Agronegócio
Valor Econômico
04/04/2018 09h48 | Atualizada em 04/04/2018 15h19
O atraso no plantio de soja nesta safra 2017/18 e o excesso de chuvas em fevereiro no Sul e no Centro-Oeste do país concentraram boa parte da colheita em março e motivaram forte alta dos custos para o escoamento do grão.
Com o incremento da demanda, não acompanhado pela expansão da oferta de caminhões, os fretes rodoviários no mês passado subiram ao maior patamar em dois anos. Em algumas regiões do Paraná, por exemplo, o aumento em relação ao mesmo mês do ano passado superou 40%.
"O principal fator para essa alta foi a convergência entre os picos de colheita do Centro-Oeste e do Sul, depois de um atraso geral. Normalmente, os trabalhos no campo e a nec
...O atraso no plantio de soja nesta safra 2017/18 e o excesso de chuvas em fevereiro no Sul e no Centro-Oeste do país concentraram boa parte da colheita em março e motivaram forte alta dos custos para o escoamento do grão.
Com o incremento da demanda, não acompanhado pela expansão da oferta de caminhões, os fretes rodoviários no mês passado subiram ao maior patamar em dois anos. Em algumas regiões do Paraná, por exemplo, o aumento em relação ao mesmo mês do ano passado superou 40%.
"O principal fator para essa alta foi a convergência entre os picos de colheita do Centro-Oeste e do Sul, depois de um atraso geral. Normalmente, os trabalhos no campo e a necessidade de caminhões para o escoamento são escalonados", diz Samuel Silva Neto, economista do grupo de pesquisa e extensão em logística da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (EsalqLog/USP).
Todo esse atraso também ampliou a disputa de soja e açúcar por caminhões, já que março é o mês em que normalmente as usinas limpam seus estoques para começar a safra nova, em abril.
"Nas rotas que ligam os polos sucroalcooleiros do interior de São Paulo ao porto de Santos, houve um aumento de preços do frete para o açúcar de cerca de 30%, já que os caminhões estavam levando grãos", afirma Silva Neto.
Colaborou para esse quadro o fato de a oferta das transportadoras ter diminuído depois da crise econômica.
"Dois anos de problemas graves fizeram muitas transportadoras fecharem e caminhoneiros deixarem a profissão. Agora a retomada da economia começou, mas ainda há menos motoristas disponíveis", afirma Lauro Valdívia, técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NT&C).
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato) calcula que em algumas rotas do Estado os preços dos fretes para o transporte de soja superaram a média dos últimos cinco anos.
De Sorriso a Santos, o valor médio chegou a R$ 316,67 a tonelada em março (até o dia 23), 5,12% mais que no mesmo mês de 2017 e 0,9% acima de fevereiro. A média dos últimos cinco anos para março é R$ 301,25.
Segundo levantamento da EsalqLog, o frete subiu 2,89% nessa rota na comparação anual, para R$ 332,70 a tonelada.
A cereja do bolo foram as fortes chuvas de fevereiro em diversas regiões produtoras do Centro-Sul, que atrasaram o carregamento dos caminhões e deixaram estradas intransitáveis, adiando parte do transporte para março
"A chuva também reduz a velocidade média das carretas e aumenta o tempo nas filas para descarregar as mercadorias", lembra Thiago Guilherme Péra, coordenador técnico da EsalqLog.
Neste mês de abril, a tendência é que a alta perca fôlego em relação a março, mas isso não significa que a pressão vai acabar. Provavelmente os preços dos fretes ficarão, em média, em níveis superiores aos de abril do ano passado. "Mas o pico com certeza ficará com março", afirma Silva Neto.
Para o segundo semestre, os valores dependerão do tamanho da safrinha de milho. Mas como a colheita será menor que no ano passado, a expectativa é de queda em relação ao primeiro semestre. Mas, se o volume da safrinha ultrapassar 60 milhões de toneladas, as exportações ficarão mais aquecidas e os valores poderão ficar acima dos registrados no segundo semestre de 2017.
23 de junho 2020
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