Desde 1852, a região do Vale do Itajaí, que ocupa o nordeste do estado de Santa Catarina, vem convivendo com inundações de diferentes proporções. Com o trauma provocado pelas enchentes de 1983, a população passou a ocupar os locais mais altos das cidades da região, interferindo diretamente na proteção das encostas e dos topos de morros.
Essa situação contribuiu para potencializar os efeitos das chuvas ocorridas no fim de novembro de 2008. Devido ao grande volume pluviométrico registrado nesse período, o solo da região literalmente “derreteu”, ocasionando desmoronamentos de encostas que soterraram casas e pessoas na maior catástrofe natural de todos os tempos no Brasil. A região foi assolada por uma tragédia sem precedentes, que deixou um saldo de 136 mortes, 62 municípios em situação de emergência e 14 em estado de calamidade pública.
Atualmente, mais de 32.800 pessoas continuam desabrigadas e, após sepultar as vítimas dessa catástrofe, restou aos sobreviventes a difícil tarefa de reconstruir e recuperar as áreas destruídas e os pontos de risco. A maior parte desses locais situa-se em áreas urbanas, o que impôs um caráter emergencial às o
Desde 1852, a região do Vale do Itajaí, que ocupa o nordeste do estado de Santa Catarina, vem convivendo com inundações de diferentes proporções. Com o trauma provocado pelas enchentes de 1983, a população passou a ocupar os locais mais altos das cidades da região, interferindo diretamente na proteção das encostas e dos topos de morros.
Essa situação contribuiu para potencializar os efeitos das chuvas ocorridas no fim de novembro de 2008. Devido ao grande volume pluviométrico registrado nesse período, o solo da região literalmente “derreteu”, ocasionando desmoronamentos de encostas que soterraram casas e pessoas na maior catástrofe natural de todos os tempos no Brasil. A região foi assolada por uma tragédia sem precedentes, que deixou um saldo de 136 mortes, 62 municípios em situação de emergência e 14 em estado de calamidade pública.
Atualmente, mais de 32.800 pessoas continuam desabrigadas e, após sepultar as vítimas dessa catástrofe, restou aos sobreviventes a difícil tarefa de reconstruir e recuperar as áreas destruídas e os pontos de risco. A maior parte desses locais situa-se em áreas urbanas, o que impôs um caráter emergencial às obras de recuperação. Por esse motivo, elas iniciaram tão logo as chuvas diminuíram.
A elaboração dos projetos para os serviços de recuperação (terraplenagem, drenagem, obras de arte correntes e especiais, entre outros), entretanto, exigia uma base de dados confiável, com uma modelagem precisa da superfície do terreno e de todos os seus detalhes cadastrais. Nesse tipo de situação, com mais de 250 localidades atingidas pela fúria da natureza, uma ampla cobertura de registro fotogramétrico contribuiria para encontrar a solução ideal em cada ponto de deslizamento.
Método de topografia
O problema é que o pouco tempo disponível e as condições caóticas de cada local inviabilizavam a aplicação dos métodos convencionais de levantamento topográfico. A impossibilidade de aces so às áreas afetadas, o iminente risco de novos deslizamentos e a necessidade de alta densidade na medição de pontos – para a confiabilidade da base de dados – figuram entre os motivos que descartaram totalmente o uso dos métodos convencionais de topografia.
Além disso, mais do que o simples levantamento topográfico dos locais atingidos, era imprescindível a captura total das condições daquelas áreas após a ocorrência e dos elementos que envolviam seu entorno, para a tomada de decisões na elaboração do projeto de recuperação. A solução apontada como ideal foi o escaneamento tridimensional, com o uso da tecnologia de varredura a laser automatizada e de alta definição LS3D (Laser Scanner 3D), que satisfaz a todos os condicionantes exigidos nessa difícil tarefa.
Para evitar a exposição dos técnicos e auxiliares às áreas com risco de novas avalanches de terra, optou-se pelo método de medição remota, no qual se evita o contato direto entre as equipes de topografia e as áreas de deslizamento.
Em função do prazo escasso para execução dos levantamentos, a técnica escolhida diminuiu, em alguns casos, o tempo de coleta no campo em até cinco vezes. Isso porque o escaneamento tridimensional realiza em poucas horas o que uma equipe de topografia levaria dias para executar. A alta velocidade de medição permite avançar rapidamente sobre novas áreas, municiando a equipe de projeto com os dados coletados.
Segundo o engenheiro civil Rovane Marcos de França, professor do IF-SC (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina), antigo CEFETSC, a densidade de pontos capturados pelo laser scanner (50.000 pontos por segundo) possibilitou o detalhamento necessário para a elaboração segura dos projetos de engenharia. “A alta precisão obtida no método de escaneamento conferiu maior confiabilidade ao produto final, algo fundamental nos projetos de recuperação e estabilidade de taludes e estruturas.”
O método de escaneamento tridimensional a laser está sendo usado pela empresa Vector Serviços Técnicos em Geomática no levantamento da base de dados das áreas atingidas pelas enchentes de novembro de 2008, no Vale do Itajaí. Trata-se de uma experiência pioneira no uso dessa tecnologia no Brasil para tal aplicação, cujos resultados são animadores diante da maior precisão e eficiência na coleta dos dados topográficos.
(*) Marcos F. S. Kamer é geógrafo e gestor de negócios da empresa Vector Serviços Técnicos em Geomática.
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