Em cerimônia realizada na capital paulista, a JAC Caminhões oficializou sua entrada no competitivo mercado brasileiro de veículos comerciais, marcando não apenas a chegada de mais uma marca, mas a introdução de um novo competidor com lastro industrial global, estratégia de investimentos robusta e um discurso focado em parceria de longo prazo.

A estreia da marca, subsidiária da estatal chinesa JAC Motors (Jianghuai Automobile Co. Ltd.), é respaldada por um plano de investimentos substancial e pela promessa de implantação de uma fábrica nacional, atualmente em fase final de estudos. Portanto, a operação em nada tem a ver com o Grupo SHC, responsável pela comercialização da linha de automóveis e de veículos comerciais elétricos JAC no Brasil.

“JAC é uma empresa estatal do governo chinês que nasceu em 1964″, contextualizou o diretor Executivo para a América do Sul, Miguel Xun, que destacou os fundamentos industriais do grupo, referindo-se à matriz em Hefei, província de Anhui.

Ele detalhou a capacidade produtiva do complexo industrial, destacando a “fábrica de cabinas, pintura e montagem mais moderna na Ásia“, com investimentos de 760 milhões de dólares, área total de 2.5 milhões de metros quadrados e capacidade anual de 200.000 unidades. A operação global, presente em mais de 130 países, conta com 27 fábricas, sendo 19 fora da China, incluindo três na América Latina, e um centro de engenharia e desenvolvimento com aproximadamente 5.000 engenheiros distribuídos em 39 centros de excelência.

Xun enfatizou a trajetória de inovação e parcerias estratégicas da marca, como a joint-venture para veículos elétricos com a Volkswagen (2017), o desenvolvimento de motores a diesel com a CNHTC, e o recente acordo com a Huawei para a linha de luxo “Maestro”.

“Nossa linha global é completa: caminhão leve, médio, pesado, picape, carros e ônibus“, afirmou, antes de apresentar resultados expressivos em outros mercados, como a liderança no Qatar e na Argélia (com 40% de participação de mercado), entrada com caminhões elétricos na França e Espanha, e posições de destaque na América do Sul, como liderança no segmento de caminhões no Chile e no Uruguai, e a terceira posição entre todas as marcas na Colômbia.

A estratégia de desembarque no Brasil foi anunciada por meio de uma mensagem em vídeo de Leo Zeng, vice-presidente da JAC International, que definiu o movimento como “um passo estratégico apoiado por um robusto plano de investimento.

O executivo reiterou o compromisso de longo prazo com o país, citando a geração de empregos, o desenvolvimento da cadeia de fornecedores e o aporte ao crescimento da indústria nacional.

“Estamos chegando com um portfólio de produtos desenvolvidos para entregar produtividade e baixo custo operacional “, declarou.

No plano comercial, Adriano Chiarini, diretor Comercial da JAC Caminhões Brasil, traçou a tática de penetração no mercado.

Com o parque brasileiro de veículos de carga com idade média superior a 10 anos e mais de 60% da carga movida por rodovias, a marca identifica uma janela de oportunidade para a renovação da frota nacional de caminhões.

“Nosso foco inicial são veículos movidos a diesel. Queremos gerar valor com produtos tecnológicos, acessíveis e eficientes “, explicou Chiarini.

A meta é atingir 5% do mercado nacional em até cinco anos, começando com uma linha de produtos que cobre mais de 50% do mercado atual, com ênfase nos segmentos de médio porte (como o de 11 toneladas) que têm registrado crescimento.

Para viabilizar as vendas, a empresa estruturou um pacote integrado de serviços, incluindo produtos financeiros próprios, como o Consórcio Nacional JAC Caminhões, opções de locação que contemplam até os implementos a serem utilizados na operação, e uma plataforma de telemetria e rastreamento batizada de “JAC Conect“.

“Construímos um modelo de negócio a longo prazo. Nossa missão é colaborar com o meio ambiente e a sociedade para um futuro melhor, oferecendo um excelente parceiro de estrada e de negócios “, concluiu Chiarini.