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Revista M&T - Ed.297 - Setembro 2025
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CENTRAIS DE CONCRETO

Configurações para cada tipo de canteiro

Aspectos relevantes para a especificação de uma central de concreto adequada à obra vão além de critérios estritamente técnicos, chegando até a questões tributárias e de logística de insumos
Por Redação

Foto:SANY


Essenciais no setor da construção, as centrais de concreto podem ser consideradas como o coração da cadeia produtiva do material mais consumido no mundo. Em um setor cada vez mais pressionado por prazos, custos competitivos e exigências técnicas rigorosas, a tarefa de escolher a central adequada – seja dosadora ou misturadora, móvel ou fixa – tornou-se estratégica para construtoras, concreteiras e empresas de infraestrutura.

Mais do que a simples compra de um equipamento, trata-se de definir a qualidade e a previsibilidade do concreto que sustentará a obra. Os fabricantes ouvidos nesta reportagem da Revista M&T são unânimes em afirmar que os critérios técnicos, logísticos e até tributários precisam ser cuidadosamente avaliados antes do investimento.

MISTURA X DOSAGEM

A primeira decisão passa pela escolha entre dosadoras e misturadoras. Na perspectiva de Carlos


Foto:SANY


Essenciais no setor da construção, as centrais de concreto podem ser consideradas como o coração da cadeia produtiva do material mais consumido no mundo. Em um setor cada vez mais pressionado por prazos, custos competitivos e exigências técnicas rigorosas, a tarefa de escolher a central adequada – seja dosadora ou misturadora, móvel ou fixa – tornou-se estratégica para construtoras, concreteiras e empresas de infraestrutura.

Mais do que a simples compra de um equipamento, trata-se de definir a qualidade e a previsibilidade do concreto que sustentará a obra. Os fabricantes ouvidos nesta reportagem da Revista M&T são unânimes em afirmar que os critérios técnicos, logísticos e até tributários precisam ser cuidadosamente avaliados antes do investimento.

MISTURA X DOSAGEM

A primeira decisão passa pela escolha entre dosadoras e misturadoras. Na perspectiva de Carlos Santos, gerente geral da Sany CRBU, essa definição está diretamente ligada ao nível de controle de qualidade que a obra exige. “Se a operação requer rigor no traço, homogeneização perfeita e rapidez, a misturadora é a escolha natural”, afirma o especialista.

Segundo ele, o sistema de pás do misturador garante um concreto mais uniforme, inclusive em aplicações com baixo slump ou aditivos mais sensíveis. “Em pré-moldados, CCR ou qualquer aplicação de alta precisão, a misturadora é praticamente obrigatória”, observa. “Já a dosadora pode atender obras mais simples, desde que se reconheçam seus limites técnicos.”

Escolha entre dosadoras e misturadoras está ligada ao nível de controle de qualidade que a obra exige. Foto: SANY


Na mesma linha, a gerente comercial do Grupo Convicta, Suelen Prudente, reforça que a diferença fundamental está no método de mistura e na precisão da dosagem. “As dosadoras apenas pesam e transferem os materiais para o caminhão, enquanto as misturadoras incorporam o processo completo, garantindo homogeneidade e rapidez”, ela descreve, destacando que os sistemas de automação e balanças eletrônicas reduzem erros humanos e permitem ajustes em tempo real, assegurando conformidade às normas ABNT (NBR 7212:2024 e NBR 12655:2015).

Por sua vez, Diego Fais, gerente comercial da Siti, avalia que a decisão também envolve aspectos puramente financeiros. “As misturadoras têm custo inicial maior, mas oferecem mais controle, redução de desperdícios e padronização, sendo mais indicadas para obras de grande porte, elevada precisão e resistência (FCK)”, comenta. “Já as dosadoras, que ainda representam cerca de 95% do mercado brasileiro, atendem à maioria das obras, e quando necessário podem ser complementadas com softwares de automação para garantir maior controle de produção.”

Aspectos relevantes na escolha incluem ainda demanda, área disponível,mão de obra, tempo de start-up, custo e possibilidade de importação. Foto:SITI


De acordo com os especialistas, outros aspectos relevantes nessa escolha incluem demanda de concreto, área disponível, mão de obra qualificada, tempo de start-up (operacionalização), custo dos equipamentos e possibilidade de importação. Além disso, o tipo de misturador instalado pode fazer uma diferença significativa. Devido à força de mistura, modelos de eixo duplo são mais comuns em concretos estruturais, enquanto planetários atendem melhor a pré-moldados, que exigem homogeneidade extrema. Já os misturadores de passagem contínua oferecem maior rapidez em aplicações específicas. O conhecimento desses detalhes técnicos ajuda a definir o investimento mais adequado.

FIXAS X MÓVEIS

Outro ponto decisivo está na escolha entre centrais fixas e móveis. Se, por um lado, o modelo com mobilidade possui a vantagem de deslocamento até a obra, reduzindo custos de transporte, com ganho de tempo e agilidade no cronograma, sua capacidade é menor, entre 20 e 90 m³/h. Já as fixas chegam a 300 m³/h.

De acordo com Santos, da Sany, a decisão deve passar por três aspectos: se há necessidade de atender à alta demanda contínua, se a obra é curta ou se estenderá por meses/anos e, por fim, se o canteiro é fixo ou muda de lugar. “A lógica é simples, pois se a obra é grande, contínua e de alta exigência, uma fixa faz mais sentido”, pondera, citando os modelos HZS 60, HZS 90 e HZS 120 da marca nessa linha. “Todavia, se a obra é dinâmica, remota e muda de local, a central móvel ganha força, sempre com atenção à diferença de qualidade entre misturadora e dosadora”, conta o especialista da Sany, que fornece opções na linha móvel como os modelos YHZS 30, YHZS 60 e YHZS 90.

A Convicta lembra que esse cenário vem mudando com a evolução tecnológica. “Hoje, já temos centrais móveis automatizadas, como o modelo C4T, que chegam a 80 m³/h e podem ser montadas em apenas 40 h”, afirma Suelen Prudente. Segundo ela, as centrais móveis podem ser desmontadas e realocadas em novos canteiros, oferecendo versatilidade para projetos temporários. O custo de transporte, inclusive, vem sendo reduzido com projetos de centrais transportadas em carretas comuns (truck de 8 m, carreta de 12 m), sem necessidade de batedores ou licenças especiais. Além disso, a montagem é pensada na agilidade em campo. “Ou seja, a central é montada no sistema plug & play, conectando-se à água e energia e disponibilizada logo após ser posicionada”, diz.

Na Siti, a mobilidade é apontada como diferencial de sustentabilidade e eficiência. “As centrais móveis acompanham o avanço da obra, reduzem custos com transporte de betoneiras, otimizam prazos e diminuem emissões”, pondera Roque Oliveira, diretor da empresa. Lançada em 2013, a linha Nomad promete montagem até 70% mais rápida que uma central fixa e start-up 85% mais eficiente.

A logística de insumos também é um dos fatores de peso nessa equação. Obras distantes de pedreiras ou sem fornecimento contínuo de cimento tendem a exigir centrais móveis mais próximas ao canteiro, reduzindo custos com frete e risco de interrupção. Já grandes concreteiras, que operam volumes expressivos e têm cadeias de suprimento consolidadas, encontram a robustez necessária nas opções fixas.

TRIBUTAÇÃO

Historicamente, as centrais dosadoras são associadas ao serviço de concretagem, no qual esse insumo ainda está em processo de preparação durante o transporte por caminhões-betoneira, até chegar ao destino. Dessa forma, o serviço se caracteriza pela aplicação do concreto no local determinado, produto que entra como insumo do serviço.

Mas há quem defenda que o mesmo princípio pode ser aplicado para o concreto produzido em centrais misturadoras, pois – embora esteja pronto para uso logo após a usinagem – ainda necessita de caminhões-betoneira para o transporte ativo, uma vez que a betoneira precisa trabalhar para evitar a segregação do material. “Também podemos considerar o concreto como um insumo utilizado na concretagem com o uso de bombas de concreto para executar o serviço”, comenta Santos, da Sany. “Infelizmente, temos uma questão tributária complexa e extremamente dependente de interpretações, que podem penalizar a operação.”

Segundo ele, esses casos de dubiedade são comuns, mas ainda não foram observadas alterações significativas na legislação tributária, que historicamente favorece as centrais dosadoras em função da carga fiscal reduzida. Contudo, outro fator cultural impacta diretamente o mercado: a priorização quase exclusiva do menor custo na escolha do concreto. Esse comportamento está relacionado ao poder de compra limitado e aos elevados investimentos exigidos pelas obras. “O uso de misturadoras, que demandam um investimento inicial substancialmente maior, só se justifica com um maior volume de produção e preços de venda compatíveis com o padrão superior de qualidade que esse tipo de equipamento proporciona”, avalia Oliveira, da Siti. “Isso requer um ambiente de negócios mais maduro, em que o processo de decisão leve em conta não apenas o custo, mas também a performance, a eficiência e os benefícios técnicos do concreto entregue.”

Na Convicta, as centrais misturadoras ganham um espaço determinante para o futuro do mercado. Com a chegada do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), os encargos sobre a prestação de serviço deixarão de existir, permanecendo um imposto único sobre o produto (metro cúbico). Com isso, as centrais dosadoras – tendo em vista a maior eficiência em produtividade e redução de custo operacional – passam a ficar com custo de produção mais elevado comparado à misturadora.

CONTROLE

Outro ponto de destaque na pauta de operações de concretagem está na vantagem de misturar o concreto na própria central e transportá-lo apenas para a aplicação final. Quando a mistura é feita na usina, o caminhão-betoneira deixa de ser responsável pelo preparo e se torna apenas o guardião da homogeneidade até a obra. Isso significa menor risco de variação no traço, previsibilidade de qualidade e economia de cimento.

Esse controle centralizado permite padronização e ganhos técnicos significativos. “Além de reduzir o consumo de cimento, a misturadora assegura constância nos resultados, o que é fundamental em obras de grande responsabilidade estrutural”, sublinha Fais, da Siti, tocando em um ponto que ganha relevância diante da alta do insumo nos últimos anos. Em projetos de grande porte, reduzir o consumo de cimento em apenas 3% pode significar milhões de reais em economia.

Priorização do menor custo na escolha do concreto impacta diretamente o mercado de centrais. Foto: CONVICTA


Além da questão logística, a atenção com as práticas ambientais é cada vez mais relevante. Na Convicta, por exemplo, os recicladores de concreto estão entre os equipamentos mais procurados. “Com a pressão dos órgãos ambientais e a dificuldade de descarte, os clientes são forçados a adotar medidas de reaproveitamento”, relata Suelen Prudente.

A Sany também afirma investe em soluções verdes, incluindo sistemas de tratamento de água e areia, coleta de pó e projetos de centrais automatizadas alimentadas por energia solar, como uma instalada recentemente em Xinghua, na China. Já na Siti, a norma ABNT 7212 orienta as melhores práticas para a destinação de resíduos, que incluem tanques de decantação e reaproveitamento da água utilizada, além do enclausuramento de pontos críticos de emissão de pó. “Muitos clientes já destinam áreas específicas para o armazenamento seguro de aditivos químicos, ampliando a sustentabilidade do processo”, reforça Fais.

A demanda por centrais de concreto acompanha o ritmo da construção civil. Nos últimos anos, os fabricantes relatam procura crescente de construtoras e incorporadoras que buscam autossuficiência no fornecimento, muitas vezes criando suas próprias concreteiras para atender grandes obras e PPPs. “Com 85% da malha rodoviária brasileira sem pavimentação, há um imenso espaço para o concreto”, observa Santos, da Sany, ressaltando otimismo com o avanço no país do uso de pavimento rígido em estradas, ainda que tímido.

Outra tendência em alta é a digitalização. Softwares de automação, rastreabilidade de lotes e sistemas de telemetria já começam a integrar as centrais, permitindo relatórios detalhados de cada batelada e integração com plataformas de gestão de obra. Para os fabricantes, trata-se de um caminho sem volta em seus equipamentos, como a Revista M&T já mostrou em outras reportagens anteriores.

Saiba mais:

Convicta: www.convicta.com.br

Sany: www.youtube.com/@SANYCRBU

Siti: https://siti.com.br

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