Revista M&T - Ed.248 - Outubro 2020
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Transporte Pesado

Tendência de melhora

Setores como agronegócio e mineração amenizam a retração nas vendas da indústria de caminhões pesados e semipesados, que já vê recuperação e apresenta lançamentos
Por Antonio Santomauro

Com participação de 11,6% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o transporte rodoviário de cargas movimenta 65% de tudo o que é produzido no país, constituindo o principal meio de abastecimento do comércio e da indústria nacionais, com um fatura-mento de aproximadamente R$ 370 bilhões. Com essa pujança, os negócios no setor já voltam paulatinamente a se reativar após os abalos provocados pela pandemia, mesmo em nichos mais duramente afetados, como o transporte de veículos e a distribuição de combustíveis.

Mas, como já acontece há algum tempo, foi no agronegócio – ao lado da mineração – que a indústria brasileira de caminhões pesados e semipesados novamente encontrou meios de amenizar a inevitável retração em suas vendas. Do mesmo modo, são esses setores que agora fomentam uma demanda potencial com volumes bem mais expressivos.

Todavia, como mostram


Com participação de 11,6% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o transporte rodoviário de cargas movimenta 65% de tudo o que é produzido no país, constituindo o principal meio de abastecimento do comércio e da indústria nacionais, com um fatura-mento de aproximadamente R$ 370 bilhões. Com essa pujança, os negócios no setor já voltam paulatinamente a se reativar após os abalos provocados pela pandemia, mesmo em nichos mais duramente afetados, como o transporte de veículos e a distribuição de combustíveis.

Mas, como já acontece há algum tempo, foi no agronegócio – ao lado da mineração – que a indústria brasileira de caminhões pesados e semipesados novamente encontrou meios de amenizar a inevitável retração em suas vendas. Do mesmo modo, são esses setores que agora fomentam uma demanda potencial com volumes bem mais expressivos.

Todavia, como mostram as estatísticas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), nem mesmo o agronegócio e a mineração puderam evitar uma diminuição de 12% no licenciamento de caminhões semipesados e pesados no Brasil nos primeiros oito meses deste ano, comparando-se com o mesmo período de 2019. E que a maior queda, ocorreu no segmento pesado.

NÍVEIS

Porém, a análise desses números deve considerar que, devido ao fechamento dos Detrans em vários estados no auge da pandemia, houve um represamento no processo de concessão de licenciamentos, que voltaram a ganhar maior escala a partir de julho.

Assim, no total deste ano a queda na quantidade de unidades vendidas pela indústria nacional de caminhões pesados e semipesados pode ser até maior, algo entre 15% e 20% abaixo de 2019, como projeta Clóvis Lopes, gerente comercial de caminhões da Volvo. Esse resultado, caso confirmado, mostra-se até alentador quando confrontado com as perspectivas de alguns meses atrás. “Chegamos a pensar em uma queda de uns 40%”, lembra Lopes.

O executivo credita a melhoria das perspectivas à resposta mais positiva de alguns segmentos de mercado, dentre eles, obviamente, o agronegócio, no qual a Volvo até registrou incremento de vendas, com destaque para o modelo FH 540, com bom desempenho no transporte de grãos. Na configuração 6x4, o modelo permite operações com até 74 t de PBTC (Peso Bruto Total Combinado), podendo transportar implementos como bitrem e rodotrem. “Outro modelo cujas vendas vão bem é o Volvo FMX, destinado ao mercado de cana, que permite peso total acima de 150 t”, acrescenta Lopes.

Em agosto, segmento off-road teve o melhor mês de vendas dos últimos três anos

As vendas para o setor da mineração, ele prossegue, também se mantêm em bons níveis, o que não ocorre em segmentos como transporte de automóveis e distribuição de combustíveis. “Porém, mesmo esses mercados já começaram a retomar seus negócios e até já conversam sobre renovação de frota”, ressalta o profissional da Volvo.

A informação é confirmada por Silvio Munhoz, diretor de vendas de soluções da Scania no Brasil, apontando que os caminhões-cegonha e veículos para transporte de combustíveis foram os segmentos em que a demanda por caminhões pesados mais se retraiu. “Mas no segundo, ao menos, já se desenvolve um processo de recuperação”, diz.

Destino de algo entre 40% e 44% dos caminhões comercializados pela Scania no Brasil, o agronegócio não poderia deixar de ser decisivo para a manutenção das vendas após o início da pandemia. Vendas que, agora, evoluem significativamente também em outros mercados: “Com mais de 350 unidades comercializadas, agosto foi nosso melhor mês de vendas de produtos dos últimos 30 meses no segmento off-road”, destaca Munhoz.

Para esse segmento – mais especificamente para a mineração – a montadora apresentou no início de setembro o modelo G 540 10x4/6 XT Heavy Tipper, cujo lançamento virtual contou com a participação do presidente da Sobratema, Afonso Mamede, que traçou as perspectivas de projetos na área de infraestrutura e antecipou informações do Estudo de Mercado 2020, que será lançado em novembro.

Ampliação de uma linha lançada há três anos, o caminhão tem capacidade de carga de 55 t e peso bruto total (PBT) de 69 t, expandindo a gama para mineração da marca, até então formada por modelos 6x4 (P 440) e 8x4 (G 480). Com a promessa de economizar ao menos 8% de combustível em comparação à gama anterior, a configuração inclui motorização com 540 cv de potência e 2.700 Nm de torque, além de trazer tecnologia XPI de injeção de combustível em alta pressão.

O caminhão também apresenta bogie traseiro (com capacidade nominal de 36 t) e eixos direcionais (11 t cada um), eixo cardan reforçado para partida em rampa e maior robustez do diferencial e do redutor de cubo com relação final 7.63, que – segundo a fabricante – possibilitam uma capacidade de tração de até 210 t. Completam a especificação itens como câmbio automatizado Opticruise de 14 velocidades e caixa de marchas GRSO935R, além de opcionais como bafômetro e airbag no volante e lateral de cortina (contra tombamento), dentre outros.

Segundo a montadora, a atualização foi projetada para atender às demandas severas em mineração e construção pesada, segmento em que a montadora aposta suas fichas. “Seguimos confiantes no potencial desses dois mercados para os próximos anos”, reitera Munhoz.

APOSTAS

Outra novidade anunciada recentemente pela Scania foi a inclusão, como item de série, da tecnologia Actcruise, que utiliza geoposicionamento por GPS e mapa topográfico integrado ao módulo de conectividade para gravar rotas e aproveitar aclives e declives de maneira mais eficiente. “Com isso, a economia de combustível de nossa Nova Geração, que era de 12%, chega a 15%, no mínimo”, ressalta Munhoz, destacando que a solução está disponível para todos os caminhões rodoviários pesados e extrapesados da marca.

Mesmo negativa, projeção de resultados é alentador frente às perspectivas de meses atrás

Também neste ano, a Scania iniciou a produção e comercialização de seus primeiros caminhões movidos a gás natural veicular (GNV), gás natural liquefeito (GNL) e/ou biometano. Esses veículos, acredita Munhoz, têm grande potencial de mercado. “Já vendemos 31 unidades, mas a expectativa é vender entre 100 e 200 modelos entre este ano e 2021”, ele projeta, citando os veículos para transporte de cargas gerais – impulsionados pelo movimento de recuperação da indústria nacional – e de movimentação de grãos, além dos caminhões com câmaras frigorificadas e dos veículos de mineração, como os produtos atualmente com o maior potencial de geração de negócios no mercado brasileiro.

Nesse ponto, Lopes, da Volvo Trucks, observa que a necessidade de transporte em câmaras frigoríficas, especificamente, já gerou até mesmo a demanda por cavalos mecânicos com configuração 6x4, capazes de transportar dois contêineres frigorificados grandes, de 40 pés de comprimentos cada um – algo similar a um rodotrem –, muito utilizados nas exportações de carnes e produtos cárneos.

A Volvo, ele observa, apresentou novidades em sua linha 2020/2021 que proporcionam maior economia de combustível. Entre elas, a diminuição da distância entre eixos das versões 6x2 e 4x2 do modelo FH, que ainda ganharam defletores laterais para melhoria da aerodinâmica. Com isso, a empresa garante que os 10% de economia de combustível, conquistados no ano passado com a introdução de um sistema de aceleração inteligente, subam mais dois pontos percentuais, para 12%.

Para a montadora, a conjuntura ainda exige muita atenção de quem atua no mercado de caminhões pesados. “Acredito, contudo, que a tendência é muito mais de melhora”, conclui Lopes.

Linha de extrapesados da VW chega ao mercado

Resultado de quatro anos de desenvolvimento e investimento de mais de R$ 1 bilhão, os novos modelos Meteor 29.520 6x4 (520 cv), Meteor 28.460 6x2 (460 cv) e Constellation 33.460 6x4 (460 cv) renovam as apostas da VW Caminhões e Ônibus no segmento de caminhões extrapesados.

Equipados com transmissões ZF TraXon, de 12 e 16 velocida-des, os lançamentos permitem à fabricante ingressar em novas categorias, agora com uma abrangente gama de caminhões de 3,5 t a 125 t.

Novos modelos renovam as apostas no segmento de caminhões extrapesados

Condições – Braço financeiro da montadora, a Volkswagen Financial Services Brasil criou uma campanha promocional para o lançamento da nova família, oferecendo carên-cia de 12 meses para pagamento da primeira parcela do financiamento. “Pensamos nessas condições especiais levando em consideração o cenário atual e para atender os clientes que almejam fechar um bom negócio”, ressalta Ricardo Auricchio, superintendente de marketing da Volkswagen Financial Services Brasil.

DAF apresenta novo pesado

Produzido na fábrica de Ponta Grossa (PR), o novo XF chega ao mercado brasileiro com a promessa de redução de até 14% no consumo de combustível, em comparação à versão anterior. Equipado com motor Paccar MX 13 de 12,9 l – nas opções de 480 cv e 530 cv –, o modelo oferece duas opções de cabine e configurações de tração 6x4, 6x2 e 4x2, voltadas ao transporte rodoviário de cargas de longa distância. Segundo a montadora, o caminhão conta com transmissão automatizada ZF TraXon com 12 velocidades, freio motor Paccar MX com 490 cv e conjunto tecnológico que inclui computador de bordo, piloto automático, sensores de pressão dos pneus e monitor de nível de energia da bateria, além de sistemas de frenagem, de estabilidade e de saída da faixa. “Apesar de totalmente inspirado na premiada versão europeia, o caminhão ganhou reforços para suportar as severas operações do país, mantendo atributos de conforto e dirigibilidade”, comenta Jarno Broeze, diretor de desenvolvimento de produto da DAF Caminhões Brasil.

Com opções de 480 cv e 530 cv, o novo XF é voltado ao transporte rodoviário de cargas de longa distância

Resultado – Em seu sétimo ano de operações no país, a DAF Caminhões Brasil fechou o acumulado de julho de 2020 com 2.194 mil unidades emplacadas, um crescimento de 29% em comparação a 2019. O XF começou o ano em terceiro lugar na sua categoria, diz a montadora.

Scania lança linha decaminhões elétricos na Europa

Ainda sem data para chegar ao Brasil, a linha de veículos comerciais elétricos da montadora foi apresentada na Suécia com foco em aplicações urbanas, incluindo a distribuição varejista. Para a Scania, o lançamento marca um passo significativo no projeto de desenvolvimento de veículos eletrificados para todas as aplicações, incluindo as de longa distância e construção. “Nos próximos anos, lançaremos produtos eletrificados anualmente para toda a nossa linha de veículos”, diz o CEO da Scania, Henrik Henriksson. “Para isso, estamos reorganizando nossas unidades fabris.”

Lançamento marca um passo significativo no desenvolvimento de veículos eletrificados na Europa

Oferecido com cabinas das séries L e P, o caminhão elétrico é equipado com baterias de 165–300 kWh para um motor elétrico de 230 kW, equivalente a aproximadamente 310 cv. Permite selecionar cinco ou nove baterias, com autonomia de até 250 km com uma única carga. As baterias, por sua vez, podem ser carregadas por 130 kW CC, usando um conector de Sistema de Carregamento Combinado (CCS). O tempo de carregamento é inferior a 55 minutos para a opção de cinco baterias e menos de 100 minutos para a opção de nove. “E as baterias também são continuamente carregadas em movimento, por meio de energia de frenagem regenerativa”, informa a empresa.

Mercedes vende 450 caminhões para operadores da Ambev

Em uma ação que contou com participação ativa do Banco Mercedes-Benz no financiamento, a montadora fechou acordo para entrega de cerca de 450 caminhões para operadores da Ambev, incluindo aproximadamente 140 modelos médios Accelo, 280 semipesados Atego e 30 pesados Axor. As entregas devem se estender até outubro.

Lote foi adquirido com pacote completo de manutenção

Segundo comunicado, o plano de manutenção ‘Complete’ foi adquirido junto ao lote, cobrindo manutenções preventivas, reparos do trem de força e corretivas do veículo, além de substituição de itens de desgaste e socorro mecânico. “Essa é a nossa maior venda do ano para um único cliente”, comemora Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz do Brasil.

Saiba mais:
DAF: www.dafcaminhoes.com.br
Mercedes-Benz: www.mercedes-benz.com.br/caminhoes
Scania: www.scania.com/br/pt/home.html
Volkswagen Caminhões: www.vwco.com.br
Volvo Trucks: www.volvotrucks.com.br

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