Agronegócio
DCI
26/03/2018 13h58 | Atualizada em 27/03/2018 13h31
Impacto da decisão do FED. Aumento do juro pelo banco central dos Estados Unidos deve tornar o custo da emissão de bônus corporativos no exterior mais elevado, mas sem inibir exportadoras.
Os setores de uso intenso de capital – como energia, infraestrutura e do agronegócio exportador – vão manter e provavelmente até aumentar as captações de recursos no mercado de dívida em 2018.
Na avaliação de especialistas na área de mercado de capitais, a retomada da economia brasileira e queda da taxa básica de juros (Selic) devem incentivar a realização de novas ofertas de debêntures comuns, debêntures de infraestrutura e de certificados de recebíveis do agronegóc
...Impacto da decisão do FED. Aumento do juro pelo banco central dos Estados Unidos deve tornar o custo da emissão de bônus corporativos no exterior mais elevado, mas sem inibir exportadoras.
Os setores de uso intenso de capital – como energia, infraestrutura e do agronegócio exportador – vão manter e provavelmente até aumentar as captações de recursos no mercado de dívida em 2018.
Na avaliação de especialistas na área de mercado de capitais, a retomada da economia brasileira e queda da taxa básica de juros (Selic) devem incentivar a realização de novas ofertas de debêntures comuns, debêntures de infraestrutura e de certificados de recebíveis do agronegócio e imobiliários (CRAs, CRIs).
“As operações previstas para os próximos dois ou três meses vão encontrar o ponto de equilíbrio entre a motivação das empresas de captar com juros mais baixos, e a demanda dos investidores e gestores por projetos mais rentáveis”, afirma Thiago Giantomassi, sócio da área de mercado de capitais do escritório Demarest Advogados.
Na visão dele, atualmente há um “descompasso nas taxas propostas por emissores e aceitas por investidores.
“Depois de um primeiro trimestre fraco, o segundo trimestre e até julho será mais forte para emissões locais”, aponta.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic, de 6,75% para 6,50% ao ano.
Com isso, os emissores vão pagar menos juros em dívidas atreladas a taxa de mercado (DI).
Na média, as debêntures estão remunerando a 103,8% do DI, o equivalente a 6,63% ao ano (atualmente).
Na mínima, a companhia que emitiu a 100,3% do DI irá pagar 6,41% ao ano, e na máxima encontrada no mercado, de 119% do DI, o custo será de 7,6% ao ano.
Na expectativa do sócio da área de mercado de capitais da TozziniFreire Advogados, Kenneth Ferreira, os juros mais baixos podem levar os investidores a procurarem por operações incentivadas, ou seja, sem a incidência do imposto de renda.
“A retomada da economia leva dinamismo para o setor imobiliário, infraestrutura, energia elétrica e energia renovável como eólica (debêntures de infraestrutura), agronegócio, etanol, papel e celulose. As empresas vão buscar esses produtos mais estruturados com títulos incentivados para atrair os investidores”, argumenta Ferreira.
Na ponta contrária, devido à redução de projetos públicos, Ferreira identifica uma menor movimentação de concessionárias de rodovias e de companhias de saneamento básico.
“Esses segmentos são mais afetados pela incerteza política, mas devem voltar ao mercado mais para frente”, acredita.
Dados
Segundo os números da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até 28 de fevereiro, o volume em debêntures havia crescido 11,35% para o montante de R$ 8,5 bilhões, em relação ao mesmo período de 2017, com destaque para os setores de: energia; assistência médica; indústria e comércio; transporte e logística; locação de veículos e saneamento básico.
Quanto à destinação dos recursos, o investimento em infraestrutura aumentou para 21,6% do volume no primeiro bimestre de 2018, ante 7,6% nos mesmos dois meses iniciais do ano passado.
As debêntures de infraestrutura movimentaram R$ 1,9 bilhão, superior aos R$ 423 milhões registrados em igual período de 2017.
Os juros mais baixos também proporcionaram o uso maior dos recursos para capital de giro.
A participação desse item cresceu de 20,6% para 45,8% do volume na comparação entre idênticos bimestres. Na outra ponta, o refinanciamento de passivos perdeu força, caiu de 63,2% para 18,7%, e o resgate ou recompra de títulos de emissão anterior [que tinham taxas mais altas] diminuiu a participação no volume, de 7,7% no primeiro bimestre de 2017 para 6,4% nos meses iniciais de 2018.
Emissão externa mais cara
Como contraponto, a elevação dos juros nos Estados Unidos para a faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano – anunciada ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – pode tornar as captações de empresas no exterior mais custosas.
Os títulos de 10 anos do tesouro americano já prometem taxas de 2,9% ao ano. “O Fed vai seguir aumentando os juros até voltar à normalidade e enxugar a liquidez. Logo, logo também vamos ver o Banco Central Europeu (BCE), o BC inglês, e mais atrasado, o BC japonês a aumentarem os juros”, prevê Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
Mesmo com as altas lá fora, Bandeira pondera que grandes empresas exportadoras vão continuar a buscar recursos no mercado internacional. “Quem tem capacidade vai buscar lá fora. É mais vantajoso, quando se possui um hedge natural”, diz.
23 de junho 2020
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