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Revista M&T - Ed.143 - Fevereiro 2011
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Investimentos

Novas fábricas impulsionam o setor de equipamentos

Lista de investimentos atinge a faixa de R$ 3 bilhões, entre as ampliações e modernizações de fábricas já existentes no país e projetos para a instalação de novas unidades industriais

O Brasil ingressou em um novo ciclo de investimentos industriais que, diante dos recursos aplicados em obras de infraestrutura, exploração de petróleo e dos projetos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, pode estar passando despercebido pelos especialistas e a imprensa em geral. O fato é que, além dos recursos aplicados na construção de fábricas de automóveis e outros bens de consumo, o país voltou a atrair investimentos para a instalação de fábricas de equipamentos de construção em um ritmo somente comparável ao registrado entre o fim da década de 1950 e o início dos anos 70.

Uma rápida contabilização dos investimentos anunciados nos últimos meses aponta para um total de quase R$ 2,9 bilhões aplicados em expansão e instalação de fábricas para a produção de equipamentos de construção (veja quadro na página 32). Entretanto, considerando os projetos cujos valores não foram divulgados pelas empresas envolvidas, os investimentos nesse setor podem facilmente ultrapassar a faixa dos R$ 3,2 bilhões.

A novidade é que, além dos tradicionais fabricantes europeus e no


O Brasil ingressou em um novo ciclo de investimentos industriais que, diante dos recursos aplicados em obras de infraestrutura, exploração de petróleo e dos projetos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, pode estar passando despercebido pelos especialistas e a imprensa em geral. O fato é que, além dos recursos aplicados na construção de fábricas de automóveis e outros bens de consumo, o país voltou a atrair investimentos para a instalação de fábricas de equipamentos de construção em um ritmo somente comparável ao registrado entre o fim da década de 1950 e o início dos anos 70.

Uma rápida contabilização dos investimentos anunciados nos últimos meses aponta para um total de quase R$ 2,9 bilhões aplicados em expansão e instalação de fábricas para a produção de equipamentos de construção (veja quadro na página 32). Entretanto, considerando os projetos cujos valores não foram divulgados pelas empresas envolvidas, os investimentos nesse setor podem facilmente ultrapassar a faixa dos R$ 3,2 bilhões.

A novidade é que, além dos tradicionais fabricantes europeus e norte-americanos, que já estabeleceram bases industriais no Brasil para atender seus planos de fornecimento global, o país está atraindo outro perfil de competidor: os fabricantes orientais. Se os primeiros focam seus investimentos na ampliação da base instalada, para manter a competitividade no mercado, os novos players se concentram na instalação de complexos industriais novos, após um período inicial de reconhecimento do mercado, no qual constataram a sua atratividade.

Essa segunda lista inclui fabricantes como as chinesas Sany e XCMG e as coreanas Doosan e Hyundai. A fabricação de escavadeiras hidráulicas, equipamentos mais utilizados em construção e mineração, lidera os investimentos dessa indústria, mas os projetos também incluem novas famílias de equipamentos com produção nacional pouco expressiva, como guindastes, por exemplo. Comenta-se que até mesmo alguns fabricantes de plataformas elevatórias já estudam a instalação de unidades industriais no país, diante da forte expansão na demanda por esse tipo de equipamento no mercado interno.

Novos competidores
O mapa dos investimentos também aponta para uma diversificação nos destinos das novas fábricas. Estados do Nordeste, assim como o Paraná e Rio Grande do Sul, foram eficientes na atração de novos projetos industriais, mas São Paulo ainda lidera a lista, devido à privilegiada infraestrutura de transporte (para escoamento da produção) e ao fato de concentrar, juntamente com os demais estados do Sudeste, o maior mercado consumidor do país. Os estados envolvidos negam que esse ciclo de investimentos esteja estimulando uma guerra fiscal, mas os benefícios oferecidos pelos governos foram determinantes nas escolhas de cada fabricante.

Alguns projetos estão começando pela simples montagem dos equipamentos (regime CKD), entretanto, devido às facilidades de financiamento para produtos nacionais (linha Finame), todos contemplam a nacionalização da produção a índices superiores a 60%. Esse é o caso da chinesa Sany, que já entregou as primeiras escavadeiras montadas na unidade de São José dos Campos, da faixa de 20 t de peso operacional (SY 215C). “Até 2013, teremos capacidade para a produção anual de 1.000 escavadeiras e 500 guindastes”, afirma David Cui, vice-presidente da Sany Brasil.

Já a XCMG, outro fabricante de origem chinesa, direciona seus investimentos no país em pareceria com os distribuidores locais. Em conjunto com a GTM, ela pretende instalar uma linha de montagem para guindastes, em São Paulo, enquanto a pernambucana Êxito será parceira numa fábrica de pás carregadeiras, no Complexo Industrial de Suape (PE), e a BMC (Brasil Máquinas de Construção) irá compartilhar outro projeto para a produção de equipamentos da linha amarela.

“O mercado brasileiro deverá movimentar mais de US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos em projetos de infraestrutura e exploração de petróleo e gás. Nesse cenário, as importações anuais de guindastes podem chegar a mais de 1.000 unidades em 2015 e, de acordo com o quadro atual, pelo menos 80% deles devem vir da China”, diz Lédio Vidotti, diretor da GTM. Além da XCMG e Sany, a produção de guindastes em solo brasileiro também está nos planos da Manitowoc, que em fevereiro anunciou a instalação de uma fábrica de 25 mil m2, em Passo Fundo (RS), com início de produção para meados de 2012.

Outro competidor com projeto em estágio avançado é a coreana Doosan, que recentemente lançou a pedra fundamental de sua futura fábrica, em Americana (SP), na qual iniciará a produção também com uma linha de escavadeiras da faixa de 20 t de peso (DX 225LCA). A unidade industrial da Hyundai, por sua vez, ainda não tem destino definido, já que a fabricante analisa sua instalação no Rio de Janeiro, Minas Gerais ou Pernambuco.

Expansões
Nos projetos dos fabricantes já instalados no Brasil, um dos destaques é a CNH, holding do grupo Fiat para a produção de equipamentos agrícolas e de construção. Ela planeja investir R$ 1,7 bilhão, nos próximos quatro anos, para ampliar a capacidade instalada das quatro unidades industriais existentes no país. Os recursos serão aplicados tanto nas linhas de produção da marca Case quanto nas da New Holland, incluindo as linhas de máquinas agrícolas e de equipamentos para construção. “Esse projeto visa acompanhar o crescimento do mercado para não perdermos participação nesses dois segmentos, pois somente na fábrica de Contagem, por exemplo, estamos trabalhando a 80% da capacidade instalada”, ressalta Valentino Rizzioli, presidente da CNH.

Os investimentos da Caterpillar na fábrica de Campo Largo (PR) também têm o objetivo de desafogar a produção da unidade instalada em Piracicaba (SP). Outros projetos, no entanto, como o da Dynapac, visam à ampliação do portfólio de produtos fabricados no país. Com a instalação de uma nova linha de montagem na fábrica de Sorocaba (SP), onde atualmente produz rolos de pneus e rolos vibratórios, ela pretende iniciar a fabricação de rolos tipo tamping.

Mesma linha é seguida pela Volvo Construction Equipment, que recentemente inaugurou uma linha de montagem de escavadeiras hidráulicas na unidade industrial de Pederneiras (SP). “Esses equipamentos já respondem por 24% das nossas vendas no mercado”, justifica Yoshio Kawakami, presidente da Volvo CE Latin America, de olho nos benefícios que a linha Finame proporciona ao financiamento de produtos nacionais.

Modernizações
Analisando os projetos em instalação no Brasil, há ainda os casos em que os investimentos são voltados à modernização, não descartando, inclusive, a desativação das unidades atualmente em operação. Nessa categoria se inclui a JCB, que planeja a instalação de uma fábrica em Sorocaba (SP), ao lado da que ela opera atualmente. A nova unidade terá capacidade para a produção de 10 mil unidades/ano, entre escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras, pás carregadeiras e rolos compactadores.

A Terex segue a mesma linha, já que os investimentos na fábrica de Guaíba (RS) visam à modernização e ampliação de capacidade, uma vez que a fábrica existente em Cachoeirinha do Sul (RS) não dispõe de área para futuras expansões. Mesmo assim, além da fabricação de máquinas rodoviárias, um dos segmentos de atuação da empresa, ela não descarta usar esta unidade também para a montagem de outros produtos, como torres de iluminação e equipamentos compactos (minicarregadeiras, retroescavadeiras etc.).

Completando a lista, há ainda o caso da Putzmeister, que não é um novo competidor no mercado brasileiro, mas cujos investimentos representam um reposicionamento no país. Sem divulgar os valores envolvidos, a empresa anunciou a instalação de uma nova unidade industrial em Atibaia (SP), onde já opera regularmente, para a fabricação de bombas de concreto e peças de reposição. “A fábrica iniciará a produção no prazo de dois meses, com foco nas city pumps, que representam cerca de 70% dos nossos negócios, seguido pelas bombas-lança e os modelos rebocáveis”, conclui Roberto Schaefer, diretor geral da Putzmeister Brasil.

 

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