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Revista M&T - Ed.68 - Dez/Jan 2002
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Agregados

Perspectivas para produção de brita e areia

Seminário internacional discute alternativas para desenvolvimento de uma indústria rentável e "ecologicamente correta"

Para discutir o "Futuro da Mineração de Agregados", a ANEPAC Associação Nacional de Produtores de Agre gados para a Construção Civil realizou de 22 a 24 de outubro, em Campinas (SP), um seminário internacional, que contou com o patrocínio da Caterpillar e discutiu diver sos problemas que o setor deve enfrentar no novo século, com destaque para a convivência urbana dessa indústria e as questões ambientais envolvidas.

Segundo Benito Bottino, gerente de produção da Pedreira Sargon e vicepresidente da Sobratema para a área de mineração, o evento se realiza em um momento em que o segmento de mineração de agregados no Brasil de brita, em particular busca soluções para fazer frente a uma depreciação de preços resultante de grande oferta e redução na demanda. "No passado, se investiu muito em aumento de produção, mas o foco agora são alternativas técnicas para aumentar a produtividade, viabilizar o aproveitamento econômico dejazidas, reduzir o impacto ambiental da atividade e, principalmente, garantir a qualidade dos agregados^ j segundo as especificações cada vez mais rígidas dos clientes dessa indústria".

Nesse sentido, o ponto alto do seminário foram as apresen j tações de técnicos e empresários ligados a entidades e empresas da Europa e dos Estados Unidos. Estiveram presentes representantes da Associação Americana de Produtores ' de Pedra Britada, Areia e Cascalho (National Stone, Sand & GravelAssociation) e da União Européia de Produtores de Agregados (Union Européene des Producteurs de Granulats). Os Estados Unidos também foram representados pelo Ser viço Geológico Americano (United States Geological Survey) e a Europa pelo Ministério da Economia, Finanças e da Indústria da França.

Os debates que se seguiram às palestras mostraram que existem desafios comuns para a mineração de brita, tan to no Brasil, quanto em países europeus ou nos Esta dos Unidos. Levando-se em


Para discutir o "Futuro da Mineração de Agregados", a ANEPAC Associação Nacional de Produtores de Agre gados para a Construção Civil realizou de 22 a 24 de outubro, em Campinas (SP), um seminário internacional, que contou com o patrocínio da Caterpillar e discutiu diver sos problemas que o setor deve enfrentar no novo século, com destaque para a convivência urbana dessa indústria e as questões ambientais envolvidas.

Segundo Benito Bottino, gerente de produção da Pedreira Sargon e vicepresidente da Sobratema para a área de mineração, o evento se realiza em um momento em que o segmento de mineração de agregados no Brasil de brita, em particular busca soluções para fazer frente a uma depreciação de preços resultante de grande oferta e redução na demanda. "No passado, se investiu muito em aumento de produção, mas o foco agora são alternativas técnicas para aumentar a produtividade, viabilizar o aproveitamento econômico dejazidas, reduzir o impacto ambiental da atividade e, principalmente, garantir a qualidade dos agregados^ j segundo as especificações cada vez mais rígidas dos clientes dessa indústria".

Nesse sentido, o ponto alto do seminário foram as apresen j tações de técnicos e empresários ligados a entidades e empresas da Europa e dos Estados Unidos. Estiveram presentes representantes da Associação Americana de Produtores ' de Pedra Britada, Areia e Cascalho (National Stone, Sand & GravelAssociation) e da União Européia de Produtores de Agregados (Union Européene des Producteurs de Granulats). Os Estados Unidos também foram representados pelo Ser viço Geológico Americano (United States Geological Survey) e a Europa pelo Ministério da Economia, Finanças e da Indústria da França.

Os debates que se seguiram às palestras mostraram que existem desafios comuns para a mineração de brita, tan to no Brasil, quanto em países europeus ou nos Esta dos Unidos. Levando-se em conta, é claro, a dife rença abissal (em termos de produção e con sumo) entre os mercados considerados.

O mercado

Segundo dados da Associação Nacional de Produtores de Agregados para a Construção Civil ANEPAC e do Departa mento Nacional de Produção Mineral DNPM, foram pro duzidas no Brasil, em 2000, 382,9 milhões de to neladas métricas de areia e brita. Desse total, 226,6 milhões de toneladas de areia e 1 56,3 milhões de toneladas de brita, no valor total de US$ 1,1 bilhão (US$ 467,2 milhões para areia e US$ 625,9 milhões para brita).

Nos Estados Unidos (EUA), no mesmo ano foram produzidas cerca de 2,76 bi lhões de toneladas métricas de agre gados 1,59 bilhões de toneladas de britae 1,17 bilhões de toneladas de areia e cascalho , totalizando US$14,4 bilhões (US$ 8,70 bilhões para brita e US$ 5,70 bilhões para areia e cascalho). Na Europa, a produção conjunta de 16 países (com empresas filiadas à União Européia de Produtores de Agregados (UEPG), sediada na Espanha, soma cerca de 3 bilhões de toneladas/ano a maior parte da Alemanha (700 milhões t), seguida pela Itália (550 milhões t), França (400 milhões t), Espanha (350 milhões t) e Reino Unido (250 milhões t).

Mesmo com o crescimento significativo, notadamente a partir de 1996, a produção brasileira registrada no ano 2000 eqüivale a um consumo per capita de cerca de 2t/ habitante. (Ver tabela "Evolução da produção de agrega dos no Brasil"). Nos EUA, o consumo médio, aliás verifica do nos últimos 25 anos, de cada americano tem sido de 8,21 toneladas curtas de agregados minerais. A média de consumo européia, do mesmo modo, fica entre 7 e 8 t/ habitante/ano.

A questão ambiental

Feita a ressalva em relação ao porte do mercado, podese dizer que as preocupações do diaadia são as mesmas. A começar pela questão ambiental. As imposições de grupos ambientalistas e a rigidez governamental nas concessões, tem tornado cada vez mais difícil obter licenciamentos para a exploração de áreas. Tanto nos Estados Unidos (EUA) quanto na Europa, os empresários do setor tem investido no controle rígido do processo produtivo, no emprego de tecnologia "ecologicamente" correta e na recuperação das áreas de extração. Não falta também uma ampla e eficiente campanha de divulgação do que são os agregados e de suas múltiplas aplicações na sociedade atual.

Gregory J.Bush, presidente da NSSGA, alerta que na América do Norte está em curso uma "retórica alarmista de grupos radicais de alta pressão", que inclusive retira das mineradoras de agregados os créditos devidos por suas ações de preservação ambiental.

A estrutura operacional do segmento de agregados nos Estados Unidos também guarda semelhanças com a realidade brasileira. O segmento, que emprega 120 mil pessoas e reúne mais de 1 0 mil operações nos EUA, ainda apresenta altos custos de transporte e está nas mãos de poucas e grandes empresas, embora ainda existam empresas pequenas e familiares. Gregory J.Bush diz que a tendência nos últimos anos, tem sido a da substituição da mão-de-obra intensiva por tecnologias de automação, modernas formas de administração e fábricas de agregados horizontalizadas. Na área de britagem especificamente, a otimização das operações nas pedreiras já está sendo garantida pela maior produtividade e aplicabilidade dos equipamentos móveis. "Hoje, já se consegue uma produção de 4,5 mil t métricas/ hora em britadores sobre pneus. Com isso, é possível eliminar o transporte por caminhões e reduzir os índices de emissão de pó e ruído", diz Bush.

O representante europeu no seminário, Cipriano Gómez Cárrion, presidente da UEPG, diz que a indústria mineral é estratégica para a Europa e que há uma preocupação em acompanhar seu desenvolvimento. Assim como Bush, ele afirma estar mais difícil obter o licenciamento da atividade é que é preciso estabelecer "boas práticas como caráter obrigatório, já que a indústria de agregados está pagando pelo pecado de ter cometido ações inadequadas que levaram a desastres ecológicos de grandes dimensões, como os ocorridos na Espanha, Romênia e Suécia".

Também na Europa, diz ele, é necessário conscientizar a opinião pública de que os recursos devem ser extraídos no local onde se encontram, investindo depois na recuperação adequada da área mineral. Como exemplo, Carrión cita uma região de 6 milhões de habitantes, com demanda de 35 a 40 mil t agregados/ano, que estabeleceu um prazo de 3 anos para o encerramento das atividades de extração de uma mineradora de agregados, que supre cerca de 80% daquele consumo, e seu deslocamento para outra jazida, a 350 km de distância. "Ignora-se que o percurso dessa distância por caminhões, para continuar a suprir a demanda da região, vai implicar em um incremento no Efeito Estufa semelhante ao da operação de uma central térmica a diesel de 500 MW, além dos reflexos no tráfego local e dos acréscimos no custo de produção, resultando em aumento dos preços finais".

Dragagem moderna

Um exemplo de operação "ecologicamente correta", de alta produtividade e baixo custo, na Europa foi dado pelo holandês Henk van Muijen no painel "Métodos Modernos de Beneficiamento de Areia e Cascalho na Europa Ocidental" e demonstra que as melhores alternativas podem estar onde menos se espera. Muijen destacou diversos sistemas de dragagem em operação no mundo e suas vantagens em relação ao processo de mineração a seco, principalmente em função de sua capacidade de operar a grandes distâncias e dos custos menores de bombeamento.

Agregados: setor busca alternativas para aumentar produtividade

Além disso, a utilização de dragagens modernas vem de encontro às exigências de maior controle ambiental, que determinam a busca de novas formas de exploração mineral com uso de água para recirculação. Muijen também lembra que as concessões de licenças novas na Europa estão cada vez mais difíceis e que "os espaços para extração de areia são usado cada vez mais para agricultura e áreas de lazer."

No caso do Brasil, onde se verificam grandes demandas próximas à costa litorânea, "há lugar sim para modernas dragagens", garante, lembrando que as usadas aqui são as mecânicas com caçambas, as mais comuns, inclusive nos EUA, principalmente em Utah, onde operam na extração de cascalho a profundidades de 2023 m, com produtividade de 11 00 t/h. Na Alemanha, o mesmo tipo de draga se comunica com a terra via correia transportadora e na Holanda trabalha com cascalho, em terreno de 60 hectares há cerca de 25 anos, conectada a uma planta flutuante com produção de 10001 ou mais por hora. "Há casos em que o transporte de lama é feito em uma distância de 13 km", conta.

Em razão do nível de exigência das concessões, que indicam inclusive os tipos de equipamentos a serem utilizados, ele diz ser comum ver pequenas companhias compartilhando máquinas na Europa. Por outro lado, a qualidade final do produto tem imposto métodos rígidos de avaliação das jazidas, de remoção de contaminantes, separação por granulometria, instalações complexas e controle por amostragem do material embarcado. Essa otimização dos processos, no entanto, com a implantação de tecnologias modernas de extração, beneficiamento, depósito e controle do produto final, ainda não encontrou sua contrapartida em termos dos preços praticados no mercado.

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