O negócio de locação, que já responde por cerca de 30% do consumo de equipamentos para construção no Brasil, está ingressando em um novo patamar de competitividade. Para atender à crescente demanda das construtoras, cujo rápido crescimento da carteira de contratos impulsionou o índice de locação em seus canteiros de obras, as empresas do setor se profissionalizaram, ampliaram suas frotas com equipamentos mais novos e passaram a oferecer modalidades de contratos adequadas às diferentes necessidades dos clientes.
Para investir nesse tipo de negócio, que exige capital intensivo, algumas locadoras abriram seu capital e, de empresas familiares, transformaram-se em grupos com gestão profissionalizada em alguns casos, até mesmo com ações negociadas em bolsa de valores. Essa movimentação no mercado, entretanto, não se deve apenas à maior exigência do cliente. Ela também reflete outro fator que impulsionou a competição no setor: a chegada de locadoras internacionais ao país.
Assoladas pela crise econômica em seus países de origem, algumas dessas empresas vislumbram no mercado brasileir
O negócio de locação, que já responde por cerca de 30% do consumo de equipamentos para construção no Brasil, está ingressando em um novo patamar de competitividade. Para atender à crescente demanda das construtoras, cujo rápido crescimento da carteira de contratos impulsionou o índice de locação em seus canteiros de obras, as empresas do setor se profissionalizaram, ampliaram suas frotas com equipamentos mais novos e passaram a oferecer modalidades de contratos adequadas às diferentes necessidades dos clientes.
Para investir nesse tipo de negócio, que exige capital intensivo, algumas locadoras abriram seu capital e, de empresas familiares, transformaram-se em grupos com gestão profissionalizada em alguns casos, até mesmo com ações negociadas em bolsa de valores. Essa movimentação no mercado, entretanto, não se deve apenas à maior exigência do cliente. Ela também reflete outro fator que impulsionou a competição no setor: a chegada de locadoras internacionais ao país.
Assoladas pela crise econômica em seus países de origem, algumas dessas empresas vislumbram no mercado brasileiro uma alternativa para a paralisação dos negócios em seus respectivos mercados. Elas chegam atraídas pelos investimentos previstos em infraestrutura, bem como os projetos relacionados à Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. Muitas dessas locadoras internacionais planejam as operações no Brasil com base na oferta de equipamentos específicos ou determinados nichos de mercado. Mas algumas também almejam uma fatia do segmento de máquinas da linha amarela como escavadeiras hidráulicas, carregadeiras de rodas, rolos compactadores e tratores de esteiras tradicionalmente explorado pelas empresas locais.
Experiência espanhola
Esse é o caso da espanhola Gam, criada em 2003, após a fusão entre as quatro maiores empresas do setor em seu país de origem. “Crescemos rapidamente até 2006, quando abrimos capital na Bolsa de Valores espanhola e, desde então, começamos um processo de internacionalização em direção ao Leste europeu, México e países latino-americanos como o Chile, Peru e Brasil”, diz Manuel Bezares, diretor da Gam no Brasil.
A empresa conta com uma frota de cerca de 60 mil equipamentos da linha amarela, plataformas aéreas e manipuladores telescópicos, dos quais 600 unidades estão disponíveis na operação brasileira, conduzida por Bezares desde 2009. Atualmente, a empresa concentra suas atividades nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas o executivo revela a intenção de expandir os negócios para o Nordeste, onde se concentram muitos projetos de infraestrutura, e Minas Gerais, devido aos investimentos em mineração.
“Entre 2010 e 2011, a nossa frota aumentou cerca de 30% no Brasil e a expectativa para este ano é de um crescimento ainda maior, dado as diversas obras de relevância que foram postergadas para 2012”, diz Bezares. As construtoras de grande porte são os principais clientes da multinacional espanhola, que compôs sua frota no país com equipamentos novos e algumas unidades usadas que foram importadas. “As importações de equipamentos usados se restringiram a alguns modelos específicos não fabricados no Brasil”, afirma o executivo.
Foco no mercado de gruas
A Morrow, que atua como distribuidora dos guindastes de torre da Liebherr nos Estados Unidos, Canadá, México, Austrália e Nova Zelândia, figura entre as locadoras que chegam ao país com foco na demanda por equipamentos especiais. Voltada especificamente à oferta de gruas, a empresa conta com um parque de aproximadamente 580 equipamentos em todo o mundo e, no Brasil, deverá operar por meio de uma joint-venture com a Maxxigrua.
O primeiro equipamento da empresa chegou em 2009, para operação na construção da Barragem de Estreito. “Atualmente, já temos sete gruas disponíveis para locação no Brasil, da faixa de 225 a 400 tm de capacidade”, diz Augusto Maurer, gerente geral da Morrow para a América Latina. O porte dos equipamentos revela a estratégia de atuação da empresa, que deverá concentrar os negócios no segmento de gruas acima de 200 tm.
Celso Siqueira, diretor da Maxxigrua, explica que a fabricação de gruas no Brasil sempre foi focada em modelos com menos de 200 t/m, o que justifica a visualização de um nicho de mercado pouco explorado. “A maior demanda do mercado se concentra nos modelos da faixa entre 30 a 60 t/m”, diz ele. Por esse motivo, Siqueira vislumbra boas oportunidades de locação para modelos de grande porte, voltados a projetos de infraestrutura.
O fato de não haver fabricação de modelos acima de 200 t/m no Brasil também possibilita a importação de equipamentos usados acima dessa capacidade. Siqueira enxerga esse processo com naturalidade, “uma vez que a indústria nacional não atende à necessidade tecnológica do mercado de infraestrutura.” Por esse motivo, ele avalia que a importação de equipamentos usados, pelo processo de admissão temporária, favorece tanto o locador quanto o construtor, que pode adquirir sua própria grua.
Demanda por modelos maiores
Siqueira explica que a importação de gruas usadas por processo de admissão temporária tornou-se viável em meados dos anos 2000, permitindo que os equipamentos sejam utilizados por períodos de até oito anos. “Antes disso, essa operação era praticamente proibida, o que de certa forma restringia o desenvolvimento do mercado.” Segundo ele, essa situação resultou na baixa utilização dos equipamentos de maior capacidade de elevação de carga nos grandes canteiros de obras.
O executivo explica que a legislação brasileira sempre permitiu a importação de gruas de grande porte, porém em regime de aquisição de equipamentos novos. Entretanto, como esse tipo de grua possui alto custo de aquisição, sua demanda no país era pequena, devido à baixa projeção de demanda de obras e à necessidade que as construtoras tinham de adquirir seu próprio equipamento, devido à inexistência de oferta para locação. “Com a possibilidade da admissão temporária dos equipamentos, podemos oferecer a opção de locação para o mercado e essa solução certamente será cada vez mais aceita nos próximos anos”, diz ele.
Augusto Mauerer, por sua vez, lembra que a industrialização da construção civil está avançando no Brasil e no mundo, o que resulta na utilização de peças cada vez maiores de concreto pré-moldado. “Apesar desse processo facilitar a montagem em comparação com a construção convencional, ele exige que se façam ligações na junção das peças e, quando adotamos pré-moldados maiores para a construção de uma mesma seção, diminuímos o número de ligações, otimizando o cronogramas e o custo da obras.” Por esse motivo, ele vislumbra um crescimento na demanda de gruas de maior capacidade de carga, para a movimentação de peças cada vez maiores nos canteiros.
Soluções para concretagam
A projeção de crescimento do mercado brasileiro, associada à crise econômica internacional, também motivou a vinda da norte-americana C&C Concrete Pumping para o país. “Trouxemos a cultura vigente nos Estados Unidos de oferecer soluções customizadas em equipamentos e serviços para o bombeamento de concreto com base em especialização e alta tecnologia, incluindo o treinamento dos operadores e técnicos”, diz Gabriel Couto, diretor da KM Concreto, a subsidiária criada pela companhia.
Operando com uma frota composta por seis autobombas, quatro bombas-lança, quatro mastros distribuidores, e seis válvulas divisoras e de retorno de concreto, a empresa trabalha com equipamentos desenvolvidos internamente ou fornecidos por fabricantes como a Schwing Stetter. “Outros fabricantes de equipamentos com os quais temos boa relação fora do Brasil também têm ingressado no país e isso é ótimo para o mercado. Porém, a nossa relação coma Schwing Stetter é perfeita porque temos o mesmo foco voltado à eficiência da operação. Isso não impede, todavia, que venhamos a nos tornar uma locadora multimarca, como já somos nos Estados Unidos”, ele afirma.
Segundo Couto, a idade média da frota da KM Concreto é de dois anos, sendo composta apenas por equipamentos de fabricação local. Ele relata que no início das operações havia a intenção de importar algumas unidades usadas da matriz norte-americana, o que foi inviabilizado diante da impossibilidade de se importar equipamentos usados quando existem similares de fabricação nacional. “Inicialmente ficamos frustrados, mas hoje entendemos e achamos corretas essas restrições legais. Afinal, o que seria da indústria local se todos os outros mercados que entraram em crise tivessem êxito em trazer seus equipamentos usados para o Brasil?”, ele pondera.
A estratégia de atuação da locadora inclui uma parceria com a Kaiobá Equipamentos, que, na avaliação de Couto, figura entre as principais empresas do país no segmento de bombeamento de concreto. “Nosso primeiro projeto conjunto foi a instalação de um mastro distribuidor de concreto na obra do edifício Rec Berrini, uma obra da construtora Hochtief em São Paulo.” A solução adotada, segundo ele, reduziu o ciclo de concretagem das lajes de nove para seis dias, o que diminuiu em dois meses o prazo de conclusão da obra em relação ao cronograma. “Esse projeto está fomentando a utilização dos mastros distribuidores no Brasil e, desde então, as consultas para aplicação desse equipamento só têm aumentado.”
De olho nas obras de dutos
Outra locadora com o foco direcionado em segmentos bem específicos do mercado é a panamenha PLM-Cat. A empresa, que atua como distribuidora Caterpillar em seu país de origem, chega ao mercado para disputar o nicho de equipamentos para obras de dutos. Seu objetivo é atuar na venda e locação de assentadores de tubos (side booms) e máquinas de soldagem de dutos, dos quais alguns já operam em grandes contratos do setor de óleo e gás no Brasil nos últimos anos.
A empresa atua no mercado brasileiro em parceria com os distribuidores locais da Caterpillar, oferecendo side booms da marca com capacidades de içamento de 18 a 97 t. “A nossa capacidade de fornecimento ou locação de equipamentos é praticamente ilimitada, desde que respeitados os prazos de entrega, pois contamos atualmente com uma frota mundial de cerca de 1,6 mil unidades”, diz Santiago Gonzalez, gerente de contas da PLM-Cat na América Latina.
O executivo avalia que as obras de dutos no Brasil ficaram estagnadas nos últimos três anos, o que vem restringindo os negócios nesse segmento de mercado. “A partir de 2012, porém, observamos uma tendência de retomada dos projetos no país com vista ao escoamento da produção do Pré-Sal.” Para atender a esta demanda, González diz que a empresa dispõe de equipamentos e pacotes de soluções adequadas às empreiteiras e consórcios construtores que vencerem as licitações para essas obras.
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