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Revista M&T - Ed.253 - Maio 2021
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Caminhões-betoneira

Mercado aquecido na concretagem

Com demanda consistente e crescimento nas vendas, conjuntos produzidos com insumos mais leves e soluções híbridas vêm ganhando espaço na construção brasileira
Por Antonio Santomauro

A pandemia não impediu a indústria de caminhões-betoneira de registrar desempenho interessante em 2020, nem de delinear um horizonte promissor também para este ano. Nesse mercado aquecido, o setor projeta rápido e acentuado avanço, principalmente de modelos mais leves, construídos com aços especiais e integrados a caminhões com peso igualmente reduzido, que permitem o transporte de sua capacidade total – 8 m3 de concreto – sem risco de infração à Lei da Balança.

Consolidado, esse movimento representa uma aposta das fabricantes atentas ao mercado. A Liebherr, por exemplo, passou a disponibilizar no Brasil o caminhão-betoneira Lightweight no final de 2020. “Já neste ano, esse modelo mais leve responderá por ao menos 16% de nossas vendas no país”, prevê Luis Torres, gerente da área de tecnologia do concreto da Liebherr Brasil.

Embora tenha custo de aquisição cerca de 15% acima do de um


A pandemia não impediu a indústria de caminhões-betoneira de registrar desempenho interessante em 2020, nem de delinear um horizonte promissor também para este ano. Nesse mercado aquecido, o setor projeta rápido e acentuado avanço, principalmente de modelos mais leves, construídos com aços especiais e integrados a caminhões com peso igualmente reduzido, que permitem o transporte de sua capacidade total – 8 m3 de concreto – sem risco de infração à Lei da Balança.

Consolidado, esse movimento representa uma aposta das fabricantes atentas ao mercado. A Liebherr, por exemplo, passou a disponibilizar no Brasil o caminhão-betoneira Lightweight no final de 2020. “Já neste ano, esse modelo mais leve responderá por ao menos 16% de nossas vendas no país”, prevê Luis Torres, gerente da área de tecnologia do concreto da Liebherr Brasil.

Embora tenha custo de aquisição cerca de 15% acima do de um equipamento convencional, o modelo subtrai 2,5 ton de peso do conjunto. “Com isso, não é preciso sacrificar o transporte de um metro cúbico de concreto para atender aos requisitos de pesagem”, pondera Torres.

SOLUÇÕES

A brasileira Convicta também apresentou um modelo superleve em 2019, mas começou a comercializá-lo apenas no final do ano passado. Até então, como explica a diretora comercial da empresa, Suelen Prudente, havia a necessidade de homologação dos caminhões, que também contribuem com a redução do peso. “Em um prazo não muito longo, praticamente todas as nossas vendas de betoneiras deverão ser feitas com esse modelo”, ela projeta.

De acordo com ela, a betoneira superleve da marca pode ser construída com dois tipos de aços especiais: Endur ou Hardox (das siderúrgicas Aperam e SSAB, respectivamente). E, integrada a um caminhão também mais leve, possibilita redução de peso de cerca de 2,4 ton. “A diferença de preços tende a baixar, até porque, embora o aço especial seja mais caro, a betoneira leve usa menos insumo”, diz.

No médio prazo, modelos mais leves devem dominar o mercado de caminhões-betoneira no Brasil

Já disponível em outros países, a primeiro caminhão-betoneira feito em Hardox pela Schwing-Stetter deve chegar ao Brasil ainda no primeiro semestre. Além de permitir a ocupação de toda a capacidade, o modelo Ultra Eco AM9FHC3 tem maior durabilidade, assegura Ralf Mota de Oliveira, gerente de vendas da empresa. “Na Europa, esse modelo está sendo vendido com garantia de cinco anos, enquanto a garantia normal de uma betoneira standard é de um ano”, compara.

Produzido na Alemanha, o modelo oferece opcionais como o sistema eletrônico Smart Control 3.0, que controla a rotação da betoneira independentemente do motor do caminhão, permitindo uma faixa muito maior de opções de controle. “Isso proporciona redução do consumo de combustível e aumento simultâneo da durabilidade do balão e das facas da betoneira”, acrescenta Oliveira, citando ainda a ‘tampa ecológica’, que veda hidraulicamente o equipamento e, assim, evita derramamento de concreto.

Na Liebherr, o sistema eletrônico que torna o controle hidráulico independente recebe o nome de EMC-BR, disponível para todas as betoneiras da marca, embora como opcional. “Com essa solução, é possível reduzir de 8 a 10% o consumo de combustível, prolongando a vida útil na mesma proporção”, afirma Torres.

Recentemente, a fabricante passou a disponibilizar no Brasil um controle remoto que permite o acionamento da betoneira a distâncias de até 10 m. “Ainda é uma novidade por aqui, mas já vendemos esse recurso para três máquinas no mercado brasileiro e exportamos para países como Chile e Colômbia”, diz ele. “A demanda pelo controle remoto crescerá à medida que evoluem as normas de segurança.”

Já as betoneiras da Convicta, lembra Suelen, trazem, como padrão, revestimento nas áreas de carga e descarga, pintura especial em todo o equipamento e facas de alta durabilidade. “Mais espessas que as convencionais, essas facas duram tanto quanto o balão – cerca de 30 mil m3 –, eliminando a necessidade de troca antes que seja preciso enviar o balão para reforma”, ela destaca.

Na Convicta, recursos como controle remoto e sistema eletrônico para controle independente da rotação do balão estão disponíveis atualmente apenas para as betombas (equipamentos que integram, em um mesmo caminhão, a betoneira e um kit de bombeamento do concreto). “São recursos que fazem mais sentido para esse tipo de equipamento”, observa Suelen Prudente.

MERCADO

As betombas, aliás, também ganham espaço crescente no mercado brasileiro, aponta Oliveira, da Schwing. “O mercado percebeu que essas soluções podem ser interessantes para as concretagens com pequenos volumes – um ou dois caminhões, no máximo –, para as quais talvez não valha a pena mobilizar uma bomba”, ele argumenta, revelando que as betombas ainda vendem bem menos que as betoneiras convencionais, na proporção de 1 para 10, aproximadamente. “Mas a demanda cresceu bastante nos últimos dois anos”, comenta Oliveira.

No ano passado, ele prossegue, a Schwing superou as metas de vendas de caminhões-betoneira. “Projetávamos expansão de 10 a 15% nessas vendas, mas chegamos a 30%”, relata o gerente. “Este ano começou um pouco mais devagar, mas em fevereiro a demanda reaqueceu-se e, agora, estamos vendendo bastante.”

Uso de aços especiais aumenta a durabilidade do equipamento, o que tem impacto na garantia

Em vista desse aquecimento, a empresa chegou a projetar um novo turno de produção, buscando atender à intensificação da demanda registrada no ano passado. Mas isso não foi necessário, explica Oliveira, pois os clientes não estavam conseguindo os caminhões necessários para a instalação das novas betoneiras e, por isso, contiveram um pouco as compras. “Temos capacidade para montar dez betoneiras por mês no Brasil, que chegou a ser totalmente preenchida no segundo semestre do ano passado”, diz Oliveira. “Pela falta de caminhões, estamos montando cinco a seis unidades por mês.”

Por outro lado, a elevação do dólar parece ter impactado a importação de betoneiras, como é o caso da própria Schwing, que apenas monta as betoneiras no Brasil. Porém, isso tem sido uma vantagem apenas relativa para os fabricantes locais. “Nossa mão de obra é nacional, mas cerca de 40 a 45% de nossos custos são vinculados ao dólar”, observa Torres, da Liebherr, que fabrica suas betoneiras em Guaratinguetá (SP).

A demanda nacional por betoneiras, avalia o profissional, beneficiou-se não apenas da manutenção da construção civil como atividade essencial ou mesmo do aquecimento do mercado imobiliário: “A obsolescência das betoneiras que estavam rodando ampliou a demanda por equipamentos novos”, conta Torres. “No ano passado, nossos negócios com betoneiras cresceram cerca de 35%, sendo que a perspectiva para este ano é de obter índice similar.”

Controle hidráulico independente permite reduzir o consumo de combustível e prolongar a vida útil

Já a Convicta, diz Suelen Prudente, elevou em 50% as suas vendas de betoneiras no ano passado, na comparação com 2019. “No primeiro trimestre deste ano, nosso faturamento já equivale à metade do obtido durante todo o ano passado”, conclui a diretora.

Reforma de balões é padrão na indústria da construção

Atualmente, o serviço da reforma dos balões é trabalhado atentamente pelos fabricantes de betoneiras, até porque tem sido demandado por praticamente todos os clientes. A concreteira Supermix, por exemplo, reforma os balões de todas as suas betoneiras, delegando o serviço aos fabricantes. “Considerando que há aproveitamento dos troncos dos cones, as reformas são vantajosas”, justifica Sérgio Lima Silveira, diretor de equipamentos da empresa. “Estando preservados esses troncos – tanto o posterior quanto o anterior – e, havendo controle rigoroso da excentricidade e dos materiais empregados, as reformas tornam os balões equivalentes aos novos.”

A Convicta, por sua vez, mantém um setor dedicado à reforma de betoneiras, próprias e de outras marcas. Esse serviço, como relata a diretora comercial Suelen Prudente, tem sido bastante demandado. “Muitos caminhões-betoneira ficaram parados durante a crise na construção, o que retardou as reformas”, avalia. “Agora, temos muitas betoneiras que trabalharam nos últimos dois anos e, por isso, necessitam de reforma.”

Pelos cálculos de Luis Torres, gerente da área de tecnologia do concreto da Liebherr Brasil, a reforma completa custa cerca de 60% do valor de um equipamento novo. “Mas a vida útil após a reforma é até mais rentável que a primeira, pois o investimento na compra do equipamento já foi amortizado”, pondera.

Desde que feitas com critério, reformas tornam os balões usados equivalentes a produtos novos

Na locadora Concrelit, de acordo com o diretor Bruno Reganati, a primeira reforma acontece após uma média de cinco anos de uso, quando surgem os primeiros furos. “Inicialmente, isso pode ser sanado com solda ou vedação mais simples”, afirma. “Mas, depois, é necessário enviar o balão para reforma, pois os remendos desbalanceiam o centro de inércia do equipamento, causando danos aos roletes e à pista.”

Todavia, após três reformas o caminhão está sucateado e obsoleto, diz ele. “Nesse caso, talvez não seja mais interessante investir na reforma do balão, pois o caminhão é igualmente importante para garantir um concreto de qualidade”, pondera Reganati, destacando que a Concrelit também reforma seus balões com fabricantes, mas mantém equipe própria para troca de componentes, como rolos de apoio, mangueiras, hidrômetros, comandos, cabos, macacos e outros.

“Em breve, por meio do Portal Concreto Usinado, teremos uma linha própria de componentes, cujos produtos já estão em teste”, antecipa Reganati. “Inicialmente, teremos uma linha Premium de rolos de apoio e hidrômetros, montados com rolamentos utilizados pelos próprios fabricantes.”

Caminhões mais leves se consolidam no segmento

Antes mera tendência, já é realidade a oferta de caminhões capazes de permitir às betoneiras materializarem a proposta de transportar mais concreto atendendo às exigências da pesagem. Já no final de 2019, a Volkswagen apresentou o modelo Constellation 26.260 8x4, vinculado ao projeto de lançamento da betoneira leve da Convicta.

Soluções como o VM Light Mixer propõem-se a juntar leveza, resistência e confiabilidade

Alguns meses depois, a Mercedes-Benz mostrou uma versão de seu caminhão Atego 2730, específica para betoneiras. Desenvolvido em parceria com a Supermix, o veículo pesa uma tonelada a menos que os similares. Já no final de 2020, a Volvo lançou o VM Light Mixer, com peso 900 kg inferior ao de modelos antes oferecidos por ela própria para utilização com betoneiras. “Hoje, os clientes buscam caminhões mais leves, mas sem abrir mão da resistência e confiabilidade”, ressalta Jeseniel Valério, gerente de vendas da empresa.

Saiba mais:
Concrelit: www.concrelit.com.br
Concreto Usinado: www.concretousinado.com.br
Convicta: www.convicta.com.br
Liebherr: www.liebherr.com
Schwing-Stetter: www.schwingstetter.com.br
Supermix: www.supermix.com.br
Volvo: www.volvotrucks.com.br

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