Realizado pela segunda vez consecutiva, o evento de conteúdo Sobratema Summit trouxe neste ano o tema “Desenvolvimento Urbano & Tecnologias para Construção”, em uma ampla programação com 16 atividades de conteúdo, incluindo seminários, workshops, congressos, fóruns e mesas-redondas, conduzidos por mais de 70 palestrantes do Brasil, Estados Unidos e Europa.
Ao todo, mais de 870 profissionais assistiram a uma programação abrangente, suscitando informações e debates sobre assuntos relacionados às áreas de infraestrutura, mobilidade humana, arquitetura, compliance, tratamento de resíduos, controle e gestão operacional, rental, certificação, sustentabilidade, BIM, tecnologia para concreto, sistemas industrializados, geossintéticos, impermeabilização, distribuição, varejo e consumo de materiais para construção. “Todos os setores expostos nas feiras foram cobertos, desde tratamento de efluentes até a parte de equipamentos”, disse o diretor do Sobratema Summit, Guilherme Ramos.
Para garantir a representatividade das apresentações, as palestras foram elabo
Realizado pela segunda vez consecutiva, o evento de conteúdo Sobratema Summit trouxe neste ano o tema “Desenvolvimento Urbano & Tecnologias para Construção”, em uma ampla programação com 16 atividades de conteúdo, incluindo seminários, workshops, congressos, fóruns e mesas-redondas, conduzidos por mais de 70 palestrantes do Brasil, Estados Unidos e Europa.
Ao todo, mais de 870 profissionais assistiram a uma programação abrangente, suscitando informações e debates sobre assuntos relacionados às áreas de infraestrutura, mobilidade humana, arquitetura, compliance, tratamento de resíduos, controle e gestão operacional, rental, certificação, sustentabilidade, BIM, tecnologia para concreto, sistemas industrializados, geossintéticos, impermeabilização, distribuição, varejo e consumo de materiais para construção. “Todos os setores expostos nas feiras foram cobertos, desde tratamento de efluentes até a parte de equipamentos”, disse o diretor do Sobratema Summit, Guilherme Ramos.
Para garantir a representatividade das apresentações, as palestras foram elaboradas em parceria com feiras internacionais como BAU e WOC (World of Concrete), instituições de ensino como FGV (Fundação Getúlio Vargas) e entidades setoriais como Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Analoc (Associação Nacional dos Sindileq’s e das Entidades Estaduais dos Locadores de Equipamentos para Construção e Bens Móveis) e IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), dentre outras. Órgãos públicos, organizações não-governamentais, sindicatos e empresas também deram sua contribuição, ajudando a transformar o evento em uma autêntica arena do conhecimento. Confira a seguir alguns destaques da programação.
URBANISMO
No evento inaugural da Semana das Tecnologias, especialistas de diferentes setores debateram os desafios e oportunidades de se resgatar o espaço público nas cidades brasileiras. Nesse sentido, o painel “Mobilidade urbana: desafio da infraestrutura urbana” destacou a necessidade de superação da acomodação técnica, reciclagem do comportamento social e estímulo a um processo de ressensibilização da população em relação ao tema. “A prioridade deve ser dada à infraestrutura não motorizada e à mobilidade de baixo carbono”, atestou Luis Antonio Lindau, diretor da WRI Brasil, apontando cases de sucesso nesse sentido, como o BRT de Curitiba (PR) e a Cidade de Pedra Branca, em Palhoça (SC), mas também experiências internacionais realizadas em Bogotá, Buenos Aires, Orlando e Londres, cada uma enfrentando à sua maneira este desafio. “Como hoje existe muita diversidade, é preciso compatibilizar as cidades a esse novo cenário”, complementou.
Por sua vez, o presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), José Roberto Bernasconi, ressaltou o processo evolutivo das cidades no país, que já conta com 85% da população urbanizada, índice que sobe a 97% em São Paulo. “Cidadania implica mobilização, mostrar que existe um cuidado com o ser humano”, disse ele, lembrando as gestões de Rudy Giuliani em Nova York, no período de 1994 a 2001, que reforçaram o aspecto “cultural civilizacional” na cidade. “Nesse sentido, a visão imediatista tem nos prejudicado. É hora de aplicar melhor os recursos, ter maior consciência, garantia de retorno e marco jurídico firme.”
No âmbito técnico, o presidente da Sobratema, Afonso Mamede, destacou como a Lei no 12.587/12, que institui diretrizes para o Plano de Mobilidade Urbana, pode ser um marco para o avanço da infraestrutura. Nessa linha, mostrou como os novos métodos construtivos e materiais vêm eliminando transtornos no cotidiano das cidades. “A industrialização da construção aponta para o uso de equipamentos menores e novos materiais como corda de fibra de carbono em elevadores, mas ainda placas de células solares, tijolos inteligentes, pisos drenantes, fiação enterrada e iluminação LED”, acentuou o dirigente, destacando ainda o avanço da Internet das Coisas, que pode aumentar a previsibilidade dos fluxos urbanos. “Uma central de inteligência é fundamental para conectar as cidades, seja por meio de câmeras inteligentes ou mesmo no mobiliário”, citou.
Outro ponto abordado foi a necessidade de fortalecimento dos conselhos municipais, como forma de superar a falta de continuidade nas gestões, que seguem presas a interesses partidários. “A experiência de Maringá (PR) é exemplar quanto a isso, mostrando uma saída para esse dilema”, disse Mamede. “Obra se tornou massa de manobra política, o que não pode mais acontecer, pois a sociedade cobra isso.”
Na mesma linha, o vice-presidente de desenvolvimento econômico da Frente Nacional dos Prefeitos, Elvis Leonardo Cezar, explanou sua experiência à frente da prefeitura de Santana de Parnaíba (SP), enfatizando a busca de alternativas para melhorar a gestão e adotar soluções inteligentes que promovam o desenvolvimento urbano. “Além de continuidade na gestão, precisamos estimular formas de integração social por meio de equipamentos públicos, valorizando esses ambientes e usando os recursos de forma mais eficiente, com a adoção de políticas que acelerem o desenvolvimento econômico”, destacou o prefeito. “Mas o comodismo ainda assola a administração pública, com uma falta de motivação que só será superada com procedimentos de reavaliação de metas e conduta.”
TECNOLOGIAS
Quebrar paradigmas em relação à inserção das tecnologias nos canteiros de obras é uma tarefa árdua. Nesta acepção, durante o “Seminário Técnico Semana das Tecnologias Integradas”, Patrícia Herrera, gerente da Moba, discorreu sobre as principais barreiras que impedem uma maior adoção das tecnologias, principalmente no Brasil. É preciso levar em conta diversos fatores que impedem a aceitação e inserção de mudanças no canteiro de obras, como resistência do usuário, barreiras da linguagem e falta de treinamento adequado”, disse a especialista. “Com isso, o mercado de construção pesada se depara com tecnologias de ponta que já são usadas amplamente em outros países, mas que ainda enfrentam dificuldades para serem implementadas no Brasil ou, quando são aplicadas, as empresas têm problemas em mantê-las em uso.”
Assim como as tecnologias entraram no cotidiano das pessoas de forma gradual, também no segmento da construção pesada devem ser inseridas aos poucos, inicialmente com tecnologias de utilização mais simples, como uma primeira etapa de mudança. A proposta da Moba, que desenvolve componentes e sistemas integrados para automação de equipamentos móveis, é justamente trazer tecnologias mais básicas e de baixo investimento para ajudar os construtores a desenvolverem suas equipes e, de quebra, garantirem benefícios em seu uso, como explicou a executiva. “Não adianta trazer tecnologias de ponta, que normalmente são caras, se elas não serão utilizadas”, disse. “O primeiro passo é ouvir o operador, pois ele é o cliente final, quem decide se irá utilizar ou não a nova tecnologia.”
Segundo Herrera, é nesse ponto que as dúvidas são esclarecidas e o cliente passa a se conscientizar do valor agregado que as novas ferramentas incorporadas proporcionam. “Após a aceitação dessas tecnologias mais simples, o cliente estará preparado para dar o próximo passo para a inserção de tecnologias mais avançadas, atingindo níveis mais elevados de automação industrial, por meio de projetos de tecnologia embarcada”, concluiu.
A Thyssenkrupp, por sua vez, apresentou equipamentos com tecnologia alemã para processamento de minerais, embarcados com sistema automatizados de controle, monitoramento e gerenciamento, o que – segundo a empresa – garante uma qualidade superior à atividade. Como destacou Ramon Oliveira Motta, engenheiro de processamento mineral da empresa, a solução Kubriamatic é um sistema de automação que permite a gestão operacional completa de britadores cônicos Kubria, utilizados pelo segmento de agregados em todas as etapas de britagem de diversos tipos de rocha, incluindo granito, basalto, gnaisse e outros materiais de alta resistência à compressão e abrasividade.
O sistema, como explicou o engenheiro, ajusta e controla automaticamente a abertura e o fechamento da câmara, mesmo com a máquina em operação. “Criamos um sistema de controle não só do britador, mas de todo sistema periférico envolvido”, comentou Motta, acrescentando que a tecnologia é capaz de informar todos os dados de operação à equipe responsável. “Esse modo de controle monitora a alimentação do britador, o motor e o sistema hidráulico, identificando qualquer problema eventual e transmitindo essas informações online, além de verificar se a qualidade do produto produzido atende aos requisitos necessários.”
Ainda no mesmo painel, foi destacado como o uso das tecnologias adequadas pode garantir um maior índice de compactação em aterros sanitários, em palestra proferida por Kari Kangas, CEO da fabricante finlandesa Tana.
Para exemplificar, executivo destacou a utilização de compactadores com apenas dois rolos, que – segundo ele – resultam em uma superfície mais homogênea em aterros. Isso porque o peso de um compactador desse tipo é distribuído uniformemente sobre o resíduo. “Os compactadores com os chamados tambores duplos atingem uma taxa de compactação cerca de 10% maior que os compactadores de aterro com quatro tambores”, afirmou. “O resultado final é uma área mais lisa e firmemente compactada.”
De acordo com o especialista, o uso dos tambores duplos também reduz o número de passagens necessárias (de seis para quatro, mais especificamente), resultando em maior eficiência na operação e redução no consumo de combustível. Kangas também apresentou uma tecnologia capaz de triturar diferentes tipos de resíduos, incluindo pneus, resíduos de construção, plásticos, madeiras e materiais volumosos, dentre muitos outros, exceto resíduos metálicos de alta resistência. “Este triturador foi um dos primeiros utilizados na produção de Combustível Derivado de Resíduos (CDR), sendo capaz de processar grãos de cerca de 50 mm, acrescentou o especialista.
Além disso, como em muitos países a legislação vem limitando o descarte de resíduos em aterros sanitários, novas possibilidades estão surgindo para a indústria, pois a mudança implica maior variedade de máquinas e equipamentos voltados para essa finalidade. “Para contribuir com a eficiência do processo, a indústria desenvolveu um sistema de monitoramento em tempo real das operações, tanto para compactadores como para trituradores”, concluiu o CEO.
RESÍDUOS
E por falar no assunto, o Sobratema Summit ampliou o foco num tema que vem ganhando importância em todo o mundo, mas que no Brasil infelizmente ainda carece de maior atenção por parte da gestão pública: o tratamento de resíduos. Afinal, não há incentivos para a população reduzir a geração de resíduos e as cidades não têm programas de educação ambiental nem coleta seletiva eficiente e bem planejada. Desse modo, os aterros sanitários são a saída ambientalmente correta para a sua destinação.
No seminário “A expertise alemã no tratamento de resíduos”, os especialistas apresentaram diversos assuntos que precisam ser levados em conta nesse aspecto, como o uso correto do equipamento. “Em algumas circunstâncias, o tráfego de caminhões no aterro sanitário atrapalha o trabalho de compactação”, destacou Detlev Wickert, gerente de produto da Bomag. “Por isso esses equipamentos não entram em determinas áreas do aterro e o lixo é arrastado pelo trator de esteiras.”
De acordo com ele, os aterros sanitários com pouca quantidade de resíduos orgânicos requerem rolos compactadores com maior peso na plataforma. “Desde 2012, a Bomag fornece compactadores de resíduos para o mercado brasileiro, sendo as primeiras unidades utilizadas em aterros de Salvador (BA) e Blumenau (SC), com pesos adaptados individualmente aos tipos de resíduos compactados”, ressaltou.
Wickert salientou que, para se obter melhor produtividade na operação em aterro, o ideal é que o compactador empurre o resíduo colina abaixo, ou seja, no declive do maciço, pois isso possibilita melhor giro das rodas e exige menos torque do motor, com menor consumo de combustível. “São recomendadas de quatro a seis passadas para a compactação do lixo”, informou o especialista. “Se essa quantidade for excedida, a camada fica com muita rigidez e há um custo operacional desnecessário.”
Ainda durante o seminário, o diretor executivo da Quarter Landfill, Newton Sandes Pimenta, contrapôs que uma boa compactação de aterro exige duas ou três passadas com o compactador. “Uma operação em aterro sanitário deve ser atrelada aos projetos de acompanhamento das cotas e topografias, mas os ganhos de produtividade estão ligados à concepção e gestão dos projetos, não apenas à operação dos equipamentos”, disse. “Contudo, os operadores devem estar envolvidos com os projetos, informados das etapas de execução e contribuindo para a eficiência da compactação.”
No cômputo geral, o painel esclareceu que o negócio de um aterro sanitário é mesmo a boa gestão de espaços físicos. Quanto melhor for a capacidade de se confinar resíduo numa mesma área, mais eficiente será o retorno do investimento. “Embora cada aterro conte com soluções e números diferentes, existe uma preocupação comum sobre gestão e gerenciamento de espaços”, resumiu Pimenta.
Nesse sentido, sem dados adequados sobre as propriedades químicas geradas no aterro, também fica difícil realizar um eficiente tratamento do chorume. Esse foi o principal argumento de William Padilha, diretor geral da Wehrle do Brasil. Segundo ele, os dados são indispensáveis para a realização de um tratamento mais propício, conforme as características do aterro sanitário.
Afinal, cada chorume é único e diferente, variando conforme o tempo de estocagem e geometria ao longo do ano, idade do maciço, cobertura e material disposto, entre outras interferências. “A partir das análises, é possível obter informações sobre o aterro, sua evolução e eventuais problemas”, disse.
Dentre os dados a serem medidos no chorume – para análise das condições e longevidade de um aterro sanitário –, Padilha destacou parâmetros como TBO, DBO, Amônia, Fósforo, Vazão, Cloretos, Alcalinidade, PH, Condutividade, O&G, SST & SDT e Extra. “O chorume precisa de tratamento permanente, porque gera um passivo de 50 anos após o final da operação do aterro”, advertiu. “Por isso, a análise deve ser feita por laboratórios certificados recomendados pelo órgão ambiental do estado onde o aterro está instalado, mas é interessante que o aterro também tenha um laboratório interno com testes rápidos e simples de serem feitos.”
O painel também abordou o tema de Tratamento Mecânico Biológico (TMB) e o seu potencial de contribuir para aterros ambientalmente amigáveis e energias renováveis. Proferida por Ludwig Streff, gerente geral da área de resíduos sólidos da ICP, a palestra detalhou uma operação realizada numa estação de tratamento de resíduos na cidade de Sofia, na Bulgária, na qual foram investidos 110 milhões de euros para reduzir a quantidade de resíduos enviados para aterro sanitário.
CONCRETO
No painel “Desempenho e Novas Tecnologias do Concreto”, o editor da revista Concrete Construction, Bill Palmer, revelou as técnicas e materiais que já começam a ser utilizadas em construções de grande porte nos EUA. Segundo o especialista, “a indústria norte-americana já utiliza há muito tempo as microfibras, mas agora está avançando para o uso de gás carbônico misturado ao concreto”. “Nos EUA, essa mistura é muito comum, sendo que esse tipo de material permite reduzir em até 2% a quantidade de CO2 espalhada na atmosfera”, acrescentou Rick Yelton, editor da World of Concrete. “Em particular, o valor final do concreto também tende a cair, em razão da economia na quantidade de cimento utilizado na obra.”
Para Yelton, as fábricas norte-americanas investem nessa formulação por terem facilidade de coletar gás carbônico nas várias chaminés existentes no país. “Se coletado da atmosfera e introduzido no concreto, isso pode resultar em uma economia de 5% no consumo de cimento”, comentou. “Sem contar que esse tipo de técnica ecológica favorece uma secagem mais rápida e que o uso da água pode ser feito de maneira mais eficiente, administrando este recurso precioso.”
O painel evidenciou como as tecnologias atualmente em uso também podem solucionar problemas de corrosão em construções, situações típicas que já ocorrem em várias obras de arte sem a devida manutenção no Brasil. “Já foi comprovado que os aços revestidos com epóxi apresentam problemas de corrosão com o passar do tempo e, por isso, têm sido substituídos por barras com fibra de carbono, muito mais resistentes”, exemplificou. “Agora, os testes nos EUA já caminham para entender se situações de alta temperatura impactam nesse tipo de concreto com fibra de carbono, ocasionando perda de resistência ou até mesmo derretimento. Mas, seja como for, não há dúvida de que são melhores.”
Na visão dos especialistas, em breve o concreto auto-adensável deve predominar no setor da construção nos EUA. “Um dos motivos é que esse tipo de material dispensa a técnica vibratória e evita a segregação do material”, afirmou Palmer. “Nos próximos cinco anos, será possível usar a internet para controlar a velocidade de produção do concreto.”
Mais que isso, a Internet das Coisas também deve ajudar a obter essa mistura pré-pronta ideal, como enfatizaram os especialistas. “A exemplo do Uber, no qual o sistema avisa onde o carro está, teremos em breve um medidor de slump”, acrescentou Yelton. “Nos EUA, essas pesquisas já estão mudando o setor, que hoje requer menos trabalhadores no local da construção, conta com maior segurança e utiliza várias tecnologias antes indisponíveis.”
RENTAL
Em clima de união e fortalecimento do setor de locação de equipamentos, o “5º Congresso de Valorização do Rental” também foi realizado durante o Sobratema Summit, reunindo mais de 204 participantes. Organizado pela Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Máquinas, Equipamentos e Ferramentas (ANALOC), o objetivo foi disseminar informações para as empresas locadoras enfrentarem a atual conjuntura.
Entre as palestras realizadas, o vice-presidente da ANALOC e fundador da Ótima Locadora de Equipamentos, Marco Aurélio de Cerqueira, enfatizou a necessidade de análise de lucratividade e rentabilidade, adequação de custos, eliminação de negócios com clientes deficitários e definição de preços mínimos, entre outros aspectos. “Atualmente, todas as empresas de locação estão com rentabilidade negativa”, cravou. “Se o custo operacional estiver em 80% do faturamento, é preciso desenvolver ações de redução de custos. Numa locadora, há equipamentos com maior giro que geram melhor resultado financeiro, cabe ao gestor analisar quais máquinas dão lucro ou prejuízo e adotar medidas para equilibrar isso.”
Também foram abordados temas relevantes, como o impacto da transição no setor de locação, apresentado por Paulo Esteves, diretor da Spirale Consult, que mostrou um cenário realista do setor. “Atualmente, a taxa de ocupação é maior para equipamentos leves que para máquinas pesadas, embora a demanda ainda não seja significativa”, observou. “O excesso de oferta, aliado a problemas de baixa demanda, variedade de opções e dificuldade financeira, tem provocado uma erosão nos preços de locação, com baixas taxas de ocupação e alta inadimplência, entre outros problemas.”
Ao final, o congresso foi “esquentado” por um debate mediado por Eurimilson Daniel, secretário da ANALOC e vice-presidente da Sobratema, que provocou os participantes e a plateia com assuntos como concorrência desleal e predatória entre empresas de locação, fluxo de caixa, taxa de ocupação da frota e terceirização, dentre outros pontos.
PROJETO PRIORIZA CONVIVÊNCIA URBANA
A instalação “Rua Completa – Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono” apresentou aos visitantes uma amostra das principais tendências de excelência em termos de pavimentação, acessibilidade, segurança, mobilidade, drenagem, mobiliário e calçamento das cidades. Um trecho de rua com 456 m2, totalmente projetado e construído sob os conceitos de acessibilidade universal, evidenciou como é possível estimular a convivência harmoniosa entre pedestres, ciclistas, ônibus e automóveis, contemplando desde vias compartilhadas, fachadas ativas e iluminação na escala do pedestre até drenagem por meio de biovaletas, paraciclos e pisos táteis. Apresentado pelo projeto VivaCidade, o espaço foi idealizado pela Sobratema em parceria com o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e WRI Brasil Cidades Sustentáveis. “O objetivo é mostrar, em escala real, aos prefeitos e integrantes das administrações municipais e aos visitantes desse importante evento a possibilidade da convivência harmoniosa e segura decorrente de vias urbanas bem planejadas, em locais de comércio e com grande fluxo de pessoas”, comentou José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco.
Além de apresentar a possibilidade de construção de uma rua acessível, sustentável e inclusiva, o programa também trouxe diversas atividades de conteúdo, que abordaram temas relacionados aos projetos, além de apresentações da seleção de basquete sobre rodas e de skate adaptado. “Esta rua é um exemplo prático de que é possível transformar e expandir o olhar para melhorar a nossa cidade”, resumiu Rubens de Almeida, curador técnico do Sinaenco. “A nossa proposta é estimular também os projetistas a pensarem de outra forma, para cuidar da cidade tanto no espaço público como no privado.”
Mobilidade – Um dos autores do Projeto de Lei 617/2011, que cria o Estatuto do Pedestre (aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo no dia 7 de junho e que, dentre outras alterações, prevê aumento do tempo dos semáforos para travessia e sinalização específica para quem transita a pé pela cidade), o vereador José Police Neto visitou a Rua Completa e comentou sobre o que viu. “A iniciativa tem uma caraterística absolutamente elogiável, que é trazer para o plano do pedestre todo o [conjunto] viário”, comentou. “Não é preciso transpor nada e, com isso, quem ganha é o mais vulnerável, que é o pedestre, que tem menos desgaste e ganha muito quando se lança tudo no plano.”
COMPLIANCE VEIO PARA FICAR,
GARANTEM ESPECIALISTAS
Em uma das apresentações mais oportunas do Sobratema Summit, até por conta de sua atualidade, a apresentação sobre “Compliance” evidenciou que o Brasil realmente está mudando. E para melhor. Desde a entrada em vigor da Lei no 12.846/13, a chamada Lei Anticorrupção, em 2014, que pune empresas por atos de corrupção contra a administração pública, o controle sobre a transparência vem se tornando um instrumento institucional com importância e penetração sem precedentes na vida nacional. “Trata-se de um momento diferenciado da nossa história, em que uma conjunção de fatores está criando um novo panorama jurídico e trazendo mudanças significativas no que diz respeito ao controle interno e responsabilidade de instituições públicas e empresas privadas”, disse Antonio Carlos Vasconcellos Nóbrega, auditor da Corregedoria Geral da União (CGU). “E isso definitivamente veio para ficar.”
De fato, a possibilidade de responsabilização de pessoas jurídicas, incluindo penalidades administrativas e sanções econômicas, abre uma oportunidade única de combate à corrupção, ajudando a superar efeitos deletérios decorrentes, como ineficiência econômica, perda de confiança nas instituições, questionamento da democracia, falta de incentivo à inovação e condutas anticoncorrenciais, dentre outros. “Se antes tínhamos um foco grande em responsabilidade ambiental e direito do consumidor, agora os riscos de dano à imagem também se tornaram um ponto importante de preocupação em qualquer organização”, comentou o advogado Carlos Henrique da Silva Ayres, coordenador do curso de compliance da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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