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BW Talks debate os impactos ambientais da Covid-19 na construção

Especialistas falam como esse momento poderá contribuir para a construção de um cidade mais sustentável pós pandemia

Redação M&T

12/05/2020 11h00 | Atualizada em 12/05/2020 12h57

O 2º Webinar BW Talks evento realizado pela Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, teve como tema principal os Impactos Ambientais da Covid-19 no Setor da Construção.

O Webinar aconteceu no dia 6 de maio e contou com a participação dos especialistas que participarão da feira BW W Expo 2020 – 3ª Biosphere World – Expo e Summit de Tecnologias para a Sustentabilidade do Meio Ambiente, realizada pela Sobratema (agendada para outubro 2020), abordando sobre os desdobramentos do isolamento social nas cidades e nos ambientes construídos.

Esse é o segundo BW Talks, que por

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O 2º Webinar BW Talks evento realizado pela Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, teve como tema principal os Impactos Ambientais da Covid-19 no Setor da Construção.

O Webinar aconteceu no dia 6 de maio e contou com a participação dos especialistas que participarão da feira BW W Expo 2020 – 3ª Biosphere World – Expo e Summit de Tecnologias para a Sustentabilidade do Meio Ambiente, realizada pela Sobratema (agendada para outubro 2020), abordando sobre os desdobramentos do isolamento social nas cidades e nos ambientes construídos.

Esse é o segundo BW Talks, que por conta da pandemia da Covid-19 foi realizado de forma on-line.

Afonso Mamede, presidente da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, começou o Webinar falando que o futuro do meio ambiente está imerso ao mesmo tempo em convicções e dúvidas.

“Estamos vivendo em um cenário diferente, ou seja, nossas dúvidas cresceram e as convicções diminuíram, mas, a experiência da Covid-19 nos ajudará a turbinar algumas tendências que estavam em curso e que sem esse momento demorariam para serem colocadas em prática”, afirma.

Para o início das apresentações, foram lançadas para os participantes algumas perguntas. Entre elas, foi a sobre quais os impactos do isolamento social para as cidades no médio e longo prazo.

Para o arquiteto e urbanista Daniel Corsi, após a Covid-19 as relações humanas e especialmente o funcionamento das grandes cidades irão mudar. Segundo Corsi, haverá um maior descentralização dos polos urbano, e as cidades passarão a ser mais policêntricas.

“É preciso entender que não é viável concentrar tudo na região central de uma cidade, ela precisa funcionar de uma forma mais diluída, em que as pessoas consigam resolver todos os serviços básicos em no máximo 15 minutos da sua residência”, afirma.

De acordo com Ulysses Mourão, curador do Núcleo Temático da BW Brownfields (áreas degradadas), engenheiro civil e de segurança, e executivo da Geoklock que atua no mercado de obras ambientais e geotecnia, a recuperação das áreas degradadas em uma cidade pode contribuir para a construção de uma cidade mais policêntrica.

“Os brownfields não eram espaços tão atrativos, por questões econômicas e de localização, além de questões jurídicas e ambientais, mas, estamos percebendo que esses locais passaram a gerar interesses”, diz.

Desperdício
Outro tema debatido foi sobre o estigma enfrentado pela construção civil de ser uma atividade que desperdiça muito dos seus recursos.

De acordo com o especialista em arquitetura, Marcelo Nudel, a crise econômica originada pela Covid-19 está mostrando para as pessoas sobre a real necessidade do consumo, passando assim a consumir o que é realmente necessário, sem desperdício.

“O consumo e a quantidade de resíduos gerados e reaproveitados fazem parte da consciência da preservação ambiental”, afirma. “Estamos percebendo com essa crise que a humanidade é vulnerável, se um vírus está provocando isso, imagine quando sofrermos ainda mais diretamente com as mudanças climáticas”, explica.

Mas, primeiramente, é preciso uma participação maior do governo e das empresas no papel de estimular e agir sobre as questões ambientais, enfatizando o papel do estado na criação de políticas públicas que contribuam para a conservação do meio ambiente, além de cuidar do essencial para a população.

“É necessário resolver atividades básicas e essenciais em uma cidade, como saneamento, segurança para a população, só assim iremos conseguir atingir a preservação ambiental como um todo”, comenta.

“Outro ponto, se os governantes não buscarem a conservação do meio ambiente pelo fator correto, que é manter nossos bens naturais, é preciso que eles pensem na economia, pois, pois se acabarmos com os recursos naturais, não teremos como consumi-los”, aponta Nudel.

Para Hewerton Bartoli presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), a Covid-19 veio mostrar que a humanidade é frágil, e que é preciso pensar de forma mais consciente e efetiva na preservação do meio ambiente e no reaproveitamento dos recursos.

“A construção civil não consegue dar o tratamento adequado para os resíduos, sendo assim ,é necessário pensar nos impactos dessa situação no médio e curto prazo”, comenta.

Resíduos
A importância do reaproveitamento dos resíduos na construção também foi tema do debate.

Para Bartoli, a construção civil, ao mesmo tempo que é a maior geradora de resíduos, também dá oportunidade de ser a maior consumidora dos produtos oriundos dos resíduos que ela mesma produz.

“Quando falamos em entulho, que é a palavra popular do Resíduo da Construção e Demolição (RCD) ou Resíduo da Construção Civil (RCC), podemos dizer que mais da metade dos resíduos originados em uma obra são concreto e alvenaria, e 50% a 70% desses resíduos são passíveis de beneficiamento, ou seja, é possível transformar concreto e alvenaria em brita reciclada que pode ser aproveitada na própria construção civil”, informa.

Dessa forma, explica o especialista, a reutilização dos materiais reciclados resulta em benefícios ambientais, poupando assim a existência de aterros, além de serem mais baratos.

Os especialistas também falaram sobre o uso de métodos industrializados na construção, apostando em novas maneiras de construir pós-Covid-19.

Para Bartoli, o Brasil nos últimos anos evoluiu muito nos métodos construtivos, mas, desperdício ainda é uma máxima na construção civil.

Segundo ele, o método industrializado consegue ter menos desperdício, e um menor número de mão de obra.

“Precisamos nos equiparar com outras indústrias, como a automobilística, por exemplo, que desperdiça menos de 1% dos seus materiais. O índice médio de desperdício na construção civil é de 20% a 30%. Acredito que Covid vai ajudar a pensarmos nos diferentes tipos de métodos construtivos, ou seja, teremos mais obras usando material reciclável, por consequência, ao pensarmos mais na utilização do resíduos, cresceremos mais como mercado e como sociedade”, finaliza.

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