Infraestrutura
O Estado de S.Paulo
24/10/2018 10h11 | Atualizada em 24/10/2018 13h30
Enquanto os dois candidatos à Presidência têm demonstrado preocupação com a participação de estrangeiros na infraestrutura, um levantamento mostra que o capital externo está avançando no setor.
É o dinheiro vindo de fora que tem garantido os investimentos em petróleo e gás, eletricidade, água, transporte e comunicações no país. Os estrangeiros, que em 2010 respondiam por 27% dos investimentos privados em infraestrutura no Brasil, agora, respondem por 70%.
A crise econômica e a Operação Lava Jato fizeram os investidores nacionais perderem relevância nas obras de infraestrutura. Nesse período, o volume total de investimentos
...Enquanto os dois candidatos à Presidência têm demonstrado preocupação com a participação de estrangeiros na infraestrutura, um levantamento mostra que o capital externo está avançando no setor.
É o dinheiro vindo de fora que tem garantido os investimentos em petróleo e gás, eletricidade, água, transporte e comunicações no país. Os estrangeiros, que em 2010 respondiam por 27% dos investimentos privados em infraestrutura no Brasil, agora, respondem por 70%.
A crise econômica e a Operação Lava Jato fizeram os investidores nacionais perderem relevância nas obras de infraestrutura. Nesse período, o volume total de investimentos privados anunciados no setor também despencou: de US$ 142 bilhões em 2010, para US$ 49,3 bilhões no ano passado.
Os dados são de um levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), com base nos investimentos privados anunciados para o setor e coletados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Para Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet, o levantamento deixa claro que o novo governo não pode menosprezar os investidores estrangeiros. “É preciso estimular esse investidor, porque o nacional não está dando conta.”
Os estrangeiros, segundo o estudo, têm investido mais em projetos novos – cujo potencial para gerar emprego e renda é maior – do que os brasileiros. Desde 2004, a parcela de capital externo destinada a projetos que começaram do zero foi de 28%, ante 23% do capital nacional.
Para o especialista em infraestrutura Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, o investimento estrangeiro é muito bem-vindo, desde que obedeça às leis. “Nossa infraestrutura está completamente depreciada”, diz o economista.
Neste ano, o investimento público e privado na infraestrutura deve representar 1,7% do PIB. Segundo o Ipea, seriam necessários aportes de 4,15% do PIB ao ano, por duas décadas, para modernizar o setor.
"O investimento estrangeiro é uma alternativa, não sei se para sempre, mas nessa transição, enquanto o setor público estiver muito acanhado, temos de contar com ele”, diz Frischtak.
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, Venilton Tadini, não vê problemas no avanço do investimento estrangeiro na infraestrutura. “O importante é ter agências reguladoras devidamente estruturadas”, diz.
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