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Fabricantes de máquinas agrícolas esperam reaquecimento do mercado

No entanto, a falta de recursos oficiais para subsidiar a aquisição de equipamentos e a alta da taxa de juros no país deverão limitar as compras, pelo menos nos primeiros meses do ano

Valor Econômico

16/02/2023 16h07

As empresas de máquinas agrícolas que participaram da Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), evento realizado no início de fevereiro, esperam um 2023 com um bom ritmo de vendas.

No entanto, a falta de recursos oficiais para subsidiar a aquisição de equipamentos e a alta da taxa de juros no país deverão limitar as compras, pelo menos nos primeiros meses do ano, conforme revela matéria do Jornal Valor Econômico.

Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que o faturamento do segmento vinha c

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As empresas de máquinas agrícolas que participaram da Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), evento realizado no início de fevereiro, esperam um 2023 com um bom ritmo de vendas.

No entanto, a falta de recursos oficiais para subsidiar a aquisição de equipamentos e a alta da taxa de juros no país deverão limitar as compras, pelo menos nos primeiros meses do ano, conforme revela matéria do Jornal Valor Econômico.

Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que o faturamento do segmento vinha crescendo forte até 2021 – quando houve alta de 48% em relação a 2020 –, o que inclusive dificultou um desempenho melhor no ano passado, quando a variação positiva foi de apenas 1,7%, para R$ 91 bilhões.

“Estamos vindo de três anos excepcionais na venda de máquinas agrícolas, mas a alta dos juros e falta de recursos oficiais para investimento começaram a ter impacto nos resultados do setor já no fim do ano passado”, diz Bastos.

Ele espera que o Plano Safra 2023/24, que entrará em vigor em julho, possa dar novo fôlego às vendas, uma vez que a taxa Selic ainda deverá ser um impeditivo para as aquisições.

“O produtor precisa de uma política pública clara. Sem recurso equalizável, fica muito difícil fazer um investimento para pagar uma taxa que gira em torno de 16% ao ano. Estamos conversando com o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] e pedindo atenção especialmente para as linhas do Pronaf e Moderfrota”, afirma.

Fernando Gonçalves, presidente da Jacto, é um dos que esperam um fluxo menor nas vendas de máquinas durante o primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado, diante de uma oferta de crédito escassa.

“Esperamos um maior volume de aquisições a partir de julho, quando teremos os recursos para financiamento do Plano Safra”, disse ao Valor, durante o evento.

Sobre as perspectivas até o fim do ano, ele lembra que a conjuntura para as matérias-primas melhorou, o que deve favorecer a manutenção dos preços das máquinas agrícolas em bom patamar.

“A oferta de componentes eletrônicos e hidráulicos para máquinas se estabilizou após dois anos de problemas. Esse é um fator que está melhor na comparação com 2022, por isso vejo boas oportunidades para as vendas neste ano”, ressalta Gonçalves.

Perspectivas – Alexandre Stucchi, diretor de vendas da Massey Fergusson, também vê essa estabilização do fornecimento de matéria-prima como um fator positivo.

Para este ano, segundo ele, o cenário melhorou, e o ambiente positivo para o agro deve motivar um novo aumento nas vendas da empresa.

“Após o crescimento do ano passado, devemos ter bons resultados mais uma vez, com a expectativa de um novo recorde na produção de grãos e uma queda nos preços dos insumos. Diante desse cenário, o produtor passa a ter uma visão melhor sobre a sua rentabilidade. Por isso vejo um incremento de 2,5% nas vendas de máquinas em 2023 no país”, diz Stucchi, citando projeções da Abimaq.

Já Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere Brasil, diz que, apesar de limitados, os recursos estão disponíveis aos produtores. No entanto, as taxas de juros praticadas não são atrativas, o que provoca lentidão nas negociações, segundo ele.

“O setor não pode ficar dependente somente dos programas oficiais de financiamento. Hoje, o custo do crédito contém o investimento”, ressalta Lopes, que ao mesmo tempo enxerga um cenário favorável para as máquinas.

“Também há fatores que impulsionam o mercado, como o aumento de área, e uma produtividade ainda muito forte. Isso encoraja o produtor a continuar investindo nos negócios. Há forças atuando nos dois sentidos e elas tendem a se equilibrar neste ano”, projeta.

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