Cenário
Valor Econômico
29/08/2018 09h40 | Atualizada em 29/08/2018 13h07
A indústria brasileira do aço terminou seu congresso anual de 2018, que aconteceu entre os dias 21 e 22 de agosto em São Paulo, com duas diretrizes claras: sem mercado interno forte o setor não sobrevive e sem a indústria de transformação o país não cresce.
Para que o consumo de aço no Brasil suba, a grande aposta é nos investimentos em infraestrutura, que desabaram nos últimos anos.
No caso da atenção ao setor produtivo, pedem segurança e simplificação tributária para haver condições isonômicas de concorrência na exportação a outros países, por exemplo.
"Quando colocamos nosso aço no porão do navio para levar ao cl
...A indústria brasileira do aço terminou seu congresso anual de 2018, que aconteceu entre os dias 21 e 22 de agosto em São Paulo, com duas diretrizes claras: sem mercado interno forte o setor não sobrevive e sem a indústria de transformação o país não cresce.
Para que o consumo de aço no Brasil suba, a grande aposta é nos investimentos em infraestrutura, que desabaram nos últimos anos.
No caso da atenção ao setor produtivo, pedem segurança e simplificação tributária para haver condições isonômicas de concorrência na exportação a outros países, por exemplo.
"Quando colocamos nosso aço no porão do navio para levar ao cliente no exterior, ao lado dele vai um pacote de 7% de resíduo tributário", reclama Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, durante o Congresso Aço Brasil 2018. "Nenhum consumidor quer pagar esse adicional, então que arca com isso é a empresa, comprimindo margens."
Esse é um dos motivos pelos quais o setor vai judicializar a decisão do governo federal, na prática, de ter acabado com o Reintegra, que compensa esse resíduo às exportadoras. Mas, por outro lado, pede que o próximo governo lide com essa situação.
No curto prazo, a saída é continuar exportando, ou o uso de capacidade da siderurgia, hoje em 68% dos quase 50 milhões de toneladas instaladas no país, será ainda pior. Werneck afirma que, cerca de 40% do que produz no Brasil está vendendo ao exterior.
"Investimos US$ 1,5 bilhão em um laminador a quente e outro de chapas grossas na nossa usina de Ouro Branco, MG, esperando crescimento do consumo de aço pelas indústrias de máquinas e equipamentos, naval e de petróleo e gás. A demanda não veio."
Para incentivar o consumo interno, os especialistas convidados pelo Instituto Aço Brasil – e o presidente do conselho da entidade, Sérgio Leite, da Usiminas – sugerem se concentrar na infraestrutura.
José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirma que é necessário estimular a participação da iniciativa privada em novos projetos, dado que o poder público está, atualmente estrangulado.
O Banco Mundial recomenda que os países invistam 3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) por ano para conseguir manter a infraestrutura já existente. Uma parcela de 5% do PIB possibilitaria um crescimento de 4% da economia.
"No ano passado, investimos só 1,4%. Se investíssemos os 5%, poderíamos ter gerado 1,7 milhão de empregos diretos, comenta o presidente do CBIC. "Só de obras paralisadas, estamos perdendo 0,65% de PIB potencial, ou cerca de R$ 42,4 bilhões anualmente."
Martins defende que a construção auxilie na formação de empregos no primeiro momento, aliviando o poder público. Mas não só seu setor se beneficiaria. Um estudo da consultoria E8 Inteligência apresentado no congresso pela diretora Eliana Taniguti mostrou o quanto a siderurgia ganharia.
Levando em conta apenas os projetos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), de R$ 94,7 bilhões em 54 obras, 410 toneladas de aço seriam consumidas a cada R$ 1 milhão investido, ou 39 milhões de toneladas ao longo dos anos. Atualmente, o país está consumindo 21 milhões de toneladas em um período de 12 meses.
16 de junho 2020
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