além de crescermos em uma média baixa, agora teremos uma recessão por causa do Coronavírus.”

Para Nogueira, o que vai definir a intensidade da recessão mundial neste ano será a capacidade de recuperação da China e o tamanho do tombo dos EUA, ainda a maior economia do mundo.

De acordo com o FMI, ele ressaltou, a economia americana vai encolher em torno de 6% em 2020. “em março, o setor industrial dos EUA registrou o pior resultado desde 1946”, afirmou, destacando ainda que a recuperação será vital nas eleições deste ano.

“Já a China, epicentro do Coronavírus, tem projeção de crescimento de apenas 1,2% em 2020, mas não vai ficar abaixo de zero”, completou.

Brasil
Para Nogueira, o Brasil sofrerá uma recessão econômica em 2020, com o encolhimento do PIB em torno de 4%. Os primeiros impactos na economia, sublinhou, foram o aumento do dólar, a queda nas bolsas e o fechamento de fábricas e lojas.

Para tentar amenizar os impactos, o especialista ressaltou que o governo vem tomando medidas econômicas como redução dos juros e depósitos compulsórios pelo Banco Central, assim como facilitação para aquisição de empréstimos do BNDES, redução parcial de jornada de trabalho e de salários, aumento da abrangência do Bolsa Família, antecipação de parcelas do 13º para aposentados e suspensão temporária de dívidas dos estados e municípios.

“Mesmo assim, o governo precisa acelerar a transmissão do dinheiro até a ponta final, fornecer créditos sem garantia para as pequenas empresas e turbinar o investimento público em infraestrutura”, sugeriu Nogueira.

“Além disso, é necessária uma união política nacional, com um discurso de previsibilidade. Está na hora de encerrar o jogo político e promover a união de todos os poderes em torno de um único país, o Brasil”, disse ele.

Construção
De acordo com o economista, o setor da construção pesada ainda vinha engatinhando, sem apresentar uma recuperação consistente.

Para o segundo semestre, ele frisou, o Ministério da Infraestrutura prometeu lançar um pacote de obras com investimento público, permitindo que órgãos como DNIT, Infrarero e Valec contratem empreiteiras médias. Essas obras terão foco em estradas, aeroportos, ferrovias e portos, ou seja, na logística de transporte.

“Segundo o Ministério, serão tocados 44 projetos de concessões no 2º semestre, totalizando R$ 101 bilhões em investimentos ao longo dos próximos anos”, disse.

Em relação à construção imobiliária, Nogueira frisou que o setor vinha em recuperação nos últimos meses, com recorde de lançamentos residenciais e comerciais, o que permitiu que mantivesse obras em andamento neste ano.

“A construção civil está trabalhando, pois faz parte dos serviços essenciais, mas a questão é que as incertezas paralisam novos lançamentos”, pontuou.

Para ele, a velocidade de recuperação dependerá da capacidade do país em salvar companhias e trabalhadores. “Não haverá recuperação se quebramos o setor produtivo”, disse.

“A bola está com o governo. Quanto mais eficiente for o trabalho da equipe econômica em injetar dinheiro na economia e blindar empresas e consumidores, mais rápida será a recuperação”, finalizou.

Cobertura
Além de reportagens especiais sobre os efeitos da pandemia no setor, a edição de maio da Revista M&T também traz a cobertura completa do webinar, que pode ser acessado na íntegra neste link: https://www.youtube.com/watch?v=WXhJWNZSrwI

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