P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.50 - Dez/Jan 1999
Voltar
Material rodante

Vida longa para as esteiras

Como manter, recuperar e prolongar a vida útil dos componentes

Esteiras: fabricantes recomendam gerenciamento e um balanceamento adequado de seus principais componentes. Crédito (fotógrafo): Marcelo Vigneron

Por Wilson Bigarelli

Cálculos de vários fabricantes indicam que o material rodante chega a representar cerca de 50% do custo total de manutenção de alguns equipamentos, como os tratores de esteiras. Nesse sentido, um bom gerenciamento e um balanceamento adequado de seus principais componentes pode ser fundamental na redução de custos e paralisações indesejadas. O mais importante, no entanto, é definir o momento e a extensão da intervenção, através de uma manutenção programada, em face do desgaste dos principais componentes - pinos, buchas, elos, sapatas, rodas motrizes, roletes, etc -que compõem o sistema de movimentação por esteiras. Nesse momento, deve-se avaliar também a conveniência, em termos de custo benefício, de se recuperar parte do sistema em oficinas especializadas, ou simplesmente substitui-lo com peças originais ou adquiridas no mercado paralelo.
Gilberto Saraiva, diretor operacional da Pedreira Sargon, por exemplo, entende que, ao atuais preços de mercado, quando houver necessidade de uma reforma completa do “colar” (o conjunto formado por pinos, buchas e elos), o mais vantajoso é a substituição de todos os componentes. ”A recuperação do restante do conjunto, dependendo do estado, por outro lado, é bastante freqüente aqui na Sargon c na Itaquarcia (outra empresa do grupo), pois costumaapresentar uma melhor relação custo/ benefício”.
Essa flexibilidade demonstra, segundo ele, que não há qualquer prevenção na empresa em relação a componentes não originais. Saraiva diz que as várias alternativas são válidas. Ele lembra, inclusive, que atualmente uma das principais ações da empresa na manutenção de material rodante é a adaptaç&at


Esteiras: fabricantes recomendam gerenciamento e um balanceamento adequado de seus principais componentes. Crédito (fotógrafo): Marcelo Vigneron

Por Wilson Bigarelli

Cálculos de vários fabricantes indicam que o material rodante chega a representar cerca de 50% do custo total de manutenção de alguns equipamentos, como os tratores de esteiras. Nesse sentido, um bom gerenciamento e um balanceamento adequado de seus principais componentes pode ser fundamental na redução de custos e paralisações indesejadas. O mais importante, no entanto, é definir o momento e a extensão da intervenção, através de uma manutenção programada, em face do desgaste dos principais componentes - pinos, buchas, elos, sapatas, rodas motrizes, roletes, etc -que compõem o sistema de movimentação por esteiras. Nesse momento, deve-se avaliar também a conveniência, em termos de custo benefício, de se recuperar parte do sistema em oficinas especializadas, ou simplesmente substitui-lo com peças originais ou adquiridas no mercado paralelo.
Gilberto Saraiva, diretor operacional da Pedreira Sargon, por exemplo, entende que, ao atuais preços de mercado, quando houver necessidade de uma reforma completa do “colar” (o conjunto formado por pinos, buchas e elos), o mais vantajoso é a substituição de todos os componentes. ”A recuperação do restante do conjunto, dependendo do estado, por outro lado, é bastante freqüente aqui na Sargon c na Itaquarcia (outra empresa do grupo), pois costumaapresentar uma melhor relação custo/ benefício”.
Essa flexibilidade demonstra, segundo ele, que não há qualquer prevenção na empresa em relação a componentes não originais. Saraiva diz que as várias alternativas são válidas. Ele lembra, inclusive, que atualmente uma das principais ações da empresa na manutenção de material rodante é a adaptação de esteiras de D8 em suas escavadeiras Demag H 65, com assessoria de empresas especializadas. ”Algumas empresas do chamado mercado paralelo tem oferecido produtos de qualidade e nos dado um apoio muito grande no dia-a-dia.
O caso das Demag 65, segundo ele, é típico. Depois de 11 mil horas (um patamar que seria excelente para uma máquina que trabalhasse na terra e se movimentasse muito, mas não em uma escavadeira que pouco se movimenta), os diversos “links” (elos) do conjunto começaram a arrebentar, por fadiga. “A substituição pela esteira original, nesse caso, era desvantajosa, porque dependia de uma importação de alto custo (da Itália) e não nos convenceu plenamente, mesmo porque os pinos e buchas não estavam desgastados. Daí, a nossa tentativa com a esteira do D8, que é um pouco mais estreita, mas custa 40% do preço da original”.
Para o engenheiro Joaquim Marcelino Filho, o “pai” da idéia da adaptação das esteiras na Sargon e sócio gerente de uma das mais conceituadas empresas de recuperação de material rodante do mercado, a Rolink Tractors, “cada caso é um caso”. Do mesmo modo que apresentou essa sugestão para a Sargon, em muitas situações ele próprio desaconselha a adaptação e mesmo o recondicionamento dos componentes. ”Vários clientes nos procuram para dar um ‘giro de bucha ou pino’, mas nós só fazemos se não tiverem sido excedidos os limites de desgastes nos elos. Porque, em caso contrário, não será economicamente viável para ele usuário’”.
Se respeitados os limites de desgaste dos vários componentes, diz Marcelino Filho, o recondicionamento é uma alternativa vantajosa. ”Se não forem ultrapassados os indicadores de desgaste recomendados pelos fabricantes, o material rodante recondicionado pode ganhar uma vida útil adicional de 75 a 80%, a um custo de 43 a 53% de um componente novo”, garante ele.

Material rodante das escavadeiras Demag, da Sargon

Para tanto, o melhor procedimento, ainda é o de uma manutenção preventiva rigorosa, com acompanhamento e medição constante, o que de resto garantirá uma melhor disponibilidade do equipamento de maneira geral e o momento ‘ótimo’ para a intervenção.
Ele entende que o “giro” dos pinos e buchas, por exemplo, deveriam ser feitos, no máximo, até 105% dos níveis de desgaste da Tabela Caterpillar para se obter uma boa performance na segunda vida e um menor custo. "Nesse momento, seria importante fazer orodízio dos roletes inferiores das extremidades para a parte central dos trucks".
Outra dica de Marcelino Filho: quando for feita a manutenção do material rodante, é necessário que todos os componentes sejam avaliados e, eventualmente, recuperados, para que se obtenha um equilíbrio e a mesma performance de vida em todos. Isso vale, inclusive, para os trucks, cujos desgastes podem e devem ser corrigidos também nessa mesma ocasião.
E evidente, diz o engenheiro da Rolink Tractors (e profissional da Camargo Corrêa por mais de 30 anos), que qualquer processo de recondicionamento e recuperação de material rodante não pode prescindir da qualidade. Segundo ele, sobre esse aspecto, vários itens devem ser observados pelos usuários quando recorrerem a uma oficina especializada. A começar pelo tipo de “fluxo” utilizadono processo de revestimento que deve ser obtido com a utilização de uma liga especial, com dureza e resistência à abrasão superior a 20% do padrão normal.
É preciso se verificar também se a empresa não tem por hábito reaproveitar as “cascas” (através da moagem das escórias) provenientes do processo, pois isso irá alterar a liga original.
Há também, é claro, um rigoroso check list que pode ser feito em relação ao controle dos parâmetros de soldagem. Em resumo, é preciso se certificar se há da parte do fornecedor preocupação em relação à amperagem, voltagem e velocidade da soldagem, além do comprimento da stak lith (distância do bico em relação ao elo) e da temperatura de interpasse. Há que se levar em conta também a existência de proteção contra imprevistos durante o processo e, principalmente, um controle de resfriamento, após o término do processo de soldagem para se evitar trincas ou
“destacamentos”. “Éclaro que nada disso terá valor se não forem observados procedimentos corretos nas fases de testes e montagem, com a utilização de instrumental adequado para controles dimensionais e calibragem, e ferramental específico para montagem, testes finais e pintura”, ressalta Marcelino Filho.

Nelson de Souza Bom Jr, da Landroni

REPOSIÇÃO

No segmento de reposição de material rodante, encontramos, além do setor de recuperação ( oficinas ) e dos fabricantes originais (Caterpillar, Fiatallis e Komatsu ), os demais fabricantes. Entre os quais, a Landroni Ltda, tradicional empresa do ramo , que produz material para equipamentos que utilizam material rodante. A Landroni tem uma característica peculiar, que a diferencia das demais, que é a tecnologia utilizada na sua linha de produção. Essa característica oferece ao usuário consumidor uma importante opção, pois a empresa proporciona uma excelente alternativa para quem necessita reduzir os seus custos de manutenção de equipamentos, mas por outro lado, não quer abrir mão da qualidade dos produtos utilizados na reposição. Dessa forma, a Landroni é vista como um fornecedor que oferece produto com a qualidade similar ao original e preçocompetitivo.
Segundo Nelson de Souza Bom Junior, gerente comercial da empresa, a Landroni vem constantemente investindo em modernização do seu parcjue industrial, informatização e automação, visando, por um lado, melhorar cada vez mais o produto, consolidando sua marca, e, por outro, ter um preço cada vez mais competitivo, inclusive no mercado internacional, já que é intenção da empresa, expandir sua atuação para o mercado externo. Em fase final de certificação da ISO 9002, outro passo importante que a Landroni está dando para melhoria de sua qualidade, é o fechamento de parceria comercial com a empresa italiana Italtractor / ITM, um dos gigantes mundiais de fabricação de material rodante, que vai proporcionar um intercâmbio de produtos e de experiência industrial / tecnológica.
“O processo de globalização trouxe a necessidade das empresas brasileiras reciclarem seus conceitos de atuação no mercado. Isso gerou um maior diálogo e abertura de parcerias mesmo entre empresas concorrentes”, diz Nelson de Souza Bom Jr. Segundo ele, é comum hoje em dia, uma empresa concorrer e ao mesmo tempo ser parceira comercial de outra, em relacionamentos de interesse mútuo. Dentro desse processo, a Landroni vem fazendo esforços de maior aproximação com os fabricantes originais, tentando descobrir pontos de sinergia e parceria. Esse processo já está mais avançado com as montadoras de máquinas agrícolas, onde a Landroni tem uma presença forte no fornecimento de material rodante para as linhas de montagem.
Para o atendimento do mercado consumidor, a Landroni possui um rede de 11 filiais espalhadas pelo território nacional, que lhe permite fazer uma distribuição de produtos de forma rápida e eficiente, além de possuir em cada local, equipes de vendas aptas a um atendimento eficiente e abrangente, já que sua gama de produtos abrange material para toda máquina e equipamento que utiliza material rodante existente no Brasil. “Dentro da nova expectativa e exigência do consumidor brasileiro de material rodante, de preço baixo e qualidade alta, a Landroni se apresenta como um opçãointeressante”, garante o gerente comercial da empresa.

ORIGINAIS

Para os fabricantes de equipamentos, de uma maneira geral, o uso de peças originais, aliado a procedimentos operacionais corretos, ainda é a melhor maneira do usuário reduzir custos de manutenção. A Caterpillar, por exemplo, afirma que a utilização de componentes não originais pode causar o desbalanceamento do Sistema de Material Rodante e acelerar o desgaste de seus componentes. A empresa lembra em seus manuais que cada componente é projetado para trabalhar e se desgastar como um sistema equilibrado, de tal forma que possam ser recondicionados e desgastados ao mesmo tempo, evitando assim custos desnecessários com paralisações não programadas do equipamento.
Há, inclusive, um cronograma de intervenções pré-definido pela fábrica para substituição e reparo dos vários componentes. Assim, em uma primeira paralisação, o mais adequado seria fazer o giro das buchas e o rodízio dos roletes, depois, em uma segunda oportunidade, a substituição das buchas e dos segmentos/aros, além do recondicionamento de elos, roletes e rodasguia. Numa terceira paralisação, a fabricante recomenda novamente o giro das buchas e o rodízio dos roletes, até que, finalmente, em uma quarta intervenção, todo o sistema seja substituído, com exceção das rodasguia e das sapatas.

OPERAÇÃO

Na própria operação, os fabricantes também recomendam alguns procedimentos, que dizem respeito não somente aos operadores, mas também aos responsáveis pela “preparação da máquina”. Uma esteira muito esticada, por exemplo, pode acelerar o desgaste do material rodante e aumentar em até , três vezes o desgaste da bucha e afetar a integridade dos retentores. Do mesmo modo, recomenda-se que a sapata seja a mais estreita possível, uma vez que qualquer largura extraproduz carga adicional e gera tensões nos demais componentes do sistema. Até mesmo o torque nos parafusos pode ser fundamental para a vida das sapatas, já que ferragens soltas produzirão o alargamento dos furos dos parafusos nas sapatas e nos elos. A armação dos roletes empenada ou desalinhada, para ficar em mais um exemplo, pode provocar o desbalanceamento do sistema. No que se refere ao trabalho do operador, em particular, também não faltam reomendações. Da conservação do material rodante livre de lama e entulho (para que os roletes superiores possam girar livremente), passando pela minimização da operação em marcha a ré, até a orientação de não se efetuar curvas constantes somente para um lado ou patinar as esteiras.
As recomendações variam pouco de equipamento para equipamento. Para prolongar a vida do material rodante de escavadeiras, por exemplo, alguns fabricantes bolaram até mesmo um pequeno ritual de manobra. Apoia-se a caçamba no chão, e dá-se um comando para que o material rodante fique apoiado só na traseira - obtendo- se, assim, três pontos de apoio: a caçamba, e as partes traseiras direita e esquerda da esteira. Em seguida, se for o caso de girar o equipamento para a direita, é dado um comando na esteira direita para trás e na esteira da esquerda para a frente. Simultaneamente a isso, o operador dá um giro da máquina para a esquerda. ”E uma manobra rápida e fácil que não força o material rodante”, diz Sergio Sassaki, engenheiro de suporte ao produto da Liebherr.
Segundo ele, um outro fator a ser observado para prolongar a vida útil do material rodante é a escolha adequada da sapata segundo a aplicação. Ele confirma que sapatas largas só devem ser utilizadas nos trabalhos de terraplanagem em terrenos úmidos ou alagados. “Em uma pedreira, por exemplo, recomendamos sapatas com 500 mm de largura, no máximo, porque uma sapata muito larga, no caso de passar por cima de uma pedra, vai sofrer um esforço muito grande, forçar os links e pode sofrer uma deformação”.

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E

Mais matérias sobre esse tema