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Revista M&T - Ed.178 - Abril 2014
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ConExpo 2014

Hora da retomada

Com economia em recuperação, evento norte-americano supera as próprias marcas e, em plena capital do entretenimento, alça a indústria da construção ao centro do palco
Por Marcelo Januário (Editor)

Realizados conjuntamente desde 1996, os eventos ConExpo-Con/Agg e IFPE (Fluid Power, Power Transmission, Motion Control Exposition) não decepcionaram quem esperou tanto tempo para o espetáculo começar. Promovida a cada três anos pela Association of Equipment Manufacturing (AEM) no Las Vegas Convention Center, em plena Paradise Road, a feira em 2014 atraiu exatos 129.364 visitantes, o segundo maior público de sua história, além de reunir mais de mil novos produtos e serviços de 2,5 mil diferentes expositores, em uma área total de 220 mil m2. “O entusiasmo e trânsito de pessoas nos corredores da feira foram simplesmente incríveis”, exultou Megan Tanel, diretora da feira. “Os exibidores citaram especialmente a alta qualidade dos visitantes, reportando a seriedade nas negociações e, como consequência, vendas robustas e uma atração de novos clientes acima das expectativas.”

SELETIVIDADE

Aliás, pode facilmente passar despercebido ao observador o fato que, como evento de negócios especificamente dirigido a especialistas, projetistas, empreend


Realizados conjuntamente desde 1996, os eventos ConExpo-Con/Agg e IFPE (Fluid Power, Power Transmission, Motion Control Exposition) não decepcionaram quem esperou tanto tempo para o espetáculo começar. Promovida a cada três anos pela Association of Equipment Manufacturing (AEM) no Las Vegas Convention Center, em plena Paradise Road, a feira em 2014 atraiu exatos 129.364 visitantes, o segundo maior público de sua história, além de reunir mais de mil novos produtos e serviços de 2,5 mil diferentes expositores, em uma área total de 220 mil m2. “O entusiasmo e trânsito de pessoas nos corredores da feira foram simplesmente incríveis”, exultou Megan Tanel, diretora da feira. “Os exibidores citaram especialmente a alta qualidade dos visitantes, reportando a seriedade nas negociações e, como consequência, vendas robustas e uma atração de novos clientes acima das expectativas.”

SELETIVIDADE

Aliás, pode facilmente passar despercebido ao observador o fato que, como evento de negócios especificamente dirigido a especialistas, projetistas, empreendedores e jornalistas do setor, a ConExpo é fechada ao público. Segundo estimativas da organização, 75% dos visitantes ocupam cargos de gerência, sendo que, destes, 36% são presidentes, CEOs ou proprietários das empresas.

Isso torna a assistência do centenário evento – começou a ser realizado como “Road Show” em Ohio em 1909 – uma das mais seletas do mundo, ao menos no que tange à apreciação estritamente tecnológica e, não menos importante, mercadológica do mercado de equipamentos para construção, potencializando o conhecimento e aumentando a exposição das marcas e desenvolvedores que participam da feira mais importante da ainda inconteste maior potência econômica mundial.

O número de países representados no evento também avançou significativamente, saltando de 159 (número obtido em 2011) para 170. E, das quase 130 mil pessoas presentes, 31 mil eram visitantes internacionais, em um avanço de 24% nesse quesito. “Internacionalmente, temos visto um crescimento da participação da América do Sul oriunda de outros países que não o Brasil, que já é um participante tradicional, o que é bastante positivo”, afirma Tanel. “Já a participação da China continua um pouco devagar.”

A feira também contou com um novo pavilhão de Demolição & Reciclagem, que foi organizado pela CDRA (Construction & Demolition Recycling Association), além do pavilhão de Soluções em Tecnologia e Construção, preparado pela AGCA (Associated General Contractors of America). Já a IFPE contou com salões da Associação dos Distribuidores de Power Transmission (PTDA) e fabricantes de sensores e acessórios.

ATRAÇÕES

Reforçando o escopo global, foram montados vários pavilhões internacionais, representando China, Irlanda, Coreia, Espanha e Reino Unido, enquanto a IFPE reuniu China, Itália e Taiwan. Em termos institucionais, 50 delegações internacionais marcaram presença, acompanhando – além da exposição de equipamentos e soluções – diversas convenções, programas educacionais, eventos de networking, treinamentos de segurança e outros eventos, como o International Truck Mixer Driver Championship, da NRMCA (National Ready Mixed Concrete Association), o Lift Safety Zone, da NCCCO (National Commission for the Certification of Crane Operators) e IPAF (International Powered Access Federation) e o Crane Operator Rodeo, da Maximum Capacity Media. Além de EUA e Canadá, 95 associações e grupos de 16 países também deram suporte oficial ao evento, incluindo a Sobratema (leia Box na pág. 21).

De acordo com a Las Vegas Convention and Visitors Authority, a feira trouxe um impacto econômico estimado de 157,3 milhões de dólares para a cidade. “Sempre colocamos as necessidades da indústria em primeiro plano e o avanço da ConExpo reflete justamente o bom momento da indústria da construção”, pontuou Melissa Magestro, diretora da IFPE. “Além disso, tais números positivos são um testemunho do valor agregado por visitantes, expositores e todas as partes interessadas no segmento.”

DELEGAÇÃO

Neste ano, a missão técnica empresarial que a Sobratema levou à ConExpo reuniu 126 profissionais. Segundo a diretora de relações internacionais, Arlene Vieira, a avaliação da entidade foi extremamente positiva, pois todos os participantes se disseram muito satisfeitos pela logística e pelo evento em si. “Também realizamos divulgação de nossos programas, constatando um grande interesse pela M&T Expo 2015, principalmente por parte da mídia global do setor”, pontuou a diretora.

De modo geral, a despeito das atualizações e muitos lançamentos, a percepção predominante dos profissionais brasileiros entrevistados por M&T foi de que – apenas um ano após a realização da Bauma – não houve uma apresentação de novidades técnicas em peso, além de a participação de empresas brasileiras como expositoras ter sido avaliada como “muito tímida” pelos especialistas. De fato, poucos estandes contaram com soluções nacionais, com destaque, dentre outras, para a PW, CZM e Romanelli, que não conseguiu levar equipamentos, mas marcou presença comercial.

O país também foi muito pouco citado nas coletivas de imprensa das grandes marcas, um aspecto facilmente explicado pelo foco do evento, que recai exclusivamente sobre a América do Norte – em um momento de consistente recuperação econômica, diga-se – e demandas ainda longe do alcance brasileiro, como é o caso de novas soluções híbridas e do Tier IV, tecnologias que se difundem para as mais diversas categorias de equipamentos, como a recém-concluída ConExpo deixou claro.

FEEDBACK

Para Tiago Luiz Dalla Lana, gerente comercial da Medal Bombas Hidráulicas, de Luzerna (SC), a feira se destacou pela amplitude. “Para o nosso segmento, a ConExpo agregou bastante tecnologia e contatos com potenciais novos fornecedores”, disse. “Vimos aqui uma oportunidade boa de negócio, sendo que já temos várias prospecções e agora é trabalhar para fechar esses negócios que estão aparecendo.”

Diretor operacional da Villa Construções, de Jaboatão dos Guararapes (PE), Tito Moura visitou o evento pela primeira vez e mostrou-se empolgado com o que viu. “É um evento que abrange tudo o que há disponível em tecnologia no mundo, em um só lugar”, afirmou. “Inclusive, estamos levando para o Brasil uma bomba de lança de 56 m, que acredito seja a primeira do tipo no país.”

Também presente pela primeira vez, Celso Luis Santa Catarina, diretor da Randon Veículos, de Caxias do Sul (RS), aproveitou o evento para conferir o posicionamento dos fabricantes em nível mundial. “O que se comenta é que foi muito superior à última edição, o que indica uma economia em recuperação nos EUA”, enfatizou.

Ronaldo Assis, gerente de produção da Camargo Corrêa, de São Paulo (SP), destacou as soluções para segurança dos equipamentos, principalmente de terraplanagem e escavação. “Também os simuladores, para treinamento e formação de operadores, um aspecto com o qual a maioria das empresas está preocupada e disponibilizou na feira”, analisou. “Creio que estamos dando um passo muito importante nessa questão de melhorar a segurança dos profissionais que operam esses equipamentos e dos próprios equipamentos. Agora, o mais importante é levar para as obras.”

A reduzida presença de brasileiros foi destacada por José Eduardo Fernandes Carvalho, gerente comercial da área de financiamento de equipamentos do banco francês Société Générale, de Barueri (SP). Segundo ele, a participação foi muito limitada, podendo ser maior nas próximas edições. “Os fabricantes investiram pouco na parte de produtos do Brasil”, disse. “Para achar pessoal apto a falar do mercado brasileiro, você realmente precisava procurar um pouco mais.”

Diretor da Luna e integrante da Apelmat (Associação Paulista dos Empreiteiros e Locadores de Máquinas de Terraplenagem e Ar Comprimido), José Antônio Spinasse destacou as inúmeras opções de acessórios oferecidas. “Ao invés de centrar só na máquina, os fabricantes também deram muita atenção para os diversos implementos, recursos e dispositivos que se integram ao sistema construtivo”, opinou.

Já José Carlos Romanelli, diretor comercial da Romanelli, de Cambé (PR), enfatizou o fato de a ConExpo reunir equipamentos que ainda vão levar tempo para chegar ao Brasil. “Aqui, qualquer obra de esquina tem maquinário de ponta”, afirmou. “Do nosso lado, era para termos trazido equipamento, mas não conseguimos a autorização a tempo. De todo modo, vale a pena mostrar que no Brasil também temos tecnologia e não fazemos feio.”

Sobratema mostra o potencial do mercado brasileiro

No dia 5 de março, a Sobratema participou de sessão sobre mercados emergentes promovida na grade oficial de eventos da Conexpo 2014, em Las Vegas, EUA. Realizado no ITC (International Trade Center), o evento “Emerging Market Sessions Brazil” foi idealizado para divulgar informações sobre o país a jornalistas internacionais e empresários, detalhando aspectos como indicadores econômicos, desafios e oportunidades no setor de infraestrutura e projetos públicos e privados em andamento.

Na ocasião, a associação foi representada pelo vice-presidente Paulo Oscar Auler Neto, que traçou um panorama do mercado de construção e enfatizou o histórico da presença de grandes players do setor no Brasil. Os investimentos atualmente em andamento em diferentes segmentos, como energia e linhas de transmissão, óleo & gás, rodovias, aeroportos, ferrovias e portos, além das concessões e dos preparativos para os grandes eventos esportivos, também mereceram menção. “O que vemos é uma mudança nas prioridades do governo, que abre as portas para os investimentos em infraestrutura”, frisou Auler Neto. “Com isso, o Brasil está aberto para todas as empresas, mas é claro que a presença de produção local tende a trazer maiores benefícios.”

Dentre outros exemplos, o vice-presidente citou projetos significativos como Belo Monte, BRTs e a Linha 6 do Metrô de São Paulo, enfatizando as oportunidades que tais projetos representam para os fabricantes. “É importante projetar o Brasil no mercado norte-americano, desmistificando as barreiras ao mostrar que, apesar da burocracia e de outras dificuldades aparentes, o país ainda é um mercado com grande potencial para a indústria”, acrescentou.

O presidente da Sobratema, Afonso Mamede, reforçou a importância da apresentação em um evento com a envergadura da Conexpo. “Ações como essa são fundamentais, pois precisamos atrair investidores, fabricantes de equipamentos e, sobretudo, as ferramentas necessárias para alavancar a infraestrutura no Brasil”, afirmou.

 

 

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