Revista M&T - Ed.202 - Junho 2016
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Componentes

Uma dose a mais de inteligência

Avanço da eletrônica possibilita a instalação de transmissões automáticas em veículos pesados, reduzindo o consumo e oferecendo maior conforto e segurança aos operadores
Por Luciana Duarte

Acompanhada pela soma de avanços nos padrões legais de combustíveis e emissões, a evolução tecnológica dos veículos pesados vem exigindo esforços redobrados de fornecedores de componentes e sistemas. A cada novo passo dado, é preciso aperfeiçoar ainda mais os sistemas de propulsores a diesel, como forma de garantir que todo esse emaranhado de exigências possa resultar em conjuntos de trem-de-força com maior eficiência, robustez, produtividade e, consequentemente, rentabilidade.

Esse é o caso das transmissões automáticas inteligentes, que começaram a ganhar maior aceitação no mercado brasileiro principalmente após a introdução dos novos propulsores Euro V. Em sua terceira geração, a transmissão automática modelo 3500 da Allison Transmission, por exemplo, recebeu o que há de mais moderno em relação a controles eletrônicos, seleção de marchas por botões e até mesmo inclinômetro, que calcula o ângulo de subida e descida, ajustando as trocas e melhorando a eficiência da operação.

A novidade esteve em exposição na M&T Expo em 2015, equipando o caminhão-b


Acompanhada pela soma de avanços nos padrões legais de combustíveis e emissões, a evolução tecnológica dos veículos pesados vem exigindo esforços redobrados de fornecedores de componentes e sistemas. A cada novo passo dado, é preciso aperfeiçoar ainda mais os sistemas de propulsores a diesel, como forma de garantir que todo esse emaranhado de exigências possa resultar em conjuntos de trem-de-força com maior eficiência, robustez, produtividade e, consequentemente, rentabilidade.

Esse é o caso das transmissões automáticas inteligentes, que começaram a ganhar maior aceitação no mercado brasileiro principalmente após a introdução dos novos propulsores Euro V. Em sua terceira geração, a transmissão automática modelo 3500 da Allison Transmission, por exemplo, recebeu o que há de mais moderno em relação a controles eletrônicos, seleção de marchas por botões e até mesmo inclinômetro, que calcula o ângulo de subida e descida, ajustando as trocas e melhorando a eficiência da operação.

A novidade esteve em exposição na M&T Expo em 2015, equipando o caminhão-betoneira 26.280 6x4 da MAN, destinado a aplicações com concreto. “A parceria com a MAN possibilitou a produção do primeiro caminhão automático a ser utilizado para aplicação no transporte de concreto no Brasil”, conta Antonio Carlos Novaes, gerente de marketing da Allisson para a América do Sul. “Ainda não é possível estimar números, mas sabemos que, como ocorreu na Europa, a demonstração desse tipo de tecnologia pode garantir a sua aceitação no mercado. Só compra quem testa e aprova. Já vivemos essa experiência antes, com outras inovações tecnológicas.”

DEMANDA

Um dos principais motivos que deve contribuir para aumentar as vendas desse tipo de tecnologia é o fato de inibir os excessos dos motoristas, ao mesmo tempo em que ajuda cada necessidade operacional da construção. Considerada uma atividade especialmente pesada, que enfrenta percursos difíceis e acessos complicados às obras, em função de terrenos irregulares, aclives e declives acentuados, os operadores precisam driblar muitas dificuldades nas operações do dia a dia. “No caso do transporte de concreto, as transmissões automáticas em caminhões betoneiras, por exemplo, podem permitir velocidades médias mais altas e assegurar maior produtividade, sem gerar mais custos para as empresas”, destaca o executivo da Allison.

Segundo ele, o aumento da velocidade média é diretamente proporcional ao tempo economizado durante cada mudança de marcha. “Uma transmissão automática permite a troca de marchas sem interromper a transferência de força para as rodas de tração, enquanto as transmissões manuais precisam de dois segundos, em média, com interrupção da transferência, para executar cada mudança”, exemplifica Novaes. “Assim, um veículo equipado com esse tipo de tecnologia pode operar até uma hora extra por dia de trabalho, tempo que pode ser usado para viagens adicionais.”

No caso de um caminhão equipado com transmissão automática, a ausência de embreagem também reduz significativamente os custos de manutenção e o tempo perdido com o veículo parado na oficina. O fato de não precisar trocar marchas no veículo também assegura menor desgaste do motor e do conjunto de transmissão. Em terrenos mais acidentados, escorregadios ou extremamente macios – exigências comuns em canteiros de obras – a tecnologia “Allison de Potência Contínua”, garante Novaes, permite que o trem-de-força do veículo transfira potência e torque para as rodas motrizes de forma suave e eficaz. “As betoneiras equipadas com transmissão automática também têm facilidade de operação em espaços reduzidos, grande capacidade de subida, melhor controle quando circulam por terrenos íngremes e, ainda, facilitam a partida em ladeiras”, descreve.

O executivo diz não haver estimativas sobre o potencial do mercado brasileiro, mas espera expandir as vendas de transmissões automáticas modelos 2000 (caminhões leves), 3000 (betoneira e lixo) e 4000 (bombeiro, mineração e outros) nos próximos anos. “Os nossos clientes já começaram a fazer demonstração de produtos e a aceitação é imediata, principalmente quando percebem que a durabilidade de todo o trem-de-força é maior e o custo com manutenção do veículo é menor”, comenta Novaes.

EVOLUÇÃO

No Grupo ZF, a linha de transmissão automática para atender ao setor de construção também segue em constante evolução. No caso, voltada para aplicações em retroescavadeiras, pá carregadeiras e motoniveladoras, entre outras máquinas do segmento. Há dois anos, a divisão ZF Sistemas de Eixos e Transmissão Fora-de-Estrada apresentou ao mercado a linha ErgoPower, incluindo o modelo vocacional WG 160, que recebeu tecnologias até então inéditas no mercado brasileiro. O novo sistema de transmissão obteve, por exemplo, redução no nível de ruído, além de ganhar novos padrões de conforto.

Segundo Paulo Vecchia, gerente de vendas, pós-venda e engenharia de projetos da ZF no Brasil, a família powershift destinada exclusivamente ao setor de construção recebeu novo design vertical e diversas melhorias para oferecer melhor desempenho. “Essas transmissões não são adaptações ou adequações de outras transmissões aplicadas em caminhões, pois foram projetadas para uso em condições adversas de operação”, frisa.

A linha da ZF oferece cinco marchas, o que, segundo o executivo, permite que o operador tenha mais flexibilidade e simplificação na operação, em comparação a outros modelos no mercado com caixa de quatro marchas. “O design vertical evita a necessidade de caixas de transferência de torque, simplificando a operação e a manutenção, o que resulta em otimização de custos”, afirma Vecchia. “Quando aplicadas com o conversor Lockup Clutch, a transmissão oferece até 15% de economia de combustível, redução de emissões, aumento de vida útil e produtividade”, enfatiza.

Na visão do executivo, a aquisição de um equipamento com transmissão automática oferece ainda vantagens como fácil manuseio e baixa emissão de ruído. “Além disso, com a transmissão eletrônica é possível conectar-se com o motor eletrônico via CAN (Controller Area Network)”, explica.

GLOBAL

Nos países mais desenvolvidos, as tecnologias de transmissões já evoluíram para o padrão CVT (Continuously Variable Transmission). Nessa linha, a ZF comercializa a linha cPower para máquinas fora de estrada, possibilitando aplicações de força e potência precisamente controladas.

Vecchia relata que esse tipo de transmissão continuamente variável deve ser usado prioritariamente onde for possível manter a rotação do motor constante, em diferentes velocidades de operação. Assim, possibilita o aumento da eficiência para operações em baixa velocidade e, como corolário, até 25% de economia de combustível. “Esta tecnologia possibilita a correta aplicação de força e potência precisamente controladas e garante velocidades constantes do motor, sem necessidade de mudança manual de marchas pelo operador, que pode concentrar-se em seu trabalho”, afirma o especialista, arrematando que a ZF já estuda a possibilidade de introduzir a tecnologia CVT no Brasil em um “futuro próximo”.

 

 

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