Em 2011, o mercado brasileiro de plataformas aéreas de trabalho, movimentado quase exclusivamente pelas locadoras de equipamentos, atingiu um índice de crescimento recorde, que vem provocando impacto nesse ramo de atividade. Segundo locadoras ouvidas pela revista M&T, o mercado consumiu nada menos que cerca de 5 mil plataformas elevatórias, um volume significativo ao se considerar que a frota desse tipo de equipamento em operação no país é avaliada em cerca de 10 mil unidades.
Se essa expansão reflete o crescimento na demanda pelo equipamento, ela também acabou provocando alguns efeitos colaterais, como a canibalização dos preços de locação e a falta de peças de reposição e de mão de obra qualificada. Especialistas do setor apontam esses problemas como um reflexo da expansão desenfreada. “O que está acontecendo com o mercado brasileiro de plataformas aéreas é muito semelhante ao que ocorreu com o norte-americano no passado, quando a taxa de crescimento anual se manteve na média de 35% durante vários anos”, diz Sérgio Kariya, diretor da Mills Rental.
A comparação do executi
Em 2011, o mercado brasileiro de plataformas aéreas de trabalho, movimentado quase exclusivamente pelas locadoras de equipamentos, atingiu um índice de crescimento recorde, que vem provocando impacto nesse ramo de atividade. Segundo locadoras ouvidas pela revista M&T, o mercado consumiu nada menos que cerca de 5 mil plataformas elevatórias, um volume significativo ao se considerar que a frota desse tipo de equipamento em operação no país é avaliada em cerca de 10 mil unidades.
Se essa expansão reflete o crescimento na demanda pelo equipamento, ela também acabou provocando alguns efeitos colaterais, como a canibalização dos preços de locação e a falta de peças de reposição e de mão de obra qualificada. Especialistas do setor apontam esses problemas como um reflexo da expansão desenfreada. “O que está acontecendo com o mercado brasileiro de plataformas aéreas é muito semelhante ao que ocorreu com o norte-americano no passado, quando a taxa de crescimento anual se manteve na média de 35% durante vários anos”, diz Sérgio Kariya, diretor da Mills Rental.
A comparação do executivo diz respeito aos quatro últimos anos de operação do mercado brasileiro (2007 a 2011), quando o setor cresceu, em média, 38% anualmente, ampliando a frota de 3 mil unidades, em 2006, para as 15 mil unidades no final de 2011. “A diferença é que os Estados Unidos contam atualmente com uma frota de 680 mil equipamentos, o que nos permite prever que o Brasil tem um extenso caminho a percorrer e as taxas de crescimento precisam se manter entre 35% e 40% pelos próximos anos para atingirmos o mesmo patamar”, complementa Kariya.
Na avaliação de Paulo Esteves, diretor da Solaris, o ano de 2011 foi marcado por um grande volume de investimentos, tanto por parte de locadoras sólidas e estruturadas como por parte de empresas iniciantes e despreparadas. Essas últimas, na sua visão, provocaram uma canibalização dos preços de locação, reduzindo a rentabilidade de todo o setor. “Por isso, acredito que em 2012 os investimentos serão menores, o que permitirá rentabilizar melhor o negócio de locação.” Ele avalia que isso não significa um aumento nos preços de locação. “Pelo contrário, eles deverão cair ainda mais, porém, com menos investimentos as locadoras poderão equalizar melhor a rentabilidade.”
Futuro promissor
Responsáveis por mais de 90% das plataformas aéreas e manipuladores telescópicos utilizados no Brasil (veja a reportagem sobre manipuladores na página 22), as locadoras estão se adaptando à nova realidade. Segundo Ricardo Dias, gerente geral da Orguel Plataformas, os preços de locação caíram cerca de 30% entre 2008 e o primeiro semestre de 2011. “A partir do segundo semestre do ano passado tem havido uma pequena recuperação nos preços, mas nada comparado ao que era praticado no começo de 2008”, ele avalia.
Um mercado menos comprador não é bem o que espera para 2012 o executivo Yuri Caldeira, diretor da Locar para as áreas de plataformas, manipuladores telescópicos e gruas. Ele apóia suas projeções em uma reunião realizada entre os 10 maiores locadores do Brasil, na sede de uma das principais fabricantes do setor, onde se realizou uma espécie de projeção de consumo “no escuro”.
Nesse encontro, cada executivo anotou em papel não identificado quantas plataformas e manipuladores a sua empresa pretendia adquirir em 2012. O resultado final, contabilizando somente essas principais empresas, foi a projeção de compra de 4 mil unidades. “Na verdade, tenho informação de que os fabricantes estimam vender mais 5 mil plataformas em 2012, mas sabem que terão uma redução na venda de manipuladores”, ele revela.
Dimensionamento da frota
Quando o assunto é ampliar a frota, a Locar tem conhecimento de causa. Afinal, a empresa atua na locação desse tipo de equipamento há apenas dois anos e já contabiliza um parque de cerca de mil plataformas aéreas e 300 manipuladores. Isso, segundo Caldeira, a coloca entre as três maiores empresas do setor, atrás apenas da Solaris, cuja frota de manipuladores e plataformas gira em torno de duas mil unidades, e da Mills Rental, que não revela o tamanho da frota por questões estratégicas, já que é a única dessas empresas a operar com capital aberto.
Para Yuri Caldeira, uma frota de locação bem dimensionada deve primar não somente pela quantidade de equipamentos, mas também pela variedade de modelos. “Avaliamos que uma frota básica de locação deve conter pelo menos 15 modelos diferentes, entre as do tipo pantográfico ou tesoura, as plataformas articuladas e telescópicas”. Dentro dessas três categorias, o especialista da Locar, assim como os demais ouvidos por esta reportagem, detalha os modelos mais adequados para cada tipo de necessidade.
No caso das plataformas pantográficas, por exemplo, Paulo Esteves, da Solaris, avalia que as mais populares são aquelas com propulsão elétrica e que alcançam alturas de trabalho de 6, 8 e 10 m. “Os modelos do tipo tesoura, com acionamento elétrico, representam 90% da demanda e são utilizados principalmente em trabalhos indoor”, diz ele. Já os modelos a diesel são mais utilizados em aplicações externas, como na restauração de fachadas, montagem de estruturas metálicas e manutenção periódica em edificações, cujo apoio permite a operação perpendicular, que é característica das tesouras pantográficas.
O predomínio das plataformas elétricas do tipo tesoura, para Sérgio Kariya, da Mills Rental, deve-se ainda ao menor custo de aquisição, operação e manutenção desses modelos em comparação com os de propulsão a diesel. “Mesmo assim, entendemos que os modelos a diesel ainda serão mais populares, pois permitem o trabalho em áreas externas e terrenos menos nivelados do que aqueles encontrados dentro de ambientes fabris ou galpões logísticos, onde se concentra a grande massa de modelos pantográficos em operação”, ele avalia.
Ao rol de plataformas do tipo tesoura mais utilizadas, Yuri Caldeira, da Locar, acrescenta os modelos com 12 m de altura, para trabalhos indoor. “Como as nossas locações são bastante voltadas para o setor de infraestrutura, esses equipamentos com maior altura de trabalho encontram aplicação em serviços como a construção e manutenção de praças de pedágio, trabalhos em fachadas e docas de aeroportos, além da operação tradicional em galpões industriais”, diz ele.
Ricardo Dias, da Orguel, compartilha da avaliação de Caldeira, apontando que as plataformas pantográficas mais populares são aqueles com altura de trabalho entre 10 e 12 m. “Apesar dos modelos a diesel se deslocarem em terrenos mais acidentados, a operação de elevação continua requerendo que o equipamento fique apoiado em uma área nivelada, o que às vezes requer uma preparação prévia.” Os gases gerados pela combustão, segundo ele, também pesam contra a escolha dos modelos a diesel nas operações em ambientes internos.
Preferência nos canteiros
Nos canteiros de construção, onde o uso de plataformas aéreas se popularizou após mudanças na norma NR-18 – com cláusulas mais restritivas quanto à segurança na elevação dos profissionais em trabalhos em alturas elevadas – a preferência recai para os modelos com lança, conhecidos como booms. Entre esses modelos, a quantidade de equipamentos acionados a diesel é maior do que aquelas com propulsão elétrica, mas ambas servem para operar em situações nas quais são necessários alcances vertical e horizontal. “A faixa de booms mais requisitada é a de 15 m de altura”, adianta Yuri Caldeira.
Paulo Esteves, da Solaris, detalha que os modelos de 14, 19 e 25 m lideram os pedidos de locação para obras de montagem industrial, construção civil em geral, expansão de indústrias, construção de estádios e plataformas petrolíferas. “Basicamente, elas são pouco usadas somente em construções residenciais”, ele analisa. “Nos modelos acima de 19 m, praticamente todos os equipamentos são movidos a diesel, enquanto nas plataformas de menor alcance, até 15 m de altura, a proporção é de 70% a diesel e 30% com acionamento elétrico.”
Apesar da maior popularização dos modelos menores, Esteves diz que a frota da Solaris é composta por booms de até 43 m de altura, utilizadas em obras de grande envergadura, como complexos portuários e estádios de futebol. “Quando falamos de plataformas acima de 30 m de altura de trabalho, estamos tratando essencialmente de modelos com lança telescópica.” No caso dos equipamentos de menor alcance, ele explica que existem tanto plataformas com lança telescópica como articuladas, mais utilizadas nos canteiros brasileiros.
Articuladas x Telescópicas
O executivo da Solaris explica que a preferência dos usuários por lança articulada é uma questão cultural, presente somente no Brasil, onde se avalia que essa configuração do equipamento permite atingir locais de acesso mais difícil. Entretanto, Esteves afirma que essa argumentação não possui fundamentação técnica.
“Nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria dos equipamentos utilizados possui lança telescópica pelo simples motivo de que essa configuração torna a plataforma mais barata e mais fácil de operar.” Além disso, o executivo afirma que esses modelos exigem menos manutenção e realizam a maioria dos serviços destinados às plataformas articuladas.
Segundo ele, os locadores cometeram um erro de avaliação durante a fase de divulgação desses equipamentos no Brasil, quando priorizaram a oferta de plataformas articuladas em detrimento das telescópicas. Essa estratégia teria provocado a sensação junto aos clientes de que esses modelos teriam um leque de aplicação mais amplo. Sérgio Kariya, da Mills Rental, explica que os equipamentos com braço articulado são indicados para situações nas quais é preciso vencer obstáculos no meio do percurso. “Há modelos com articulação dupla (biarticulado) com os quais se consegue projetar o vencimento de dois obstáculos, fazendo com que a lança fique em formato de Z”, diz ele.
Entre os tipos de plataformas de trabalho disponíveis no mercado brasileiro, há também alguns modelos especiais, que substituem as rodas por esteiras. “Há fabricantes que oferecem máquinas com uma esteira de cada lado, como as escavadeiras, e outros que optam por adotar esteiras individuais, como se fossem os pneus”, adianta o executivo da Mills Rental.
Segundo ele, ambos são indicados para operações muito severas, nas quais as plataformas tradicionais, com tração 4x4, não conseguem se deslocar. “Atualmente, temos duas unidades desse tipo locadas na construção de uma empresa farmacêutica no Sul do País”, diz Sérgio Kariya. Segundo ele, a empresa já locou esses equipamentos para a instalação de tanques da Petrobras, construídos em terreno arenoso que impossibilitava a atuação dos equipamentos sobre pneus.
Carência de mão de obra
Além da especificação do equipamento correto para a aplicação desejada, os especialistas são unânimes em relatar a necessidade de mão de obra qualificada para a operação das plataformas aéreas. Eles também compartilham da opinião de que os fabricantes desses equipamentos ainda têm um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao atendimento pós-venda, principalmente na disponibilização de peças para pronta entrega.
“Prova disso é que mantemos internamente um estoque de US$ 5 milhões em peças de reposição para atender às nossas operações e aos clientes de máquinas de segunda mão, para os quais vendemos esses ativos após quatro ou cinco anos de uso”, revela Paulo Esteves, da Solaris.
Já no quesito mão de obra, as locadoras têm formatado programas de treinamento para suprir a carência do mercado. A Mills Rental, por exemplo, se associou ao IPAF (sigla em inglês para Federação Internacional para o Acesso Motorizado), com o qual credenciou sete centros de treinamento no Brasil. “Os operadores formados recebem a credencial do IPAF, permitindo que trabalhem em qualquer um dos 80 países nos quais a instituição atua”, diz Karyia. “Com essa iniciativa, estamos concorrendo entre os quatro melhores centros de treinamento credenciados pelo IPAF, o que demonstra que a busca por qualificação dos operadores brasileiros está no caminho certo”, ele finaliza.
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