Mais de uma década após as primeiras iniciativas para a implantação de um Complexo Industrial no porto de Suape, em Pernambuco, a região finalmente se consolida como um dos principais destinos dos investimentos no Norte e Nordeste do País. Atraídos por um porto de localização privilegiada, que possibilita acesso aos mercados da Europa e América do Norte, os investimentos chegam à região impulsionados pela expansão do setor de petróleo e pela retomada da indústria brasileira de construção naval.
Situado em uma área de 13,5 mil hectares, o equivalente a 90 estádios do Maracanã, o Complexo Industrial de Suape se estende ao longo do litoral pernambucano, onde o cenário das obras se contrapõe à paisagem de um verdadeiro paraíso tropical. Até o próximo ano, ele deverá receber aproximadamente R$ 1,4 bilhão em investimentos do governo Federal, com destaque para a ampliação do porto.
O projeto contempla a construção de dois píeres petroleiros e de uma tubovia para o escoamento de materiais líquidos, principalmente o óleo diesel a ser processado pela Refinaria Abreu e
Mais de uma década após as primeiras iniciativas para a implantação de um Complexo Industrial no porto de Suape, em Pernambuco, a região finalmente se consolida como um dos principais destinos dos investimentos no Norte e Nordeste do País. Atraídos por um porto de localização privilegiada, que possibilita acesso aos mercados da Europa e América do Norte, os investimentos chegam à região impulsionados pela expansão do setor de petróleo e pela retomada da indústria brasileira de construção naval.
Situado em uma área de 13,5 mil hectares, o equivalente a 90 estádios do Maracanã, o Complexo Industrial de Suape se estende ao longo do litoral pernambucano, onde o cenário das obras se contrapõe à paisagem de um verdadeiro paraíso tropical. Até o próximo ano, ele deverá receber aproximadamente R$ 1,4 bilhão em investimentos do governo Federal, com destaque para a ampliação do porto.
O projeto contempla a construção de dois píeres petroleiros e de uma tubovia para o escoamento de materiais líquidos, principalmente o óleo diesel a ser processado pela Refinaria Abreu e Lima, em instalação no local. Esse projeto, que figura como a segunda maior refinaria do País, integra um elenco de mais de 130 empreendimentos privados em implantação em Suape. A lista inclui ainda o Estaleiro Atlântico Sul, o maior da América Latina, além da General Motors, Bunge Alimentos e de outras empresas que, juntas, investirão US$ 17 bilhões no Complexo Industrial até o fim deste ano.
Se os projetos privados já poderiam justificar para Suape o título de maior canteiro de obras do Brasil, os recursos federais vêm reforçar essa posição de destaque. Para suportar essas operações, o porto precisa ganhar novos píeres e o complexo industrial deve ser dotado de vias de acesso rápido e de alta capacidade.
Obras de acesso
Todas as obras de acesso às empresas são de responsabilidade da Administração do Complexo Industrial. Nesse rol está a Express Way, um anel rodoviário formado pelas rodovias TDR-Sul, TDR-Norte e a ligação ao Cabo de Santo Agostinho. “Essas obras consistem na criação de vias de acesso rápido ao complexo industrial, todas com duas ou mais faixas de rodagem”, diz Ricardo Padilha, diretor de engenharia e meio ambiente de Suape.
Até o fechamento desta reportagem, duas rodovias (TDRs Norte e Sul) estavam concluídas e a ligação para o Cabo de Santo Agostinho, uma cidade vizinha a Suape, não havia começado. “No pico das obras das duas vias, mobilizamos 145 equipamentos de terraplenagem, entre escavadeiras de 20 t, retroescavadeiras, caminhões basculantes, tratores e outros”, afirma Anderson Roberto Torres Freire, engenheiro fiscal de Suape.
De acordo com ele, a construção dessas estradas não fugiu à regra das demais obras rodoviárias no Nordeste, apresentando grande incidência de “solo mole” – um material capaz de ser perfurado com poucas quantidades de golpes. “Por isso, o projeto exigiu a aplicação de técnicas para a drenagem do solo, como o uso de geodreno e geogrelha, que foram instalados por perfuratrizes hidráulicas.”
Assim como as obras de acesso, toda a infraestrutura portuária para suprir as demandas das companhias instaladas no complexo industrial são de responsabilidade da Administração de Suape. “Em janeiro último entregamos o quinto cais do porto, que exigiu investimentos de R$ 125 milhões”, ressalta Padilha. Graças a essa obra, a capacidade de ancoragem do porto deve crescer até 20% em relação às 1.138 embarcações recebidas em 2009, que foram responsáveis pela movimentação de 7,7 milhões de toneladas de carga.
Estrutura para a tubovia
As obras de melhoria do porto englobam ainda a construção de uma tubovia sobre o mar e de dois píeres de granéis líquidos (PGL) para a movimentação de petróleo e seus derivados. Elas também incluem a expansão de um enrocamento em 100 m de comprimento. “Todas essas ações são direcionadas para o atendimento à refinaria Abreu e Lima”, explica Padilha.
Para Frederico Albuquerque, gerente geral do consórcio Píer Petroleiro, responsável pela realização dessas obras, a montagem da tubovia figura como um dos destaques. “Como não havia espaço suficiente para estender esses dutos sobre o molhe, foi preciso projetar outra infraestrutura paralela para sua instalação”, diz o executivo do consórcio, que é formado pelas construtoras Andrade Gutierrez, OAS e Norberto Odebrecht.
A estrutura a que o especialista se refere é uma de ponte de 2,3 km de extensão, suportada por estacas verticais e inclinadas, cravadas no fundo do mar. Ela será destinada exclusivamente ao abrigo dos dutos petrolíferos, contando com duas partes sendo executadas em terra: uma no percurso entre o mar e a praia e outra dentro da própria refinaria.
Guindastes off-shore
Paulo Cesar Lopes de Araujo, gerente de equipamentos do consórcio construtor, explica que a obra da tubovia requer a utilização de até oito bate-estacas, equipados com cabeça de 12 t de peso, e de cinco guindastes treliçados sobre esteiras. “Uma das funções dos guindastes é posicionar as peças no bate-estaca. Depois da cravação, eles também são utilizados para auxiliar no arrasamento das estacas”, diz ele.
Além disso, os equipamentos são usados para movimentar o excedente das estacas até as barcaças que irão transportar esse material para o pátio. Apesar da movimentação dos guindastes sobre flutuantes ser essencial para esse tipo de obra, Oliveira explica que o trabalho requer operadores qualificados. “Os fabricantes recomendam que sigamos uma tabela off-shore, o que exige a aplicação de um coeficiente cinemático com 15% de redução na capacidade de içamento.”
Ele acrescenta que a movimentação causada pela maré influencia diretamente no centro de gravidade das máquinas. Por isso, além da redução no coeficiente cinemático, a capacidade de carga dos guindastes sobre flutuante chega a ser 40% menor do que na tabela on-shore.
Entre outros equipamentos que complementaram a frota utilizada na execução da obra da tubovia sobre o mar, o especialista destaca dois guindastes de menor porte, mobilizados durante os serviços de concretagem. “Utilizamos bombas de concreto de 90 m³/h para fazer a maior parte do trabalho, mas nos locais fora de alcance do mastro de distribuição, esses guindastes são mobilizados para transportar caçambas de concreto de 1 m³”, diz Oliveira.
Prolongamento do molhe
Outros dois guindastes de 200 t, segundo o especialista, são utilizados na obra de prolongamento do molhe. “São máquinas equipadas com pinças que, juntamente com escavadeiras de 35 t, fazem a movimentação das pedras despejadas pelos caminhões basculantes 6x4.” O enrocamento ao qual ele se refere está sendo executado a profundidades de até 25 m, para dar acesso aos dois píeres petroleiros de granéis líquidos (PGL) em construção paralelamente à tubovia.
Frederico Albuquerque, do consórcio construtor, explica que o uso de pedras de grande porte ajuda a formar uma espécie de muro de contenção em relação ao mar, além de estabelecer a via de acesso aos novos píeres.
Em terra, a frota de equipamentos utilizados no apoio à obra do enrocamento é complementada por caminhões guindautos e por escavadeiras, que atuam no carregamento de cerca de 20 caminhões basculantes. “A quantidade de caminhões foi dimensionada em função do volume previsto para o abastecimento de pedra, considerando que esse material vem de uma pedreira localizada a cerca de 10 km de distância da frente de serviço”, explica Oliveira.
De acordo com os especialistas, as obras do píer petroleiro receberão R$ 341 milhões em investimentos e deverão ser entregues até setembro deste ano. Quando estiverem em operação, os dois novos PGLs, juntamente com o antigo, poderão receber até seis navios petroleiros simultaneamente, operando com calado de 14 m de profundidade. Os maiores berços receberão navios de até 386 m de extensão, com capacidade para escoar até 1.000 m³/h de derivados de petróleo em cada píer.
A ampliação do porto de Suape ainda deve passar por novas etapas. Fontes ouvidas pela reportagem da M&T avaliam que a construção de mais 12 cais deve ser licitada ainda este ano. Paralelamente, a Administração de Suape, juntamente com o Estaleiro Atlântico Sul e outras entidades públicas e privadas instaladas no Complexo Industrial, pleiteia a construção de um cluster naval, além de um terminal de minério e de um terminal de contêineres. “Nossa intenção é viabilizar ao menos mais R$ 10 bilhões em investimentos para Suape”, finaliza Albuquerque.
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