Revista M&T - Ed.121 - Fevereiro 2009
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Equipamentos de apoio

Quem disse que eles não produzem?

Especificar os equipamentos que dão suporte às máquinas de produção no canteiro exige um conhecimento detalhado do tipo de obra em execução

Se a construção de um gasoduto impõe desafios logísticos à mobilização dos equipamentos e a sua manutenção, devido ao dinamismo desse tipo de projeto, no qual as máquinas e a estrutura mudam de localização de acordo com o avanço da obra, a situação torna-se ainda mais complexa quando seu traçado passa por regiões serranas. Esse desafio está sendo enfrentado pela construtora GDK na instalação do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), em São Paulo, onde responde pela execução de um dos lotes desse projeto.

Para ligar os centros de produção de gás natural da Bacia de Santos à malha de transporte da Petrobras, que passa pelo Vale do Paraíba, o gasoduto de 98 km de extensão precisa atravessar a Serra do Mar. “Na implantação de dutos, geralmente enfrentamos dificuldades nas condições de acesso à obra, que foram ainda maiores nesse projeto devido à topografia do trecho de serra”, afirma Sérgio Barreto, diretor de equipamentos da construtora GDK.

Numa obra em que os aclives e declives impõem dificuldades de deslocamento até mesmo para as máquinas sobre esteiras, como tratores e sidebooms, tais condições topográficas acabam representando um gran


Se a construção de um gasoduto impõe desafios logísticos à mobilização dos equipamentos e a sua manutenção, devido ao dinamismo desse tipo de projeto, no qual as máquinas e a estrutura mudam de localização de acordo com o avanço da obra, a situação torna-se ainda mais complexa quando seu traçado passa por regiões serranas. Esse desafio está sendo enfrentado pela construtora GDK na instalação do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), em São Paulo, onde responde pela execução de um dos lotes desse projeto.

Para ligar os centros de produção de gás natural da Bacia de Santos à malha de transporte da Petrobras, que passa pelo Vale do Paraíba, o gasoduto de 98 km de extensão precisa atravessar a Serra do Mar. “Na implantação de dutos, geralmente enfrentamos dificuldades nas condições de acesso à obra, que foram ainda maiores nesse projeto devido à topografia do trecho de serra”, afirma Sérgio Barreto, diretor de equipamentos da construtora GDK.

Numa obra em que os aclives e declives impõem dificuldades de deslocamento até mesmo para as máquinas sobre esteiras, como tratores e sidebooms, tais condições topográficas acabam representando um grande desafio à operação de equipamentos sobre chassi de caminhão. É o caso dos veículos de abastecimento, comboios de lubrificação e demais unidades que se enquadram na categoria de equipamentos de apoio, ou seja, que não são mobilizados para a execução da obra e sim para suporte às operações.

De acordo com Barreto, obras desse tipo exigem o uso de veículos de abastecimento e comboios de lubrificação montados sobre chassi 4x4, capazes de vencer rampas acentuadas com maior facilidade. “A tração nas quatro rodas é a primeira determinação para especificar esse tipo de equipamento em projetos localizados em regiões de topografia acidentada ou com maior incidência de chuvas.”

Comboio dois em um

O segundo ponto a se considerar é o perfil da frota atendida pelo equipamento, que define a quantidade de recipientes para os lubrificantes a serem transportados e suas respectivas capacidades. No caso do Gastau, por exemplo, a GDK mobiliza comboios com reservatórios blindados, para o transporte de óleos e graxas, além de um tanque dimensionado para 4.000 litros de diesel. “Assim reduzimos os custos da operação, pois, como já existe a necessidade de deslocar o comboio diariamente até as frentes de trabalho para a lubrificação dos equipamentos, aproveitamos o mesmo veículo para abastecer a frota com óleo diesel.”

Os ganhos, nesse caso, são proporcionais ao tamanho da frota atendida, que no lote do Gastau sob responsabilidade da GDK corresponde a 20 escavadeiras da classe de 20 t, usadas na abertura das valas, e a 24 side booms mobilizados no assentamento dos tramos de tubos. “Isso sem contar os outros equipamentos de apoio que também precisam ser abastecidos e submetidos a manutenção preventiva”, pondera Barreto. Ele se refere aos pipe loaders, usados para o transporte de tubos até o local do assentamento, e aos pay welders, que possibilitam a execução de solda no campo. Somente para a soldagem de dutos, a empresa mobiliza quatro pay welders nessa obra.

Entre outros equipamentos de apoio, Barreto cita ainda a mobilização de caminhões guindauto, usados no transporte de materiais e máquinas de menor porte, como skids de solda e grupos geradores. Na instalação do Gastau, por exemplo, a construtora emprega guindautos de 12 a 20 t de capacidade, montados sobre chassi do modelo Mercedes-Benz Atego 1418, um veículo 4x2 com 177 hp de potência e peso bruto total (PBT) de 14 t. “Também operamos com alguns equipamentos sobre chassi de caminhão 4x4.”

Completando a lista, há ainda a oficina móvel, também montada sobre caminhões com tração 4x2 ou 4x4, de acordo com as características da obra em execução pela GDK. “Em geral, são equipadas com bancada de ferramenta, torno mecânico, esmerilhadeira, compressor de ar, motossoldadora, reservatório de água, furadeira de bancada e um pequeno guindaste para içar peças maiores.” Nas obras mais “espalhadas” geograficamente, como é o caso da instalação de um gasoduto, Barreto explica que os caminhões ficam posicionados em locais estratégicos para atender pequenas chamadas de manutenções corretivas ou preditivas vindas de diferentes pontos.

Um modelo para cada canteiro

Diferentemente da instalação de gasodutos, as obras de rodovias iniciam com trabalhos de terraplenagem, o que facilita o acesso às frentes de serviços e simplifica o dimensionamento dos equipamentos de apoio. Mesmo assim, essa categoria de serviço abrange diferentes tipos de obras, de grande, médio ou pequeno porte, o que exige a adoção de modelos adequados para um projeto de construção propriamente dita ou de um mero trabalho de conservação de pistas.

Esse é o caso da construtora Encalso, que adota três tipos de comboios em seus canteiros: os modelos para construções rodoviárias de grande, médio e pequeno porte, que também abrange as obras em vias urbanas. Somente nesse último caso, geralmente envolvendo reparos de vias com fácil acesso aos postos de abastecimento, onde é preciso limitar o tamanho dos equipamentos usados para não atrapalhar o tráfego, a empresa trabalha com comboios montados sobre chassis 4x2 e dimensionados também para o abastecimento da frota. “O veículo de arrasto é um Ford Cargo 815, com potencia de 150 hp, peso bruto técnico (PBT) de 8,25 t e capacidade máxima de tração de 11 t, diz Eduardo Fernandes Lucas, gerente de manutenção da construtora.

Segundo ele, esses veículos são fáceis de manobrar e atendem às necessidades de abastecimento e lubrificação dos equipamentos mobilizados em obras urbanas, como os rolos compactadores e as vibroacabadoras. “Esses comboios têm um tanque para 2.000 l de óleo diesel, além de quatro reservatórios para lubrificantes e um para graxa, todos com capacidade para 100 l”, diz. Entre outras funcionalidades, eles são equipados com propulsoras pneumáticas para a transferência, carretéis com retração manual, mangueira com 10 m de comprimento e válvula para óleo.

Os pequenos comboios usados pela Encalso em obras urbanas ainda vêm com compressor de ar de 20 pcm de capacidade e dois estágios. Eles são equipados com reservatório de 250 l,
 separador de água, regulador de pressão e lubrificador de linha. “Além disso, têm um reservatório de água exclusivo para a reposição dos radiadores, com 100 l de capacidade, e outro para o armazenamento de óleos usados, além de um armário para ferramentas”, diz o Lucas.

Para obras maiores

A máxima do “tudo em um”, adotada pela GDK no abastecimento e lubrificação de sua frota, continua valendo quando o assunto é obra rodoviária. Apesar de ter uma dinâmica parecida com a de obras urbanas, as dimensões muito maiores de uma construção de rodovia acabam interferindo no dimensionamento dos equipamentos de apoio. Prova disso são os próprios comboios de lubrificação, que, nesses casos podem ser montados sobre caminhões 6x4. “Eles suportam mais peso e, assim, podem suprir melhor os equipamentos espalhados pelo canteiro”, pondera Lucas.

Segundo ele, esses equipamentos têm todas as características dos modelos de menor porte, mas são dotados de tanques de maior capacidade e tecnologias mais avançadas, como o filtro de sucção de combustível, que elimina a presença de partículas contaminantes no óleo diesel durante seu abastecimento. Esses comboios também têm um reservatório para água de 300 l, que juntamente com o tanque tradicional de água, usado para a reposição de radiadores, aumenta sua capacidade de transporte de água em quatro vezes quando comparado aos pequenos modelos usados em obras urbanas.

O mesmo conceito de mobilizar um único equipamento de apoio em diferentes tarefas também é válido para as oficinas móveis da Encalso. A empresa dispõe de um modelo estacionário, que fica posicionado em um local estratégico do canteiro e é capaz de substituir até mesmo uma oficina de canteiro, conforme explica Lucas. “A carreta oficina conta com gerador de energia elétrica, compressor de ar, prensa hidráulica, motoesmeril, furadeira de coluna, máquina de solda, conjunto completo de oxiacetileno e policorte, além de rede elétrica com ligações de todos os tipos e outras ferramentas.”

Esse equipamento, segundo ele, é montado na oficina central da Encalso e geralmente se destina a obras rodoviárias em trechos mais distantes das sucursais da empresa. Dessa forma, ela reduz os custos de manutenção, apoiando-se em contratos com terceiros para a execução de serviços mais especializados, como retífica de motores, reparos no sistema hidráulico e transmissão.

Em obras que não ficam tão distantes dos centros urbanos, mas que também dependem de ajuda extra no canteiro, a construtora utiliza oficinas volantes. Elas são montadas em caminhões do tipo baú, com tração 4x2, proporcionando grande mobilidade às manutenções no campo. “Atualmente, contamos com cinco oficinas volantes e uma carreta-oficina”, diz Lucas.

Irrigadeiras

Quando o atendimento se destina a uma obra de grande porte, que mobiliza muitos equipamentos, toda a frota de apoio deve ser dimensionada para maiores demandas. Na construção da hidrelétrica de Jirau, por exemplo, a Camargo Corrêa especificou apenas o uso de caminhões irrigadeiras com capacidade para 16.000 l de água. Quem dá a informação é João Lazaro Maldi Junior, superintendente de equipamentos da empresa, uma das integrantes do consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela obra.

“A utilização de muita água é uma particularidade das obras de barragens, pois a empregamos no serviço de compactação do solo, bem como no abatimento de poeira nas pistas de acesso durante a etapa de terraplanagem”, diz ele. Essa situação, segundo Magaldi, é bem diferente dos demais tipos de obra, nas quais se usa água apenas para o reabastecimento de radiadores e a eventual limpeza de algumas peças.

Os caminhões irrigadeira, assim como os demais equipamentos de apoio mobilizados pela Camargo Corrêa em Jirau, são montados sobre chassis 4x2 ou 4x4. “Nunca utilizamos veículos com três eixos.” Entre outras particularidades, o executivo ressalta que, devido às questões de proteção ambiental, que não admitem qualquer vazamento de óleo ou combustível, os veículos de abastecimento e comboios de lubrificação sempre são blindados.

Devido às dimensões da obra, um dos principais projetos de infra-estrutura em implantação no Brasil, o transporte de pessoal mereceu uma atenção especial por parte do consórcio construtor. Para levar os operários até as frentes de serviço, ele trocou o tradicional ônibus por veículos especialmente projetados para essa função. Magaldi explica que se tratam de caminhões do tipo baú, com tração 4x4 e equipados com bancos e demais itens para o transporte seguro e confortável do pessoal, como cintos de segurança e outros. “Devido à topografia da região, que é complicada, dificilmente os ônibus conseguiriam realizar esse trabalho”, finaliza Magalgi.

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