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Revista M&T - Ed.214 - Julho 2017
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Retroescavadeiras

Notória desconhecida

Mais caros e específicos, modelos articulados são talhados para operações em espaços restritos, mas as máquinas rígidas ainda mantêm a preferência absoluta no Brasil
Por Augusto Diniz

Espécie de híbrido de escavadeira com pá carregadeira, a retroescavadeira é uma das máquinas mais versáteis a atuar em um canteiro, podendo realizar grande variedade de trabalhos, o que a torna um dos equipamentes mais vendidos no setor da construção.

Além de comportar uma série de acessórios, esta máquina apresenta dois diferentes tipos em relação à estrutura de seu chassi: rígida ou articulada (com um pivô entre os eixos dianteiro e traseiro, o que deixa o primeiro mais “sólido”, permitindo que suporte maior peso). Pouco divulgada no Brasil, a máquina articulada também proporciona uma vantagem importante, que é a melhor manobrabilidade para determinada distância entre eixos.

Todavia, isso não quer dizer que os modelos desse tipo sejam melhores do que os rígidos. Afinal, o desempenho depende da aplicação e do ambiente de trabalho em que a máquina vai ser usada, como locais com movimentação mais restrita, por exemplo. Na verdade, esses equipamentos articulados não são sequer fabricados no país. “De modo geral, são indicados para aplicações onde haja r


Espécie de híbrido de escavadeira com pá carregadeira, a retroescavadeira é uma das máquinas mais versáteis a atuar em um canteiro, podendo realizar grande variedade de trabalhos, o que a torna um dos equipamentes mais vendidos no setor da construção.

Além de comportar uma série de acessórios, esta máquina apresenta dois diferentes tipos em relação à estrutura de seu chassi: rígida ou articulada (com um pivô entre os eixos dianteiro e traseiro, o que deixa o primeiro mais “sólido”, permitindo que suporte maior peso). Pouco divulgada no Brasil, a máquina articulada também proporciona uma vantagem importante, que é a melhor manobrabilidade para determinada distância entre eixos.

Todavia, isso não quer dizer que os modelos desse tipo sejam melhores do que os rígidos. Afinal, o desempenho depende da aplicação e do ambiente de trabalho em que a máquina vai ser usada, como locais com movimentação mais restrita, por exemplo. Na verdade, esses equipamentos articulados não são sequer fabricados no país. “De modo geral, são indicados para aplicações onde haja restrição de espaço, o que afeta a manobrabilidade do veículo”, comenta Carlos França, gerente de marketing da Case CE, que produz 12 modelos de retroescavadeiras no mundo, todos rígidos, sendo apenas um no Brasil, o 580N. “Como esse é um problema na Europa, onde as vias são mais estreitas, os poucos fabricantes de articulados têm origem naquele continente.”

Segundo Paula Araújo, gerente de produto da New Holland Construction para a América Latina, as máquinas articuladas realmente têm a vantagem de melhor manobrabilidade, pois possuem três opções de posicionamento das rodas (rígido, caranguejo e raiado), sendo indicadas para trabalhos específicos, em espaços menores. “Mas não há qualquer restrição ou desvantagem de um tipo em relação ao outro”, garante. “Se diferenciam basicamente pelo tipo de aplicação.”

PREDOMÍNIO

Nesse sentido, a ausência das articuladas denota que talvez não sejam tão necessárias por aqui. E isso fica nítido nas opções oferecidas pelos fabricantes. A Caterpillar, por exemplo, não possui retroescavadeiras com chassi articulado em seu portfólio. “Produzimos uma vasta linha de máquinas dos modelos de pivô central e deslocamento lateral, ambas com chassi rígido”, informa Rodrigo Cera, especialista de aplicação de produtos da empresa. “Na América do Sul, a oferta inclui modelos como o 416F2, 420F2 e 430F2 (de pivô central), sendo os dois primeiros produzidos em Campo Largo (PR). Já o 430F2 é feito na fábrica de Leicester, no Reino Unido, que também produz os modelos 422F2, 428F2, 432F2, 434F2 e 444F2, todos com deslocamento lateral.”

Do mesmo modo, a JCB também só produz máquinas rígidas. “A principal característica dos nossos equipamentos é serem multitarefa”, conta Ricardo Nery, gerente de produto da empresa. “Além disso, temos a maior variedade de acessórios do mercado e, por isso, nossos modelos são capazes de atuar em diversas áreas, como construção, locação, agronegócio e serviços em espaços reduzidos, por exemplo.”

O executivo ressalta que a JCB foi pioneira no desenvolvimento do conceito de retroescavadeira, ainda em 1953. Atualmente, a menor máquina da linha oferecida no Brasil é a 1CX. Com 1,4 metro de largura e capacidade de girar no próprio eixo, pode operar em praticamente qualquer ambiente, assegura Nery. A máquina também faz uso de engate rápido universal e conta com capacidade de deslocamento lateral completo. “No topo de linha, temos ainda os modelos 3CX e 4CX Eco, considerados os mais eficientes do mundo em ciclos de tarefa típicos”, diz. “O sistema TorqueLock proporciona uma economia de combustível de até 25% em trânsito e os sistemas EcoDig, EcoLoad e EcoRoad foram projetados para reduzir ainda mais o consumo.”

A “quase” exceção da lista é a New Holland Construction, que fabrica dois modelos de retroescavadeiras no país, mais especificamente na planta de Contagem (MG) – B95B e o B110B –, e mais quatro na Itália: B90B, B95B, B110B e B115B. Todos rígidos, exceto o B115B, que é destinado ao mercado da América Latina, excluindo o Brasil.

Denominada Four Wheel Steering (4WS), essa máquina tem como principal característica a direção nas quatro rodas, dependendo da necessidade do serviço no canteiro. “Outra característica diferenciada é a dimensão das rodas dianteiras e traseiras, que são iguais”, diz Paula Araújo. “Normalmente, esse tipo de equipamento é utilizado onde é necessário menor raio de giro, maior manobrabilidade e maior altura de descarregamento.”

CARACTERÍSTICAS

Não obstante, de acordo com a gerente os modelos rígidos atendem a praticamente todo tipo de demanda. “Eles são muito apreciados por locadores, que optam por equipamentos mais simples para diminuir despesas com manutenção”, diz ela. “Assim, atendem a uma grande variedade de aplicações, como irrigação, adubação, cultivo, limpeza e abertura de valas, dentre outros. E, claro, também aplicações comuns de construção, como escavação e transporte, por exemplo.”

Cera, da Caterpillar, acrescenta que as principais características das retroescavadeiras de chassi rígido são a robustez e a durabilidade da estrutura. Além das aplicações dos modelos mais comuns, ele acrescenta as máquinas com deslocamento lateral. “São indicadas para escavações em locais próximos a paredes ou muros, devido à habilidade do sistema em se deslocar para a lateral do equipamento, com estabilizadores verticais, que tornam possíveis operações mais precisas e rentes aos obstáculos”, diz.

No caso específico das retroescavadeiras produzidas pela Cat, Cera acentua que o sistema hidráulico é equipado com bomba de pistão de fluxo variável sensível à carga e válvula de fluxo compartido, que trazem como benefício um menor consumo de combustível e menor desgaste dos componentes, além de aumentarem a precisão em movimentos simultâneos. Outro destaque são as linhas auxiliares combinadas, que reduzem a quantidade de mangueiras – o sistema é alterado por acionamento da alavanca. “Além disso, o modelo 420F2, por exemplo, é equipado com joystick e botões de rolagem para o acionamento da linha auxiliar e braço extensível e de seleção de padrão de escavação ISO ou SAE”, detalha. “Também há o ajuste de posição dos joysticks, que permite mais conforto ao operador, além do sistema Ecomode, que reduz o consumo de combustível em aproximadamente 14%.”

AQUISIÇÃO

Embora seja difícil traçar comparações, em linhas gerais pode-se dizer que as retroescavadeiras articuladas normalmente são mais caras. “Não é possível estipular valores comparativos absolutos, pois cada máquina possui configurações diferentes, adequadas a cada trabalho”, explica a especialista da New Holland. “No entanto, pelo maior número de funcionalidades, os modelos articulados são mais caros que os rígidos.”

Nery, da JCB, também não se arrisca a fazer comparação. “Não temos uma tabela fixa de preços”, diz. Segundo ele, um detalhe importante relacionado ao processo de valoração é o fato de os fabricantes adequarem o processo de preparação do equipamento ao seu uso. Como exemplo, cita a aplicação de fertilizantes. “A JCB investiu mais de R$ 30 milhões em uma área dentro da fábrica para a realização de pintura eletrostática, fator que aumenta a durabilidade e qualidade das máquinas nos mais diversos serviços, principalmente adubação”, acresce.

Por outro lado, o fato de terem um menor número de componentes também faz com que o custo de aquisição dos modelos rígidos seja menor. Além disso, máquinas com fabricação nacional podem ser adquiridas com financiamento de programas como os da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), ambos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).

ATRATIVOS

Predominantes no país, as máquinas rígidas têm outros atrativos concretos. Independentemente da marca, quase todos os modelos disponíveis no mercado podem ser equipados com lança telescópica, também chamada de braço extensível. Este acessório tem como principal objetivo tornar possível a escavação em profundidades maiores. “Os equipamentos que possuem essa peça conseguem realizar uma série de atividades, como abertura de valas”, explica Nery, da JCB. França, da Case CE, acrescenta: “A lança telescópica é ideal para a abertura de valas e escavações em locais de menor acessibilidade, uma vez que a máquina ganha até um metro adicional de alcance no braço traseiro.”

Além de escavar mais fundo, o braço extensível possibilita o carregamento de caminhões até um metro mais alto, como lembra Cera, da Caterpillar. Ele cita ainda algumas características próprias das lanças telescópicas da marca. “Esses braços têm como características os calços não metálicos e autolubrificantes, que estendem a vida útil e eliminam a utilização de graxa”, explica. “Feito por meio destes calços, seu ajuste leva somente 30 minutos.”

O kit hidráulico completo para a instalação de implementos é outro acessório com o qual as máquinas também podem sair de fábrica. A porcentagem das que saem para as revendas com esse item varia de um fabricante para outro – e nem todos revelam o dado. “Ao contrário das escavadeiras, o percentual de kit hidráulico nas retroescavadeiras ainda é pequeno, apesar de ter crescido nos últimos anos”, diz França.

A Caterpillar também não revela números. “Mas, devido à versatilidade das nossas máquinas e à necessidade em aplicações mais específicas, nos últimos anos vem ocorrendo um crescimento substancial nas vendas das linhas hidráulicas e de ferramentas de trabalho para estes equipamentos”, conta Cera.

A JCB é exceção. “No Brasil, 30% das nossas retroescavadeiras vendidas possuem kit hidráulico de fábrica”, informa Nery. “Este é um mercado com um grande potencial e estamos investindo cada vez mais para fortalecer esse setor.”

Nesse sentido, o kit hidráulico e a lança telescópica não são os únicos acessórios que podem equipar uma retroescavadeira. Nery cita o exemplo do modelo 3CX, o mais recente lançado pela empresa no Brasil. Segundo ele, a máquina possui ampla gama de acessórios e opcionais de fábrica. São mais de 25 opções, como caçamba multiuso 6 em 1, linha auxiliar hidráulica para carregadeira e ferramentas manuais, extradig (braço de escavação extensível), proteção de cilindros, fresadora, vassoura, garfos pallet, rompedor hidráulico e perfuratriz, entre outros.

De acordo com Cera, as retroescavadeiras da Cat também possuem grande gama de ferramentas e acessórios, que as tornam ainda mais versáteis. Entre essas ferramentas estão martelos hidráulicos, polegar ou manipulador de materiais, engate rápido para troca de ferramentas e caçamba de diversos tamanhos para propósito múltiplo. “Há outros ainda, como fresadora, placa compactadora, broca, rompedores e garfo pallet”, conclui o especialista.

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