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Brasil comemora os 40 anos do início da obra de Itaipu

Em depoimento exclusivo, o diretor de operações da Sobratema, Hugo José Ribas Branco, relembra os momentos iniciais de uma das maiores obras de engenharia já realizadas no país

14/10/2015 13h39 | Atualizada em 27/10/2015 18h49

No dia 20 de outubro, são comemorados os 40 anos do início da construção da Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), uma empreitada que consumiu 13 milhões de m3 de betão e mobilizou cerca de 40 mil operários. Sobre este momento histórico, leia abaixo o depoimento do diretor de operações da Sobratema, engenheiro Hugo José Ribas Branco, que comandou o início da obra e rememora seus movimentos iniciais.

‘Manda brasa, Ribas!’

“Não poderia deixar de registrar o início da construção civil da Hidrelétrica de Itaipu, ocorrido no dia 20 de outubro de 1975. Por uma coincidência histórica, coube-me a honra de iniciar a obra nesta data. Como engenheiro residente da CBP

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No dia 20 de outubro, são comemorados os 40 anos do início da construção da Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), uma empreitada que consumiu 13 milhões de m3 de betão e mobilizou cerca de 40 mil operários. Sobre este momento histórico, leia abaixo o depoimento do diretor de operações da Sobratema, engenheiro Hugo José Ribas Branco, que comandou o início da obra e rememora seus movimentos iniciais.

‘Manda brasa, Ribas!’

“Não poderia deixar de registrar o início da construção civil da Hidrelétrica de Itaipu, ocorrido no dia 20 de outubro de 1975. Por uma coincidência histórica, coube-me a honra de iniciar a obra nesta data. Como engenheiro residente da CBPO na Presa Iguazu, no Paraguai – uma represa em construção para otimizar o reservatório e a energia gerada pela Hidrelétrica de Acaray –, recebi orientação do engenheiro da CBPO, Francisco Fortes Filho, então já designado diretor-superintendente do Consórcio Unicon, para deslocar-me ao canteiro de Itaipu.

Até então, o local abrigava os escritórios provisórios de engenheiros, técnicos e pessoal administrativo da Itaipu Binacional, na margem esquerda do Rio Paraná (no lado brasileiro). Assim, no dia 17 de outubro de 1975, dirigi-me ao ‘Canteiro da Margem Esquerda’ com o encarregado-geral na Presa Iguazu, Francisco Córdoba Filho, o ‘Chiquinho’, um PHD em terraplenagem. No local, encontravam-se cinco tratores Caterpillar D8K, cada um de propriedade de um dos cinco cotistas da Unicon (CBPO, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Cetenco e Andrade Gutierrez).

Na ocasião, estavam presentes os responsáveis pelos equipamentos, encarregados de terraplanagem dos cotistas. Chegando ao local, apresentei-me ao engenheiro José Roberto Camargo Monteiro, superintendente da Itaipu Binacional. Ele explicou que, conforme o contrato firmado para a execução da obra, o início estava previsto para o dia 21 de outubro de 1975, uma terça-feira. ‘Por que não iniciamos na segunda-feira, no dia 20?’, perguntei. Monteiro concordou.

Então, comuniquei que as providências formais iniciais para o início da obra estariam a cargo dos diretores da Unicon, com chegada prevista para o período da tarde do dia 20 de outubro. Comentei ainda que não dispunha de equipe de topografia, necessária para a marcação do eixo do Canal de Desvio por onde se iniciaria o desmatamento, primeira atividade da execução da obra. Ao que Monteiro respondeu: ‘Sem problemas, a topografia de Itaipu fará a locação do eixo do Canal de Desvio’.

O diretor de produção da Unicon era o engenheiro Luiz Carlos Dominici Alves, oriundo da Construtora Mendes Júnior. Ainda não o conhecia. Liguei então para Belo Horizonte e relatei o combinado com Monteiro para iniciar a obra um dia antes do previsto em contrato. Ao que Dominici respondeu: ‘Manda brasa, Ribas!’ Na manhã da segunda-feira, dia 20 de outubro de 1975, cheguei ao local onde os cinco tratores estavam estacionados, em uma meia-encosta junto a um britador ‘Marajoara’. Ali estavam os cinco encarregados dos cotistas, meu encarregado Chiquinho, eu e cerca de trinta auxiliares de serviços gerais.

Rigorosamente às 7 horas da manhã solicitei aos operadores que acionassem os motores dos D8K. Foi quando me ocorreu que as pessoas ali presentes poderiam não ter noção de que estavam por iniciar a construção de uma das maiores obras do mundo. ‘Desliguem os motores’, disse. Então, subi em um D8K e indaguei:

– ‘Meu filho, você sabe o quê estamos iniciando neste momento?’

– ‘Não senhor’, respondeu um dos encarregados.

– ‘E você, meu filho, sabe o quê iniciamos neste momento?’

– ‘Não senhor’, disse outro.

Da maneira mais simples possível, expliquei que estavam prestes a iniciar a construção da maior hidrelétrica do mundo. Todos entenderam a mensagem. Após este 'ritual', os tratores foram religados, subimos a meia-encosta e acessamos a ‘avenida dos escritórios provisórios da Itaipu Binacional’. Imediatamente, formou-se uma enorme procissão de ‘capacetes brancos’ – funcionários da Itaipu Binacional há vários meses estacionados no local e, por isso, ávidos por iniciar a obra –, que seguiu os cinco tratores.

Chegamos então ao eixo do Canal de Desvio. O encarregado Chiquinho orientou que três tratores seguissem à direita e dois à esquerda, iniciando oficialmente os trabalhos. À tarde, quando chegou a diretoria da Unicon, alguns hectares do canal já estavam desmatados. Foi assim que, um dia antes do previsto em contrato, no dia 20 de outubro de 1975, há exatos 40 anos, iniciou-se a construção desta gigantesca obra.”

*Depoimento de Hugo José Ribas Branco

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