Com o desenvolvimento e expansão 1 do setor sucroalcooleiro, a mecanização da agricultura sofreu e vem sofrendo constantes evoluções, proporcionais à importância de sua atuação na cadeia produtiva. A evolução da participação da mecanização no setor se dá em decorrência do aumento da área explorada, pouca oferta de mão-de-obra, necessidade de redução de custos e consequente participação do Brasil nos mercados de açúcar e álcool mundiais.
Com a recente abertura do mercado brasileiro e, a mais recente ainda, globalização da produção de máquinas, nos vimos, de repente, diante de fatos novos e precisamos de um realinhamento gerencial para conviver com eles. Para melhor entender, precisamos relembrar um pouco de nosso passado recente onde o mercado nos ofertava equipamentos robustos, de fácil opera&
Com o desenvolvimento e expansão 1 do setor sucroalcooleiro, a mecanização da agricultura sofreu e vem sofrendo constantes evoluções, proporcionais à importância de sua atuação na cadeia produtiva. A evolução da participação da mecanização no setor se dá em decorrência do aumento da área explorada, pouca oferta de mão-de-obra, necessidade de redução de custos e consequente participação do Brasil nos mercados de açúcar e álcool mundiais.
Com a recente abertura do mercado brasileiro e, a mais recente ainda, globalização da produção de máquinas, nos vimos, de repente, diante de fatos novos e precisamos de um realinhamento gerencial para conviver com eles. Para melhor entender, precisamos relembrar um pouco de nosso passado recente onde o mercado nos ofertava equipamentos robustos, de fácil operação e manutenção, e com custos relativamente baixos de aquisição.
Quem operava estas máquinas eram geralmente trabalhadores rurais que se destacavam no trabalho por dedicação, esforço ou proximidade com quem os gerenciava. Quem os gerenciava eram normalmente líderes ou fiscais oriundos do mesmo modelo, preocupados muito mais com o "quanto" do que com o "como", ("Plantamos 100 ha", "Arei 2,0 ha/hora", etc, eram as frases daquele momento). Quem operava estas máquinas eram geralmente trabalhadores rurais que se destacavam no trabalho por dedicação, esforço ou proximidade com quem os gerenciava.
Quem mantinha essas máquinas, eram verdadeiros professores Pardal, exímios inventores que precisavam adequar, adaptar, reforçar um equipamento para obter um melhor resultado na operação e, não raro, o faziam melhor e mais rápido que o fabricante, que sabiamente incorporava a "invenção" à linha de montagem (lembram-se do freio do saudoso CBT?).
Para fechar a história, esses fabricantes, aliás, estavam preocupados com a aplicação das máquinas, com sua capacidade operacional, com as necessidades do cliente, com o implemento que iriam tracionar? Tudo indicava que a preocupação era tão somente com o custo de fabricação e o valor de venda do equipamento. Houve, sem dúvida, evolução e desenvolvimento deste quadro, mas o cenário e o contexto em que estávamos inseridos era este. Sem dúvida, a robustez e a facilidade de manutenção e reparo dos equipamentos então, alguns ainda com estas qualidades, alavancaram e colocaram a mecanização do setor nos patamares atuais.
Com a abertura do mercado brasileiro para máquinas importadas e, mais recentemente, com a fusão de fabricantes (Case x New Holland, Agco X Valtra), o mercado nos oferece um novo cenário. Máquinas de alta tecnologia, com alto nível de eletrônica embarcada, transmissão automática e inteligente, computador de bordo, piloto automático, sensores de carga, GPS e ... alto custo de aquisição e reposição de peças.
E agora José? Como encaixar o operador, o mecânico, os sistemas de gestão (se é que tínhamos) e o próprio gestor da saudosa frota de CBT? Não fosse um mercado voraz e competitivo, esse em que a própria abertura nos inseriu, uma baixa oferta e um alto custo da mão de obra, além da necessidade constante de sermos maiores e melhores, ressuscitaríamos a fábrica do CBT. Mas temos, na verdade, que adotar posturas diferentes e pró ativas.
Não se pode gerenciar uma máquina desta geração como se gerenciava anteriormente. A palavra agora é "disponibilidade operacional", que custa e produz muito mais que anteriormente. E é "manutenção de campo e manutenção de base". Se antes, o velho CBT podia ficar dias aguardando a montagem do garfo do câmbio, pois todos tínhamos um segundo trator completo no almoxarifado, hoje a transmissão inteira da nossa máquina high-tech tem que ser substituída em tempos de pit-stop de fórmula I. Aquele mecânico que desencavalava um câmbio com olhos vendados e diagnosticava a máquina pelos ruídos produzidos, hoje trabalha com um lap-top de diagnóstico, quando isso não é feito pela própria máquina.
Aquele operador que contava em ver so e prosa para o fiscal de campo como foi o seu dia de trabalho, hoje digita sua planilha em no computador de bordo da máquina, que a transmite, juntamente com a telemetria do equipamento, via rádio ou satélite, em tempo real, para a sede da empresa ou sua oficina. E a gestão? Não seria também hora também pensar em gerenciamento high-tech? Em novos indicadores de desempenho? Em novos conceitos de manutenção? E claro também que não podemos deixar de envolver os fabricantes neste novo cenário. Quanto levarão eles para "tropicalizar" seus produtos? O insucesso da primeira ver são dos Challenger não lhes mostrou que nosso solo é diferente? Quanto tempo levarão para nacionalizar componentes hoje importa dos à custos proibitivos?
Estamos iniciando a renovação da "primeira safra" das máquinas high-tech, e os custos de manutenção nos apavoram. O pino do hidráulico, que no CBT podia ser substituído pelo cabo da marreta, ferramenta, aliás, oficial dos velhos operadores, hoje é inteligente, tem uma célula de carga e circuitos inseridos e custa mais que um computador com monitor e impressora. Lembraram-se os fabricantes de avisar isso ao fabricante de implementos que fez um furo maior que o pino? Ou estavam mais preocupados em vender pinos inteligentes? Vemos hoje fabricantes interessados e investindo na formação de novos conceitos técnicos e operacionais, para que possamos extrair o máximo desses equipamentos high-tech e, assim, poder justificar o investimento aos empresários através de pay-back?
Como vemos, senhores, os tempos são outros. Felizmente para todos: empresários, fabricantes, gerentes, mecânicos, e operadores, que querem se manter e crescer neste novo cenário da mecanização do setor sucroalcooleiro. Entendo a evolução da mecanização e aceitando como irrevogável a tendência do futuro, concluo que toda a cadeia envolvida neste processo deve evoluir na mesma direção e intensidade. Não existem elos fortes em uma corrente fraca. Precisamos de desenvolvimento coletivo.
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