Com 72 h de apresentações e mais de 100 especialistas, a M&T Expo 2024 manteve a tradição de oferecer eventos relevantes de conteúdo aos visitantes. Nos auditórios do São Paulo Expo foram debatidos alguns dos temas que mais impactam o setor na atualidade, incluindo cenário de negócios, avanço do rental, assimilação de tecnologias, investimentos em modais, aderência à pauta ESG e tendências setoriais, dentre outros.
Já na coletiva de imprensa, o vice-presidente da Sobratema e da Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas), Eurimilson Daniel, deu o tom ao avaliar a necessidade de “aumentar a mecanização, a tecnologia, a organização e a responsabilidade social” para o país crescer.
“Entre os setores mais importantes da economia temos a construção e a mineração como lo
Com 72 h de apresentações e mais de 100 especialistas, a M&T Expo 2024 manteve a tradição de oferecer eventos relevantes de conteúdo aos visitantes. Nos auditórios do São Paulo Expo foram debatidos alguns dos temas que mais impactam o setor na atualidade, incluindo cenário de negócios, avanço do rental, assimilação de tecnologias, investimentos em modais, aderência à pauta ESG e tendências setoriais, dentre outros.
Já na coletiva de imprensa, o vice-presidente da Sobratema e da Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas), Eurimilson Daniel, deu o tom ao avaliar a necessidade de “aumentar a mecanização, a tecnologia, a organização e a responsabilidade social” para o país crescer.
“Entre os setores mais importantes da economia temos a construção e a mineração como locomotivas, que lideram o câmbio de exportações e, cada vez mais, demandam máquinas com menor custo e maior produtividade”, ressaltou.
MERCADO
Segundo Daniel, o mercado brasileiro vivenciou recentemente um “represamento de pedidos”, muito em função da pandemia, fazendo com que a indústria sofresse com a falta de componentes.
“Mesmo assim, tivemos um volume de 39 mil máquinas, no melhor ano da história para a venda de equipamentos”, afirmou. “Em 2023, houve um realinhamento, mas dentro da projeção de crescimento, acima de 30 mil máquinas.”
Para 2024, a previsão aponta crescimento de 7% em relação ao ano passado, com um total de 55 mil máquinas, o que – segundo Daniel – mostra o otimismo do mercado.
Para ele, o país está bem-posicionado para obter um “crescimento sustentável”, evitando as oscilações. “A indústria está investindo no Brasil, entendendo que tem espaço para continuar a crescer, mas precisamos manter o ritmo”, analisou.
Segundo o Estudo de Mercado da Sobratema, a construção (leve e pesada) absorveu 37% do mercado em 2023, com a locação chegando a 26%.
“O mercado financeiro entrou no rental, que se tornou um drive importantíssimo para a indústria, com o apoio de empresas na B3 e forte capacidade de investimento”, acentuou Daniel, que também é CEO da Escad Rental. “Por isso, é um setor que já tem maturidade para enxergar o futuro de maneira mais otimista.”
Congresso evidenciou como o rental
assume um protagonismo cada vez maior no país
Contudo, ainda há desafios. Para o presidente da Analoc, Paulo Esteves, o rental brasileiro mescla uma competitividade de 1º mundo com um ambiente de negócios de 3º mundo.
“Nossa obsessão é melhorar o ambiente de negócios, tornando-o mais profissional”, disse ele, destacando os trabalhos pela criação de uma federação nacional para o setor.
Atualmente, o rental nacional conta com 45 mil empresas, que movimentam cerca de R$ 70 bilhões por ano, incluindo companhias com alto nível de governança e outras “que sequer fazem conta”.
“Temos de criar regras comuns que beneficiem a todos, a partir de um trabalho de conscientização e educação”, ressaltou Esteves.
Outro aspecto importante é a promoção da chamada “cultura de uso”, considerando que cerca de 75% dos equipamentos seguem nas mãos do usuário final. Para os especialistas, é necessário quebrar esse conceito, gerando valor para o cliente alugar, ao invés de comprar o equipamento.
“O desafio é penetrar esse conceito, começar a se respeitar e não abaixar o preço para tomar um contrato, mas desenvolver o mercado”, reforçou o CEO da Mills, Sérgio Kariya.
Para especialistas, é necessário gerar valor para
o cliente alugar, ao invés de comprar o equipamento
LIDERANÇA
Abrindo o “10º Congresso Nacional de Valorização do Rental”, Kariya transmitiu ao público a experiência da Mills na transição para um modelo de capital aberto, focado em aquisições e expansão da atuação, superando perdas nas receitas, alavancagens e exposições críticas ao mercado pelo caminho.
Criada há 52 anos, a Mills nasceu com foco em soluções de engenharia para construção, principalmente fôrmas e escoramentos. “Nesse período, a empresa viveu altos e baixos da construção brasileira, o que trouxe um pouco de casca, com estratégias para superar os desafios”, disse Kariya.
Em 2008, no início de sua segunda passagem pela Mills, o foco do executivo foi reforçar o negócio de locação, ampliando a atuação para estruturas tubulares (montagem industrial) e plataformas elevatórias (acesso).
A partir da oferta pública de ações, feita em 2010, a empresa passou a investir nas unidades de negócios até que, em 2013, fez um “carve-out”, com a venda da unidade de manutenção e montagem (que se tornou a Priner).
“Porém, um mês após assumir a companhia, em agosto de 2014, a construção pesada entrou em crise sistêmica estrutural”, recordou.
Até então, a companhia vinha com exposição elevada, com 90% da receita proveniente da construção, especialmente em plataformas.
“Isso tornou a situação complexa em termos de alavancagem”, contou Kariya, referindo-se à dívida captada para a compra de ativos.
“Entre o último trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015, a empresa perdeu 30% da receita”, revelou.
Juntando a queda de receita à inadimplência, que pulou de 1,7% para quase 15%, tornou-se “extremamente complicado honrar os compromissos”.
“Daí, começamos um processo para desalavancar a companhia, olhando para dentro e buscando o turnaround, de fazer mais com menos, melhorar a produtividade e olhar as filiais”, destacou.
Como exemplo, ele citou o estoque de 136 mil t de fôrmas e escoramentos que havia na época, que foi reduzido para 50 mil t a partir do fechamento de filiais e venda de ativos sucateados.
“Mas o processo de buscar alternativas de receita continuava imperativo para sair da forte exposição ao setor de construção”, ponderou o CEO.
Kariya descreveu como a Mills diversificou as receitas e aumentou a carteira
CONCEITO DE USO
A chave foi penetrar no conceito de uso no acesso industrial mecanizado, fazendo com que as receitas vinculadas à construção pudessem ser reduzidas de 90% em 2014 para 25% no ano passado, ampliando a carteira para mais de 10 mil clientes.
“Hoje, 75% da receita é proveniente de diversos setores fora da construção”, contou Kariya. “Assim, a empresa não está mais exposta a um mercado ou cliente específico.”
Em 2018, a companhia começou a perceber um ponto de inflexão. Com um cenário mais positivo, a Mills decidiu juntar forças com a Solaris, em um processo de fusão com “overlap” (sobreposição) de filiais acentuado, mas também potencial de sinergia.
“A integração foi desafiadora, pois foi extremamente difícil fazer os times olharem para o mesmo lado do negócio”, relembrou. “Então veio a pandemia, que trouxe um componente adicional porque tivemos de ir para casa, mas também trouxe um ‘inimigo comum’ que fez o nosso time atuar em conjunto.”
A partir da fusão, a locadora começou a monitorar oportunidades, tornando-se generalista para abrir fontes de receita, além de adotar um conceito padronizado de manutenção e sequência de operação.
“Após reduzir a exposição a um único setor, passamos a acelerar a abertura de filiais e a capilaridade, buscando uma generalização”, continuou Kariya. O movimento diversificou as receitas e aumentou a carteira, mas o tempo médio de contratos ainda incomodava.
“Queríamos acelerar o crescimento com um olhar mais estratégico em termos de produto e presença, com mais caixa que dívida”, elucidou.
A partir disso, a Mills remodelou a marca e redefiniu a cultura interna, integrando a pauta ESG aos processos e iniciando um movimento decisivo de M&A. Em 2021, foram três aquisições, seguidas por outras duas no ano seguinte, que elevaram a frota da locadora para quase 12 mil equipamentos.
Até que a aquisição da Triengel, em 2022, marcou a entrada no mercado de Linha Amarela, expondo a locadora a setores mais complexos e com contratos mais longos.
“Como 90% do resultado da Triengel provinha do agronegócio, a receita nesse setor saltou de 1% para 10%”, sublinhou o executivo da Mills, que acaba de receber o IAPAs Award como melhor locadora de acesso do mundo.
“Como resultado dessas adaptações, hoje temos uma base robusta com escalabilidade e capilaridade, com quase 60 filiais que atendem a 1.400 cidades no país”, completou Kariya.
EMPREENDEDORISMO
Para falar de empreendedorismo, o executivo Abraham Cury resgatou na M&T Expo o histórico de criação da Tecnogera, locadora especializada em infraestrutura elétrica e eletrificação de frotas que conta com mais de 1.800 geradores a diesel e biogás, além de acessórios como transformadores e painéis.
Apresentações destacaram empreendedorismo e trajetórias de
locadoras familiares, acompanhadas com grande interesse pelo público
Criada por ele em 2008, a empresa – que deve faturar em torno de R$ 500 milhões em 2024 – ingressou recentemente no segmento de locação de plataformas elevatórias, somando mais de 2 mil unidades elétricas até o momento.
“Nossa ideia é ser protagonista, estar à frente desse movimento de eletrificação”, comentou o executivo, que utiliza baterias de lítio como fonte para a transição energética, substituindo as frotas a diesel nas obras. “Também sinto otimismo porque a cultura da locação, que antes era apenas uma tendência, acelerou demais nos últimos anos”, disse.
Com 18 filiais no país, a Tecnogera é especializada na montagem de projetos de energia de 1 a 10 MW.
“Gerar e fornecer infraestrutura elétrica é a principal dor para quem precisa tomar a decisão de eletrificação, trazendo novos desafios de autonomia e capacidade de recarga”, ressaltou Cury, que também é sócio da Vai Locar, que loca de drones a equipamentos pesados.
“É um serviço extremamente estratégico, pois as pessoas até ficam com a máquina parada, mas ficar sem energia é um outro nível de criticidade.”
Para o executivo, a pedra de toque do empreendedorismo é ter “proposta”, fundamental para “retroalimentar a cultura”, além de autoavaliação para montagem de equipe, dando preferência a perfis complementares, tanto do ponto de vista de disciplina como de metodologia.
Segundo ele, é isso que está por trás de sua trajetória, que se iniciou aos 22 anos, quando já tinha dois filhos e estava desempregado.
“Passávamos por uma situação difícil financeiramente, tornando natural o propósito da empreitada de desenvolvimento socioeconômico e geração de emprego”, recordou Cury, citando a “credibilidade” como um valor que deve ser construído ao longo do caminho, especialmente em um setor que lida com capital extremamente intensivo.
“Se não tiver credibilidade, não se consegue boa relação com fornecedores e credores, limitando a trajetória”, ponderou o executivo, que tem a meta de atingir receitas de R$ 1 bilhão até 2027.
“Também é muito importante preparar a empresa para atrair investimentos, pois é limitante investir só com capital próprio.”
FAMILIARES
Discorrendo sobre os desafios de sucessão e gestão em empresas familiares, a diretora da SH Andaimes e Escoramentos, Ruth Gelband, recuperou a história da família, desde a chegada do pai, Geraldo, que veio da Alemanha em 1937, às vésperas da segunda guerra.
Atuando com moagem, ele comprava trigo a valores fixos, moía e depois vendia no mercado.
“Mas tomou dinheiro emprestado e, quando estava moendo o trigo, veio a depressão e o mercado desabou”, ela contou em depoimento por vídeo, destacando que disso veio a lição de jamais tomar dinheiro emprestado. “Em um negócio de capital intensivo como a locação, essa lição tem sido valiosa”, observou Ruth.
Eventos de conteúdo da feira abordaram temas que integram o dia a dia das empresas de locação
Frequentando feiras na Europa, o pai fechou uma parceria com a Hennebeck, na época a maior empresa de fôrmas e escoramentos do mundo. A partir daí foi um passo até fundar a Servicon, em 1969, inicialmente com treliças e andaimes importados.
Aos poucos, a parceria se consolidou e a Hennebeck comprou 40% da empresa, que se tornou a Servicon-Hennebeck, depois abreviada para SH. Já o avô adquiriu uma pequena empresa de moagem de cal, que se tornaria a Quartzolit.
Filha única, Ruth foi treinada desde cedo para ser sucessora do pai, tendo começado a trabalhar na empresa aos 12 anos. Nos anos 90, fez economia na PUC e, entre idas e vindas na SH e na Quartzolit, atuou no mercado financeiro.
“Quando o sócio do meu pai faleceu eu passei mais um ano na empresa, mas sai de novo e fui para o banco Pactual, que foi uma escola para mim.”
Na época, o Pactual tinha um programa de Participação nos Lucros e Resultados bem desenvolvido.
“O Pactual dava o dinheiro que precisasse para operar, depois cobrava diariamente o custo desse dinheiro, que era o DCI”, recordou.
“Tudo o que se gerasse de resultado acima desse custo, tinha um percentual de participação.”
Porém, da segunda vez que saiu da SH, o pai ameaçou vender as empresas. “Achei que era blefe, até que ele vendeu a Quartzolit. Então eu disse para segurar a SH e voltei”, rememorou.
“Depois disso, consegui meu espaço e o respeito do meu pai.” Quando voltou, a empresa contava com cinco regionais separadas, “com administração complicada, inclusive com desvios”.
“Esse começo foi um batismo difícil”, diz ela, que liderou a recompra das unidades e consolidou o grupo em uma única empresa.
Como considerava a PLR excelente, Ruth decidiu implementar o modelo na empresa. Para o sistema funcionar, explicou, a remuneração variável tem de ser agressiva, com salário fixo menor que no mercado, em especial para o topo da pirâmide, acompanhado de avaliação qualitativa de desempenho e feedback.
“Ou seja, reduzir os salários fixos para oferecer algo mais interessante”, disse. “Ainda não sabíamos o nome disso, mas anos depois surgiu o conceito de EVA (Economic Value Added)”, comentou.
“Esse sistema atraiu pessoas empreendedoras, lutadoras e que confiam em si mesmas.”
Para Ruth, a vantagem de ser uma empresa familiar é que “não se investe em pessoas e equipamentos preocupados com a EBITDA do ano”, tornando possível se concentrar no longo prazo.
“Isso tem um enorme valor para uma empresa familiar”, considerou a executiva da SH, que se tornou player de destaque no segmento, com a maior rede de distribuição no Brasil e no Paraguai
“Desde que assumi, nosso faturamento em dólares cresceu dez vezes, além de chegarmos a 1.000 funcionários”, destacou.
MINERAÇÃO
Os recentes avanços tecnológicos e de sustentabilidade obtidos na indústria de agregados foram destaque na M&T Expo, assim como a conjuntura econômica do setor. Nessa linha, o “Seminário Mineração de Agregados” avaliou o cenário atual e as perspectivas do setor para os próximos anos.
Seminário trouxe atualizações sobre conjuntura,
tecnologia e sustentabilidade no setor de agregados
De acordo com Fernando Valverde, presidente da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (Anepac), embora o crescimento tenha sido modesto em 2023, com salto de apenas 3% em relação ao ano anterior e atingindo 654 milhões de toneladas – sendo 272 milhões de toneladas de brita e 382 milhões de toneladas de areia –, o setor vem se recuperando da crise.
“As perspectivas apontam um crescimento moderado de aproximadamente 5% em 2024, o que ainda não retira a indústria de agregados dos patamares de 2010”, ressaltou.
“Contudo, esse índice pode ser melhor, caso haja investimento não apenas em obras públicas, mas também no desenvolvimento urbano.”
Com foco em tecnologia e sustentabilidade, a diretora de ESG do Grupo AB Areias, Sandra Maia de Oliveira, apresentou o case de implantação de uma usina flutuante de energia fotovoltaica em uma antiga área de mineração de areia na cidade de Roseira (SP), no Vale do Paraíba.
De acordo com ela, trata-se da primeira usina solar flutuante do país, que recebeu investimentos de R$ 5,3 milhões, financiados pela agência Desenvolve SP. “Ao todo, a usina possui 8 mil m2 de área flutuante, com 1.852 módulos fotovoltaicos, que produzem 120 MWh/mês, volume suficiente para as operações”, detalhou.
Atualmente, a energia gerada no projeto é utilizada internamente pela mineradora, sendo que o excedente é comercializado para a EDP. “Diante dos desafios ambientais globais e das mudanças climáticas, é essencial repensar nossas operações e reduzir o impacto no planeta”, ponderou Sandra, que também é diretora da Anepac.
“A transição para práticas sustentáveis não é apenas ética, mas uma necessidade urgente para garantir um futuro viável aos negócios e à sociedade.”
Durante o painel, o vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Mineração e Cimento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSCM/Abimaq), Carlos Trubbianelli, avaliou que, ao abordar “os desafios do cenário atual e os caminhos que produtores, entidades e setor público devem trilhar nos próximos anos, o evento trouxe informações importantes para quem atua no setor”.
O seminário contou ainda com palestras sobre produtos, cases e tecnologias aplicadas no setor, moderadas por Trubbianelli, com destaque para fabricantes como Haver & Boecker, Superior, Furlan e Steinert.
Sustentabilidade, tecnologia e assuntos regulatórios marcaram apresentação sobre mineração
ESG
Durante o “Fórum ESG na Construção e Mineração”, os especialistas debateram as perspectivas futuras, avaliando como esses setores devem repensar as formas de obtenção de recursos minerais.
Segundo Nelmara Arbex, partner na KPMG Brazil and Americas, as empresas passaram a perceber que o modelo atual tem limitações. “Nesse modelo de desenvolvimento, continuamos fingindo que o planeta conta com recursos infinitos”, disse.
Para o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Seabra, a mineração é capaz de impulsionar o desenvolvimento, sendo que minerais como o lítio são essenciais para a transição energética.
“Mas para que a transição energética aconteça de fato, será preciso dobrar a produção no mundo para obter o suporte mínimo de recursos minerais”, ressaltou Seabra, acrescentando que o Brasil está atento ao tema, “buscando o desenvolvimento com uma exploração mais inclusiva, limpa e segura”.
Em sua fala, o diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Julio Nery, lembrou que o país tem papel fundamental nesse cenário. A mineração, especificamente, tem passado por uma transição muito forte de tecnologia.
“Depois dos desastres que tivemos no país, a maioria das empresas vem passando por um salto de tecnologia no que diz respeito à disposição de rejeitos, passando a usar pilhas”, observou. “E mesmo as barragens passaram a ser mais seguras.”
Durante o painel, o diretor do Centro de Mineração Responsável na USP, Giorgio De Tomi, advertiu que não existe desenvolvimento sustentável sem mineração responsável.
“A demanda por minérios será muito grande para alcançarmos a meta de transição energética e, por isso, precisamos estar preparados para enfrentar o desafio do ESG”, afirmou.
“Só teremos desenvolvimento sustentável se fizermos a mineração trabalhar direito, pois precisamos de metais que contribuam para a transição energética.”
Especialistas debateram o manejo sustentável de recursos na mineração e na construção
Com foco em britagem, o especialista da Metso, Gabriel Cota, apresentou um estudo sobre o desempenho do mercado de agregados.
Durante a exposição, Cota citou o modelo LCS (Life Cycle Services), que atende a diferentes necessidades dos clientes, tanto de produção e disponibilidade de equipamentos, como de prazos de entrega, operação e manutenção.
“Essa modalidade de contrato veio de uma solução proposta em parceria com um cliente, prevendo a conversão e aplicação de estéreis em obras de infraestrutura na própria mina”, disse. “O objetivo é construir um contrato 100% sustentável, com reutilização de resíduos e reúso de água.”
MODAIS
Durante o “Fórum de Infraestrutura e Mobilidade”, líderes e especialistas se reuniram para avaliar avanços e estratégias de enfrentamento aos persistentes desafios do transporte urbano.
De acordo com José Eduardo Jardim, presidente do Instituto de Engenharia (IE), a expansão do metrô e da CPTM tem sido impressionante. “Hoje, atendemos mais de 5 milhões de passageiros diariamente, um testemunho do crescimento contínuo e da necessidade de expansão das linhas”, afirmou.
O secretário de Infraestrutura Urbana e Obras de SP, Marcos Monteiro, detalhou os desenvolvimentos do sistema Bus Rapid Transit, acentuando a importância de inovações tecnológicas na área.
“A implementação do BRT Aricanduva, por exemplo, é um passo crucial para melhorar a mobilidade urbana e oferecer um serviço de transporte público mais rápido, eficiente e sustentável”, comentou o secretário, destacando a complexidade das obras para a transposição do rio Aricanduva, “especialmente desafiadoras”.
Além disso, mencionou a reformulação do Terminal Parque Dom Pedro, “adaptado para atender ao aumento esperado na demanda de passageiros”.
Projetos como o BRT foram detalhados na grade de eventos da feira
O CEO da Aerom, Marcus Coester, detalhou as vantagens do aeromóvel de Guarulhos (SP), destacando a eficiência energética do projeto.
“O aeromóvel é 80% mais econômico que os ônibus convencionais, representando uma solução sustentável e altamente eficiente para o transporte urbano”, argumentou o executivo, apontando a necessidade de alternativas de transporte mais limpas e eficientes nas cidades modernas.
Por sua vez, o gerente do projeto da Linha Verde do metrô de SP, Eduardo Maggi, ressaltou a importância das máquinas pesadas nas obras de expansão do modal metroferroviário.
“A escolha e utilização adequada de máquinas é um componente essencial para o sucesso do projeto, permitindo avançar de forma eficaz e minimizar interrupções”, disse ele. “Essas tecnologias permitem executar trabalhos complexos com precisão, minimizando a perturbação na vida cotidiana da cidade.”
Clamando por mais ação do Poder Público, o vice-presidente do IE, Ivan Metran Whately, não poupou críticas à gestão privada dos transportes.
“Precisamos de uma regulação mais robusta e de uma integração eficaz dos serviços para transformar o sistema de transporte”, avaliou Whately, que também abordou a importância de um “CCO dos CCOs”, referindo-se a um Centro de Controle Operacional integrado que coordene todos os modais de transporte, “permitindo uma visão holística e um gerenciamento mais eficiente, que melhorem a experiência de viagem para os usuários e otimizem a utilização de recursos”.
TECNOLOGIA
Na abertura do painel “Abrasfe TecTalks”, o diretor executivo da Espiral, Fernando Altoe Ribeiro, discorreu sobre o impacto da norma NBR-15696 nos projetos de sistemas de fôrmas e escoramentos, atualmente em revisão. “Essa norma deve ser promulgada em novembro deste ano”, informou.
Organizado pela Abrasfe, o painel TechTalks trouxe abordagens sobre sistemas construtivos
Entre os pontos em revisão, o consultor da Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso (Abrasfe), Jefferson Carlos da Silva, citou trechos da Seção 4 da norma – que visa garantir os requisitos mínimos para a operação – e da Seção 6, focada na segurança das pessoas envolvidas.
“O Anexo F, hoje informativo, passará a ser normativo, devendo ser seguido por empresas que atuam no setor”, anunciou Silva.
Em palestra sobre segurança do trabalho com plataformas elevatórias (PEMTs), o gerente de SSMA da Mills, Jorge Luiz de Deus Pinto, destacou que as quedas continuam sendo a principal causa de acidentes, traçando um cenário em que a mecanização constitui a principal alternativa para minimizar os riscos. “Gerenciar riscos é a principal maneira de operação segura com PEMTs”, afirmou.
O diretor executivo da Mills, Mário Almeida, abordou a contratação de PEMTs com segurança. Segundo ele, “a escolha de empresas responsáveis é o que garante uma experiência de sucesso”.
O especialista dividiu o processo de locação de equipamentos em quatro etapas: cotação e negociação; entrega; uso e devolução. “A última gera menos tensões se as anteriores forem bem-conduzidas”, ressaltou.
O protagonismo dos andaimes na construção civil foi abordado por Rogério da Mata, diretor da Layher. Após narrar o desenvolvimento histórico das estruturas, ele acentuou que, ainda hoje, é intenso o uso de equipamentos rústicos ou improvisados.
“Andaimes não são apenas segurança, pois quando bem-montados e seguros podem aumentar a produtividade em até 40%”, destacou.
As soluções especiais para obras de infraestrutura foram abordadas por João Carlos Fonseca, diretor operacional da Ulma, que fundamentou o conteúdo com cases de uso não convencional das soluções.
É o caso do escoramento dos novos acessos à Rodovia Fernão Dias – atualmente em construção – a partir da Via Dutra. “O gabarito elevado de 5,6 m e a necessidade de não interditar as faixas de tráfego levaram a um escoramento aéreo, pré-montado no solo”, relatou.
Na palestra de encerramento, o gerente de logística da Metax, Daniel Alves Martins, repassou os cuidados operacionais necessários para mitigar perdas em contratos de locação, incluindo indenização.
Congressistas acompanharam as recentes atualizações tecnológicas no setor
O gerente sublinhou a necessidade de treinamentos na área logística, ressaltando que o excesso de controle, feito sem estratégia, pode impactar os prazos. “A logística da locadora precisa ter relação estreita com a da obra”, apontou.
TENDÊNCIAS
O painel “Industry4Her: Tendências para o Mercado de Construção e Mineração” acentuou como a construção civil e a mineração possuem movimentos cíclicos, com perspectivas de crescimento atreladas às condições macroeconômicas.
Nesse sentido, a economista do Bradesco, Priscila Trigo, comentou que a volta a um patamar positivo pode criar maior atratividade de investimentos nesses setores.
Citando projeções do Ministério da Economia sobre o Estoque Líquido de Capital Fixo em Infraestrutura, ela destacou o crescimento de 44,3% previsto até 2030. “Neste ano, espera-se um crescimento de 2% no PIB brasileiro”, ressaltou.
“E os cortes de juros continuam, o que é bom tanto para a construção civil, quanto para a mineração.”
Entretanto, existem questões geopolíticas que impactam a velocidade do crescimento, apontou a economista, citando a preocupação com “guerras pelo mundo, taxas elevadas de juros nos EUA e desaceleração da produção chinesa, principalmente em relação ao minério”.
Já o painel “Métodos Adequados de Resolução de Conflitos na Construção e Mineração” debateu a aplicação do mecanismo de “Dispute Board” em qualquer tipo de contrato, seja privado ou público.
O tema ganha relevância em um cenário com cerca de 22 mil obras paradas no Brasil, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Grande parte dessas obras poderia estar pronta caso a administração pública adotasse um comitê de solução de conflito desde o início dos contratos”, explicou Beatriz Rosa, membro do Dispute Resolution Board Foundation (DRBF).
“A ideia é prevenir conflitos que possam chegar ao Judiciário, paralisando as obras ou causando atrasos por conta de pendências judiciais.”
Perspectivas de crescimento foram tema de painel econômico,
assim como a resolução de conflitos, abordada em painel sobre Dispute Board
Segundo ela, todos os contratos de construção podem utilizar Dispute Boards, que geralmente são integrados por três pessoas, dois engenheiros e um advogado, que acompanham todas as etapas do contrato e ajudam a solucionar os conflitos. “Atualmente, o Dispute Board é utilizado em obras do Metrô, entre outras”, comentou Rosa.
(Colaboraram Antonio Santomauro, Marcelo Januário, Melina Fogaça, Raffael Martins e Santelmo Camilo)
ATRAÇÕES I
Cursos oferecem oportunidades de qualificação aos visitantes
Com certificados, cursos profissionalizantes incluíram aulas teóricas e práticas
Em parceria com a Associação Paulista dos Empreiteiros e Locadores de Máquinas de Terraplenagem, Ar Comprimido, Hidráulico e Equipamentos de Construção Civil (Apelmat), a M&T Expo 2024 ofereceu cursos profissionalizantes voltados para expositores e visitantes.
O “Curso de Operadores” reuniu 16 participantes em aulas teóricas sobre máquinas como escavadeiras e retroescavadeiras, abrangendo funcionalidades e normas de segurança, além de aulas práticas com acompanhamento de instrutor. Ao final do curso, os participantes receberam certificados NR-12 e NR-11.
Já o “M&T Expo Capacita” foi realizado em parceria pela 3X Mais, Apelmat e Instituto Opus, oferecendo descontos em cursos profissionalizantes durante o evento.
De acordo com Carla Nicodemus, especialista da área administrativa da Apelmat, ambas as iniciativas são pioneiras no país. “Nosso objetivo é contribuir para reduzir a falta de operadores no mercado e diminuir o desemprego no Brasil”, disse.
ATRAÇÕES II
Museu de máquinas abriga raridades
Trator 2TON de 1925 e niveladora de 1936
foram destaques do Museu de Máquinas do Brasil
Atração inédita no evento, o “Museu de Máquinas do Brasil” reuniu equipamentos antigos na área externa do São Paulo Expo, permitindo que os visitantes pudessem conferir de perto raridades como o trator de esteiras Caterpillar 2TON, fabricado em 1928, e a niveladora Caterpillar, fabricada em 1936, além de marcos como os guindastes Canguru 01 e Mack A51, da Guindastes Tatuapé, o rolo compactador Müller VAP70, produzido em 1974, a miniescavadeira Yanmar VI030-1, que chegou ao Brasil em 2001, e a tesoura Genie GS-3246, produzida há 25 anos e equipada com sistema elétrico AC E-Drive.
“Essas máquinas fazem parte da história da construção do país”, destacou Rolf Pickert, CEO da Messe München do Brasil.
ATRAÇÕES III
Demonstração de máquinas reúne 11 empresas
Na área externa, o público pode conferir diversos equipamentos em ação
Idealizada para permitir que os visitantes conhecessem as funcionalidades dos equipamentos, a “Arena de Demonstração” reuniu soluções de 11 expositores na área externa do pavilhão, incluindo Avant Tecno, BMC Hyundai, Bobcat, CHB, Colven, Lovol, Macromaq, Migra, Timber, Supress, Volvo, XCMG e Zoomlion.
No local, os visitantes puderam acompanhar em tempo real a operação de escavadeiras, carregadeiras, minicarregadeiras, basculantes elétricos, empilhadeiras, plataformas e semirreboques, além de motores, prensas, caçambas, tesouras, pinças, cavalos com munck, estações de energia e canhões de névoa.
“A arena é muito importante para o visitante, pois é o momento em que podemos ver o desempenho das máquinas”, afirmou Ivan Gonçalves, executivo de vendas de uma empresa de logística. “Vê-las funcionando é o que mais dá dinamismo à feira.”
ATRAÇÕES IV
Polo de guindastes reúne soluções para içamento de cargas
Polo de Guindastes reforçou a exposição de soluções de içamento de cargas no evento
Dentre as várias atrações inéditas da edição, a M&T Expo 2024 também abrigou o “Polo de Guindastes”, um espaço localizado na área externa que possibilitou aos visitantes conferir diversos modelos de equipamentos das marcas Liebherr, Manitowoc, Sany, Tadano, XCMG e Guindastes Tatuapé, reforçando a exposição de soluções para içamento de cargas no evento.
ATRAÇÕES V
Prêmio reconhece ações de expositores
Estande da John Deere foi um dos homenageados pela adoção de práticas sustentáveis
Os expositores Tecpolimer, Escavapeças e John Deere foram homenageados com o “Prêmio Mais Sustentável by M&T Expo” nas categorias até 100 m², de 100 m² a 500 m² e de mais de 500 m² de área, respectivamente.
Voltado exclusivamente para expositores, o prêmio reconhece esforços e impulsiona a indústria de eventos na adoção de práticas sustentáveis.
“As ações em busca da redução e compensação das emissões incluem desde a utilização de águas de reúso, consumo de energia renovável, coleta seletiva e descarte de resíduos, até a redução do uso de material impresso, uso de transporte público e montagem de estantes sustentáveis”, explicou Pickert.
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A maior plataforma da indústria
Muito acima das expectativas
Saiba mais:
M&T Expo: www.mtexpo.com.br
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
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