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Brasil eleva vendas e ganha mais exportando aço para os EUA

Forte demanda americana e alta no preço beneficiam países que estão fora da taxação

Folha de S.Paulo

18/07/2018 10h36 | Atualizada em 18/07/2018 13h58

As siderúrgicas brasileiras ampliaram fortemente as vendas para os Estados Unidos em junho, no primeiro mês de vigência das cotas criadas pelo governo de Donald Trump para limitar a entrada de aço e alumínio do exterior.

Em relação a junho do ano passado, as exportações de aço do Brasil aos EUA quase triplicaram.

Na comparação com maio (quando a produção caiu sob impacto da greve dos caminhoneiros), as vendas aumentaram 395%, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

A alta ocorreu apesar da iniciativa do governo do republicano de frear as compras no exterior para incentivar a indústria americana

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As siderúrgicas brasileiras ampliaram fortemente as vendas para os Estados Unidos em junho, no primeiro mês de vigência das cotas criadas pelo governo de Donald Trump para limitar a entrada de aço e alumínio do exterior.

Em relação a junho do ano passado, as exportações de aço do Brasil aos EUA quase triplicaram.

Na comparação com maio (quando a produção caiu sob impacto da greve dos caminhoneiros), as vendas aumentaram 395%, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

A alta ocorreu apesar da iniciativa do governo do republicano de frear as compras no exterior para incentivar a indústria americana.

Brasil, Coreia do Sul e Argentina se livraram da tarifa extra de 25%. Mas se comprometeram em limitar as exportações à média dos últimos três anos, o que no caso do Brasil deve implicar uma redução das vendas do aço semiacabado neste ano em 7% — o que até agora está longe de ocorrer.

De janeiro a junho, as siderúrgicas brasileiras elevaram em 10% o volume de aço vendido aos Estados Unidos. Com a escalada de preços, as receitas com as exportações subiram 32,5%.

Um empresário do ramo siderúrgico contou à reportagem, sob a condição de anonimato, que, com a sobretaxa imposta à maioria dos países, todos passaram a vender aço pelo menos 25% mais caro aos EUA.

Os que ainda têm espaço dentro da cota para vender, como o Brasil, estão tentando exportar o mais rapidamente possível, para tentar aproveitar alta da demanda durante a temporada de preços elevados.

A bobina de aço laminado a quente, negociada em contratos com vencimento em julho na Bolsa de Nova York, alcançou US$ 916 (R$ 3.518) no dia 11 de julho, alta de 48% em relação à cotação esperada um ano atrás.

Alguns produtos, no entanto, como os tubos de aço revestidos sem costura, já bateram no limite. Novas vendas, só em 2019.

Os preços começaram a acelerar no fim de fevereiro, quando Trump indicou que levantaria as barreiras ao produto importado.

A alta de preços no último mês levou o secretário de Comércio, Wilbur Ross, a ameaçar punir empresas que, segundo ele, estejam lucrando de maneira ilegítima com as tarifas que elevaram do dia para a noite o aço importado em 25%.

A forte demanda por aço importado somada à limitação de oferta levou empresários americanos a especularem se o governo dos EUA vai autorizar a ampliação da compra de Brasil, Argentina e Coreia do Sul, mediante pedido de importadores locais. O Itamaraty nega que haja negociação neste sentido.

Por ora, o governo Trump tenta administrar os milhares de pedidos de importação sem taxa extra do aço vindo de países como China, Suécia, Bélgica, Alemanha e Japão. Todos estão hoje sujeitos à sobretaxa de 25%.

Em audiência no Senado americano, no último dia 20, Ross afirmou que o Departamento de Comércio recebeu mais de 20 mil pedidos de exclusão da sobretaxa por importadores americanos.

Naquele momento, o secretário disse que havia concluído a análise de 98 solicitações, das quais 42 foram aprovadas.

O efeito de alta de preços era esperado por economistas críticos ao protecionismo de Trump, que viam na tentativa de barrar importações, no momento em que a economia dos EUA acelera, um sinal verde para remarcações.

Segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação de comércio exterior do Brasil), a expectativa é que o preço do aço siga sob pressão nos EUA, na esteira do maior crescimento da economia americana, o que dará ganhos adicionais ao exportador brasileiro que ainda tiver espaço na cota para vender.

Haveria também uma razão para a alta das exportações ligada ao mercado brasileiro: os embarques foram afetados pela paralisação dos caminhoneiros e foram recompostos.

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