Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), neste ano o Brasil deve ultrapassar a marca de 199,6 milhões de toneladas de grãos produzidas. Como não houve uma expansão significativa da área plantada, é possível concluir que tal resultado – 3,5% acima da safra registrada em 2014 – se deve principalmente à obtenção de melhores índices de produtividade, aliada a avanços tecnológicos.
E o avanço deve se manter nos próximos anos. Dados do Ministério da Agricultura indicam um cenário promissor para a atividade até 2024. Pelas projeções da pasta, a produção de grãos deve aumentar entre 30,4% e 52,3%, saltando para 252,4 milhões de toneladas/ano no período. Diante deste aumento da produtividade, o uso de maquinários atualizados torna-se indispensável para o agricultor acompanhar o ritmo da demanda. Por outro lado, superar as fronteiras tecnológicas com a oferta de sistemas mais seguros, inovadores e eficientes está entre os maiores desafios da indústria na atualidade. E, pelo visto, tem sido vencido. “Hoje, o Brasil não perde em nada
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), neste ano o Brasil deve ultrapassar a marca de 199,6 milhões de toneladas de grãos produzidas. Como não houve uma expansão significativa da área plantada, é possível concluir que tal resultado – 3,5% acima da safra registrada em 2014 – se deve principalmente à obtenção de melhores índices de produtividade, aliada a avanços tecnológicos.
E o avanço deve se manter nos próximos anos. Dados do Ministério da Agricultura indicam um cenário promissor para a atividade até 2024. Pelas projeções da pasta, a produção de grãos deve aumentar entre 30,4% e 52,3%, saltando para 252,4 milhões de toneladas/ano no período. Diante deste aumento da produtividade, o uso de maquinários atualizados torna-se indispensável para o agricultor acompanhar o ritmo da demanda. Por outro lado, superar as fronteiras tecnológicas com a oferta de sistemas mais seguros, inovadores e eficientes está entre os maiores desafios da indústria na atualidade. E, pelo visto, tem sido vencido. “Hoje, o Brasil não perde em nada para os países do primeiro mundo”, diz Eder Pinheiro, coordenador de marketing de produto da Massey Ferguson. “A nova família de tratores MF 6700R Dyna-4, por exemplo, é prova desta evolução, pois o conceito foi lançado primeiro no Brasil, depois no resto do mundo.”
Marcada pela eficiência operacional, a nova geração é composta pelos modelos MF 6711R, MF 6712 e MF 6713R, todos equipados com motores AGCO Power Turbo de quatro cilindros com 112 cv, 122 cv e 132 cv, respectivamente. “Ofertamos o que há de mais moderno em ferramentas para agricultura de precisão”, reitera o executivo. “Prova disso são recursos como piloto automático, sistemas de telemetria e monitor de produtividade.”
A linha da Massey é um exemplo de como a tecnologia embarcada pode reduzir os custos de produção e o impacto ambiental das operações agrícolas, além de facilitar a operação do maquinário. “Atualmente, buscamos oferecer mais conforto, economia de combustível e maximização dos equipamentos para garantir maior produtividade em áreas menores”, enfatiza Pinheiro. “Para isso, apostamos na evolução de componentes como motores e transmissões, além de Legislações atualizadas com novos níveis de emissões.”
PRODUTIVIDADE
No caso dos motores, Pinheiro destaca que ainda há etapas desafiadoras a serem vencidas. “A tendência é que, como já ocorre na Europa com o Tier IV e os sistemas EGR e SCR, os equipamentos tenham capacidade para produzir mais torque e poluir cada vez menos”, frisa. “Mas no Brasil, que só agora chegou ao Tier III, ainda é preciso disponibilizar um combustível mais puro para avançar.”
Segundo ele, a oferta de novos componentes também será determinante para otimizar o trabalho e aumentar a produtividade no campo. Atualmente, a Massey Ferguson oferta um pacote tecnológico global visando facilitar o dia a dia do operador. “Recursos como controle eletrônico do sistema de levantamento hidráulico no engate de três pontos, piloto automático Auto-Guide 3000, sistema de telemetria AgCommand, joystick para trabalho com lâmina frontal e creeper e um superredutor de velocidade para 150 m/h já estão disponíveis para a série de tratores 6700 R Dyna4”, destaca.
A popularização de smartphones e tablets também abriu um enorme campo para o desenvolvimento de aplicativos que facilitam o dia a dia dos produtores rurais. Na 38ª edição da Expointer, por exemplo, realizada no início de setembro em Esteio (RS), os visitantes puderam conferir uma novidade que será lançada somente em 2016. Trata-se de um aplicativo móvel de última geração que permite a transferência de dados sem fio. Nova solução para o gerenciamento de máquinas, o Go-Task possibilita ao empresário tomar decisões assertivas e reduzir o tempo e os esforços necessários para gerenciar os dados utilizados nas operações. “É a garantia que a entrada e a saída de dados sejam feitas por um dispositivo wireless com segurança e agilidade”, afirma Niumar Dutra Aurélio, coordenador de marketing do produto ATS da Massey Ferguson.
A tecnologia pode ser utilizada em qualquer dispositivo com sistema iOS. Uma vez instalado em iPhone, iPad ou iPod, a transferência de dados é feita de forma sincronizada, automática e sem uso de internet. “Basta aproximar o aparelho da máquina para os dados serem transferidos”, diz Aurélio.
CUSTOS
Ofertar tecnologias avançadas que resultem em menor custo operacional também está no DNA da Case IH, marca do grupo CNH Industrial. Sob o conceito Efficient Power, são reunidas algumas inovações tecnológicas e recursos inteligentes que resultam em maior eficiência de pulverizadores, tratores, colheitadeiras e plantadeiras.
De acordo com Christian Gonzalez, diretor de marketing da marca, novidades como bombas hidráulicas de alta vazão e motores com turbo intercooler garantem maior reserva de torque e um índice de 20% a 30% de economia de combustível nas linhas da marca em comparação à concorrência. “O perfil do produtor brasileiro mudou e nós mudamos também”, enfatiza. “Hoje, cada vez mais nossa oferta de recursos inteligentes minimiza o poder de decisão do operador e oferece o melhor aproveitamento energético e produtivo dos processos, desde o plantio até a colheita.”
A linha de pulverizadores é um exemplo do que a marca oferece em termos de tecnologia embarcada. Segundo o executivo, o modelo Patriot 250 Extreme é equipado com motor de 165 cv e recebeu um sistema independente de auxílio à tração que pode garantir até 30% na economia de combustível. “No Brasil, fomos a primeira marca a oferecer máquinas com GPS (Global Positioning System)”, destaca o especialista. “Em 2006, já importávamos colheitadeiras com tecnologias avançadas e, hoje, nossos sistemas de telemetria ajudam o produtor a coordenar a produtividade entre as máquinas.”
Mas as linhas de colheitadeiras, colhedoras e tratores também passaram por uma revolução tecnológica recente. Segundo Gonzales, o gerenciador automático de produtividade (Automatic Productivity Management – APM), por exemplo, pode reduzir em até 20% o consumo de combustível. “Na prática, o operador aperta um botão e o próprio trator regula a rotação e a marcha, independentemente das condições do campo ou da atividade”, explica. “Isso é o máximo em tecnologia embarcada existente no mercado.”
No portfólio da Case IH, as colheitadeiras Axial-Flow 7230, 8230 e 9230 também receberam tecnologias de última geração. Um sistema de acionamento Power Plus CVT (Continuously Variable Transmission) simplificou os acionamentos com eixos cardam, substituindo uma série de correias, polias, mancais e rolamentos existentes em outros sistemas. “Isso reduz em seis vezes o número de lubrificações do equipamento quando comparado com a principal tecnologia da concorrência, possibilitando uma maior disponibilidade do equipamento no campo”, explica Gonzalez, destacando que esse tipo de tecnologia já equipa os tratores da marca na Europa.
INTEGRAÇÃO
A finlandesa Valtra, marca mundial da AGCO, por sua vez, tem obtido avanços no campo da conectividade para aprimorar o trabalho do operador e reduzir custos e insumos. No caso, a operacionalização dos processos de cultivo a partir do uso integrado de soluções tecnológicas foi batizada de “Fuse Technologies”.
Na prática, o conceito prioriza a redução do tempo de parada, o gerenciamento da frota e a consultoria técnica para garantir disponibilidade durante todo o ano. “O objetivo é permitir uma conexão entre produtor e a máquina de forma coordenada durante o ciclo de produção, possibilitando acesso às informações para a tomada de decisão”, resume Rafael Antônio Costa, gerente de marketing de produtos ATS da AGCO.
De acordo com o executivo, todas as tecnologias são desenvolvidas globalmente pela AGCO, considerando as especificidades de cada região. “Nosso grupo de desenvolvimento é composto por engenheiros espalhados por todas as unidades ao redor do mundo”, comenta Costa, acrescentando que o país já oferta o que há de mais moderno no setor. “As tecnologias disponíveis estão no mesmo patamar dos países desenvolvidos, apenas a taxa de adoção é inferior em comparação à dos EUA, por exemplo.”
Com isso, o desafio agora é integrar todas as tecnologias disponíveis em um processo contínuo de produção. “Nesse momento, todas as ferramentas disponíveis trabalham de forma isolada e enxergando cada processo como único”, descreve. “O próximo passo dessa evolução é a integração de todas essas tecnologias em um processo que olhe o todo.”
O portfólio de soluções da Valtra inclui o piloto automático Auto Guide 300 nas linhas de tratores, pulverizadores e colheitadeiras axiais. A esse recurso juntaram-se os recentemente os novos terminais touch screen, o receptor GNSS, o AGI-4 (preparado para receber sinal de GPS), o Glonass (Globalnaya Navigazionnaya Sputnikovaya Sistema, a versão russa do GPS) e o Galileo (Global Navigation Satellite System). “O equipamento trabalha com níveis de precisão de sinal submétrico, decimétrico e centimétrico (RTK)”, detalha Costa. “Aliado à correção por RTK, com o conceito de tráfego controlado, reduz a compactação do solo e aumenta a produtividade, dentre outras vantagens.”
Durante a Expointer, a Valtra exibiu pela primeira vez a colheitadeira BC6800, desenvolvida com conceitos inovadores como o TriZone (que inclui côncavos bi-partidos com suspensão), um novo canal alimentador do rotor (com 70 cm de diâmetro e 3,5 de comprimento) e um sistema multiestágio de limpeza. “Todas as funções e controles estão concentrados no monitor de tela, que é colorida e touch screen”, aponta Gilberto Dutra, coordenador de marketing do produto da Valtra.
INTEGRAÇÃO
Até o final da década de 90, a indústria nacional de máquinas agrícolas ainda não acompanhava a inovação trazida pela integração da eletrônica e da informática. O maior impeditivo, como ressalta Roberto Jonker, gerente de produto da New Holland, era (e ainda é) a engenharia necessária por trás do produto. “Nacionalizar equipamentos com uma parcela significativa de componentes importados pode aumentar em até 40% os custos”, contextualiza. “E ainda temos muita dependência internacional em monitores, antenas e outros itens.”
Contudo, na opinião de Jonker, o avanço da tecnologia embarcada favorece a renovação do parque de máquinas no Brasil. Nos últimos anos, diz, ocorreu uma redução de 20 para 11 anos na média de idade da frota circulante no campo. Por outro lado, um equipamento de alto valor agregado ainda não é acessível a todos os grupos produtivos.
Segundo ele, a agricultura de precisão é utilizada entre 10% a 15% da área plantada no Brasil, enquanto nos EUA esse índice chega a 40%. “Com exceção de tratores de pequeno porte, em toda a linha acima de 100 cv estão inseridas ferramentas que auxiliam no gerenciamento”, frisa o executivo, destacando que há um longo caminho a ser percorrido para garantir que todos consigam obter o máximo dos equipamentos. “Esse é um desafio de todos que atuam no setor”, afirma.
O especialista sublinha que o tempo de lançamento no país já está bem próximo do mercado internacional. Como exemplo, ele cita o monitor teleview e a antena de GPS. “O PLM Connect foi lançado em março nos EUA e estará disponível agora em novembro no Brasil”, afirma o executivo. “Infelizmente, ainda temos alguns problemas, pois o campo não tem bons sinais de celulares.”
Para ele, a tendência na indústria é de, cada vez mais, promover a comunicação entre homem e máquina. “A transferência instantânea de dados permite que o produtor confira a produtividade e o rendimento operacional de suas máquinas apenas consultando um celular”, comenta Jonker.
DESEMPENHO
No Brasil, a New Holland oferta um portfólio que, além de monitorar, permite aumentar a produtividade. Entre os destaques está o sistema de RTK – um tipo de correção dos sinais de GPS e Glonass que conta com 2,5 cm de precisão. Os sinais são transformados em ondas de rádio, transmitidas num raio de até 20 km de cada base. Essas ondas permitem desempenho em precisão e repetição antes impensável. Com a rede, os produtores podem realizar trabalhos cada vez mais detalhados na gestão do negócio agrícola, com melhor aproveitamento da área plantada, além de reduzir o amassamento, a sobreposição na aplicação de insumos e o consumo de combustível.
Além de o mercado agrícola já contar com a rede RTK, outros equipamentos da linha PLM (Precision Land Management) trazem soluções de gerenciamento. Com isso, é possível realizar o controle individual de seções de plantio, promovendo o desligamento automático, economizando insumos e, consequentemente, o tempo de operação.
Ainda em relação à linha PLM, o piloto automático facilita a operação ao conduzir a máquina de modo autônomo, como um sistema de direção assistida. O veículo é mantido no trajeto determinado pelo agricultor com a máxima precisão, melhorando o rendimento da lavoura, ao mesmo tempo em que reduz a fadiga do operador e gera economia de recursos em combustível e horas.
Mas há outros recursos que buscam automatizar as operações. Para linha de colheitadeiras, o Monitor de Produtividade de Grãos e o novo software PLM Office, por exemplo, foram atualizados para oferecer interfaces mais intuitivas e componentes de última geração. Outra solução que começa a ser mais utilizada é a telemetria, que permite o monitoramento dos equipamentos. As informações de operação são disponibilizadas em diversos níveis para um computador, podendo ser programadas para máxima produtividade. “Atualmente, as fazendas produzem o mapa de atividades coletando os dados em pendrives ao final do dia”, afirma Jonker. “Com a utilização da telemetria, essa etapa é feita em tempo real, oferecendo mais precisão, agilidade e logística.”
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