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Revista M&T - Ed.291 - Fevereiro / Março 2025
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BRITAGEM & PENEIRAMENTO

Revestimentos ditam a qualidade

Por Santelmo Camilo

Foto: Metso


Atenção aos novos desenvolvimentos em sistemas de controle de desgaste de revestimentos permitem manter a abertura homogênea e garantir a alta qualidade do produto

Em 2024, o segmento de pedra britada manteve o ritmo de retomada dos volumes comercializados – dando sequência ao processo de retorno aos níveis registrados no início da década passada. Esse movimento vem revertendo a forte queda que começou ainda em 2015, abrindo um período de declínio acentuado nas vendas.

Os dados da região metropolitana de São Paulo podem ser tomados como referência. Representando algo entre 47% e 51% do total comercializado no estado, o conjunto de municípios fechou o ano com 32,5 milhões de toneladas negociadas, número ainda um pouco baixo em relação a 2023. “Com base em informações sobre o recolhimento


Foto: Metso


Atenção aos novos desenvolvimentos em sistemas de controle de desgaste de revestimentos permitem manter a abertura homogênea e garantir a alta qualidade do produto

Em 2024, o segmento de pedra britada manteve o ritmo de retomada dos volumes comercializados – dando sequência ao processo de retorno aos níveis registrados no início da década passada. Esse movimento vem revertendo a forte queda que começou ainda em 2015, abrindo um período de declínio acentuado nas vendas.

Os dados da região metropolitana de São Paulo podem ser tomados como referência. Representando algo entre 47% e 51% do total comercializado no estado, o conjunto de municípios fechou o ano com 32,5 milhões de toneladas negociadas, número ainda um pouco baixo em relação a 2023. “Com base em informações sobre o recolhimento de CFEM, estimamos que o estado de São Paulo fechou o ano com um total aproximado de 70 milhões de brita e subprodutos”, afirma Daniel Debiazzi, presidente do Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras), prevendo um desempenho ainda melhor para 2025. “Por enquanto, a estimativa está em 34,4 milhões de toneladas para a região, mantendo essa proporção para o estado”, comenta. “Porém, a mudança no cenário econômico pode impor uma revisão desses dados.”

A projeção considera as estimativas das Leis de Diretrizes Orçamentárias para 2025, tanto da capital quanto do estado. Embora a situação fiscal de São Paulo se destaque, integrando o conjunto dos quatro únicos estados que não apresentaram déficit em 2024 (junto a RJ, MG e CE), as vendas do mercado imobiliário se mantenham elevadas e o comércio de materiais tenha superado as expectativas de crescimento, a conjuntura econômica preocupa. “A alta taxa de juros e as dúvidas sobre a reforma tributária contribuem para um cenário não tão positivo, que pode contaminar as projeções e os resultados do mercado paulista durante o ano”, resume o presidente do Sindipedras.

Entre as iniciativas que podem impulsionar o segmento está o projeto “SP nos Trilhos”, que busca fortalecer o transporte ferroviário e a mobilidade urbana, assim como as obras do trecho norte do Rodoanel – com perspectiva de conclusão até setembro de 2026. “Além disso, a previsão orçamentária para 2025 registra o maior valor histórico da série”, acentua Debiazzi, apontando que esses sinais reforçam a convicção de retomada do crescimento no mercado de pedra britada em 2025.

Qualidade do revestimento interfere nos custos da operação e no resultado do produto. Foto: Metso


REVESTIMENTOS

Com a expectativa de resultados futuros positivos, o momento se mostra ideal para os players se planejarem. Do ponto de vista operacional, a preparação passa especialmente pela atenção aos novos desenvolvimentos em sistemas de controle de desgaste dos revestimentos, que visam manter a abertura homogênea e a alta qualidade do produto – garantindo maior vida útil para as peças e reduzindo as perdas.

Na operação, os britadores são revestidos com o objetivo de evitar desgastes excessivos provocados pelo contato com a pedra. A proteção envolve peças vitais para o funcionamento do conjunto, como carcaça, eixo e queixo, inviabilizando o uso do equipamento quando ausente. No limite, a qualidade do revestimento tem relação direta com a durabilidade da máquina e os custos das operações.

De acordo com Iuri Bueno, diretor operacional da Embu, a qualidade do revestimento interfere nos custos da operação e no resultado do produto. “No caso do VSI, a melhoria da forma do produto é notável em função do tipo de cominuição que ocorre no processo, eliminando as arestas das partículas e deixando-as mais cúbicas”, explica. “E essa é uma qualidade importante em várias aplicações de brita, como lastro ferroviário, asfalto e concreto, entre outras.”

Segundo o profissional, todavia, a qualidade depende ainda mais diretamente das características geológicas da jazida mineral e do processo de classificação. “Com o bom dimensionamento de peneiras e telas, é possível obter um material isento de contaminações e dentro das dimensões especificadas pelas normas”, completa.

Atualmente, os britadores de cone e de mandíbulas praticamente só utilizam revestimentos em aço manganês, que é empregado em aplicações de britagem há mais de 100 anos. Para esse tipo de utilização, o aço manganês austenítico (liga com mais de 10% de manganês) é endurecido por trabalho. Isso significa que altos impactos – como os provocados na câmara de britagem – criam uma camada de superfície bastante rígida, de duas a três vezes mais dura que o restante da liga. “Se impactado suficientemente, isso resulta em uma camada externa resistente, apoiada por um núcleo mais macio”, detalha Pedro Silva, engenheiro de aplicação e suporte a vendas da Sandvik. “Nas condições corretas, isso pode dar ao metal qualidades duplas de resistência a desgastes e impactos.”

Sob impacto, revestimentos em aço manganês austenítico geram camada externa resistente. Foto: Sandvik


Já os equipamentos de eixo vertical (VSI) costumam usar soluções em aço com pontas de tungstênio. O especialista da área de suporte a vendas técnicas da Metso, Marcelo Capucho, lembra que a escolha pelo aço manganês ou outro tipo de solução deve ser realizada sempre com base na aplicação. “Isso depende do tipo de material que será britado, das etapas do processo e das características desse procedimento”, comenta o especialista, mencionando que o aço manganês acaba sendo selecionado em mais de 80% das aplicações.

No que diz respeito à durabilidade, eficiência operacional e relação custo-benefício, os revestimentos de aço manganês proporcionam algumas vantagens. “Com materiais de qualidade, é possível garantir maior durabilidade às peças de desgaste, reduzindo a frequência de substituições e minimizando os tempos de parada”, ressalta Paulo Sérgio Teodoro, consultor de grandes contas na Superior Industries.

Além disso, revestimentos adequados geram uma granulometria mais uniforme e maior eficiência durante o procedimento. “É possível afirmar que, quanto melhor a qualidade do material do revestimento, maior será sua durabilidade e capacidade de resistir às condições extremas”, observa Teodoro. “Materiais como manganês são amplamente usados na britagem, pois as ligas de alta qualidade (com 18% ou 21% de manganês) têm excelente vida útil na comparação com outras opções.”

Na relação de vantagens desses revestimentos consta, ainda, uma menor frequência de regulagem do equipamento (pois os revestimentos demoram mais para se desgastar). “Com boa relação de custo-benefício, o cliente pode adequar o preço de venda da brita e tornar-se mais competitivo”, acentua Marcos Denardi, consultor de aplicações da Máquinas Furlan.

Material de qualidade garante durabilidade às peças de desgaste de britadores. Foto: Superior


ANÁLISE

Para especificar o revestimento é essencial considerar diversos fatores técnicos que impactam diretamente o desempenho do equipamento, a qualidade do produto e o custo operacional. Entre essas variáveis estão a avaliação da abrasividade do elemento a ser britado e o tamanho do material alimentado, que deve ser compatível com a capacidade do revestimento, evitando desgaste excessivo e perdas de eficiência. “Materiais mais abrasivos, como granito ou basalto, exigem revestimentos com maior resistência, como ligas de manganês de alta qualidade”, informa Teodoro.

O representante da Superior lembra que revestimentos espessos de fato elevam a durabilidade, mas também podem comprometer a capacidade volumétrica do britador. Assim, o perfil deve ser ajustado conforme o tipo de material e o tamanho final desejado. “As avaliações e recomendações são essenciais para maximizar a performance da máquina, garantir a qualidade do produto e otimizar os custos operacionais”, enumera.

Considerando que o britador cônico pode ter até sete configurações (extrafino, fino, médio-fino, médio, médio-grosso, grosso, extra-grosso), a definição do tipo de cavidade leva em consideração alguns dados de aplicação. Entre essas informações estão a quantidade de finos na alimentação, produção desejada (m³/h ou ton/h) e curva granulométrica do material de alimentação (para análise de percentual de finos). “Em seguida, utilizando-se o catálogo do fabricante, é possível identificar os tipos de cavidade e a abertura do britador mais adequados para cada situação”, afirma Denardi, da Furlan.

Além disso, a rotação de trabalho e a umidade também impactam a especificação do revestimento. De acordo com Capucho, da Metso, “todas essas questões precisam ser analisadas para que seja possível potencializar os resultados e reduzir os custos de produção”.

Vale destacar que o uso de uma câmara incorreta de britagem pode comprometer a produtividade, a vida útil do revestimento ou ambos. “A câmara muito estreita pode fornecer uma taxa de redução baixa ou falhar completamente”, ressalta.

Por outro lado, se for muito grande, o material será britado apenas na parte inferior da câmara. “A configuração ideal resulta em desgaste uniformemente distribuído ao longo das laterais do manto e do côncavo”, conta Silva, da Sandvik, destacando a importância de se conhecer a fundo o material a ser trabalhado. “O minerador precisa ter informações à disposição sobre as propriedades e características das rochas, que influenciam a britagem e o peneiramento”, diz.

Catálogos de fabricantes permitem identificar as cavidade e aberturas mais adequados. Foto: Furlan


DURABILIDADE

A durabilidade dos revestimentos pode variar significativamente, comparando-se materiais de procedência confiável e de origem questionável. “Geralmente, essa diferença é evidente em termos de desgaste, eficiência e desempenho do equipamento”, lista Teodoro, da Superior.

Revestimentos de manganês de alta qualidade são projetados para resistir ao desgaste abrasivo e à fadiga durante longos períodos de operação. Com estrutura mais robusta e maior resistência à abrasão e ao impacto, garantem uma vida útil mais longa. Já revestimentos feitos com materiais de composição inferior resultam em uma maior taxa de desgaste. Esse tipo de revestimento, ressalte-se, pode apresentar falhas precoces, como rachaduras ou desgaste irregular, levando a custos mais altos com a necessidade de manutenção e substituição.

A garantia da qualidade passa, ainda, pela necessidade de os revestimentos de desgaste serem fabricados por especialistas. A produção começa com o uso de matérias-primas de alta qualidade, a fim de minimizar impurezas. Já o controle cuidadoso da temperatura durante o estágio de fusão e vazamento garante uma estrutura correta de grãos para as peças fundidas. “O tratamento térmico e a têmpera dissolvem os carbonetos e mantêm a microestrutura austenítica”, conta Silva, advertindo que leves variações no processo já podem causar debilidades. “Se não forem tratados de maneira adequada termicamente, podem se formar carbonetos ao longo dos limites dos grãos, afetando a resistência e a durabilidade”, exemplifica.

Para falar em durabilidade, é importante entender o parâmetro de comparação empregado. De acordo com Capucho, atualmente a base considera as horas trabalhadas – o que pode não ser o melhor dos cenários. “O revestimento ‘A’ pode trabalhar 100 h, assim como o ‘B’, mas a quantidade produzida por cada um deles será diferente”, delineia. “Um britador pode trabalhar 100 h e produzir 200 t, por exemplo, enquanto o segundo opera as mesmas 100 h e produz 300 t”, diz o profissional, indicando o volume de toneladas produzidas como um bom parâmetro.

Além do equipamento e do revestimento, outros fatores também interferem na qualidade do produto britado, especialmente em termos de granulometria, homogeneidade, forma e características físicas. Particularidades do material de alimentação, parâmetros de operação (como velocidade de rotação do britador e taxa de alimentação do material na câmara) e controle da umidade do material são alguns desses pontos de atenção. “Tecnologias de monitoramento e automação, com sistemas que monitoram parâmetros como velocidade, pressão, temperatura e níveis de desgaste em tempo real, podem ajudar a otimizar as operações, garantindo que o equipamento funcione na capacidade máxima e resulte em um produto de alta qualidade”, arremata Teodoro.

Setor de agregados esperacrescimento moderado em 2025

Na visão de Marcos Denardi, da Furlan, o setor de agregados terá um crescimento moderado em 2025 por conta, principalmente, das obras públicas de infraestrutura, além de projetos comerciais e habitacionais. “Precisamos considerar a pujança do agronegócio, que tem apresentado forte procura por insumos de origem mineral”, afirma. “Essa demanda tem aumentado de maneira considerável o fornecimento de plantas completas de processamento de calcário, fosfato, potássio e pó de rochagem, entre outros.”
Outro fator relevante é o aumento da regulamentação ambiental e a necessidade de maior eficiência operacional. Isso vem motivando as pedreiras a investirem em soluções mais modernas e sustentáveis, além de otimização dos processos. “Analisando 2024, tivemos êxitos nos mercados de construção e agregados”, avalia Pedro Silva, da Sandvik, destacando que a fabricante notou um movimento crescente em pedreiras de todos os portes. “Considerando todos esses aspectos, a expectativa é boa em termos mundiais”, conclui.
Demanda consistente tem aumentado o fornecimento de plantas completas no país. Foto: Santelmo Camilo

Equipamentos são premiados na Alemanha

Vencedor do German Design Award, o britador de impacto Mobirex MR 100(i) NEO/NEOe tem dimensões compactas e oferece baixo peso de transporte. Foto:Kleemann


A Kleemann arrebatou dois prêmios na categoria “Excellent Product Design” do cobiçado prêmio German Design Award, concedidos pela abordagem inovadora do britador de impacto Mobirex MR 100(i) NEO/NEOe (foto) e da planta de peneiramento Mobiscreen MSS 502(i) EVO.
No caso do britador móvel, o júri reconheceu a alta flexibilidade que a máquina oferece, com dimensões compactas e baixo peso de transporte. Com opção de acionamento elétrico E-Drive livres de emissões, o modelo estabelece novos padrões na classe compacta com extras como o ajuste automático da abertura e o sistema “Lock & Turn Quick Access”, que permite abrir o britador em 30 seg, sem o uso de ferramentas.
Já a planta compacta de peneiramento Mobiscreen MSS 502(i) EVO convenceu o júri com características como alta flexibilidade e facilidade de uso. A planta permite a seleção de diferentes telas, podendo ser adaptada a requisitos específicos da operação. “O acionamento Dual-Power eletro-hidráulico trabalha totalmente livre de emissões”, ressalta a empresa.


Saiba mais:
Embu: https://embusa.com.br
Furlan: www.furlan.com.br
Kleemann: www.wirtgen-group.com/pt-br/empresa/kleemann
Metso: www.metso.com/pt
Sandvik: www.home.sandvik/br
Sindipedras: www.sindipedras.org.br
Superior: superior-ind.com/pt

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